segunda-feira, 17 de maio de 2010

A cabeça


A cabeça humana tem defeito, decididamente. Se fosse eu a criadora das cabeças humanas hoje andaria arrependidíssima de não ter usado de maior empenho e esmero.
É assim: há um dia na minha vida que é passado no modo mais espectacular, em deleites desmesurados porque a felicidade é imensa. Falo, cativo, ouço e, surpresa das surpresas, obtenho atenção e resposta. No dia seguinte tudo desmorona, como se o que se passou no dia anterior não prestasse e me atirasse para o buraco negro, no lugar mais fundo que este tem.
Está mal, não tem de ser assim! Porque raio é que não me contento, porque não deixo que a ideia de ter passado um dia bom me sustente lá em cima, no lugar onde ontem eu estava?! Porque me sinto culpada por estar feliz, qual é a lógica?! Defeito de fabrico, claro. Só pode. As cabeças humanas estão mal programadas. Se eu pudesse fazer uma cabeça, fá-la-ia sem defeitos, garanto.


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