sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O meu blog em pedaços - dois e meio

No anterior post desta Lista de Ideias escrevi acerca da frase descritiva que tinha posto no momento de criar o meu primeiro blogue. Ficou qualquer coisa por dizer - esqueci-me de dizer, ou escrever, o porquê de nunca ter posto uma frase descritiva neste blogue. O porquê é: nunca encontrei nada suficientemente bom para definir o meu blogue...
Porém... até hoje! Porque hoje, navegando por essa Internet fora - ora fora, ora dentro - encontrei neste site uma frase de Óscar Wilde mesmo - mesmo, mesmo, mesmo! - genial e que demonstra claramente o que sinto em relação ao meu blogue e, mais em concreto, à minha escrita:


"Definir é limitar"


A partir de hoje esta frase figurará no cabeçalho do meu blogue até à data que eu entender...

...

... há aquelas parvoíces mais parvas que eu... essas são as parvoíces que não escrevo aqui... aquelas que ... quando vou a tempo de não as escrever significa que estou a vencer a minha parvoíce...
não consigo isso sempre mas hoje estou a sair-me muito bem...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Em 30 de Outubro de 2007 estava mais verde...

Há um ano escrevi isto:

ainda se vê por aí muito verde nas árvores...
ainda ando de sandálias!...
nha nha nha nha!...

Hoje não faz qualquer sentido.
Quando o sol brilha é tudo tão mais fácil...

Bolo de Natas e Laranja

Misture
4 ovos
com
uma chávena e meia de açúcar fino
Junte
sumo e raspa de 1 laranja
Adicione
400 ml de natas,
1 colher de fermento em pó,
3 chávenas de farinha e
4 colheres de sopa de côco ralado
E mexa muito bem.
Leve ao fornmo médio durante aproximadamente 40 minutos.


BOM APETITE!!!

Precisão pendular

Às vezes - e esta é uma dessas vezes - gostava de ter uma vida que desenrolasse com uma precisão pendular. Logo eu... que abomino rotinas e normalidade...
Pensando bem até que ia ser giro, sairia da normalidade - tudo certinho e a horas. Dormir a horas, acordar a horas, levantar a horas, tomar banho a horas, comer a horas, outras coisas a horas e ainda outras coisas a horas e mais outras coisas a horas...
Hum... ná...! só de escrever já 'tou cansada do pêndulo!

Um contraste vivo

Fui ao meu local de trabalho. Não fui porque tivesse que ir, fui porque quis. A visita teve coisas boas e coisas más.
Começando pelas coisas más:
Ainda não tenho condições físicas para trabalhar, não foi agradável verificar que afinal isto ainda não está nada bom. Podia acrescentar a esta coisa má tudo quanto está inerente a este facto (e são muitas as inerências!!!) mas não o vou fazer por respeito.
Acabando nas coisas boas:
Há uma coisa boa que contrasta vivamente com o que escrevi
aqui - todas as pessoas que conheço e me viram, cumprimentaram-me efusivamente mas sem alardos mostrando preocupação e não foi só para picar o ponto ou porque há já algum tempo que não me vêm atrás daquele balcão sujo e amontoado, foi porque gostam mesmo de mim.

Aquela parte de mim que às vezes está suja e amontoada como o meu balcão, hoje está brilhante e luzidia. Afinal, esta festa ocorreu hoje...

O meu blog em pedaços - dois

A tarefa de colocar aqui umas palavras numa tentativa de definir como será este blogue, é difícil... - frase descritiva.


Foi esta a frase que coloquei lá no meu primeiro blog. Na altura não quis deixar de escrever qualquer coisa lá no sítio a isso destinado... e aquilo foi o que aqui apareceu nesse momento...

Não é de difícil interpretação, é até bem simples - tinha como tarefa descrever concisamente o que iria ser o meu blogue e para mim tal era impossível de descrever por o blogue naquela data estar somente a ser criado, portanto não tinha (ainda) alma. A frase que aqui me apareceu foi a certeza de nada saber.

Quando criei o blogue não tinha sequer a certeza de conseguir publicar o que pensava naquela altura...

Mas consegui e tenho conseguido. Umas vezes mais parva que outras mas ele já dura há aproximadamente dois anos e meio.

Bastantemente muito pouco


Continuo a ler este livro. Na página 127 figura um pequeno texto ilustrativo e que reforça o que o autor quer transmitir. Diz assim:

'Bastante, muito, pouco - estas são as sanguessugas que infestam o lago da prosa, sugando o sangue das palavras... devíamos ter esta regra muito em conta, porque é muito importante e porque a violamos de vez em quando.'
William Strunk e E.B. White

Gostava de saber se escrevo muitas vezes estas palavras...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Conversas


- Mãe, eu nunca consigo dormir mais que sete horas seguidas! - exclama a rica filha num desabafo indignado, como que a perguntar-se porquê.
Em resposta disse-lhe que ela quando for velhinha vai ter muitas insónias, vai ser assim como a avó Adelaide que anda a altas horas da madrugada apanhando e estendendo roupa por não conseguir dormir.
- Hum... como a avó Adelaide não sei se vou ser mas acho que vou ser assim como a avó Rosária, vou dizer tudo o que acho.. tipo: 'ai 'tás tão gorda!' e 'ai filha o teu namorado é tão feio!' e assim essas coisas. Eu acho que vou ser assim como ela, digo tudo o que me apetece! Achas que vou ser chata como ela quando ficar velha?
Disse-lhe que era muito provável. E depois expliquei-lhe que conforme vamos envelhecendo o que nos caracteriza se intensifica muito, principalmente os defeitos ou aquelas coisas menos boas da nossa pessoa. E sei que se os velhos são muito chatos em chegando à velhice, é porque já o eram em novos pelo menos um bocadinho...
- Eu sou chata? - pergunta ela com um ar quase infantil.
-... não... - respondi sem convicção...

foto: ricos filhos no Convento de Cristo em Tomar

Esta formiga já tem catarro



Cenas de macho do rico filho que sendo ainda tão jovem já tanto as demonstra. Por outras palavras – já a formiga tem catarro!

Tem o paladar muito bem desenvolvido para a idade - gosta de comida picante!

Sabe de cor e salteado nomes de jogadores de futebol bem como idade, clube, divisão, em suma... todo o historial no campo desportivo de todos os jogadores de futebol!

Não sabe nomes de cores nem de bolos!

Não há muito mais a dizer, é um rapaz de poucas palavras, muito simples e sincero. É, ou há-de ser, um homem caracteristicamente masculino. Quero acrescentar que isso me agrada bastante. É que nos dias que correm... ele há 'coisas'... ui!...

TV de Televisão Ver

Há duas semanas e meia que gradualmente me habituo a estar sentada e quietinha a ver TV.
Ao menos esta paragem tem servido para alguma coisa, eu estou apta a ficar cinquenta minutos sentada no mesmo sítio, ainda por cima vendo TV, coisa que anteriormente seria impensável...
Vou sair 'disto' com mais alguma coisa aprendida. Foi por força das circunstâncias que aprendi, mas aprendi!

Obscenidade

Lá de quando em vez escrevo asneiras e palavras rudes no meu blogue. Escrevo-as porque gosto, porque me apetece, porque quero, porque sim. Não as escrevo para ficar atraentemente desprezível. Sim, porque há uma grande atracção por parte das pessoas a tudo o que é desprezível e de baixo escalão. Esta é uma verdade.
Blogues há que, numa frase que contenha sete palavras três serão asneiras, certamente. E é por isso mesmo que são os que mais leitores atraem – o bandido e a puta são tão atraentes quanto desejados, repudiados e alvo de olhares escondidos pelo monitor de um computador, tudo isto em simultâneo. A Internet mascara as pessoas mas não na totalidade, tarde ou cedo elas revelar-se-ão. E esta é outra verdade.
Não escrevo palavras, frases, ou mesmo textos obscenos para atrair leitores, escrevo-as de raiva e indignação – escrevo-as porque gosto, porque me apetece, porque quero e porque sim. E esta foi mais uma verdade.

E já está...

Ontem... escrevi muito mas não publiquei nada. Há dias em que não tenho coragem de carregar no 'publicar mensagem' por achar o que escrevi demasiado forte.
Há um alto grau de incoerência nisto que sinto - quanto mais desenfreadamente me saem os textos p'los dedos, quanto mais fortemente actua o sentimento com que escrevo, menos coragem há para os deixar ler. Quando cá dentro fervo e construo os textos com rapidez tenho medo que seja um texto 'mal feito'... quando na verdade são os melhores...
Dei um dia de intervalo ao meu blog. Ontem foi um dia de merda e iam-me sair parvoíces mais parvas que o costume.
Por outro lado, o último post deixou-me triste comigo mesma porque acho que não tenho juízo nenhum e venho para aqui lamuriar-me quando realmente não me falta nada. O que se passa é que eu não tenho que fazer porque não posso (ainda) fazer praticamente nada... não sair de casa equivale a uma grande diminuição de histórias para contar. Então a minha cabeça vagueia e os pensamentos pousam em sítios onde nem sempre deixo que pousem.
Quem escreve, ou descreve, estados de espírito como eu, sabe que o que hoje tem uma grande intensidade e nos parece consumir por dentro tamanha é a dor, amanhã nada será e não passará de mera e insípida recordação... e também sabemos que extravasar o que está cá dentro é como uma mola impulsionadora que nos projecta lá para a frente, onde já não há nada daquilo que hoje nos provoca dor.

domingo, 26 de outubro de 2008

Amigos e companhia

Não tenho conseguido esquecer quão desacompanhada sou. Nos últimos quinze dias quase não fui visitada por ninguém. O 'quase' deve-se à presença de alguém que veio ver-me de fugida e apenas para picar o ponto, tudo fazendo por obrigação social (ou coisa parecida) e sem qualquer gosto pela minha companhia.

A culpa é ninha porque eu não sei estar com as pessoas. O blogue ajuda-me, a virtualidade acompanha-me. Quando as pessoas andam por aqui eu sei que é porque querem.

Egocentrismo, vaidade, narcisismo


Sou egocêntrica, pois sou! Acho que só eu existo e só eu importo para mim. A minha vida e a minha opinião acerca da minha vida é que vale! O eixo do meu mal... e do meu bem, sou eu!

Sou vaidosa, claro que sim! Este item estou com alguma dificuldade em desenvolvê-lo... Sei falar muito bem, sei escrev... já chega!

Sou narcisista, sim oh sim! Gosto de olhar para o que faço, gosto de ler e reler o que escrevi, gosto ver a imagem que reflicto.

Não foi hoje que descobri que possuo todas estas características na minha personalidade. Quando soube não fiquei contente e tempos houve em que isso era motivo de preocupação mas com ele - o tempo... essa bendita existência que tudo mata - sempre a passar e a vida sempre a rodar, converti a preocupação em prazer. Não sinto a mais leve e ténue culpa por ser assim... e imagino que tal seja apanágio de quem assim é.

egocêntrico
relativo ao egocentrismo;
diz-se da obra cujo autor é o centro e principal actor;
indivíduo cuja visão do mundo parte sempre da sua própria personalidade.

vaidoso
que tem vaidade;
presumido;
jactancioso;
indivíduo vaidoso.

narcisista
que ou aquele que pratica o culto da sua própria pessoa;
narciso.

A Lenda de Narciso (dá uma espreitadela)

sábado, 25 de outubro de 2008

O meu blog em pedaços - um

Verde Água - o título


Já escrevi em tempos a que se deve o título deste blog aqui e assim:

Achei que o título do meu blog devia ser uma cor porque demonstra um pouco da minha personalidade, sem dúvida, e também por ser inócuo, uma vez que não faz alusão a nada que possa perturbar as mentes mais sensíveis. O verde tem a ver comigo, porque revela calma e tranquilidade e eu sou assim ainda que às vezes também me "salte a tampa". Escrever aqui por vezes torna-se difícil porque eu não consigo esquecer que provavelmente virão pessoas ler o que escrevo. Aqui não consigo escrever do mesmo modo íntimo com que escrevo no meu diário. Um blog serve para haver interacção entre as pessoas, porque é para outras pessoas lerem e comentarem, e também, para proporcionar o prazer da escrita ao seu autor. Sinceramente acho este último motivo o principal e mais importante para a existência de um blog.

Também aqui e assim:

Quando foi para o ar o meu blog na Radio Comercial, foi-me feito previamente um questionário onde uma das perguntas era:
"Porquê Verde Água?"
Respondi: "Não tem uma razão muito específica, na altura de criar o blog achei que seria engraçado pôr o nome de uma cor, por ser abstracto, digamos assim. O "verde água" foi a primeira cor que me passou pela cabeça naquele momento."
Na altura em que a locutora falava acerca desta questão a minha filha disse com algum desapontamento na voz:
- Mãe, tu disseste que querias o nome do blog com uma cor e o "verde água" fui eu que escolhi...
Lembrei-me imediatamente da conversa dessa altura e de facto ela tem toda a razão - quem escolheu o nome para este blog foi a rica filha!!!
Apesar de ser uma coisa - aparentemente - mínima, aqui fica registada publicamente a rectificação. O seu a seu dono.

Adenda ao anterior post


A Maria Tardia também comentou este post. Merece, também ela, uma resposta em forma de post.

A Maria Tardia comentou:

Gosto de vir para ler os post´s do Verde Água porque são reais, nada artificiais, interessantes e, porque me fazem pensar... O blogue transparece vida vivida.

Obrigada Maria. Mesmo sem tempo deixaste aqui umas palvras bonitas.
Então... dou que pensar, é?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Reposta à participação dos leitores

A quem respondeu a este post aqui deixo o meu obrigada. E em vez de lhes responder na caixa de comentários, acho bem melhor escrever um post.

A Bell comentou:

Porque gosto de quase tudo o que escreves. Porque marcas a diferença num leque de blogues que falam todos mais ou menos do mesmo. E porque sim.

Ora bem, Bell... adorei a sinceridade do 'quase'! E gostei ainda mais que aches que marco a diferença...

O Nandokas comentou:

Olá,

Desejas saber porque gosto de ler o que escreves aqui? É isto mesmo que queres saber?... Ok, então aí vai: porque gosto! E gosto dado que umas vezes apareces com textos desempoeirados, algumas vezes confusos, outras vezes engraçados. Mas dão-me sempre a sensação de serem textos honestos, sinceros, puros. E são estas as característivas que mais admiro na tua escrita.
[... e, por isso, continua, ok]
Beijinhos.


Ora bem, Nandokas... gostei particularmente de saber que tenho textos desempoeirados, confusos e engraçados. E os meus textos são assim exactamente porque sou sincera e honesta naquilo que escrevo. E vou continuar. Desempoeirada!

A Thunderlady comentou:

Algures aí para baixo acho que já te disse que gosto de ler o teu blog. Foi sentido e tem um motivo, claro.
Gigi, gosto de ler o teu blog porque não tens pretensões de nada. Porque és uma pessoa simples, não no pensamento que é sinuoso e toca meandros perigosos mas és simples no modo de te exprimires.
Especialmente gosto de te ler porque és discreta no modo como soltas os teus eu's. Gosto de te ler porque imagino que se entrasse num café onde estivesses só tu acredito que não iria dar por ti apesar de por dentro andares muitas vezes em ebulição.

Ora bem, Thunderlady... sei que sou uma complicadinha do caraças (e isto sou eu que digo, claro!). E também sei que a subtileza é uma das minhas mais marcantes características. Vezes há em que a misturo com astúcia e malícia e depois saem-me daquelas histórias que preenchem o meu blogue. É uma mistura explosiva! Quase ninguém dá por mim, quase...

Desejados leitores: não ides pois este ainda é o Verde Água

Desde ontem que ando em mudanças. Tenho estado ocupadíssima a florear o meu blog. Sei que ficou muito diferente mas acho que ficou muito melhor. Agora tenho toda uma série de opções que antes não tinha sequer acesso. Ainda tenho uma data de coisas estranhas para modificar mas agora já irei com menos pressa - é que o blog ontem estava mesmo estranho, quase que nem eu o reconhecia...
Até já.

As regras da sensatez

Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz


Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão


Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado


São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez


Por grande a tentação
Que te crie a saudade

Não mates a recordação
Que lembra a felicidade


Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs

Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós


São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez


Rui Veloso

Acho...

Acho que só escrevo parvoíces mas penso que é maior parvoíce esse pensar.

Acho as minhas palavras inúteis mas penso que é maior inutilidade esse pensar.

Acho previsível o que farei amanhã mas penso existir uma maior previsibilidade nesse pensar.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Pedido aos leitores deste blog


    Porque escrevo eu?
    Porque gosto.
    Boa resposta.
    Mas porque gosto eu de escrever?
    Porque deixo de me sentir só.
    Porque é assim que me conheço.
    Porque escrevendo obtenho facilidade em aceitar os meus eu's.
    Porque ordeno todos os pensamentos.
    Porque escrever é uma ordem natural na minha vida.

Já que publico o que escrevo há uma repercussão nas minhas palavras. Outros há que as lêem sem que eu saiba porque lêem. Não me é dado a mim saber essas coisas mas posso pedir aos leitores que me façam sabê-las.

Carta

Quero escrever-te. A ideia principal é dizer-te que continues a fazer como até aqui. Como até aqui não, melhor que isso - não deves dar ouvidos à voz aí dentro. A voz que sempre te contradiz, te instiga a desistir, te escorraça daqui e te desqualifica a vontade. Não deixes nem vás atrás do que ela te conta.
Tu tens uma maneira especial de olhar. Por ser tão especial não devias deixar-te apoquentar. Aproveita-o. Esse é um olhar que ninguém vê, é certo, mas esforça-te por aprender o máximo com a vida pois é nela que está toda a verdade das coisas. Se escreveres a verdade nada nem ninguém te derrubará. Aproveita-te da verdade que há em dentro de ti.
Tens uma capacidade invulgar para atrair e manipular, lembras-te? Pois acredita, é bem verdade o que te disseram. Aproveita a capacidade que possuis para prender as pessoas onde tu queres que elas fiquem presas. Apenas precisas de tempo e paciência. Apenas.

Visão

Nos poucos minutos em que estive ao pé dele vi-o nervoso mas decidido.
Tinha umas mãos fininhas e brancas, muito brancas. Os gestos eram rápidos e indecisos, um querer fervoroso e o pânico a comandar.
As costas desenhavam uma curva convexa denunciando uma profissão que obrigava a uma persistente posição de bruços sobre qualquer coisa.
Os olhos eram atentos e frios, mantinham um gigantesco interesse em chegar ao fim da linha, a uma meta qualquer… e o pânico assumindo total controlo.
As roupas eram sofisticadas, diziam-me que ali havia um nível de vida elevado, quer pessoal quer profissional.
Toda a sua postura respirava tensão. A tensão de quem escorrega e se debate para não cair. Saía-lhe do corpo uma transpiração que o impedia de cair. Não caíu.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mais um post

Para que o post anterior não obtenha tanto destaque (para que seja empurrado para baixo, portanto) lembrei-me de escrever, uma vez mais, os pontos resplandecentes de positividade deste dia até agora. Ainda agora são cinco e meia e já os tenho. Com jeitinho, até o dia acabar ainda encontro outros tantos. Eles aí vão:

ponto resplandecente de positividade número um:

fui ao pão... é ali à esquina mas fui... e pelo caminho despejei o lixo... (e vi pessoas e falei com pessoas e tive que estar à espera e nem me custou nada nem nada!)

ponto resplandecente de positividade número dois:

acabei de decorar os números dos canais de TV que me habituei a ver nos últimos dias... assim tenho a vida facilitada... (eu com paciência par ver TV? é o máximo!)

ponto resplandecente de positividade número três

editei o perfil que consta no meu blog... tanto mexi, tanto mexi que descobri as tags para o exibir em negrito, para mudar de linha e até o poderia escrever em itálico se assim o desejasse... (mas não desejo)

Dificuldade

Hoje está a ser difícil escrever qualquer coisa fora do assunto:
'ai que sozinha que eu estou e ainda isto não vai a meio e já estou tão farta de aqui estar entre estas paredes porque não posso fazer porra nenhuma!'
Hoje está difícil.

Eu tenho um blogue

- Até já disse ao José Flores e ao Jacinto que tu tens um blogue!
- Quê?! - espantei-me.

Eu explico... calhou em conversa... e o Luís disse ao gerente do banco e ao homem do mercado que 'eu tenho um blogue'...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

r-e-c-i-p-r-o-c-i-d-a-d-e

Reciprocidade. Sozinha, esta palavra representa uma verdade da vida. Recebemos de volta o que lançamos. Recebo de volta o que daqui lanço.
Talvez seja mesmo melhor estar e ser sozinha. É o que daqui lanço. De certa forma, existe uma grande facilidade nesse viver, uma mui agradável independência. No fundo, desobrigo-me da obrigatoriedade de agradar a quem acompanho. Sim, é qualquer coisa como isto que acabei de escrever. E assim obtenho a reciprocidade.
Eu seria melhor pessoa se no mundo só eu existisse. Seria incomparável. Não haveria reciprocidade.

'Vai onde te levar o coração'*

Não posso. Se for até onde ele me leva irei ter onde não me permito chegar. O meu coração não possui razão ou estabilidade. Sou eu que o equilibro. Eu é que comando isto tudo.

Se eu for, se eu fosse, atrás do coração... esta já não existia.

*O título deste post é uma frase tão conhecida que julgo ser pertença de alguma personalidade. Pesquisei para descobrir mas a pesquisa foi inconclusiva. Seja como for, convém à minha consciência fazer saber que aquela frase não me pertence, apenas serviu de mote a este post.

'Vocábulos'

Conversava-se animadamente à mesa. Manifestando-se, os ricos filhos incluíram na conversa por diversas vezes os 'vocábulos' bué e ya.
- Haverá algum dia em que vocês deixem de dizer essas palavras? - perguntei-lhes eu.
- Acho que não... 'tá bué enraizado... - disse a rica filha.
- Ya... - concordou o rico filho.

Mesmo assim... eu acho que esse dia existirá.

domingo, 19 de outubro de 2008

Bem bom!

Pois é!
E hoje lá fui eu ter com o ar livre!
Soube mesmo bem!

Divulgação não divulgada

Não vou divulgar o nome dela não vá ela quiçá porventura ter o hábito de ler blogues e aparecer-me aqui no meu, depois ralha muito comigo e como eu sou muito importante neste lugar e isso, ainda lhe dá ganas de me levar a tribunal por se sentir enxovalhada na sua vida privada por eu dizer na Internet o que ela faz e coiso…
Ela anda lá no ginásio. Ela faz novelas, escreve livros e mais que isso, publica livros… e anda lá no ginásio a mexer nos mesmos pesos que eu e a sentar o ‘sim-senhor’ nos mesmos aparelhos de ginástica onde sento o meu – somos íntimas, por assim dizer. É simpática, quando passa por mim sorri e segura-me a porta se for caso para isso e essas coisas bem intencionadas.
E agora, deixando o ar irónico com que iniciei este post, noutro dia pus-me a pensar porque será que ela me sorri. Será porque é mesmo simpática ou será porque é figura pública? Será que está habituada a sorrir porque sabe ser reconhecida publicamente e quer que se pense ‘olha lá a ***** ** ******** é tão simpática, já viste?’
Da minha parte, eu que sou uma figura sem a pública, sinto grande curiosidade neste tipo de questão porque dificilmente estas pessoas serão normais e terão uma vida normal, gostaria bastante de um dia falar com alguém assim. Qualquer dia meto-me com ela…

'Alors, bien sûr!'

Eu estava dentro da montra, invisível, portanto. O atendimento ao balcão era feito pelo resto do pessoal*. De dentro da montra ouvi:
- A-maaa-nhã...!
- ...?
- Sex-ta-f-ee-ii-ra...
- ...?
- Ó Gina!
- Sim? - respondi. Recordo que estava invisível, dentro da montra.
- Como é que se diz 'Sexta-feira' em inglês?
- Friday - disse de onde me encontrava.
- Hã?
- Friii-day!
- Ah! Friii-day!
- ...
- Àssss trêêês hooo-ras!
- ...?
- Ó Gina! Como é que se diz 'às três horas'?
- At tree o'clok!
- Hã?
Vi-me forçada a sair tornando-me visível... cara a cara repeti para a jovem inglesa que, soube entretanto, não falava qualquer palavra de português pois chegara há poucos dias a Portugal.
- At tree o'clok.
- Ok, thank you. Friday, at tree o'clok.
Não sou grande coisa a falar inglês. A língua que mais e melhor aprendi na escola foi o francês. Sempre gostei mais do francês por me parecer que inglês nada tem de diferente ou desusual pois é uma língua que toda a gente sabe. Deve ser por isso que de seguida respondi:
- Oui, oui... c'est ça!

*o resto do pessoal é... o patrão!

sábado, 18 de outubro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Inteligente, capacitada, original, talentosa, hábill, notável, extraordinária, inata, singular

Como modéstia é coisa que não possuo e se eu não apregoar ninguém reparará, tenho a dizer que o lado direito desta página criativa e carregadinha de imaginação onde te encontras neste momento, foi esta tarde modificada de forma brilhante e engenhosa. Isto porque descobri por mim mesma como se colocam as fotos ali...
Há uma delas que está um pouco descentrada e devia estar um bocadinho mais descida mas por ora não faz mal.

Informação importante

Durante muito tempo, qualquer foto ou imagem publicada neste blog, fosse minha (que é o mesmo que dizer ser de procedência caseira) ou sacada da Internet, eu descrevia-a pormenorizadamente no final do post.
Houve um dia que me aborreci de tanta regra e passei a mencionar a procedência se apenas a foto ou imagem não procedesse da minha casa (que é a mesma coisa que dizer procedência caseira, ora pois).
Assim fiz, apenas mencionava a procedência se a foto ou imagem não fosse minha, mas sempre com a ideia 'Gina Maria, tens que informar os teus leitores acerca disso'.
E a partir de hoje fica aqui a informação:

Caros leitores/as, apenas mencionarei a procedência das fotos ou imagens se as mesmas não procederem do meu computador. As restantes, as que saírem do meu computador (que é a mesma coisa que dizer procedência caseira, sim senhor) poderei mencionar, ou não, o local, a data e as pessoas que nelas aparecerem, vou deixar ao critério da minha vontade no momento da publicação.
Tenho dito (escrito).

Ass: Gina Maria

Pontos resplandecentes de positividade

Li numa revista que é bom reflectir ao fim do dia e apontar três pontos positivos ocorridos durante o dia que passou.
São onze da manhã, este dia ainda vai a meio, por isso vou debruçar-me sobre o dia de ontem.
Como a ideia é escrever sobre coisas positivas, logo, boas, vou chamar à minha lista 'pontos resplandecentes de positividade'. Eles seguem, então:

ponto resplandecente de positividade número um:

a vizinha na varanda em frente deitou o lixo que varrera do chão para a rua e só depois espreitou para se certificar que havia (mesmo!!!) roupa estendida no andar de baixo, o positivismo é a roupa não ser minha

ponto resplandecente de positividade número dois:

tive todo o tempo do mundo para escrever, para gravar CD's e DVD's, para ver TV, para organizar fotografias, para ler, para limpar o computador do lixo acumulado

ponto resplandecente de positividade número três:

consegui estar em pé o tempo suficiente para fazer o molho branco que acompanhava a massa ao jantar

Pois sei...

Sei que os ricos filhos já não são crianças quando:
  • a rica filha, preocupada, me adverte de que tenho que me alimentar
  • o rico filho, diligente, se o telefone toca o traz até mim para eu não ter que me levantar

A mulher que manda

O homem veio saber se eu vendia plástico a metro. Respondi afirmativamente.
- Eu depois venho cá com a minha mulher para comprar, a minha mulher é que sabe. Eu só venho saber se tem o plástico para lhe dizer. A minha mulher é que sabe se vai comprar ou não.
Disse-lhe que sim senhor, que aguardaria, que estava muito bem, que não fazia mal nenhum.
Umas horas depois apareceu acompanhando a mulher, digo bem, acompanhando a mulher, trazia uma postura semelhante à de um lacaio cuja honra reside mais na vontade e disponibilidade em obedecer do que na companhia que faz . Naquele momento compreendi o homem pois a sua mulher tinha todo ar de eu é que sei, eu é que mando nisto tudo, vai para ali já, se não vais levas uma traulitada nos cornos.
Ora bem, eu acho sempre muita piada a este género de situações e normalmente safo-me bem com elas. Se manter-me na minha onda é o ideal, safo-me. Foi o que aconteceu.
A mulher, por sua vez, verificou que o plástico não era absolutamente transparente (oh…. que pena). Disse-me que isso era imprescindível (ah… que chatice), sempre muito segura de si e do que queria, ela é que sabia (ok… pronto, sim senhora não há problema).

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Paisagem a aprtir de casa

Agora os meus dias são passados entre estas paisagens...



A paisagem do meu quarto...
(o frasco de verniz foi ali deixado propositadamente)



A paisagem do meu sofá...

A paisagem da minha varanda...

Uma família imperfeita

Uma família perfeita faz sempre muita confusãozinha a quem não a tem… não devia fazer tanta confusãozinha, afinal não existem famílias perfeitas… mas quem não possui uma família destas pensa que elas existem… e ainda diz em jeito de desculpa que o tempo da ilusão já lá vai…
A minha família é muito perfeita, vejamos:

acordamos fora de horas
não tomamos banho todos os dias
nem todos os dias há alegria ao pequeno almoço
não atravessamos nas passadeiras
não cumprimentamos toda a gente que conhecemos
pensamos mal do patrão/professores
nunca temos vontade de trabalhar
sonhamos com futilidades
vamos além do sonho e compramo-las
mais coisas... mais coisas...? o facto de confessar tudo isto já revela imperfeição...

Somos todos muito felizes e essa certeza vale por todas as imperfeições que possuímos.

Silêncio e tanta gente

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou também
O tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar

Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão


Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou

Maria Guinot

Sonho atarefado


Sonhei que andava atarefadíssima a ajudar a minha mãe. Mexia-me bem e sentia-me feliz porque estava a fazer 'coisas'...
Quando acordei percebi logo que ainda não é hoje que me vou sentir 'bem' e fazer as 'coisas' de todos os dias.
Eu a pensar que não gosto da normalidade e afinal estou cheia de saudades da minha porque ela existe mesmo e até me faz falta...



foto: travessia do Tejo rumo ao Castelo de Almourol


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Formalidade?

Na reunião da escola do rico filho, a directora de turma usou uma expressão que, pelo menos que me lembre, nunca tinha ouvido: ‘substâncias psico-activas’.
Levei algum tempo até perceber que seria aquilo… possivelmente por estar longe (assim espero) de problemas deste género. Infelizmente é um assunto tão actual e tão presente que assusta.
Será por isso que numa situação formal se chama 'substâncias psico-activas' às drogas?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Um cálculo

deve ser mais ou menos isto*

ouvi um barulho qualquer mas não me lembro e não sei… que será aquilo?... sei lá!... é uma coisa assim tipo lá muito ao longe... é p’ra me lembrar de qualquer coisa, é... ah!... é a porcaria do despertador… ah pois é!... eu programei aquela cena do despertador para as sete e tal, claro... já são sete e tal?... ohhhhh!... bem… ‘tá na hora… tipo… tem que ser… é pá!... mas quando é que isto deixa de…hummm…
deixei de pensar e de sentir porque adormeci de novo, a mãe veio ter comigo e falou numa voz sonolenta:
“vá filho, está na hora, vá... ainda chegas atrasado” enquanto falava mexia-me no ombro deve ser para ter a certeza que eu a ouvi... ouvir, ouvi… mas continuei no mesmo sítio… a dormir ou isso…
de repente ouvi a mãe falar mais alto e com menos sono:
“André!... então, já te levantaste?...”
"Ups!... é melhor levantar-me já porque a cota 'tá a ficar fula... ahhhh!... tenho que me levantar!"

*o que o rico filho pensa ao acordar

Foi cá um susto!

- Mãe, ‘tou grávida! (exclamação sorridente)

- …!!! (abertura de olhos desmesurada)

- No Sims, mãe! (abanar de cabeça reprovador)

- Ah… (suspiro de alívio)

Continuando do anterior post

Quem me conhece pessoalmente leva, regra geral, anos até descobrir em mim alguma actividade. A ideia que dou é a de ser uma pessoa muito mais calma e lenta do que sou. A bem da verdade, calma e lentidão são características que não possuo.
Mentiria se dissesse que já estou habituada a que seja assim que as pessoas reagem mediante a observação que fazem da minha forma de estar e de ser; nunca me habituei e, já que me entristece, julgo que nunca me habituarei.
Aqui, no meu blog, a escrita que faço revelou a minha personalidade mais depressa do que se eu convivesse directa e pessoalmente com quem lê. Afinal, o meu blog é um daqueles blog's íntimos, por assim dizer... porque não me disponho a escrever de outra forma e assim sendo depressa me revelei.
E agora indo ao real assunto deste post:
Eu sou a senhora número 1... inquieta mas resignada às condições. A minha inquietação devia-se sobretudo à obrigatoriedade de permanecer deitada, não por não me poder levantar mas sim porque a anestesia a que fui submetida a isso obrigava. Ou seja, para mim ter vontade de me mexer e poder mexer-me mas não poder mexer-me... custa-me horrores. Não conseguia estar quieta, assim que pude virar-me de lado já não parei... mexia-me o que podia mas resignei-me.
Obrigada pelas vossas respostas tão prontas.
A senhora número 6, com a qual os meus leitores me confundiram, foi a paciente com mais 'sorte' daquele quarto, não lhe custando nada todas aquelas condições.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Pedido de opinião

Éramos seis no quarto de recobro.
  1. a inquieta mas resignada às condições
  2. a caladinha e submissa às condições
  3. a faladora e mui opinativa acerca das condições
  4. a chorona e mimada por causa das condições
  5. a refilona e queixosa das condições
  6. a pacífica(mente) recuperando apesar das condições
Caro leitor(a), qual destas senhoras achas que sou eu?

domingo, 12 de outubro de 2008

Regressada

- Mãe, porque é que não ligas o portátil e o pões nessa mesinha em cima da cama para escrever no teu blog?- perguntou-me a rica filha. Fiz uma careta e respondi:
- Não tenho vontade de escrever. É estranho mas não tenho.
- Oh... assim a escrita fica triste...
- Por não ter uma 'escritora' como eu a fazer-lhe companhia?
- Ya...

Já podia ter vindo até aqui escrever qualquer coisa mas não tive vontade. Na minha memória ainda quase só figuram imagens hospitalares e convalescentes - o frenesim do bloco operatório, os passos apressados do pessoal, a típica e magnífica indumentária de trazer pelo hospital, os conselhos, as colegas de quarto... - acho que iriam apenas sair lamentos e afins.
Mas como isto já está muito melhor do que ontem por esta hora quero deixar publicamente os meus agradecimentos a quem comentou o post anterior deixando palavras de encorajamento e dizer que a cirurgia correu muito bem e a recuperação também vai de vento em popa!
Obrigada!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O dia 'DÊ'


Não posso dizer que me sinto com medo mas também não posso dizer que ele não está aqui. Digo antes que estou forçosamente preparada.
Cuido demorar uns três dias e regressar com várias histórias guardadas naquele cantinho da minha memória. Até lá.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Deambulando...

- Ora diga! - disse eu. Provoquei imediatamente um olhar desconcertado e com alguns laivos de receio.
- Perdão? Como disse?
- Eu disse 'ora diga'.
- Ah!... - a senhora desfez-se em sorrisos e amabilidades e desculpas. Tanta coisa, tanta coisa, começou a escorregar-se-me por ali e esparramou-se em cima do balcão, liquidificando aos poucos, acabando por pingar tudo. Em poucos segundos havia lama por todo o chão da loja.
'ok...! tá bem, não mexe mais...! eu lavo o chão... vá!

Vento outonal

Eu recuso-me terminantemente a vestir roupas de Outono! E hoje fui de vestidinho... mas estava muito vento e o vestidinho não se ficava por ali onde é suposto ficar... ora bolas!

Rabo-de-cavalo

Ela abre a porta, confiante. Naquele momento já o seu dia tem algum tempo passado e continua com o cabelo todo alinhado e preso num rabo-de-cavalo junto à parte de trás do pescoço. Olho para ela e parece-me que todos os fios de cabelo daquela mulher viram o pente nessa manhã e permanecerão obedientemente no lugar para onde foram mandados.
Ela emana um incrível tudo-no-lugar-e-não-sai-dali-que-é-feio-e-faz-mal-à-barriga. É bonita sem conseguir sê-lo. Como é isso possível? Tem a beleza presa no rabo-de-cavalo, falta-lhe a espontaneidade, soltura, leveza.
Tem muito e falta-lhe tanto...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Olá-ááá! Está aí alguém?

- Ai eu só quero um sabonete.

- Lux...

- Ai um qualquer, qualquer marca, pode ser qualquer cheirinho.

- Rosalface...

- Ai esse não!

- Lifebuoy...

- Quê?! Que é isso?! Esse não!!!

- Casulo...

- ...!!!

- Feno de Portugal...

- Ai é esse, é esse! Era mesmo esse que eu queria!

"ai eu só quero um sabonete... ai um qualquer... ai esse não... há vidas tão carregadas de tribulação... coitadas das pessoas..."

Post construído por causa de um comentário

Há uns post's atrás (aqui) alguém me deixou um comentário dizendo que o que eu escrevera nesse post tinha ar de Brekleyriano.
Nunca tendo ouvido falar de tal nome, fui pesquisar. Saiu isto:

Theresa Berkley

Theresa morava e trabalhava na casa de número 28 da Charlotte Street, no Soho, bairro de Londres. A história da Inglaterra poderia ter sido muito mais escandalosa se a sua correspondência tivesse sido preservada.
Tudo começou em 1718, quando foi publicado anonimamente na Inglaterra o livro chamado Tratado sobre o Uso do Açoite, de teor claramente pornográfico. Theresa Berkley, anos depois, fundou seu bordel, tornando-se pioneira do sadomasoquismo.
Ela usava diversos tipos de varas, flagelos com diversas pontas de metal, agulhas, e, acima de tudo, a sua obra-prima macabra: o Cavalo de Berkley, que até hoje encontra-se exposto na Sociedade Real de Artes, em Londres. Quem descreveu a invenção foi um nobre inglês vitoriano chamado Henry Spencer Ashbee. Era uma espécie de pau-de-arara móvel, que podia ser girado na horizontal e na vertical. Sem muito esforço, Theresa ou seus empregados infligiam a dor extamente no ponto desejado pelo cliente. Segundo Ashbee, muitos nobres exibiam com orgulho as marcas e cicatrizes deixadas pelas torturas da conhecida "Madame Berkley". Entre seus clientes mais conhecidos se encontrava o então rei da Inglaterra, George 4, que habituava as casas de flagelação de Londres.
Theresa Berkley morreu em setembro de 1836. Foi uma morte súbita e inesperada, pois era jovem. O responsável por seu testamento, um homem conhecido como Dr. Vance, chegou apressado ao bordel ouco depois e queimou todos os papéis que continham informações sobre recidos, cartas e nomes de todos os clientes de sua casa.
Logo após a morte de Theresa, seu irmão, missionário durante 30 anos na Austrália, chegou à Inglaterra, mas quando ele tomou conhecimento de que sua irmã lhe havia deixado a mais famosa casa de flagelação da Inglaterra como herança, renunciou a propriedade e voltou imediatamente para a Austrália. Na falta do herdeiro a propriedade passou ao Dr. Vance, o médico e testamenteiro dela; mas ele também recusou administrar o bordel, e tudo ficou para a coroa inglesa.
Curiosamente, o ano em que ela morreu, 1836, foi o do nascimento de Leopold Ritter von Sacher-Masoch, escritor que, por causa de seu romance Vénus de Pele (1870) originaria o termo "masoquismo".


Achando que o meu post não se enquadrava no tema principal deste texto, assim que pude perguntei ao comentador quem era Berkley pois o que tinha pesquisado não se coadunava com o texto, ao que ele respondeu que era um filósofo (George Berkeley) cujas ideias também pesquisei e saiu isto:

George Berkeley

O que Berkeley rejeita é a realidade de uma substância material que seria o suporte misterioso, invisível, impalpável, das qualidades sensíveis. O que ele não admite é a coisa que estaria oculta sob nossas representações, é um além material que transcenderia o percebido. Sua filosofia, segundo a qual a realidade se reduz ao que nos é dado concretamente, quer nos libertar daquilo que Nietzche, mais tarde, chamará de "a ilusão dos além-mundos". Como diz Bergson muito bem: "O que o idealismo de Berkeley significa é que a matéria é coextensiva à nossa representação, que ela não tem interior, não tem suporte, que ela nada oculta, nada envolve, que se estende superficialmente e que se coloca inteira a todo instante no que ela dá". Berkeley não nega, portanto, a existência das coisas sob a condição de que se aceite que existir é "ser percebido" e nada mais. Dado esse detalhe, Berkeley reclama o bom-senso popular e se ri de Descartes que duvidava de seus sentidos. Berkeley recusa todo cepticismo e aceita o dado tal qual é: "O cavalo está na cocheira e os livros estão na biblioteca como antes"; o chamado idealismo de Berkeley não passa de um realismo ingénuo. A aparência é que é a verdadeira realidade. O mundo visual tem realmente as cores que aparenta ter, o mundo da audição é verdadeiramente sonoro, etc. Como Philonous declara a Hylas: "Você se engana, não quero transformar as coisas em ideias, quero antes transformar as ideias em coisas, pois os objectos imediatos da percepção que, segundo você, são apenas as aparências das coisas, eu os considero coisas reais".
A filosofia de Berkeley, portanto, é a filosofia do realismo concreto levada às suas últimas consequências: o que existe é o que vemos e tocamos. O que não vemos e não tocamos não existe. Por conseguinte, Berkeley rejeita todas as "abstracções" dos matemáticos e dos físicos. Não aceita a "extensão inteligível" de
Malebranche e só admite um espaço sensível. As novas matemáticas do infinitesimal, portanto, serão falsas a seus olhos. O espaço dado aos sentidos não pode ser divisível ao infinito, uma vez divisível ao infinito seria admitir que um fragmento de extensão existe sem ser percebido. Do mesmo modo, Berkeley - antes de Bergson - rejeita como ficção o tempo abstracto, homogéneo e mensurável dos físicos. O único tempo real é o tempo concretamente percebido; "mais longo na dor do que no prazer".

Nesse meu post talvez se vislumbre um ténue sombreado das teorias de Berkeley sem que para tal eu tenha trabalhado pois se nem sequer nunca tinha ouvido falar dele...
Pesquisando um pouco mais, descobri duas frases de Berkeley que acho interessantes porque têm a ver com a minha pessoa:

1 - 'What is mind? No matter. What is matter? Never mind.'

2 - 'Ser é ser percebido.'


fontes de informação:

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Trouxe novidades!


Depois de algum espanto por causa de uma simples pergunta, ele remata:
- Nunca me perguntaram isso!
E eu...:
- Há sempre uma primeira vez para tudo. Já viu, a novidade que eu trouxe à sua vida hoje?

Pão com chouriço

O homem deixava transparecer alguma ansiedade pela recente abertura do seu estabelecimento. Como eu estava percorrendo a montra com o olhar, perguntou-me:
- E para acompanhar o café, que vai ser? - as duas mãos juntas, denunciando claramente um forte desejo em agradar.
- Ando à procura do pão-de-deus mas não vejo...
- Já se venderam todos - disse com orgulho.
Olhei mais atentamente e vi um tabuleiro de pães com chouriço. Ele reparou para onde eu olhava e fervendo em ânsias disse:
- Talvez um salgadinho?
- Um pão com chouriço.
O homem segurou na pinça e olhou demorada e sorridentemente para mim. Fiquei expectante.
- Saíram do forno às seis e meia da manhã.
Sem conseguir entender a que propósito viria aquela observação, respondi:
- Então devem estar mesmo bons, não?
- Não é isso, é que já são onze.
- ...!!! - as minhas sobrancelhas subiram num gesto inquiridor.
- Não quer que lhe dê um calorzinho?
- Ah!... Não, obrigada. Eu gosto assim. Parta ao meio, sim?
- Quer que parta pelos golpes? Assim em três - espetou o indicador por cima dos dois golpes que o pão já apresentava.
- ... não... ao meio, por favor. Eu só vou comer metade agora, o resto é para embrulhar.
Foi lá dentro cortar o pão e trouxe-mo cortado em diagonal que é muito mais engraçado, é verdade. Trazia também novidades:
- Temos lá em baixo uma fornada de bolinhas, carcaças e pão saloio! Se quiser já sabe! Está mesmo, mesmo a sair pãozinho quentinho! É só levar!
"Chiça!" pensei eu "Oh darling vê lá se te acalmas um bocadinho porque com tantos nervos ainda nos arranjas úlceras no estômago!"

Com tanta amabilidade e atenção acabei por comer o pão todo!

domingo, 5 de outubro de 2008

'Não, 'tou boazona!'

Havia já uns dias que o rapaz do café não me via.
- Olá! Então, 'tá boazinha? - cumprimentou ele. Respondi:
- Sim, 'tá tudo bem, obrigada.
Sentei-me. A companhia de almoço cochichou:
- Se fosse a minha mulher tinha respondido 'Não, 'tou boazona!'
- Ah pois... eu não tenho muito o hábito de falar assim... se calhar quando já não fôr boazona, digo!
Surpresa e ligeiro desnorteamento foi o que revelou a linguagem corporal do meu interlocutor.
O que manifestei deveria ter ficado dentro da minha cabeça, é claro! Mas a vida sem estas - ou outras - situações não teria qualquer piada...

post scriptum:
eu não tenho o hábito de falar assim, já escrever... ui...!

Moda/mania estranha

Entre os adolescentes, principalmente entre esses, há aquela moda/mania estranha de usar o cós das calças abaixo da bacia. O rico filho não é excepção. Já lhe explicámos muitas vezes que para além de não ser bonito, fá-lo andar de um modo esquisito porque as calças vão descendo e ele vê-se obrigado a usar as pernas para as segurar...
Há pouco fomos ver um jogo de Futsal no qual ele participou. Enquanto corria de um lado para o outro, devido à corrida o cós dos calções do André subiam até à cintura e ele... zuca! puxava-os p'ra baixo!

sábado, 4 de outubro de 2008

O Outono chegou!





A fotos são todas minhas e foram tiradas esta manhã aqui em Loures, exceptuando a primeira que tirei em Lisboa há uns dias atrás.
Ah...! O popózinho que aparece na última foto também é meu...

Que mázinha!

Já houve tempo em que achava que devia gostar de toda a gente. Era ‘bem’, era ‘ama o teu próximo como a ti mesmo’, era ‘dar a outra face’ e essas práticas sem prática alguma, sendo, por isso, impossíveis de praticar.
Depois aprendi que não faz mal nenhum não gostar de algumas pessoas, descobri que há pessoas que não gostam de mim e aprendi a pagar com a mesma moeda mas não só, aprendi que posso não gostar se realmente não gostar. Tomei consciência de que tenho maldade, de que sei como fazer mal.
E a seguir aprendi que na vida vou sempre ter que lidar com algumas das pessoas de quem não gosto e que isso é o pior, pois quando não me posso afastar de alguém de quem não gosto… sou má.

Há ainda algo mais - há pessoas que gostam de mim sem que eu as consiga suportar... isto sim, é o pior de tudo.

Muitos sorrisos
















Sorriso

acto de sorrir;
manifestação que se faz, sorrindo, e que exprime um sentimento de benevolência, simpatia ou ironia.

Sorrir

rir sem fazer ruído;
rir de leve, apenas fazendo uma pequena contracção dos músculos faciais;
apresentar aspecto agradável;
dar esperanças;
ser favorável, favorecer;
mostrar-se prometedor;
significar de um modo risonho;
exprimir com agrado;
sorriso.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

de um lado ao outro

se por um lado...
... tenho uma cliente que pede conselho e explicação acerca da diferença entre a espuma em flocos e a fibra de enchimento e, antes de lhe ser respondido, ela sussurra que não há diferença nenhuma pois é "tudo a mesma merda...!"

por outro...
... tenho a mesma cliente preocupada em que lhe arranje um saco "assim limpinho..."

"e eu a pensar que era tudo a mesma merda..."

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A Culinária do Luís

- Tu que escreves tudo e mais alguma coisa, já escreveste sobre o meu gosto pela culinária? - perguntou-me ele em certo dia.
- Não mas já me tinha lembrado de escrever sobre essa tua recente actividade...
É hoje, é hoje, é hoje!!! Lá vai:

Até à data do verdadeiro início da culinária do Luís, ele estava proibido de mexer no meu fogão e na minha cozinha, não por ser desarrumado mas por não arrumar nada do que tirava do lugar. Já que quem tinha que arrumar o que ele desarrumava para cozinhar era eu, quando muito, deixava-o fazer omeletas e olhe lá.
Dá para entender o parágrafo acima, não dá? Óptimo! Continuando...
Um dia um amigo, que para além de nosso amigo é um excelente cozinheiro, foi visitá-lo à loja e começou a falar-lhe do arroz de atum - que era muita fácil de fazer e que era muita bom e hás-de experimentar que eu digo-te como é e tal. E disse. O Luís entusiasmou-se com a ideia e fez o arroz de atum. Mas... antes de ele se lançar à cozinha e ao fogão, lembrei-o:
- Olha, se é para vires par' aqui para me deixar tudo como já se sabe faz meia volta e volve que cozinho eu!
Ele disse que sim, que arrumava tudo e arrumou.
O arroz de atum ficou muito saboroso, mesmo bom. Depois começou a fazer para os amigos e os amigos gostaram e elogiavam-no muito e ele passou do entusiasmo ao deleite e eu… também. Só o descanso... Ah! E arrumava (e arruma) sempre tudo no sítio!
De seguida mais receitas vieram pelo amigo - feijoada à transmontana ou de marisco, bife à “marrare” (que também pode ser com hamburgers ou costeletas), carne à Braz… até é capaz de haver mais mas agora não me lembro. Só me estou a lembrar da sangria, ai a sangria que o Luís faz é tão boa, pá!
E agora aqui fica a receita do arroz de atum ditada pelo Luís:

Usa-se uma lata e meia de atum para cada pessoa. Cá em casa uso 6 latas de atum e uma chávena almoçadeira de arroz Basmati.
Para o refogado usa-se o óleo de 3 das latas de atum, uma cebola picada, 3 dentes de alho esmagados, uma folha de louro partida aos bocadinhos (tira o veio porque faz mal), uma malagueta, um caldo de peixe, um pouco de sal e deixas marinar em lume brando. Não esqueças de pôr um bocadinho de vinho branco.
Enquanto o refogado refoga, lavas o arroz que deve ser Basmati pois é um arroz muito aromático e apaladado.
Entretanto já deves ter posto todo o atum no refogado, mexendo de vez em quando. De seguida deitas o arroz já escorrido e lavado e deixas estar ali a apurar até abrir; até ficar transparente.
Provas de sal e adicionas água até um dedo acima do arroz, não mais que isso. Levantas o lume, esperas que ferva e quando ferver baixas o lume e contas 7 minutos, nem mais nem menos, para o arroz estar cozido.
P.S. É bom que não te esqueças como eu, que o refogado também leva tomate... um ou dois...

Recomendo:
Come que nem um desalmado! Encharca-te no beber!

Um post muito ao jeito da autora deste blog quando não sabe que mais lhe há-de sair pelos dedos

Na Segurança Social estava uma senhora a fazer a mudança de morada.
- É na rua assim assim, vivenda tal e tal, andar por baixo de todos - indicou ela. Fiquei logo alerta.
- E a localidade? - perguntou a funcionária.
- É ali à frente lá naquele sítio.
Não me contive:
- Eu já morei aí!
E de seguida expliquei-me - tinha crescido nessa casa desde os seis anos aos vinte e um, quando casei. A resposta pronta da senhora foi:
- Ah...! Isso já foi há muito anos...!
- Foi. Foi há 19 anos.
"Ai que estranho!" pensei eu com ironia "P'la minha carufa dá para perceber que não tenho vinte e um aninhos..."
Depois passaram muitas imagens pela minha mente:

eu empoleirada no portão a balancear-me;
eu a atirar pedras para a camionete de caixa aberta que todos os dias passava lá na rua;
eu a ver se encontrava um trevo de quatro folhas;
eu em cima do muro;
eu a ouvir ralhetes da minha mãe por andar em cima do muro;
eu a correr quintal abaixo, quintal acima;
eu a brincar com as bonecas;
eu a namorar...