quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Então até para o mês que vem!

Carvalhal (saloiada), 8 de Agosto de 2010

Se tem luar no céu retira o véu e faz chover
Sobre o nosso amor

Chuva de prata que cai sem parar
Quase me mata de tanto esperar
Um beijo molhado de luz sela o nosso amor
Basta um pouquinho de mel pra adoçar
Deixa cair o seu véu sobre nós
A lua bonita no céu molha o nosso amor

Toda vez que o amor disser vem comigo
Vai sem medo de se arrepender
Você deve acreditar no que eu digo
Pode ir fundo, isso é que é viver

Cola seu rosto no meu vem dancar
Pinga seu nome no breu pra ficar
Enquanto se esquece de mim lembra da cancão
Chuva de prata que cai sem parar


Chuva De Prata, Gal Costa

Fonte: http://www.vagalume.com.br/gal-costa/chuva-de-prata.html#ixzz112zZKvVa

Escrever

Escrever para publicar é diferente de escrever para guardar na gaveta. Esta é uma afirmação simples e tosca mas verdadeira. Simples e tosca como só as verdades são...
Para mim a primeira situação ganhou à segunda, escrever para guardar deixou de me interessar quase por completo. Digo quase porque neste momento tenho alguma necessidade de escrever o que escreveria para a gaveta, há situações que queria clarificar escrevendo e há emoções que queria purgar usando a escrita. Mas já não consigo escrever dessa maneira, escrever só para mim e guardar na gaveta...
Contudo, estou ciente que sempre haverá assuntos que não têm lugar aqui, sempre haverá certos pudores e, como se sabe, escrever sob pudores e temores é impossível.
É por causa desses pudores e temores que ando afastada do blogue. Não sinto que alguém note a falta da minha presença, não, mas sinto uma enorme falta de escrever, isso sim. Quando não escrevo fico ainda mais só, escrever é uma grande companhia.

Opinião sucinta

Acho o plano de austeridade um bocado austero.

Greve geral em Espanha

Os espanhóis ontem não fizeram a ponta dum corno. E eu cheiinha de inveja, claro. Digamos que, em eu sendo espanhola, essa seria a parte mais interessante, a do não fazer a ponta dum corno. É que eu sou a preguiça em pessoa...

A melodia do adeus, Nicholas Sparks (excerto)

Havia muito tempo que deixara de tentar prever o futuro.
Não que isso o incomodasse. Sabia que as previsões eram inúteis e, para além do mais, tinha uma escassa compreensão do passado. Ultimamente, tudo o que sabia era que não passava duma pessoa vulgar num mundo que idolatrava o extraordinário, e essa tomada de consciência deixava-lhe uma vaga sensação de desapontamento perante a vida que levara. Mas que alternativa lhe restava? Ao contrário de Kim, que era uma pessoa comunicativa e gregária, Steve sempre tivera tendência para ser mais reservado e passar despercebido entre a multidão. Apesar de possuir um certo talento como músico e compositor, faltava-lhe o carisma, ou a capacidade, para dirigir um espectáculo, ou o que quer que fosse que levasse um intérprete a destacar-se. Havia ocasiões em que ele próprio admitia que era mais um observador do mundo que um participante, e, em momentos de penosa honestidade, chegava mesmo a convercer-se de que fracassara em tudo o que era importante.

Sem cor (Dr1ve)



Sim... Eu sei do que falo
Sim... Eu vivo ao lado
Nem tudo o que passa por mim
Tem cheiro de cor
Nem tudo o que passa por mim
Tem sempre sabor.

E é sem cor...
É sem cor que eu fingo que não existo
Sem cor, é sem cor que eu fingo que não sinto.

Eu sei que vidas que passam, que nos são contadas, numa roda que é sem cor
São vidas penadas assim, são cheias de cor..
São vidas que passam por mim, sem qualquer sabor...

E é sem cor... É sem cor que eu finjo que não existo
Sem cor.. É sem cor que eu finjo que não sinto...




Fonte: http://www.vagalume.com.br

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (112)

Loures, 28 de Setembro de 2010

Um lindíssimo sol outonal num dia para mim triste, hoje houve uma regressão na minha vida.
Tenho um problema que já me esforcei muito para ver resolvido. Nada que eu faça - ou deixe de fazer - está a dar resultado. E eu não sei o que fazer diferente para solucionar este caso, já se me esgotaram todas as possibilidades. Falta uma: a radicalidade.
A radicalidade é qualquer coisa muita assustadora, talvez eu não tenha a coragem suficiente... A menos que deixe de sentir que é mais difícil continuar que desistir, porque é o contrário o que mais sinto.

Mas então e a fotografia, gira não?

Estive a pensar...

Ontem tirei uma data de fotografias a uma roseira que já não é a primeira vez que posa para mim. No post anterior aparece uma dessas fotografias, a que achei melhor, mais composta, de maior profundidade, com mais informação.
Mas estive muito indecisa porque todas as fotos estavam lindas, a roseira havia posado bem, muito natural. Então, hoje coloco aqui a coleção inteira de fotografias a uma roseira muito fotogénica... Uma roseira que sempre que eu quero está lá para mim.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Post 3405

Agora ia escrever que queria muito escrever um post de jeito. Oh que infeliz que sou por não saber escrever coisas bonitas com a alma pingando sentimentos- sentimentos daqueles maravilhosos, preferencialmente - e oh má sorte, nada de novo e de bom me acontece na vida a ver se escrevo coisas interessantes, coisas de jeito. 
Mas lembrei-me entretanto que todos os meus posts são de jeito, quiçá maravilhosos, e pingam sentimentos - dos maravilhosos e de todos os outros - porque os meus posts são aquilo que quero escrever ao momento. Mais que isto não posso desejar.

É

Saber que alguém me detesta não é mau de todo. Ao menos sou alguma coisa... Sou detestada. É porreiro, é.

O que são as coisas...

A raiva e a apatia são sentimentos incompatíveis. Desejo sentir uma certa raiva porque sei que isso é um grande auxílio no que toca a mandar embora a apatia. O que são as coisas...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eu não sou uma pessoa

As pessoas riem. Eu não.
As pessoas divertem-se. Eu não.
As pessoas exprimem-se. Eu não.
As pessoas gostam. Eu não.

...

Não sei que escreva... Estou aqui, caneta na mão, bloco de linhas no colo e não sei que escreva.
Eu queria mesmo era ser feliz. Queria escrever essa felicidade. Estou cansada da minha tristeza, uma tristeza que não sei como eliminar. De posts tristes está este blogue cheio.
Eu queria era ser feliz.
Pode inventar-se a felicidade, creio.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Há dias assim

Desperta. Levanta-te. Mexe-te. Vive. Vai buscar o escadote a ver se vendes uma fechadura. Faz um troco rapidamente. Vende pelo meio um saquinho de terra e duas dúzias de molas para a roupa. Agarra no pau para tirares um funil lá de cima. Vai ao armazém buscar as esfregonas e o dabri que vendeste há bocado, a ver se as prateleiras não ficam vazias muito tempo.
Os dias podiam ser todos iguais mas não o são porque eu não deixo. Aproveito cada bocadinho e também lhes dou uma importância tantas vezes desmesurada.
Todos fazemos história. Uns são notáveis, outros desapercebidos. Há ainda os que escrevem a história. Eu sou uma desses aí. É (também) por isso que eu tenho um blogue.

Totó

Já andava desconfiada disto mas agora é que tenho a certeza: eu vendo tó-clismos. Depois desta descoberta nunca mais vou ser a mesma.

Uma fotografia por dia que bem iria... (110)

Lisboa, 23 de Setembro de 2010
Estou um bocado confusa: não sei se é hoje que começa o Outono ou então não. Disseram-me que é hoje que começa e eu disse que não e voltaram a dizer-me que é hoje sim senhor e eu tornei a dizer ai o caraças foi ontem pois.
Mas uma coisa é certa: esta fotografia tem um certo ar invernoso. O Outono ter chegado ontem ou hoje já pouco importa, agora o Inverno a adiantar-se-lhe é que não é nada bonito!

A peso

Como balconista (continuo a quase venerar este vocábulo) faço favores tão esquisitos quanto engraçados. Um senhor que ia viajar para Angola pediu-me encarecidamente que lhe pesasse a bagagem na minha balança para ele controlar a coisa de modo não pagar o peso excedente.

Post venenoso


Ao que parece se houvesse uma guerra nuclear as baratas ficariam vivinhas da silva. Morreria tudo quanto vive só elas é que não, as sortudas, as implacáveis.
A resistência de tais bicharocos talvez explique a variedade de venenos para baratas que eu tenho para vender.


Ah... E já agora passo a publicidade. Não é (mesmo!) publicidade o que eu pretendo com este post.

Ares nobres

Uma senhora com ares de condessa ou coisa assim passeia o cãozinho na rua. O cãozinho alivia-se e suja a rua. Ela ralha com o cão por este estar inquieto, querendo fugir (devia estar incomodado com o cheiro) enquanto ela desdobra o saquinho para guardar aquilo. O ar da mulher é tão altivo que tem alguma piada vê-la colocar merda dentro de um saquinho...

Ir de carrinho

A minha sogra pediu-me que lhe comprasse um carrinho de compras. E eu fui.
Achei por bem comprar um com padrão clássico e sóbrio, escolhi para ela e não para mim, que eu cá sou muito dada a pormenores.
Após a compra decidi que experimentaria a eficácia do carrinho no caminho de volta. Até aí tudo bem... Apenas acrescento que é bem difícil desviar os pés e mais duas rodas de carrinho da grande quantidade de cocós que existem nas ruas de Lisboa. Mas safei-me, incólume.

(Im) Paciência

Não tenho grande falta de paciência para pessoas idosas. Sei que com a idade se perdem capacidades e não me custa por aí além repetir frases uma e outra vez e esperar tempo sem fim que se tire o dinheiro da carteira ou que se confira trocos. Em 16 anos de balcão já aprendi que quando se é rezingão e desconfiado em velho já se era pelo menos um pouco em novo.
Mas às vezes... Ai às vezes... Os velhos chateiam. Hoje, enquanto o Luís ia tirando duas a duas as ripas do estore muito sujo e muito danificado que iria ser substituído na casa de uma cliente, a hóspede desculpava-se com o pó que aquilo tinha e mais a caca de pombo que cobria grande parte da varanda. Ouvimos vezes sem conta 'pois que isso está tudo sujo' e 'pois que devia limpar-se' e 'ai que porcaria'.
Bolas... Raios partam a velha, pá!

Impossível

Diz que já não se fazem pessoas como ele. Mesmo que se quisesse com muita vontade seria impossível porque já não há nem forma nem matéria-prima.
Isto é só uma maneira diferente que ele tem de dizer que é órfão.

Secretária (s)

Existem secretárias sensuais. Daquelas que usam casaquinho de malha e saia travada pelo joelho, salto agulha, óculos de aros discretos e cabelo apanhado.
Depois há as outras. Aquelas de aglomerado rijo que nem cornos onde eu faço a maioria das minhas nódoas negras.

Em uníssono

Obrigada. / Obrigada, eu!

Adeus, boa tarde. / Bom dia!

Ah pois, bom dia. / Boa tarde!

Boa tarde, pois. / Boa tarde!

Dias de um ginásio

Vê-se muito cu e muita mama - dentre outras coisas, claro está - num balneário de ginásio. Anda lá uma rapariga que tem umas mamas novas. Antes tamanho 32, depois tamanho 40, para aí.
Gostava de ter a ousadia de dizer-lhe o seguinte:
- Ó Graça, estavas melhor no antes! É que mamas tamanho 40 num corpinho 34 é uma discrepância... Entendes, miúda? Vai lá tirar isso, vá.

O cumprimento à motorista saloio

Quando eu era miúda e viajava no Isidoro Duarte ou no Henrique Leonardo Mota, estranhava imenso os motoristas levantarem a mão em sinal de cumprimento sempre que se cruzavam. Para mim não o deviam fazer, não deviam falar uns com os outros, eram como que rivais. A minha mente infantil não conseguia assimilar este relacionamento, isto porque se ouvia histórias em que eles faziam corridas para apanhar os clientes uns dos outros e eu cresci com essa ideia.
Hoje, viajar no HLM ou no ID é a mesmíssima coisa, o patrão é comum.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (109)

Lisboa, 21 de Setembro de 2010

Diz que hoje chegou o Outono, que vamos ter oitenta e nove dias e mais uma boa dúzia de horas dele.
Caro Outono, dou-te aqui e agora as boas vindas e faço votos para que sejas muito feliz enquanto por cá andares, que eu por mim vou fazer por isso mesmo também.

Verde Água

Ando à procura de sentido para este blogue. A escrita é esforçada na grande maioria das vezes. Estou triste porque me sinto terrivelmente só quando não escrevo. Há qualquer coisa que me falta. Falta-me a companhia que a escrita proporciona. É para ter companhia que escrevo. É para ter companhia que tenho um blogue. Continuo a escrever p'ra caraças e com saudades de escrever, o que é estranho.

É doentio quando as coisas e as pessoas são importantes, mesmo muito importantes, e depois não se consegue dar-lhes importância.

Dias de um ginásio

As portas do balneário são verde água. Nada mais a acrescentar. Ou talvez sim. A clausura e a solidão são coisas que ao presente me assustam de sobremaneira.

De fugida

Não queres fugir comigo?
Não.
Então vou ter que fugir sozinha...
Não, leva a muda contigo.
Nem penses.
Porquê?!
Ela não fala.
Por isso mesmo, já viste o descanso que é?
Não estou cansada.
Vais ficar se quando fugires fores a correr.
Não faz mal, depois sento-me no chão e descanso.
Tu é que sabes.
Eu não sei nada.
Sabes sim!
Não sei se fuja...
Sabes escrever.
Bah!
Sabes falar.
Ui...
Sabes...
Não sei como se foge.
Agarras nas perninhas e bazas. Simples, não?
Não queres fugir comigo?

Adenda

À parte tudo isto (os dois últimos posts) mas ainda assim fazendo parte do mesmo assunto, devo dizer que tenho uma série de ficheiros apagados da minha memória. Não lembro algumas coisas muito básicas. Faz-me tanta impressão… Ui.

Nomes e assim

Ainda a propósito dos nervos constantes no post anterior, devo dizer que o nome do fármaco é algo associado aos nervos porque é um nome repetitivo e por isso lembra a gaguez.

De repente(s)

Um jovem arrancou com o carro e não viu um poste mesmo à frente do nariz. Bum! Grande estrondo, pára-choques partido e depois grande aceleradela e pneus a raspar no chão mostrando o quanto ficou irritado.
De repente fiquei com a certeza que aquela minha azelhice de arrancar um pino de trinta centímetros, cravado no chão e pintado a vermelho do meio para baixo com a frente do meu carro não é nada a comparar com aquilo que o jovem fez. Que horror, que falta de visão.

Fui à farmácia buscar os comprimidos para curar a minha maluquice, já quase não tinha. A rapariga... ai, a rapariga não, a senhora doutora da farmácia ficou alarmadíssima por não os ter em stock, diz que os tinha esgotados mas que viriam no dia seguinte sem falta. Perguntou-me ainda em grande aflição se eu teria que chegasse. Disse que sim, que não se preocupasse. Note-se que a preocupação a ela pertencia. Eu não, eu não estava preocupada. Eu não me tinha ainda lembrado sequer de me preocupar com a - outrora presumível e hoje efectiva - falta do fármaco em questão.
De repente fiquei com a certeza que tenho ao menos o título de maníaco-depressiva e sou mesmo tóxico-dependente. E eu que não sabia de nada disto...

Universidade

A rica filha já tem a conta dela de praxes. Pintaram-lhe a cara toda, cantou canções (muito!) obscenas e ao almoço comeu com as mãos. Já lhe chega, diz. Que só é praxada se quiser e que agora já não quer.
Acho muito bem. Vai lá mas é às aulas conhecer os 'profes' e aprender a matéria, vá.

Divergência

A rica filha anda a ver se se habitua a dizer 'profe' em vez de stôr ou stôra. Quer dizer 'profe' como manda a lei lá na faculdade porque não quer parecer bartôla. O rico filho disse logo que dizer 'profe' é que é mesmo de bartôla...

DAH

Lembrei-me:

Lisboa tem agora um hotel dah. Eu explico: Dom Afonso Henriques. Hotel Dom Afonso Henriques.

O mundo que gira

O homem vem lá de dentro esbaforido e nervoso.
Pois que:
- Estas pessoas não sabem nada da minha vida!
E pois que:
- As pessoas pensam que o mundo gira à volta... nem sei de quê!
Estava vermelho de raiva, cheio de indignação.
Eu, no meu estilo calmo e certeiro achei por bem responder-lhe tipo dah! com uma perguntinha:
- Não é à volta do sol...?

Alvura

O padeiro e a padeira são ambos muito pálidos. Imagino que será por décadas sobre décadas inspirando farinha.

Verdade, verdadinha

'As coisas são como são'. Considero este pensamento uma verdade deveras verdadeira. Como é que as coisas poderiam não ser como são?! Ainda que diferentes sempre serão como são.

Fotocópia

A senhora doutora manda fazer muitas fotocópias. Montes delas. E vem buscar depois, o que é porreiro para eu cuscar o que diz nos papéis.
Seguidamente apresento um texto que considero interessante e do qual não consta o autor.


Histórias com História

Esta viragem para o passado, estes passos que levam o tempo - o hoje, o agora, o ontem - vai abrir-nos o caminho para as histórias com História. A escrita quase sempre no passado verbal dá-nos o movimento das pessoas, das coisas - da própria vida - e à medida que esta vai sendo realizada fica-nos a sensação de que o tempo parou; e que o eterno presente faz parte do nosso quotidiano. Mas como afirma Heidegger 'o homem é um ser de horizonte'. Daí a importância da reflexão como instrumento de crítica e libertação do homem.
Eu sou o hoje e agora; eu sou o momento que se prolonga e faz do instante, instantes de amor e de ternura; sempre presentes nas crianças de agora, de ontem e de amanhã; nas histórias contadas e nos sonhos repetidos que representam o despertar das personagens da História; e no interior do ser está o instante vivido no passado, a prolongar-se para o futuro, num sonho sem fim.
E fica em cada menino, depois de cada história, a sua própria História.

Oferta

Lisboa, 21 de Setembro de 2010
A dona Adelina dos bolos deu-me duas pêras. Literalmente. Pêras. Fruta.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Saudade

Hoje fartei-me de escrever e no entanto tenho saudades. Há alguns dias que a escrita não me sai de feição. Que saudades! Falta-me qualquer coisa, talvez o tom irónico...

Tons

O tom irónico é o que me é mais fácil escrever. Tenho outros mas as ironias da vida despertam a musa, ou fazem-na descer, conforme o sítio em que ela se encontre. É muito fácil brincar com a vida escrevendo, não me sinto única mas é uma pena não o ser, há pela blogosfera muito boa gente escrevendo neste tom, ou estilo, se assim quiserem chamar.
Tenho outro tom: o racional. Usei-o para escrever o meu perfil e sei que este tom dificilmente alguém o percepciona, todos vêm a vida através dum véu de organza por modo a ver as coisas suavizadas e difusas. Eu é que tenho a mania que sou racional e analisadora (e ares de besta quadrada também), por isso a visão rude e tosca que muitas vezes aqui apresento e que outras tantas vezes é incompreendida.

Leitura

Ao presente leio 'A melodia do adeus' de Nicholas Sparks. É um escritor light, sem dúvida. Não me desagrada a literatura light, confesso. É simples, clara e de rápido entendimento. Que mal poderá ter? O facto de se dizer que quem escreve para tolos tem muito leitores? Ora!
Também sei que é verdade que a escrita light não me desagrada porque é o meu tipo de escrita...

Balancé

Tenho uma mala interactiva, balança ao ritmo do meu andar, tipo iô-iô.

Isto é algo importante por demais e seria egoísmo da minha parte não partilhar com os leitores. Acho, inclusivamente, que saber este facto curiosíssimo lhes vai trazer tamanha felicidade que amanhã acordarão cheios de vitalidade e ao longo do dia e do resto de suas vidas serão cidadãos melhores.

Uma fotografia por dia que bem iria... (108)

Lisboa, 16 de Setembro de 2010

Há pessoas bem corajosas... Credo...

Términus

Terminei de ler o livro 'Não tenho culpa de ter nascido tão sexy' de Eduardo Mendicutti. Admiro a forma como o autor escreve, como inventa e encarna um transexual. É uma história extraordinária. Creio que um transexual é uma figura sempre no extremo, muito dada a extravagâncias de toda a espécie. Gostei. Gostei de tudo no livro e fiquei fã da escrita de Eduardo Mendicutti.

Eu saí do carro sabendo que a felicidade que o meu rosto reflectia era muito convincente, embora de repente tivesse dúvidas sobre se o meu vestuário seria adequado, talvez estivesse demasiado sóbria e discreta para uma ocasião como aquela, mas forcei-me a ter confiança no facto de que a pupila de um anjo estaria pelo menos tão trespassada como a de um embrião de santa, e que portanto apreciariam não só a minha beleza, mas também a minha elegância interior. A manhã tinha essa luminosidade um pouco ebúrnea que sempre me favoreceu muito. (...)

Subjugou-me. Os meus olhos puseram-se em alvo, coloquei as minhas duas mãos em cima do peito, reparei que me percorriam os lábios as cócegas de uma serena mas muito intensa felicidade, e vi-me suspensa nas alturas com a ajuda do meu anjo. A luminosidade da manhã tinha passado do ebúneo ao ouro pálido e ligeiro, que é um tom que também me favorece enormemente. Senti a falta da minha cabeleira, que sempre teve uma tendência natural para se ondular e mexer-se mal soprasse uma brisa - e que teria flutuado sobre os meus ombros com uma tranquila ondulação de muito efeito -, mas, em contrapartida, estava convencida de que o meu pescoço, à vista, apresentaria uma esbeltez e uma perfeição, polidas pela entrega, invejáveis. (...)

O tempo passa como um cavalo de fogo e vai queimando muitas coisas na nossa vida, mas aquilo que nos conseguiu abrir o coração ao meio volta sempre. O primeiro olhar do meu pai quando se deu conta de por onde eu me queria pôr a correr e de onde me viriam os sofrimentos; a primeira vez que pus os pés na rua, vestida como se fosse fazer parte dos coros da representante espanhola no Festival da Eurovisão, e não pensei que de manhã teria de vestir outra vez roupa de rapaz e não senti que estivesse mascarada, e quando me dei conta disso emocionei-me tanto e desatei a chorar com tanta vontade e tanto gosto que a Débora e a Gina não sabiam se deviam ir a correr à farmácia comprar calmantes e acender uma vela à Virgem da Caridade para lhe agradecer o bom bocado que eu estava a passar; aquele dia em que apoiei a cabeça na saia da minha mãe e ela me acariciou como se o fizesse por tudo o que não me tinha acariciado durante os anos que tinham passado sem nos vermos; o beijo que me deu o Juan, o primeiro homem que desfrutou de mim e do qual desfrutei depois da operação, quando lhe disse que sim, que também eu tinha terminado, e que me tinha levado à glória... E aquela menina vestida de primeira comunhão, que estava ao meu lado enquanto eu saía aos poucos da anestesia, nove horas e meia depois de me meterem na sala de operações.

domingo, 19 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (107)

Lisboa - Avenida João XXI (traseiras), 3 de Setembro de 2010

Eu gosto muito de tirar fotografias. Sei que é algo que faço mais ou menos, que não sou grande coisa, vá, mas tento sempre ser criativa e marimbar para a qualidade, já que até nem tenho equipamento de grande qualidade.
Mas eu tento, ao sério que tento fazer boas fotografias, afinal de contas não ponho no meu blogue o que julgo mal feito ou mal escrito. Mas... nesta fotografia não consegui achar um ponto de equilíbrio. Das duas uma: ou deixava a chaminé torta ou era a fileira de escadas de serviço que ficava inclinada...
Há coisas que não entendo: se eu apontava a máquina a direito e estava numa rua plana porque é que a fotografia saíu torta?

sábado, 18 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (106)

Barro, 11 de Setembro de 2010

O céu estava a cobrir-se de nuvens. Ao longe, como se estivesse cosido de qualquer maneira ao horizonte, havia um resplendor cor de osso e esfiapado, um pouco comido pelas sombras na parte baixa e débil e esbatido quando se juntava às grandes nuvens. Esta a ficar fresco e não sei por que razão me ocorreu que se calhar era por minha culpa, como quando nos descuidamos ou nos desinteressamos e deixamos as janelas abertas conforme calha e faz corrente de ar.

In Não tenho culpa de ser tão sexy, Eduardo Mendicutti

Achega: não que ache o texto uma descrição da minha fotografia mas achei que ficam bem os dois no mesmo post.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (105)

Ora bem, então temos:

Quadros nas paredes, quadros nas portas, todos sem excepção tortos.

Relógios, cinco ao todo, todos sem excepção parados.

Poeiras, cutão, molas de roupa, caixas de comprimidos, bibelots, mapas.

Números escritos na parede junto ao telefone. Prático, não?

E...

E...

Aviões presos à parede como se fossem quadros ou relógios! Que ideia original... A maior relíquia de toda a divisão, indubitavelmente.

Lisboa, 14 de Setembro de 2010

Tu gitana


Tu gitana que adivinhas
Me lo digas, poes no lo sê
Se saldre dessa aventura
Ô si nela moriré
Ô si nela perco la vida
Ô si nela triumfare
Tu gitana que adivinhas
Me lo digas, poes no lo sê


Helena Vieira
Música: Zeca Afonso
Letra: Cancioneiro de Vila Viçosa
In: "galinhas do mato", 1985

Retirado daqui.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (104)

Lisboa, 16 de Setembro de 2010
Ele há coisas deveras intrigantes. Vassouras, pá de lixo, vasculho já muito velho e sujo, chapéus de chuva pendurados à janela (se calhar melhor será o leitor clicar na imagem para a ampliar), já para não falar da forma algo sugestiva dos cactos...

Viagem

Sentei-me na camionete naqueles bancos em que se anda para trás. É meu costume escolher estes bancos não sei bem porquê mas sei que achei logo piada ver as caras de quase todas as pessoas. Umas tagarelando, outras sisudas. Umas assim outras assado e uma com uma dor no ombro. Como é que eu sei queuma das pessoas tinha uma dor no ombro? Simples: o ombro é meu. E ainda dói, o ruim.

A magreza-mor

'Ah, está mais magrinha... Que é que anda a fazer?!'

E pronto, eu digo que sou assídua no ginásio e persistente nos exercícios, ou então brinco dizendo que não como para não (voltar a) ser gorda.
Mas vou deixar-me destas coisas, vou começar a inventar.
Direi que me batem se me virem levando comida à boca, que tenho um pai que é cego e mesmo assim vê-me a comer e depois dá-me grandes cargas de porrada, que ando toda negra mas que ele sabe muito bem onde há-de bater mesmo sem ver e só me põe negras em sítios que olhares nenhuns - mesmo aqueles que vêm - alcançam.
Ou então direi que sou muito religiosa e ofereço jejuns ao senhor por modo a purificar a minha alma, complementando depois com trabalhos forçados porque não me dou com a auto-flagelação, faz-me muita confusãozinha à mente e depois então é que não purifico a alma. Direi que é na tentativa de agradar ao senhor e pelo bem da minha alma que estou magra.
O português adora os coitadinhos e também os batalhadores, contando estas coisas concerteza irei ter ouvintes interessadíssimos e mui indignados ao depois de ouvir as minhas histórias mirabolantes. Umas de dar dó, outras de enlevo.

Mas não é nada disto. O que acontece é que eu sou assídua no ginásio e persistente nos exercícios e encolho-me no que como.
E agora, pela segunda vez, (ver esta minha primeira vez aqui) vou usar o meu blogue para dizer o seguinte:

Se quiserem ficar como eu, suas invejosas, mexam esse cú e frequentem a porra de um ginásio, sejam persistentes nos exercícios e não comam tudo o que lhes apetece.

O pó

Hoje pediram-me pó para as fornicas, sendo que era formigas que o homem queria dizer.
O balcão é feito destas coisas e é também feito de coisas que não posso - leia-se devo - escrever. Esta, porém, é uma coisa suficiente e por isso aqui fica plantada.

Perfume

Parti um frasco de perfume na casa de banho e acho que o parti no sítio certo porque assim sempre são dois ou três dias em que a casa de banho cheira bem.

Entrega

Eu ia a um cliente entregar uma factura. À porta do prédio deparei-me com um papel à porta dizendo algo como isto: campainhas em silêncio, e por baixo uma espécie de publicidade no sentido de chamar a atenção para a importância de não poluir o ambiente com ruídos.
Está mal, está até muito mal. É o tipo de iniciativa que só toma alguém que não tem a sua vida dependente de uma campainha...
Acho que não pensaram bem a 'coisa'. O que valeu a mim foi ter saído alguém do prédio e assim pude concluir o meu propósito. Logo eu que ia trabalhar, muito cumpridora de deveres, fazer p'la vida e p'la sociedade e p'lo bem da comunidade.
Mas está mal, está até muito mal. A ver se na próxima vez o autor e os ajudantes destas 'coisas' mexem em qualquer coisa que lhes afecte a vida a eles.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

=

Hoje sofri horrores: vi uma senhora com uma saia igual à minha. Desmaiei e tudo. Recuperei por momentos para escrever este post.

A cor do dinheiro

As notas de cem euros são da cor do título deste blogue: verde água. Descobri isto há dias e fiquei extasiada. Por aí já se vê a quantidade de notas de cem que me poisam nas mãos. Mesmo assim estou aqui rebentando de tanta alegria.

Uma fotografia por dia que bem iria... (103)

Lisboa - Alameda da Universidade, 15 de Setembro de 2010

- Mãe, tu estás a ler aqui?
Levanto os olhos da leitura para responder afirmativamente.
- Como te atreves? - Continua a rica filha, brincalhona.
- Então... Não estamos na Faculdade de Letras?!

Universidade

Eu já sabia que as bebedeiras e ressacas estão associadas à vida académica. Hoje reforcei essa ideia quando vi reclames de Guronsan nas paredes da universidade.

Alis

- Para onde é que vais?

- Para ali. E tu?

- Ah, eu vou para ali.


Despediram-se e seguiram em direcções opostas. Há coisas que eu não entendo: se iam os dois para ali porquê seguirem rumos diferentes?

Post à chuva

Caríssima Chuva, amiga da hortaliça e outras coisas do género, eu não queria que parasses de fazer o teu dever assim que eu entrasse na estação de metro, eu queria era que parasses de pingar assim que eu saísse da estação de metro.

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Rua das Nuvens Carregadas, nº0
9191-191 Arranha Céus

Fruta

Comi um pêssego que sabia a flores.
Com esta afirmação pressupõe-se que eu já comi flores para lhe saber o gosto. Só por dizer que não me lembro de tal me ter algum dia entrado pelo estreito.

Uma ameixa espirrou sumo para dentro de uma das minhas narinas. Isto quer dizer que me aconteceu um espirro ao contrário.

Apresentação

Mãe - Então, André, gostaste da tua directora de turma?

Rico filho - Não sei.

Mãe - No teu vocabulário 'não sei' quer dizer que gostaste...

Rico filho - Não, no meu vocabulário 'não sei' quer dizer que não sei.


Quem não sabe, não sabe.

O futuro não académico da rica filha

O meu horóscopo diz que daqui a um minuto vou ter sorte. Vou até à cozinha beber água a ver o que acontece... Olha! Descobri ameixas na cozinha! E das verdes, como eu gosto.

Que sorte, digo eu.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (102)

Lisboa - Campo Grande, 13 de Setembro de 2010

Com este calor e os praxantes vestidos de preto da cabeça aos pés parece-me que eles é que são os praxados...
Ainda a propósito de praxes: acho que a rica filha ontem livrou-se das praxes porque ia acompanhada da mãezinha... Mas há-de chegar a sua hora, eu sei que sim.

Parabéns

Nos últimos dias tenho ouvido vezes sem conta os parabéns da parte das pessoas que ficam sabendo que a rica filha ingressou na universidade.
A rica filha, sendo a primogénita, é com ela que acontecem todas as minhas primeiras vezes. Confesso que esta primeira vez me apanhou completamente desprevenida, a surpresa foi grande porque eu não fazia ideia de que se parabendizava quem ingressa na universidade, ou os progenitores de quem ingressa na universidade.
Já estou ensinada, quando for a vez do rico filho não estranharei.

Tarefa

Hoje, dentre as tarefas interessantes que fiz, separei berbigão já cozinhado das respectivas cascas. Não foi mau, fiquei com um cheiro nas mãos não propriamente desagradável, pena é não poder comer as mãos...

Pilha de caixas

Os músculos deste rapazinho aqui não servem só para a figura, ah pois não, porque ele hoje vinha com três caixas de mercadoria nos braços e até parecia que nem era nada com ele. Ai a juventude, a juventude...

Caracolinhos

Espanta-me que ainda hajam homens com uma cabeleira semelhante à do Marco Paulo. O Marco Paulo dos anos oitenta, bem entendido.
Noutro dia vi um desses... Assumo que o penteado me desagrada por ser antiquado, assumo que ligo a modas e costumes –

(assim como assumo que cada um usa o que quer e como quer mas isso agora é dispensável senão ainda fico sem assunto no post)

- e achei que o homem parecia fora de contexto.
Aqueles caracolinhos miúdos e muito definidos caindo sobre os ombros, tipo os esvoaçantes caracilonhos do David Luiz do Benfica mas com o penteado do Marco Paulo…

domingo, 12 de setembro de 2010

Passeio de hoje: Atouguia da Baleia

Fim de semana

O fim de semana foi um bocado estranho porque eu estou um bocado estranha. Não entendo as coisas que me dizem, porque me dizem, parecem fios soltos que não me pertencem nem por nada... A minha vida não é esta, é antes outra qualquer que não conheço e esta agora sou eu mas quando comecei a escrever não era. Não gosto nada que as pessoas que habitam em mim me sejam desconhecidas, eu que até sei que sou muitas... Mas uma ser-me completamente estranha é que não, por favor.

...

E é só isto...

sábado, 11 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (101)

Lisboa, 10 de Setembro de 2010

Confesso que me passou pela cabeça deixar duas perguntas no ar. Uma: em que rua estava eu quando tirei esta fotografia, e outra: quantas ruas lisboetas se deixam perceber nesta fotografia.
Mas... Como não tenho lá muita sorte com respostas no blogue o melhor é deixar já escrito o nome das ruas.

A fotografia foi tirada da Rua Ferreira da Silva e as ruas que se deixam perceber são: Rua Carlos Mardel, Rua José Ricardo, Rua Ângela Pinto, Rua Actor Vale. No canto inferior esquerdo percebe-se também o Mercado de Arroios.

?!

Não sei o que me deu na cabeça para tirar estas fotografias assim como não sei o que me dá na cabeça para fazer quase tudo quanto faço.

Mas estão umas fotografias muito originais. Sempre quero ver se alguém se atreve a desmentir esta afirmação!




Como é que é?!

O senhor Austragésilo ri-se muito de tudo o que eu digo. Sei que é homem para me achar montes de piada mas também sei que os risos não são porque me ache sempre piada. Sim, não tem lá muita piada trocar impressões acerca da pilha de papéis cheios de números que todos os meses lhe passo para as mãos acerca de impostos que vão desde ivas a selos.
O senhor Austragésilo ri-se de tudo quanto digo porque não ouve praticamente nada, então acha por bem olhar para mim como quem diz:
'Socorre-me que não ouvi nada! Como és uma miúda gira deixa-me lá rir para ti a ver se repetes o que disseste mais devagar. É que eu não gosto nada de dizer hã nem diga nem ainda aquele subtil hum que algumas pessoas usam.'
E eu, que para além de ser uma miúda gira sou também toda eu um amor de criatura, repito tudinho, tudinho. E assim, com esta atitude, sempre arranco mais risos e sorrisos do senhor Austragésilo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (100)

Este é o centésimo post desta série e por isso é diferente, tem duas fotografias.

Vista da rua através da nesga:

Lisboa, 8 de Setembro de 2010

Vista da rua após o afastamento das cortinas:

Lisboa, 8 de Setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Apreciando

A apreciação tosca que faço da vida em geral... Geralmente nunca é apreciada. Ponto final.

Há barto(^)los.

Há ba(´)rtolos:

É favor não confundir a espécie de baixo com espécie de cima.

Separação

No mundo do comércio tradicional corre a história de que o balcão é um separa-ladrões. A justificação é: o que está do lado de dentro engana quem está de fora... Mas este só não engana aquele se não puder...

Uma fotografia por dia que berm iria... (99)

Lisboa - Rua Barão de Sabrosa, 9 de Setembro de 2010

Será que o Barão de Sabrosa morava neste casarão?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O dia

Lisboa, 8 de Setembro de 2010

Se o dia tem corrido como previsto hoje teria posto o avental à frente por volta das sete horas e feito uma comidinha com esmero e atempadamente, sobremesa e tudo. Mas  não, correu de modo imprevisto e sendo assim vá de fazer a comidinha a correr sem direito a goludices após o jantar.
Já em matéria de posts posso dizer que tendo a vida corrido conforme o previsto não existiriam nem metade daqueles que existem.
E é assim: até amanhã, que amanhã há mais.

Ser ou não ser

Disseram-me que se as pessoas falarem mal umas das outras é porque estão a ser absolutamente sinceras, que logo se duvida da sinceridade de quem fala bem.
Mesmo achando que esta ideia tem o seu quê de verdadeira, creio firmemente que devemos dizer bem das pessoas, principalmente dizê-lo às próprias pessoas. As pessoas não são sempre boas pessoas mas há boas pessoas. Havendo-as, porque não elevá-las?

Ouvir

Parecia uma bruxa a sussurrar alto: anda cá, anda cá, anda cá... Mas não era. Era apenas a mala de uma senhora deslizando numa bancada. Descansei.

http://verdeagua2.blogspot.com

Pitões das Júnias, 17 de Agosto de 2010


Há tempos deixei o endereço do meu blogue perdido no meio de nenhures em Trás-os-Montes.
Tirando esta vez nunca mais ninguém disse nada.
Passaram três anos, as intempéries já devem ter dado cabo da escrita.

Fonética

As consoantes são sopros de letras.

Poesia

Brócolos rima com óculos.

Tira lá os óculos!

Encontrei de novo o meu instrutor de condução. Desta vez passei calada. Para já, o homem cavaqueava entusiasticamente com dois colegas, não me apeteceu interromper tamanho entusiasmo, depois, ia ter que tirar os óculos e relembrar novamente quem sou, e não ser reconhecida pode ser aborrecido. Uma vez tem graça, à segunda já passa, diz a minha mãe.
Por outro lado, fez-me falta estancar por momentos, tinha perdido a minha realidade e, parando para falar com alguém, tê-la-ia alcançado facilmente.

Encomenda

As ratoeiras chegaram-me numa caixa de cartão que albergou em 27de Julho 10 quilos de bróculos em florete 40/60.
O camarão também é medido assim, agora me lembro. Fornecidos em florete é que não devem ser, isso é coisa dos brócolos.

Eu cá não percebo nada disso!

Uma cliente queria ensinar-me a trabalhar mas era muito tímida: ah e coiso, se calhar e tal tem que se desemparafusar o parafuso assim-assim que está em tal lado...

Não deixa de ser divertido.

Fealdade

Hoje vi uma mulher exageradamente feia e formei logo uma opinião: Deus erra quando deixa vir ao mundo pessoas muito feias.
Fiquei especada a olhar, parecia um daqueles velhinhos que se espantam por tudo e por nada e quedam, os olhos esbugalhados e boquiabertos num espanto desmesurado. Olhei e olhei e olhei. Não… Estou a exagerar. Mas lá que olhei, olhei!
Por mim, a fealdade é perfeitamente dispensável. Qual é a lógica? É bem, as pessoas serem umas mais feias que outras, sim senhor, mas é preciso exagerar desta maneira?! É mesmo preciso?!

Uma fotografia por dia que bem iria... (98)

Lisboa escondida, 8 de Setembro de 2010

Tenho um novo amiguinho. Um amiguinho de quatro patas, um cão. É ainda cachorro, quando me vê vem logo ter comigo para lhe fazer festinhas, um amor.
Perguntei o nome aos donos, já que supostamente iremos ver-nos muitas vezes, eu e o cão. A dona responde:
- Cá Bé.
Achei o nome um bocado esquisito e repeti-o devagar:
- Cá Bé...
A rapariga deve ter visto alguma coisa estranha nos meus modos, tanto que diz muito depressa:
- Carlos Alberto, se quiser chamá-lo pelo nome todo.
- Ah... - Fiz eu.

Nota da autora:
O leitor não se mace à procura de relação entre a fotografia e o texto porque não existe.

Po(ô)st(e)

Voltei a escrever post. Cheguei à conclusão que o post é bem mais giro que o pôste.

Mais um post sobre a festa da rica filha, só mais um...

Falou-se em bombas e bombistas. Uma das miúdas exclama que ia gostar que rebentassem com o liceu inteiro. Estive quase para me meter na conversa, ia dizer que também gostava de rebentar com o meu local de trabalho, seria uma benção. Entretanto contive as minhas ideias pelo simples motivo de ter o dono do meu local de trabalho entre os convivas.

Piropo

O que faz uma senhora tão bonita numa loja destas?

(Pouca coisa com jeito.)

Muro

No muro do Hospital Pulido Valente está escrito o seguinte:

Umas sentem a excitação do tédio, outras não.

Não vou comentar esta afirmação porque não julgo ser necessário mas o leitor querendo, força aí.

Recomeço

O rico filho já iniciou os treinos de futebol. Coitadinho, meu querido filho, está todo partidinho... Por causa disso passou toda a tarde a jogar futebol mas sentado ao computador.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Psst, psst!

«Psst, psst! Sô dona Gina!... Ó sô dona Gina!», ouvi eu chamar. Uma senhora idosa apoiava-se no corrimão e chamava a sô dona Gina que estava no piso térreo das Galerias Aqua Roma. Olhei para baixo e vi uma senhora muito composta, daquelas senhoras septuagenárias que ainda se vêm muito na avenida de Roma e arredores.
Estive vai-não-vai para dizer à senhora que se lhe servia qualquer uma sô dona Gina, ali estava eu pronta a servi-la.

Elogiar

A rica filha não gosta de elogiar as pessoas. Ontem, e aproveitando o facto de haver tanta gente cá em casa, lembrou-se de exercitar a arte do elogio por modo a combater essa falta. Não da melhor maneira, digamos, mas ainda assim tentou:
- Patrícia, se eu morrer amanhã quero que saibas que gosto muito de ti.
- Catarina, se eu morrer amanhã quero que saibas que és muito boa amiga.
- Então e eu? – Pergunto.
- Mãe, se eu morrer amanhã quero que saibas que és a melhor mãe.

E pronto, o assunto não é dos melhores mas ainda assim ouviu-se coisas boas…

Leveza

Os jovens fazem-se notar pela sua inquietação, pela voracidade que demonstram em experimentar, em viver novas experiências, é esse o distintivo que lhes noto: o apetite. Lidar com jovens alenta-me o espírito em muito, parece que consigo respirar fundo sem dificuldade. Rejuvenesço, é isso.

Vozinha

Ontem tive a casa cheia de jovens, uns adolescentes, outros já adultos. A algazarra era notoriamente muito jovial apesar de adulta. Havia, porém, alguém que se destacava, não só pelo tamanho como pelo timbre de voz, era o irmão mais novo de um dos convidados.,um menino de uns 11 anos. 
Há muito tempo que cá em casa não se ouvia uma vozinha infantil. É bom recordar as coisas infantis, foi um pormenor que fez uma grande diferença.

O nome


É choupa, o nome do peixe. Qual champa, qual carapuça!

Chou-pa!

C-h-o-u-p-a!

Choupa.

Uma fotografia por dia que bem iria... (97)

Lisboa, 6 de Setembro de 2010

- Menina, gosta de uva morangueira?
- Gosto, pois!
Saíu e foi buscá-las. Minutos depois estava de volta segurando uma caixa cheia de uvas com amvbas as mãos.
- Então tome lá, é para ficar com a caixa e tudo!
- Obrigadinha, sô João!

As uvas traziam formigas com elas. Vi-as passear todo o dia inteiro, as marotas, fazendo-se de convidadas, saracoteando as antenas e tentanto adivinhar que país estranho seria aquele para onde haviam sido transportadas. Era um país chamado secretária aqui da je.

domingo, 5 de setembro de 2010

Já são 19!


A rica filha está de parabéns, já são dezanove anos!
Escrevo este pôste um pouco à pressa porque ando de roda dos tachos e das colheres de pau, vai haver festa cá em casa. Mas não queria deixar de registar um acontecimento tão importante como este, claro está.

Parabéns à minha rica filha, cada vez mais adulta, cada vez mais mulher. E eu feliz por assim ser.

Pescaria

Estes são todos os peixes...


Este foi o primeiro peixe! Champa... Ou pampa... Ou pompa... Ou... Não sei! E encolhe os ombros, é novo nestas coisas de pescaria. Se formos a ver bem a coisa: para que é que raio interessa o nome?!

Ele enfiou o nariz num parafuso ferrugento.

Ler o título à letra, por favor. Ele enfiou o nariz num parafuso e não o parafuso no nariz. Agora tem os arredores da narina acastanhados por causa do desinfectante. Enfiar o nariz onde não se deve é do caraças.

sábado, 4 de setembro de 2010

Mé-més

Há pouco ouviam-se balidos da minha varanda. Era um pai amoroso, um bebé não menos amoroso e umas quantas cabrinhas. O pior balir era o do papá. Que horror, as figuras que as gente faz por causa das criancinhas...

Uma fotografia por dia que bem iria... (96)

Marbella - Espanha, 29 de Julho de 2010

Nesta madrugada a mãe e a filha foram levar o pai à pesca. Quatro e trinta e três e a mãe pergunta à filha, então gostas de passear a esta hora comigo? A filha responde que sim mas que por favor não pare o carro no meio da estrada para tirar fotografias. A mãe fez a vontade à filha...

Eu não pararia o carro de madrugada no meio da estrada para tirar fotografias, adoro fotografar mas não sou tão afoita assim, o medo é maior que o prazer...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (95)

Lisboa, 2 de Setembro de 2010

Diálogos

Rica filha - Hoje doem-me tanto as mãos, mãe! Estive toda a tarde a escrever...

Mãe - Porque não escreves no computador?

Rica filha - Porque no computador podem perder-se os documentos.


Ora aí está, bem pensado!


Mãe - A senhora que te ensinou a ler e a escrever mandou-te um beijinho.

Rico filho - Quem é a senhora que me ensinou a ler e a escrever?!

Mãe abre muito os olhos...

Rico filho - Ah, a minha stôra da primária!

Mãe - Sim, a tua professora primária...

Inspiração

Lisboa, 3 de Setembro de 2010


Estar num local alheio é para mim inspirador. Se o local é de livros então... Não dou vazão, a mão não consegue acompanhar a mente.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

...

Há toda uma série de factores que actuam conjuntamente e culminam num estado psíquico deplorável.
Sucintamente, o que eu quero dizer é que isto são coisas da vida. Há que lutar.
Mas... Há toda uma série de factores que actuam conjuntamente e culminam num estado psíquico deplorável.

...

As pessoas são ruins. Não, não faço diferença, não. Não me excluo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cantorias

O Clóvis é cantor, já assisti a um ou dois espectáculos dele. Não acho que cante nada por aí além, ouvi-lo não me transporta para uma dimensão diferente desta, não me extasia, não ouço campainhas nem nada, mas não é desagradável de todo ouvi-lo cantar. Ouve-se e pronto.
Mas eu, que sou uma alma piedosa, gosto de lhe afagar o ego, sei o bem que isso faz. De maneiras que noutro dia, aconteceu ele amandar-me o seu vozeirão lá para dentro e perguntar:
- Ouve lá, queres café?!
Preguei um salto tão grande que ia jogando ao chão a dúzia de vassourinhas que pendem do tecto. Depois aproveitei para chamar a atenção dos presentes sobre o poder da sua voz. Não que a plateia fosse grande mas ficou inchado que só visto.

Coca

A Lady Gaga mandou a imprensa dizer que ela compõe grande parte das suas canções debaixo de substâncias químicas, nomeadamente a cocaína, e que quando assim é a arte lhe flui de uma maneira maravilhosa.
Ora bem, eu acho que aquela canção 'Alejandro' foi criada com a artista cheia de uma cocaína que passou muito tempo em armazém e ficou fora de prazo...

A espera

Tive de esperar a minha vez, a dona Natália estava à minha frente. Ai coitada da dona Gina à minha espera, diz ela fazendo-se apressada mas alimentando o ego com aquele prazer tão especial que existe numa maldade inevitável.
Uma mulher é esperada com vontade apenas uma vez na vida, no dia do casamento, e depois acabou, nunca mais. Ao longo da vida há que aproveitar estas ocasiões em que alguém nos espera...

Dias de um ginásio

Um homem gordo e careca, parece-se com o Homer Simpson mas sem o ar de operário fabril simpático e preguiçoso, toma todo um ritual antes de iniciar a sua corrida. Limpa e desinfecta muito bem as pegas e o visor da passadeira, introduz com vontade os fones nos ouvidos, escolhe a música que mais lhe agrada no momento, arranja os calções que entretanto já saíram do sítio, escolhe o programa na passadeira e finalmente mexe as pernas. Que lentidão, que brandos costumes, que horror... Depois corre veloz, vá lá.

Matança

Vendi quatro ratoeiras, às duas de cada vez, para uma firma de nome Doce Descoberta. Passo a publicidade mas é que há coisas que têm de ficar registadas...

Mais

Mais uma que se matou, catrapum e pimba. E nem precisou de uma fiada de facas nem nada, mandou-se da varanda de um terceiro andar e lá resolveu a questão.

Uma fotografia por dia que bem iria... (94)

Lisboa - Rua José Acúrcio das Neves e em prolongamento a Rua Augusto Machado, 31 de Agsoto de 2010

Ampulheta. Assemelha-se, creio.