Pois é, de momento estou motivada a escrever um texto acerca dos anónimos que circulam pela blogosfera, deixando comentários desdenhosos, quiçá cruéis. Os anónimos desta vida virtual aparecem sob uma forma abstrata, dá-lhes jeito, olha só a gente ficar-lhes a conhecer o rasto... Não dá, né? Não teria qualquer pilhéria, o giro é os anónimos cutucarem, bem agachados para ninguém os ver e assim poderem observar sordidamente o ser que perturbaram, certificarem-se que está muito perturbado mas permanecerem incólumes, é aí que reside o interesse desta estirpe. Sei como é, a blogosfera é perfeita para motivar a prática do escárnio e desdém.
Através deste texto vou usar uma bravura fingida, possuo a mesma arma dos anónimos, também eu estou atrás de um computador, ilusoriamente protegida, mas com uma diferença: deixo-me ver tanto como o gato que esconde o focinho e o dorso esquecendo o rabo à mostra: o meu blogue é este, o meu nome é tal, o meu lugar é aqui.
Mas indo até ao cerne – motivação - a presença de um anónimo malfazejo no blogue, espezinhando os meus escritos, descompondo a minha essência, é extremamente motivadora. A vontade é responder de imediato e se fosse possível apertar-lhe o pescoço virtualmente fá-lo-ia de bom grado. Mas não dá, o anónimo é a tal figura abstrata, sem rasto, como já referi, esfuma-se rapidamente, podendo ser e parecer qualquer pessoa e ninguém em especial, tudo em simultâneo.
Eu, quando atingida por um desses espécimes detestáveis, limito-me a deitar esses comentários menos bons no lixo, não fazendo caso das frustrações sem rosto, cuido o meu blogue de maneira a que não venha a recordar futuramente tais impropérios, era o que faltava: palavras ruins sem que sejam as minhas aqui no blogue... É que nem pensar!
Na primeira bolachada mantenho-me caladinha, não tenho prazer nenhum na discussão, na argumentação, são coisas que me aborrecem e me aprisionam a conversas que não quero ter. Discutir e/ou argumentar são-me, portanto, profunda e perfeitamente dispensáveis, não me motivando absolutamente nada. Que tédio…
E eis que uns dias depois o anónimo retorna e arremessa, a ver se havia motivo para eu lhe escrever ou dar-lhe atenção, a qual é perfeitamente imerecida. E ele, vendo o meu blogue vazio das suas palavras, arremessa nova bolachada. Ora bem, assim já há motivos, já começas a motivar-me. Se voltas é porque gostas de ler o meu blogue imperfeito, guardaste o endereço, queres ler o que escrevo, a ver através de que frase ou simples palavra podes espicaçar, tens um interesse que nunca assumirás. Sei como é, não és o meu primeiro anónimo, não, e olha que funcionam todos da mesma maneira. Ofendem e ofendem e ofendem. Não sabem fazer mais nada. Agora me lembro, acaso estarão desmotivados com a sua própria vida?
Sim, eu estou motivada a escrever, lá isso estou. E estou a aproveitar a publicidade, ah pois estou → este texto será apresentado no blogue 'Fábrica de Letras', sítio de onde este anónimo surgiu, destilando a fúria, só porque se vê e imagina perfeito.
Restam os agradecimentos:
Obrigadinha pelo ânimo 'migo, ajudaste-me a construir mais um texto imperfeito.
Nota: texto enviado para o blogue 'Fábrica de Letras', sob o tema proposto para o mês de julho: Motivação.
Nota: texto enviado para o blogue 'Fábrica de Letras', sob o tema proposto para o mês de julho: Motivação.
3 comentários:
Penso que será a melhor resposta a anónimos assim, que alguma vez li!
(e neste caso, este anónimo terá contibuído para que fosse escrito um texto perfeito).
Pois! ;)
Adoro anónimos, nojentos e rastejando no escuro como almas penadas.
Quando me aparecem, uma besuntadela daquilo que cheira mal e já está!
Gostei da forma!
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