terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Terminus

Terminei a leitura do livro 'Mrs. Dalloway', Virginia Woolf.
É denso e intenso mas disperso, foi preciso concentrar-me realmente na leitura, o que não é fácil para mim. Ainda assim gostei. Há pontos em que me identifico, não só com um personagem mas com vários e ao longo de todo o livro.


- Mas o que fez ele? - perguntou Sally. Supunha que apenas obras públicas. E eles eram felizes juntos?, perguntou Sally (ela era extremamente feliz); pois, confessou, não sabia nada a respeito deles, apenas podia fazer conjeturas, tirar conclusões precipitadas, como era habitual fazer-se, pois o que realmente sabemos até das pessoas com quem vivemos todos os dias?, perguntou ela. Não somos todos prisioneiros? Lera uma peça maravilhosa acerca de um homem que escrevia nas paredes da cela, e ela achava que aquela é que era a verdade da vida – coisas que escrevíamos nas paredes. Quando se sentia desesperada com os relacionamentos humanos (as pessoas eram tão difíceis), ia muitas vezes para o seu jardim, e obtinha junto das suas flores uma paz que nem homens nem mulheres alguma vez lhe tinham dado. (…)

Quando se é jovem, disse Peter, sentimo-nos demasiado entusiasmados ao conhecer pessoas. Agora que somos velhos, cinquenta e dois anos para ser exato (Sally tinha cinquenta e cinco de corpo, disse ela, mas o seu coração era o de uma rapariga de vinte); agora que amadurecemos, disse Peter, conseguimos observar, sem perdermos a capacidade de sentir, disse ele. Pois, isso era verdade, assentiu Sally. Ela sentia mais profundamente, mais apaixonadamente, a cada ano que passava. (…)

– Vou contigo – disse Peter, mas manteve-se sentado por mais um instante. Que terror era aquele? Que êxtase?, pensou. O que me enche desta extraordinária emoção?
É Clarissa, disse ele.
Pois ela estava ali.


Páginas 200, 201, 202

1 comentário:

redonda disse...

Também gostei quando o li.