domingo, 31 de agosto de 2008

E já cheguei!



Tal como escrevi no post anterior - tive umas saudades do caraças disto aqui.... nos primeiros dias a "novidade" era tanta que até nem me lembrei assim muito de escrever, confesso. Eu precisava mesmo de fazer como que um intervalo na minha vida e, por ter a capacidade de privar-me e talvez até abstrair-me das minhas coisas e da minha vida, aproveitei estas férias para isso mesmo - deixar os pesos e as regras que - quer eu queira quer não - ditam a minha vida, esvaziar a mente de coisas género "tem que ser", ver e ouvir outras gentes e outros costumes, respirar outra atmosfera, em suma... fazer um intervalo.

Os dias foram passando leves e lentos - e sabe tão bem que os dias de férias passem assim...! - e a vontade de escrever logo se fez sentir, até escrevi lá no meu caderno dos desabafos algumas coisitas e também tive umas ideias que posteriormente aqui publicarei...

Hoje de manhã, quando liguei o PC, verifiquei que tinha mais comentários que o costume por haver tantos dias que aqui não me dirigia. Gostei de todos eles e respondi a todos eles, e, conforme ia lendo e respondendo, apercebi-me que ainda gosto muito de aqui escrever. E que, apesar do bem que soube o intervalo que fiz, afinal... ainda sei escrever...


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

E assim me vou. De férias.



Vou ter umas saudades do caraças de vir aqui pôr as ideias ao fresco e, ao que parece, também deixo saudades.
Esta última, ainda hoje me surpreende e assombra mas não sei demonstrar nem agradecer dizendo qualquer coisa, solene ou pelo contrário, descontraída. Como tal, julgo ser por isso que estou a escrever, pois não sabendo falar, ao menos sempre fica registado em qualquer parte o prazer que tenho quando sei que há alguém que sentirá saudades de ler o que para aqui escrevo.
Voltando ao assunto - FÉRIAS!!! - elas, as férias, são muito desejadas e apetecidas, tenho a certeza que serão fantásticas e que me divertirei bastante, apesar da impossibilidade de, durante este espaço de tempo, escrever daqui para o mundo.
Voltarei. E agora é que me vou. Até já.

De quando em vez...

... lá sou agraciada com a presença de um gajo das obras - na qualidade de cliente - que não acha que eu, só porque sou mulher, não sei o que é um tampão macho sextavado de meia polegada de latão cromado... fui agraciada com a presença de um gajo das obras simpático e batati-batatá por aí fora...
Sim, porque os gajos das obras - na qualidade de clientes - não têm que ser todos carecas, barrigudos, peludos, tão estúpidos quanto o é um pneu, pestilentos, trajar indumentária largueirona, rota e suja de pó e de pingos de tinta e, nem todos, têm que trazer os olhos brilhantes pela pinga a mais quando vêm depois d'almoço...
De quando em vez lá recorta a luz que me entra pela porta uma figura daquelas que lava a vista - bonito, simpático, cheiroso e... educado.
O último predicado é, não me resta qualquer dúvida, o mais agradável e útil... que, em se juntando aos outros... são um complemento bastante favorável à minha boa disposição, profissionalmente falando.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Férias 2008

A rica filha leu o aviso que está escarrapachado na montra para que todo e qualquer um possa saber que é feito de mim. Depois ralhou comigo:
- Mãe!... Ninguém escreve estas coisas!... Ninguém escreve "eh pá!" num papel que põe na montra, mãe!...

Aviso aos clientes e amigos a quem estimamos e também a quem interesse:

Ah pois é!... Vamos estar encerrados para descanso do pessoal menor de 23 de Agosto até 7 de Setembro!

Eh pá...! Tenham paciência e esperem por nós, está bem...?

Será mesmo que não há mais ninguém que escreva desta maneira descontraída com que escrevo um aviso para pôr na montra?
Certamente não serei a única... e gostava muito de conhecer alguém com umas manias semelhantes às minhas... assim só para descarregar a consciência... para não parecer demasiado maluca...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Está na hora de mudar

Não o conheço há muito tempo mas sei o suficiente para saber que ele está a fazer um grande esforço para mudar de vida. A juventude tem sido repleta de histórias - umas mirabolantes, outras banais.
A vida chegou-lhe até aqui e hoje ele encontra-se num estado tal de desnorteio e confusão, que tem discernimento para perceber quão imprescindível é mudar de atitude... agora!!! E radicalmente...
Não sei se será da minha sensibilidade ou se outros verão aquilo que eu tão bem vejo. Seja como for, chamou-me a atenção o olhar perdido que ele tem e quase lhe consigo ouvir os pensamentos.
Puxa de um cigarro e fuma-o sem prazer porque lhe faz falta um fumo mais intenso, que lhe lave a alma e o sentir... e participa nas conversas, e ri, e sorri, sempre com aquele olhar esmorecido. Apesar das falas, dos risos e dos sorrisos, dos olhos não lhe abala a tristeza, eu bem vejo.
Está acompanhado pela família e pelos amigos mas sente falta de alguém por existir. Está à espera e ao mesmo tempo sabe que não chegará nunca a pessoa que não existe... é por isso aquele olhar, estão lá as adversidades e as impossibilidades todas da sua vida.
Há coisas que têm que ser ultrapassadas por nós mesmos. E a família e os amigos, esses, têm que acompanhar e ficar à espera que passe. Não há outro modo, tenho pena.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Desejo


eu queria que as minhas palavras escritas jamais magoassem alguém


Devaneio

Só as crianças conseguem ser simples... e conseguem-no pela inocência... e a inocência existe pela falta de vivência... e é pela existência da inocência e pela inexistência de vivência que não usam a prudência, não têm ainda a inteligência suficientemente desenvolvida para que saibam que existe um alerta chamado prudência.

O texto acima tem demasiadas "ências"...

Confusão

Tocava na Rádio Comercial Within Temptation quando o senhor Rodrigues exclamou, completamente absorto pela nostalgia:
- Ah...! Quem me dera o tempo em que eu ouvi isto pela primeira vez...! É a Tonicha. Esta canção foi lá fora à Eurovisão há mais de trinta anos!

Apenas a frase do meio do senhor Rodrigues é verdadeira. Concluo que está ainda mais surdo do que eu supunha... confundir os Within Temptation com a Tonicha a cantar a "Menina do Alto da Serra"... é obra!

Observação

Tenho atitudes e palavras que demonstram claramente opiniões que tenho e situações que vivo. Não acho que tenha que esconder de alguma forma o que quer que seja e, é por isso mesmo que há momentos em que essa minha transparência me causa algum embaraço e inclusivamente me sinto muito desiludida porque aquilo que demonstro não é bonito nem agradável e, afinal, é mesmo aquilo que sinto.

Onde habitualmente bebo o primeiro café do dia por sugestão da dona do estabelecimento, fiquei a dever cinco cêntimos para não pagar com uma nota de cinco euros.
Baseada naquilo que vê e observa em mim, a minha filha perguntou-me repentinamente:
- Mãe, porque é que não pagas tudo? É para teres mais um motivo para sair da loja?


Não escondo que às vezes me dava muito jeitinho ter um "bom" motivo para sair por momentos da loja e que outras vezes aproveito mesmo para me escapar dali para fora, isso é notório nas minhas atitudes e nas minhas palavras... por isso a observação que a rica filha fez em forma de questão tão prontamente...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

no ginásio, vi de passagem...

o tal professor... que o melhor que tenho a fazer é escrever apenas que é um mocinho com montes de piada para não estragar repentinamente a minha reputação porque dá-me muito mais prazer estragá-la aos bocadinhos...

a bicha... cujo histerismo se encontra quase exclusivamente no modo lânguido e sedutor com que se desloca e no apetite voraz que tem no olhar...

a tia... podendo vir tanto de Cascais como ali do Bairro Alto e que acompanha toda a aula de Pilates com queixas exaustivas, raiando a birra totalmente despropositada e infantil...

a jovem... lisinha e com tudo no sítio... mais palavras p'ra quê...? ai ai...

a cota gorda que nem uma porca... que enquanto anda e não anda consigo ouvir a desgraçada da passadeira aos gritos por ter tanta carne em cima dela...

o gajo podre de bom... e tão grande, e tão musculado, e tão rijinho, e tão tudo de bom... que parece sempre ter o peito cheio de ar e a qualquer momento irá explodir estilhaçando-se em mil e um pedacinhos pequenininhos que eu com prazer apanharia do chão e juntaria de modo a ficar tão bom como era antes...

a gaja vaidosa mas com motivo para tal... é uma gaja três l's - linda, loura e lisa... chama a atenção deles e sabe-o muito bem...

a mulher... que aparenta ter todo o peso do mundo nas suas costas, toda a tristeza nos olhos e investe em exercício na esperança de que a carga diminua e a tristeza também...

a empregada de limpeza... cujo olhar anda sempre carregadinho de inveja daquelas que podem deixar as toalhas molhadas pelo chão, os cabelos no poliban e toda a classe de porcarias por onde muito bem lhes apetecer, "são cá umas porcas estas gajas do ginásio" pensa ela...

a gaja vaidosa mas sem motivo para tal... passa feia e banhuda levando consigo os olhares masculinos para lhe alimentar o ego... é que apesar da fealdade e das banhas... eles olham à mesma...

o professor... que já por várias vezes tive vontade de mandar à merda porque passa a vida a dizer-me que faço todos os exercícios contra vontade...

a recepcionista... que entre uma entrega de cartão de sócio e o preenchimento de uma folha de inscrição dá uma espreitadela no Hi5...

o paneleiro... que entre um aparelho de musculação e outro, conversa pelo telemovel e adverte o namorado acerca dos perigos que este corre se não fizer assim como ele lhe está a dizer, ou combina a próxima saída com os amigos, ou trata de negócios, ou lembra a empregada doméstica do que esta tem que fazer lá em casa...

Importante

Agora ando armada em importante:

- quando ando na rua levanto o olhar do chão, ainda que não haja vantagem alguma porque assim já não vou encontrar dinheiro perdido...
- amando os ombros para trás, o que até é porreiro porque parecerá que com esta idade ainda saio vitoriosa sobre a gravidade que sempre quer puxar algo para baixo...
- empino tanto o narizinho que se ele tivesse olhos veria o céu...

É que:

- moro em Loures, onde há brigas, tiroteio, mortos e feridos e, por isso, há mais animação agora do que houve durante os festejos da cidade...

- vou de férias para (muito perto de) Málaga e há lá bombas daquelas que explodem fazendo grande banzé e alvoraçando os turistas que apenas querem descansar em paz e sossego, curtir a praia, ver coisas giras e comprar umas futilidades e assim...

Então:

- toda a gente me vem perguntar se o tiroteio foi lá ao pé de mim. Respondo que não, o tal bairro ainda é longe da minha casa, dista para aí uns quatro quilómetros...

- e... quem sabe para onde vou de férias já me avisou para ter cuidado com os meus meninos e com as bombas. Respondo que está bem, eu tenho cuidado com os meninos, com as bombas e assim...

domingo, 17 de agosto de 2008


Hoje foi um dia de praia e piscina!... Horas de grande júbilo se viveram por aqui!...

foto: Ericeira - S. Julião, 17 de Agosto de 2008

sábado, 16 de agosto de 2008

O leitor mais cobiçado diz que não lê para não me limitar a criatividade. Eu cá acho que ele tem é medo das minhas palavras.

Cor-de-laranja


Assombrada, admiro a coragem de quem pinta as unhas de cor-de-laranja!!!

Afirmação


firmemente afirmo que:

computador + fogão + eu = asneira

Post sem imaginação

Recebi um mail com um endereço que, alegadamente, seria interessantíssimo ( clica aqui. ), pois no assunto vinha a seguinte frase:

"recebe a (va)gina que te dou"

Tinha mesmo que ser... eu sabia que ia sair qualquer coisa assim... ou assim...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Lá acontece...

Lá vai acontecendo que, aquando das visitas de vendedores, eu seja contemplada com a presença de alguém que no trato seja um bocadinho para lá de simpático mas sem a lamechice que normalmente vem associada à simpatia excedente. Lá acontece...
A presença era jovial, o que é expectável uma vez que ele é, de facto, jovem. Apresentou-se descontraidamente, pólo azul marinho e calças de ganga variando bastante do comum vendedor, o estilo era algo semelhante a - " gravata...? querias...! eu lá preciso andar de gravata p'ra vender!?"
Os olhos eram enormes, muito vivos e não se desviavam quando dizia qualquer coisa, também aí residia o invulgar.
Falou das férias e assim, riu-se bastante quando lhe disse que me parecia que ele viria do INE e eu deixei-me contagiar pela boa disposição dele, também eu variei bastante do comum atendimento que faço aos vendedores que tenho que aturar.
Talvez eu tenha ficado feliz por não ver má cara pelo baixo valor do material pedido, talvez eu tenha ficado feliz por ver rir, não sei.
Até sei - fico feliz quando vejo, e principalmente quando converso, com alguém que aparenta uma descontracção e uma felicidade que eu não sei onde arranjar e sou contagiada com bons sentimentos por quem assim consegue ser.

O rico filho, eu e os gelados na nossa vida


Quando o rico filho era piriri* não gostava de gelados. Ou, pelo menos, não gostava assim muito de gelados.
Mas, um gelado no fim, que é como quem diz um gelado piriri, atraía o seu olhar e aguçava-lhe o apetite, principalmente se esse gelado fosse o gelado da mãezinha dele...
Durante... talvez anos, eu não tive direito a comer o meu gelado até ao fim, antes de o acabar dava-o ao rico filho que lhe anulava a existência com muito prazer!
Hoje a história repete-se mas os meandros são um pouco diferentes. Eu explico: eu dou o resto do meu gelado ao rico filho mas é porque não tenho vontade de o terminar e não porque ele mo peça...
Ao que eu cheguei - não ser capaz de acabar com um gelado...!

*pequenino

foto: o rico filho no tempo em que tinha metade do tamanho de uma vassoura...

feriado

hoje é feriado mas nem sei porquê...

... acho que vou aqui agradecer solenemente a quem instituiu este dia como feriado para lembrar algo ou alguém e, assim, proporcionar um dia de descanso à malta que produz neste país.

sim, porque não fazer nada é mesmo bom...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Atão?!


A mulher tinha ar de quem passara a noite a beber e estava ainda muito embriagada. Os olhos pareciam os de um carneiro mal morto e a maquilhagem tinha descido dos olhos até às faces durante a noite, a roupa que tinha vestida estava toda amassada e fumava sem parar apesar das novas leis que proíbem o acto de fumar nos estabelecimentos.
De vez em quando balbuciava frases imperceptíveis e levantava-se tentando captar a atenção de quem ali se encontrava.
A dada altura, e porque ninguém lhe queria dar atenção, obviamente, numa das vezes em que se levantou, dirigiu-se ao Luís e perguntou com um ar de companheirismo desmesurado:

- Atão meu, qu'é qu' tens? 'Tás na merda?

o-O

esta frase deu-me tanto que pensar... como é que esta alminha (e eu!!!) poderia(mos) sobreviver se estas palavras:

- compro sempre tudo aqui mas já há muito tempo que aqui não vinha...

fossem verdadeiras?

As voltas da vida

Assim de repente, lembrei-me das voltas que a vida dá. A vida dá mesmo umas voltas muito estranhas, tão estranhas que se tornam engraçadas. Senão, vejamos:

O contabilista lá da loja do Luís é a mesma pessoa que há mais de vinte anos tinha uma loja de bugigangas e seus apetrechos onde nós, eu e o Luís, comprámos alianças de prata para usar no dedo anelar da mão esquerda...

Como sei que a vida dá voltas?

Sei, porque a pessoa que me vendeu a aliança de prata que usei quando comecei a namorar com o Luís é a mesma que hoje faz a contabilidade à loja dele...

Agosto é o mês mais vazio do ano.
Tomara já qu' este tempo se passe!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

post comemorativo do regresso da minha vontade de escrever, a qual acolho rejubilante!

vi de passagem...

a menina recentemente doutorada que, por isso, mudou radicalmente de tipo de indumentária - passou de top de alcinhas e calções, para fato calça-casaco (vermelho na maioria dos dias) com camisa branca, cujos punhos e colarinho a mãe, sim é a mãe que tem que pôr de molho em descorante raposa para que continue tão alva como quando a comprou, não vá a filha doutora fazer má figura lá no escritório...

uma senhora que em sentido figurado se podia dizer que parece um boneco sempre-em-pé ou então um barril daqueles de vinho - toda ela era ganga justinha ao corpo... que maravilha de mulher... hummm... se ela caísse era daquelas pessoas que caía redonda, ou então... não caía...

um jovem de t-shirt de cavas largueirona, boné com a pala para trás, brinco brilhante na orelha, um ar de rufia e andar à "macho que já sabe dar uma queca mas a única que deu foi a uma cota com as carnes descaídas ali para os lados da rua de s. nicolau e ainda teve que pagar"...

um velhinho que arrasta os pés com passos muito rápidos e muito curtos, parecia que ia estender-se ao comprido a qualquer momento, o incrível é que o desiquilíbrio era o que evitava a queda - fato cinzento às riscas brancas e chapéu a fazer lembrar o tempo da sua juventude... deixa ser... sempre protege deste sol tão quente...

um grande cromo aqui da rua - colete de caçador, boné à alentejana que levantaria da cabeça educamente se me tivesse visto, e seus óculos de lentes enormes e armação tão brilhosa que difunde raios de luz quando em contacto com o sol directo...

o senhor doutor ali do lado - cenho franzido, e não é por causa do sol, é mesmo assim... as condições atmosféricas não interferem na sua expressão porque essa, essa é sempre a mesma...

a gaja boa como o milho - vestidinho rosa muito curto, sandalinha de cunha com dez centímetros, fá-la parecer com mais.... dez centímetros do que na realidade tem e lhe espeta uma tal parte do corpo de uma tal maneira que as cabeças masculinas todas se viram para admirá-la... ai tão boa, pá!...

o senhor doutor ali do centro de saúde que, assim de raspão, o que salta à vista é a total ausência de pescoço...

a mulher que quis cobrir os cabelos brancos e os pintou de... cor-de-laranja... sempre disfarça qualquer coisita e assim até continua a conseguir virar cabeças masculinas (e as femininas também) à sua passagem...

o senhor que espirra três vezes seguidas por causa do pólen que anda no ar devido ao corte do gramíneo...

a velhota baixinha e atarracada que mastiga a língua permanentemente e diz à laia de feito revelador de um elevado grau de bravura, que já matou sete...! sete maridos...!!!

a rapariga que daqui parece ter os ombros, a cintura e a anca, tudo da mesma largura, quer dizer... se calhar os ombros são um nadinha mais largos que a anca mas ao passar na rua as cabeças masculinas lá seguem o seus movimentos... o que prova a minha teoria de que os homens olham para toda a porcaria...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

No presente não existem histórias porque estou demasiado ocupada comigo mesma. Ocupo-me a esvaziar completamente o meu pensar, por este ser, de momento, inconvertível em textos.

domingo, 10 de agosto de 2008

Imprestável

Uma vez disseram-me "não prestas para nada!". Acreditei.
No tempo que se seguiu esforcei-me para prestar para qualquer coisa. Nunca consegui.
Só pode ser porque não me esforcei o suficiente. Obviamente.
Isso torna a frase verdadeira. Não quero, mas ainda acredito nela.

Na busca incessante da minha verdade, invento que quero dedicar-me às coisas que nunca saberei sentir nem sequer escrever. Fantasio mentiras até parecerem verdades. Não obstante, aqui continuarei.

Irrealidade

Às vezes venho aqui para falar da minha mentira. Acabei por descobrir que, na verdade, sou mentirosa. A descoberta deixou de ser embaraçosa quando lhe dei colo.
Afago e dou a mão à mentira, desembaraço-me e sinto a verdade como se mentira fosse.

O que acabei de escrever é tudo mentira e é tudo verdade.

Passado

Quando passa muito tempo sobre as minhas palavras parece-me que elas já não são minhas. Algumas perderam o sentido. E eu, perdi o sentimento. É passado.
E assim vejo que o presente é o que realmente interessa.

sábado, 9 de agosto de 2008

Não posso criticar o que escrevo. Já percebi que não escreverei palavra alguma se assim proceder.

Ser simples

Estive lá tanto tempo quietinha que os pombos começaram a passear-se à minha frente, queriam que lhes desse de comer. Quando estou triste gosto de observar os animais, a sua simplicidade aniquila as complicações da minha natureza.
Lembrei-me que devia ser simples como as pombas e prudente como as serpentes - é o que se diz, esta frase consta na Bíblia Sagrada. (livro S. Mateus capítulo 10 versículo 16)
Tento aplicar estas atitudes à minha vida, por achar que seria mais feliz desse modo, mas não consigo manter esta postura muito tempo seguido.
O lema desta vida é a insatisfação e a constante procura por algo mais anulando a simplicidade que eu quero ter. Sou ambiciosa e assim não poderei ser simples, não me contento com o essencial. Eu quero mais. Ser simples é um requisito para se viver harmoniosamente com os outros mas isso obriga-me a ficar mal comigo - será por isso que sou naturalmente insatisfeita e procuro sempre algo melhor do que aquele algo que tenho no momento?
Não será verdadeira a minha ideia de que se me mantiver pobrezinha e simplezinha de mente e de espírito, a vida não terá qualquer sabor?
Será esta questão inquestionável por ser um conselho divino? Não creio nisso pois assim onde pairaria o livre arbítrio com que Deus me dotou? As dúvidas existem devido à minha condição humana. E eu posso tê-las ou não me teria sido dada inteligência para tal...
A minha vontade e o meu livre arbítrio andam sempre aqui a rondar as minhas ideias - as más e as boas...

Em complemento ao post anterior...

... respondi assim a alguém:
- A mãozinha pode deixá-la onde a tem mas as boas tardes é bonito dar-se...!
Isto depois de me queixar de a pessoa em questão ter entrado e cumprimentado quem estava e ignorar propositadamente a minha presença.

Com aquela resposta eu quis dizer que dispensava o "passou-bem" mas agradecia a saudação verbal.
Mas foi uma resposta censurável, não?


Encontro inesperado

- Que anda a fazer aqui na "minha" rua? - perguntou-me ele, brincando comigo.
- Ando a pisar também este chão...

Pergunto: que terei eu na cabeça? Mas isto terá alguma piada? De onde virão estas respostas que sempre dou tão prontamente? Tu também és assim?

"Montra em execução"

Passei por uma loja que anunciava que a montra estava em execução através de um pequeno pedaço de cartolina. A minha primeira impressão foi de que aquilo era totalmente desnecessário mas depois... achei chiquérrimo e muito à frente.
Lembrei-me que poderia fazer algo semelhante. Mas para mim, teria que ser um cartaz muito grande e as letras da frase: "montra em execução" teriam que ser em tamanho garrafal.
Assim, quando andasse de gatas dentro da montra, ninguém me iria perguntar:
- Ai... atão, ' tá a fazer a montra...?
Porque um cartaz enorme e com letras garrafais daria nas vistas facilmente.
Hum... ná... pensando bem, duvido que o cartaz servisse para alguma coisa... mesmo assim as pessoas iriam bater no vidro e perguntar:
- Ai... atão, ' tá a fazer a montra...?

E se eu começar a responder que não, não estou a fazer a montra? Que estou ali de gatas a descansar?
Era bem capaz de ver umas reacções engraçadas...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Se o dia estiver claro e eu puser as mãos em forma de pala por cima dos olhos, apurar muito bem a vista semicerrando os olhos... já consigo ver lá muito ao longe e ainda em ponto pequenino...

as minhas férias!!!!
GinaGinaGinaGinaGinaGinaGinaGinaGinaGinaGinaGina


Agora, o material que chega através da transportadora é entregue por um senhor diferente e muito mais jovem que este. Só precisei de lhe dizer o meu nome uma vez.
Hoje, e já passaram vários dias desde a última encomenda, quando chegou a altura de introduzir o nome da pessoa que a recebe, perguntou-me com um falso ar desinteressado:
- Hum... o seu nome é Gina, não é?
- É - sorri maliciosa mas ele não viu.
Mais um que já não esquece o meu nome. É que Gina, está directamente conectado com vagina e a famosíssima revista Gina, já se sabe... como seria possível que a um elemento do sexo masculino tais conexões lhe passassem ao lado...? Impossível...!
Vagina, imediatamente supõe na cabeça deles sexo e afins. Por sua vez, a revista Gina sugere-lhes, à velocidade da luz... diga-se! - muitas, muitas mulheres nuas, mamas e mais mamas e vaginas... muitas vaginas... de todos os modelos e feitios e até de todas as cores - as mulheres, as mamas e as vaginas.

E agora falando pela minha cabeça, eu própria, desde que escrevo estas parvoíces relacionadas com o meu nome, já não esqueço a relação que o meu nome tem com o assunto sexo. E sabes que mais? Não me importo nem um pouco! Até tem piada.
Já começo, também eu, a pensar com a pila... deles.

Gestos meus do dia-a-dia

· Fechar o pote de cera que o rico filho põe diariamente no cabelo...

· Fechar a lata de chocolate em pó que a rica filha põe diariamente no leite...


Os ricos filhos ainda não sabem fazer estas coisinhas... coitadinhos... eu a achar que eles já são tão crescidinhos e afinal ainda são umas criancinhas...
Faço uma ronda, passeio por mim e chego sempre ao ponto de partida. Esburaco-me e rebusco cá dentro para me entender. Ordeno tudo e saio dali mas volto ao que sentia no início - desordem e torpor.
Escrever? Já está! Mas o que eu queria era deixar este estado de entorpecimento em que me encontro e sentir-me ordenada logo ao início.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Está a fazer-me falta escrever coisas diferentes.
Não mais loucas.
Diferentes.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Curiosidade

Tenho uma grande curiosidade em saber como seria se eu deixasse de lá ir. Que falta faria? Ou, por outra, faria falta? E, se fizesse, que tipo de falta faria? A da companhia ou a do dever?
Tantas questões e eu sem resposta para elas. Teria as respostas se fosse atrás daquilo que me apetece fazer. Também poderia pensar que aquilo é o que devia fazer, talvez desse um ar mais compenetrado e racional à situação. Talvez assim eu ficasse por cima e com o comando na mão. Seria bem mais fácil se admitisse que dirijo a minha vida.
Mas afinal aquilo é só uma vontade e não um dever. O que me apetece fazer confunde-se com o que devia fazer. Salto entre uma e outra e fico cansada.
Dás cabo de mim. Deixo porque a solução está exactamente naquilo que não posso fazer.

Insanidade

Hoje a minha loucura não é sadia. Tenho pensamentos suicidas:

"Se eu me atirasse daqui abaixo era bem capaz de arranjar dois ou três meses de baixa, não? Que sossego teria!"

"E se eu juntasse no mesmo balde soda cáustica com ácido muriático... até podia pôr um bocadinho de amoníaco... será que esta merda ia toda pelos ares? Com muito prazer trataria dos despojos."

Guardião

Que fará um polícia sempre ali no mesmo sítio? Guardará o quê ou quem? Possivelmente guarda a árvore que o protege deste sol abrasador.
Eu cá, se fosse aquela árvore, viveria descansada e sentir-me-ia segura, com um polícia sempre debaixo de mim...

Momento deleitoso

- Ai mulher...! Estás tão magra...! Credo...! Isso já é ginásio a mais...!
Sorri contendo as gargalhadas que, se saíssem, sairiam maquiavélicas. Respondi-lhe vagamente e senti uma pontinha de glória irradiando da minha pessoa... uma pitada de vaidade que ofuscaria qualquer uma... um grande bocado de prazer que iluminou a minha pele... e uma dose enormíssima de vingança consumada que me transformou numa grande grande grande... malvada!
" O que pensaste naquele momento?" - perguntas tu. Pensei tal e qual isto:
"Pois é, querida... agora a gorda és tu... temos taaaaanta pena..."

Há qualquer coisa de muito atraente e deleitoso na vingança. Faz bem a qualquer coisa. Não vou escrever a quê, isso deitaria por terra todo o deleite que sinto agora... e eu quero continuar com a tez luminosa.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

MONTRAS MONTRAS MONTRAS MONTRAS MONTRAS MONTRAS

Eu sei que tenho que fazer as montras. E sei que sou eu que tenho que as fazer. Se eu não as modificar ninguém as modificará. Se pudesse, de bom grado evitaria esta função porque para fazer montras verdadeiramente atractivas é necessário um tipo de criatividade que não possuo. Então, fico-me pela mediocridade da imaginação que há na minha cabeça para este tipo de actividade.
Para diminuir o grau de mediocridade, ou pelo menos a sensação, digo que há entraves (leia-se ordens) que me bloqueiam a criatividade e imaginação que poderia, eventualmente, surgir e fazer-se notar através das montras. Tenho por exemplo: a merda do reclame luminoso que tem mesmo que estar ali naquele sítio, não se pode mover dali, pois senão como é que o freguês ia saber que temos aquele serviço? É perfeitamente impensável! Tenho outro exemplo: a merda do publicitário de cartão rígido que é enorme e pontiagudo, até já levei com aquilo na tromba uma data de vezes e também tem que estar ali bem à vista, não faz mal se tapar o resto dos artigos que eu tento expor, pois senão como é que o freguês ia saber que temos aquele serviço? Deixa lá estar que está aí muito bem! Tenho mais exemplos bloqueadores à minha criatividade: não posso pôr na montra latas de spray limpa móveis ou insecticidas por causa do sol, tintas e produtos químicos por causa do sol e tudo o que seja peças de pequenas dimensões, pois quando não, os ladrões que passam por ali partem o vidro para roubar e nesse caso teríamos dois prejuízos - o vidro e o material roubado e tal não pode acontecer porque a vida está muito difícil e muito complicada e assim e rebéubéu e pardais ao ninho e blá blá blá
...!
Assim sendo, fico muito reduzida (leia-se enervada) quando está na hora de modificar as montras e as ideias não fluem. Ando muitas vezes com a cabeça às voltas para descobrir que novidades hei-de eu expor na montra, ou com que disposição as hei-de expor uma vez que há tantas regras (leia-se ordens) a cumprir. Dou tantas voltas que vou quase sempre parar ao mesmo tipo de artigos: material de casa-de-banho e afins - bacios, tampos de sanita, autoclismos, o banco de banheira... ou seja, é sempre a mesma merda... até nem se está nada mal uma vez que merda tem tudo a ver com casa-de-banho, não é verdade?
Hoje deitei mãos à obra e alterei uma das montras. Tentei rebuscar cá dentro a criatividade e a imaginação, lutei contra a minha própria vontade e tentei trabalhar com gosto usando de artimanhas diferentes para dar a volta a mim mesma. Possivelmente será aí que reside o cerne desta questão - tenho que fazer o que me compete com gosto e prazer. Acho que consegui. Estou contente.

sábado, 2 de agosto de 2008

Histórias, histórias e mais histórias...

Dá-me a impressão que o meu blog é só isso - histórias... contadas na primeira pessoa. Assim, escrevendo na primeira pessoa, as histórias parecem-me mais reais, aquilo que conto, efectivamente, aconteceu. Ponho uns pozinhos aqui e ali, enfatizo este e aquele pormenor e a coisa vai.
Não consegui, até hoje, escrever sob a perspectiva de outra pessoa. Não conseguirei se não tentar. Já tentei, mas pouco. Porque escrever dessa forma não me dá prazer.
Escrever como eu gosto é bom e faz-me bem mas sinto uma espécie de responsabilidade, como se tivesse que ter o cuidado de justificar-me perante alguém se não escrever pelos menos algumas linhas. Não devia sentir-me assim, pois não? Assim, escrever é uma obrigação e não um prazer.
Será que já não escrevo para mim como fazia antes? Será que já interiorizei a ideia que sou, de facto, lida? Estarei a ser pretensiosa achando que tenho piada? Serei egoísta por achar que o blog é meu e só lê quem quer? Manipulo os leitores com as minhas palavras?
Sinto a responsabilidade de escrever, hoje sei isto, porque escrevo para alguém. Está aí alguém. Há alguém que responde desse lado. Não estou aqui sozinha.
Porém, ainda acho que a responsabilidade que sinto poderá ser para comigo própria. Se não vier aqui escrever não fico bem, falta-me qualquer coisa. E falta-me qualquer coisa porque escrever como eu gosto é bom e faz-me bem. Sou responsável pelas histórias que conto e por quem cativo com elas. Elas, as histórias.

Que giro

Às vezes - muito muito muito às vezes - lá acontece que alguém se sinta atraído/a pelo meu ar pacato, solitário e distante. Isto, num primeiro instante.
Afinal, parece que consigo ser interessante e cativar a atenção de alguém, mesmo sem me mostrar claramente à partida e há - mesmo mesmo mesmo - pessoas que vêm interesse na minha pessoa. Que giro.
Sabe a pouco mas dura muito. Lá vou conseguindo transformar estes pequenos nadas em muitos - muitos muitos muitos. Que giro.
- Olha, já encontrei o meu príncipe! - ouvi uma rapariga dizer a outra.
- Ai sim? - perguntou a interlocutora demonstrado algum espanto e curiosidade.
- Oh!... É casado...! - continuou ela encolhendo os ombros.
- Então, mas isso é bom! É da maneira que tem apoio! Assim não precisas de te preocupar, já viste? A mulher que o ature! - atirou a outra, descobrindo logo grandes vantagens na situação - inexistência de obrigações: cama, mesa e roupa lavada. Seria uma relação de prazer, apenas e só as coisas boas.
- Ai... - disse a outra com um fingido ar sonhador e romântico - é hoje que o meu namorado vai de carrinho!...


Reflexões num casamento

São todas umas putas! Pois são.
Entendo por puta, uma mulher que se prostitui, que vende o corpo. Ou então, as promiscuas, hoje "amanha-se" aqui com este (ou esta) e amanhã com aquele (ou aquela) ainda que essas pessoas sejam comprometidas.
São todas umas putas! Pois são.
A rapariga de quem falei no texto acima que se marimba para o facto de o homem ser casado é uma puta. A outra que lhe dá força e ainda encontra grandes vantagens no estado civil do homem em questão é uma puta. Eu, que fico com inveja de não viver uma história destas, também sou uma puta. Não vejo diferença.

Por causa de um pão alentejano

- É hoje que eu vou vender um pão alentejano à menina Gina! - exclamou o merceeiro, convicto.
- Vai vender porque o senhor não quer oferecer-mo - respondi eu, zombeteira.
Conheço poucas pessoas com a timidez lá tão longe como aquele homem. Não o atormenta timidez alguma, por isso, nunca o tinha visto atrapalhado e sem saber o que responder.
Eu até nem disse uma gracinha tão engraçada assim, apenas disse uma gracinha cambaleante no retorno. O que diria ele? Que me oferecia o pão? Que não me oferecia o pão? Estava encurralado, pobre coitado...
- Vá lá, sô Francisco... pode dizer-me que ofereceria o pão se pudesse... mas que não pode... eu compreendo e não levo a mal.
- ...
- Bem...! Deixei-o mesmo sem palavras, hein!
- É verdade, menina Gina... sabe que às vezes... a gente queria, mas...- a sua tez, habitualmente pálida e uniforme, deixava transparecer um rubor muito, muito leve.
- Não podemos oferecer as coisas - completei eu - depois, que comíamos nós, não é? - acrescentei.
Tive que ser eu a falar pelo sô Francisco. Isso é um acontecimento completamente desusual.
Tirei a geleira da montra e agarrei no pano para lhe limpar o pó.
- Ah, não é preciso tirar o pó. Até fica bem... isto é para fazer uma gravação a fingir que 'tamos em África.
- ...???
Pus a geleira dentro de uma saco grande e fiz o registo.
- São quatrocentos e noventa e um euros e trinta e nove cêntimos, por favor.*
- É pena é não vender aqui cocos...
- ...!!!
- ... precisava... para a gravação...
- ...!!!...???...


Às vezes desconfio de que alguns clientes estejam a tentar gozar com a minha cara, confesso.

*não achas o preço um bocadinho alto para uma geleira de quinze litros? eu cá acho... ladrões de bolsos alheios! oportunistas de baixa estirpe! mangando do público indefeso! são mesmo contrários à prosperidade de uma nação! estes...! os do comércio tradicional!

O portão da rua


Sonhei com a mesma rua. O número sete era um portão, o único portão da rua. Entrei e vi muitos lances de escada descendentes. Desci o primeiro e alcancei o patamar, desci o segundo, que tinha escadas mais altas que o anterior e alcancei de novo o patamar, voltei a descer e as escadas eram ainda mais altas que as anteriores, dificultando bastante a minha descida. À medida que descia, as escadas eram mais altas e mais altas e mais altas... até que cheguei ao fim. Aquele último degrau do último lance de escadas eram altíssimo. Apercebi-me que tinha conseguido descer até ali mas não iria conseguir subir e voltar à rua. Foi essa a única vez que olhei para cima. Ao meu lado direito havia uma casa com uma família que convivia alegremente. Pareciam estar a tratar do almoço.
Hoje a rua tinha fim mas o sonho não.

Adenda: o Luís também sonhou que descia escadas. Há coincidências. Possivelmente o sonho pensou "eh pá! acho que hoje vou ficar na mesma cama e em duas cabeças diferentes..."
Olha...! E conseguiu...! Mas não conseguiu que sonhássemos da mesma maneira... isso não.


sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Hoje, ao almoço, foi-me sugerida uma sobremesa da seguinte maneira:

- Temos ali um bolo de laranja com cobertura de chocolate qu' é uma categoria! É afrosidíaco. Fiz eu ontem à noite c' a minha mulher... ' távamos cá sozinhos no restaurante...
- O casamento é bom, não é? - perguntei eu.
O meu interlocutor fez um ar vago, não identificável. Tentava ganhar tempo, procurava uma resposta que não o denunciasse como... romântico e feliz, talvez.
- Então, não achas? - reforcei a pergunta, não queria deixar morrer o assunto.
- Eh...! - fez ele - tem dias bons... dias maus... é como tudo. - respondeu sem convicção, como que para não tomar partido algum, não sendo assim achado em falta. É de espantar, pelo menos a mim espanta-me e muito, que alguém tenha vergonha de admitir que se sente bem, seja lá com aquilo que for.


Reflexões num casamento

Os homens, na maioria, cismam bastante nesta questão. Qual será o problema daquelas criaturas? Será mostrar fraqueza? Emoção? Será medo de se embrenharem num sentimento em pleno e depois ter que ficar preso a ele, porque demonstraram algo que efectivamente sentem? Ou será simplesmente o medo de dizer que querem e gostam?
Creio ser uma mistura de tudo isto... a grande maioria dos homens, ressalvo que é a maioria porque as minorias sempre hão-de existir e, portanto, há-de existir quem não aja e pense assim, tem medo ou vergonha de revelar sentimentos nobres ou idílicos.

Já agora, onde andam as minorias? Há por aí alguém disposto a revelar-se decidida e destemidamente?