sábado, 30 de junho de 2012

Uma historinha...

Era uma vez uma mulher que tinha um blogue porque gostava imenso de escrever, sentia-se feliz relatando pequenos acontecimentos, ou mesmo histórias, ou ainda pensamentos, desejos, ilusões, assim como características das pessoas com quem convivia ou simplesmente se cruzavam com ela.
Um belo dia enviou um desses textos para uma editora que pedia histórias reais para publicar um compêndio. Ela pensou:
«Olha, histórias reais é comigo!»
Pegou numa história já escrita e... Blás.

É hoje! É hoje! É hoje!
O lançamento do livro é hoje, vou até lá e já cá venho.

Medos

«Tens medo de escrever e publicitar os teus escritos?

Sim. Escrevo o que não se espera, suscitando a surpresa desagradável ou simplesmente incomodativa; sem prazer, portanto - não gratifica as almas nem envolve o espírito deliciosamente ou acaricia o ego.
Também escrevo o desinteressante, o que me desconsola de sobremaneira e piora bastante a autoestima.»

Eu tinha escrito o texto acima ontem, garanto que sim. Publico-o hoje, um dia em que li um comentário a um determinado post que eu escrevi. Comentário esse pouco elogioso, antes pelo contrário. Não o publiquei, não quero que no meu blogue perdurem palavras que me desagradem quando estas não são minhas. Só quero frisar o seguinte:

  • os comentários pouco dignigicantes provêm sempre de um anónimo que não assina por baixo... Incrivelmente.

  • não fazia ideia que havia tanta gente perfeita... O que me surpreende deveras. Mas eu adoro surpresas!

  • lamento que só as questões negativas suscitem comentários.

Seis meses

30 de junho é uma data que eu gosto, representa o meio ano. Não sou dada a balanços de vida ou essas coisas mas gosto de notar o meio ano, talvez por estar próximo ao meu aniversário.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A minha historinha

É do ego, muito, muito ego, esta minha historinha, bem sei, aguentem-me, vá.
Se o ego já é algo não se aparta duma pessoa altruísta ou benemérita, ou outra coisa qualquer virada para o próximo, que se me estão a escassear adjetivos, imagine-se o meu sofrimento caso quisesse exterminar o ego, eu que sou narcisista e ególatra por demais. É só mais um bocadinho, não custa nada.

Esta noite sonhei com o lançamento do livro. Havia uma multidão ansiosa e barulhenta enchendo a sala e uma oradora que punha mão naquilo com grande saber linguista. Tinha um canudo comprido - de papelão ou que raio era aquilo - na mão que emitia um feixe de luz, escolheria à sorte uma pessoa dentre os autores para discursar, apontando para a multidão – pois é, ao que parece os autores estavam entre a multidão e não agrupados algures, que isto dos sonhos é assim, escapam-se pormenores importantes -, em cima de quem incidisse o feixe de luz... Já se sabe: discurso. Acho que fui a escolhida mas não tenho presente mais nada do sonho, o que lamento, havendo mais sonho na memória, seria essa a melhor parte da trama, tenho a certeza.

A minha historinha

O meu colega é o meu empresário, por assim dizer. Creio que nunca tinha mencionado este facto no blogue. Mas é isso mesmo. O meu colega é que divulga o livro, insistiu que eu fosse convidar a pintora. E eu fui.
Isto de eu ter um tipo de trabalho que me permite andar de casa em casa ajudou bastante, sei perfeitamente onde mora a senhora.
Há dias fui lá, cheia de um intento um tanto ou quanto falso em matéria de coragem e determinação. Olhei para a porta do prédio e não me aguentando abalei dali, cheia de medo. Três ou quatro metros à frente estaquei e ordenei a mim mesma que me portasse como deve ser, como uma pessoa adulta e tornasse ao local de onde havia fugido. Voltei a ficar junto à entrada e toquei no botão do primeiro andar ainda meio a medo. Sinceramente a minha vontade era que a senhora não me atendesse porque eu estava cheia de vergonha, não é fácil ir a casa de alguém sem que estejam à nossa espera, se ainda por cima não temos muito à-vontade ou confiança, como é o caso. Não atendeu. Vim embora, num misto de alívio com deceção.
Ontem fui lá outra vez, desta feita com uma dose de coragem um tudo-nada mais elevada. A senhora estava em casa, recebeu-me com muita cortesia, agradeceu o convite, referiu que não prometia ir mas fará por isso, mostrou-me mais dois dos seus quadros, um deles bem bonito, por sinal... E pronto, já está, não custou nada nem nada.

EGO

Sim, ainda tenho aquela coisa do ego em mim, hoje ainda dura, muito viva e sentida. Apresento agora um olhar meu, com uma franja novinha, aparada, tratada e luzidia, muito saudável... OK, já chega.


Não consegui retratar o esplendor do meu penteado novo nem o olhar maravilhoso que consigo ter.

Normas

Naquelas normas todas de ontem e mais não sei o quê, esqueci-me de várias, ainda assim esqueci-me. Uma delas é tão imprescindível que não me aguento sem a plantar aqui:

• Não contestes as minhas afirmações. Não contestes as minhas afirmações. Não contestes as minhas afirmações. Não contestes as minhas afirmações. Não contestes as minhas afirmações. Não contestes as minhas afirmações.

«Mas ninguém gosta de ser contestado!», poderá ser essa a exclamação que assola o teu coraçãozinho neste momento. Pois é... Já estás a contestar-me, vês?!

Bloguista(s)

Se eu tivesse um blogue de gaja, um blogue daqueles onde pairam os grupinhos femininos inseridos no mesmo meio e costumes, que deixam comentários a dizer que sim senhoras, é assim mesmo, tens toda a razão, 'bora lá, estou contigo e o caraças, agora escrevia um post do mais gaja que pode haver contando uma parvoíce tamanha que ontem proferi mas como sendo outra maria qualquer a dizê-la, e pondo-me a mim como vítima, invertendo os papéis, portanto. Vai daí, acontecia que... Isso mesmo! Sim senhoras, é assim mesmo, tens toda a razão, estou contigo e o caraças...

Mas não, fui eu mesma. Eu, eu, eu. O pior é o seguinte: depois da cena fiquei aborrecida comigo, não tinha nada de dar vazão, dormi mal p'ra caraças e hoje de manhã descobri que ninguém havia ouvido o que eu vociferei com tamanha raiva.
Oh céus! Desculpas para quê?! Ninguém ouviu! E assim todos ficaram a saber...

Transparências

Como ontem anunciei no blogue, esteve aqui a dona Lurdes, essa senhora que de vez em quando se detém uma boa meia hora para pôr a escrita em dia com esta que escreve. Eu eu às vezes escrevo... Nessa meia horita os clientes vão entrando, já se sabe. A uma cliente coube o seguinte comentário da dona Lurdes:
- Ah, esta menina tem uma daquelas blusinhas de renda! Eu não consigo, tenho vergonha de usar...
Era mais um elogio que outra coisa mas a moça pergunta meio assustada, como se tivesse sido flagrada:
– É ordinário?
Eu socorro-a, perentória, decidida:
– Não! Se se sente bem, é o que interessa.
Às vezes sou tão fingida.

Crónicas

Tenho estado entretida a ler um livro de crónicas: 'Infância, quando eles eram pequeninos' de Sarah Adamopoulos.
É um livro que mostra a infância de várias figuras públicas com as suas vivências e costumes, com um olhar sobre o estado do nosso país noutros tempos.
Mesmo a infância dessas figuras sendo muito diferente da minha, revi-me em algumas frases constantes neste livro. Vou deixar escrito as passagens mais marcantes para mim.

«Eu era uma criança muito sensível. E essa criança ficou dentro de mim, habita-me. Os meus familiares acusam-me por vezes de parecer um 'puto', mas eu considero isso um elogio. Nesses dias sinto uma alegria quase tonta, e sim, mantenho essa curiosidade quase infantil, até porque um artista não pode viver sem essa inquietação.»

Excerto de um dos entrevistados, Carlos do Carmo, fadista.

«Gosta de pensar nos escritores como podendo pertencer a dois grupos distintos: o dos romancistas que prosam ficcionando, engenhosamente inventando personagens e circunstâncias elaboradas pela imaginação, e o dos que prosam relatando, dedicando-se à escrita biográfica, ancorada em vivências pessoais. Pertence ao segundo grupo, este narrador da vida.»

Excerto da autora do livro, retirado da descrição que faz de cada personalidade, neste caso o jornalista e escritor José Couto Nogueira.

Notícias do Europeu de Futebol

Não é que sejam propriamente notícias do europeu. É mais um ponto de vista de alguém que não percebe nada do assunto e ademais está completamente fora dessa área mas gosta de escrever umas coisinhas que a seu ver estarão relacionadas com essa imensa temática que é o futebol.

  • Começo o dia de escrita bloguista com o menos importante: futebol. Despacho já a coisa, que tenho mais que fazer.
  • Grande final: Espanha – Itália ou então Itália – Espanha, não sei. Só sei que a taça vai ficar entre os latinos e isso não é nada mau.
  • Era giro a Espanha ganhar porque nos ganhou a nós... Eu vejo a coisa ao contrário, ensinou-me um amigo que adora futebol: não cedamos à raiva de quem nos ganhou, antes aplaudamos, ganhe quem não conseguimos eliminar, porque esses ganhando, neste caso a Itália, ganharão os que não eliminámos, assim será apenas uma equipa melhor que os portugueses, os Quinas. Assim sendo... Eu torço pelos espanhóis.
  • Resta ainda anunciar… Senhoras e senhores… O árbitro da final é português!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Literatura reles

Tive uma ideia estupenda, escrever normas no sentido de ensinar as pessoas a lidar comigo apelando a esse sentimento que é a amizade para sermos todos muito amigos e coiso. Vocês e eu.

Lidação normativa

1. Deixa-me falar. Deixa-me falar. Deixa-me falar. Deixa-me falar. Deixa-me falar. (Deixa-me falar porque ouvir-me eu sei que é impossível – não, não sou muda -, então deixa-me falar e pronto)

2. Lê o meu blogue. Lê o meu blogue. Lê o meu blogue. Lê o meu blogue. (Necessito de leitores, eu escrevo para ser lida por outrem, não escrevo - só - para mim)

3. Diz-me que escrevo maravilhosamente bem. Diz-me que escrevo espetacularmente bem. Diz-me que escrevo imensamente, fantasticamente, esplendorosamente, magnanimamente, rejubilosamente bem! (Culpa do ego, a malta gosta de saber-se apreciada, havendo elogios – podem ser hipócritas, para o caso não interessa nada – há um estímulo do caraças na escrita)

4. Ri-te das minhas piadas. Ri-te das minhas piadas. (É muito fixe acharem-me engraçada, ademais o riso é algo contagiante)

5. Elogia-me a beleza, a sensualidade e a aura especial. (Nem todos os dias estou certa de possuir estes pontos reluzentes, dizes uma vez e chega, não mexas mais senão estragas, não quero nada ser convencida)

É facílimo ser meu amigo, pois é? Vá, vem daí.

A maluqueira

A dona Lurdes espantou-se imenso com o preço das coisinhas que comprou. Como há confiança, perguntou debaixo dum espanto que só visto:
– Quanto, Gina?! Tu estás maluca?!
– Ó dona Lurdes, eu maluca estou, mas sei fazer contas...

Ajuntamento

Hoje juntaram-se-me as visitas todas de manhã. A dona Lurdes, a dona Adelina e aquele homem que me impede a criatividade literária. Devo dizer que fiquei toda contente ao vislumbrar esta última figura tão cedo no estamine, significava que já não me ia empatar a escrita mais tarde...
As duas senhoras já se encontraram algumas vezes aqui, fiz essa referência. Falaram da hora do chá, que era o que parecia por se encontrarem de vez em quando. E logo discordaram, discórdia que não é de todo invulgar no caso destas duas. Uma não gosta de chá neste tempo, que está muito calor e a outra diz que não senhor, bebe cházinho seja lá a que horas for e estejam lá os graus que estiverem. Não se prolongou muito mais a conversa, não... A dona Adelina saiu. O outro bicharoco já tinha abandonado o barco há uns minutos, também ele, era só fêmeas no espaço o que atordoa de sobremaneira por mais pacato que um homem seja. Adeus aos dois, vá. Fica aqui a dona Lurdes que eu já percebi que isto hoje vai demorar um bocado.

Diz que disse

Soube de uma cliente que abordou outra cliente, lá fora, na rua, dizendo-lhe para vir aqui, que eu sou muito querida.
Contou-me a primeira cliente.
A segunda cliente veio cá e depois foi dizer à outra que sim senhora eu sou muito querida.
Contou-me a primeira cliente.
Também.
Sou muito querida, sou. Depende do instante...

A minha historinha

Ontem vi a parva da merceeira, quando me avistou pôs as mãos na testa em forma de pala, como que cumprimentando quem não via há muito tempo e estivesse a ter uma espécie de vislumbre à minha aparição.
Hoje de manhã vi a parva da merceeira mas apenas de passagem e à tardinha vi-a na rua mas não a cumprimentei porque, primeiro: ela só me cumprimenta quando lhe dá nos cornos... Ai perdão, na cabecinha linda e amável, segundo: ela estava ocupada falando com uma cliente que escolhia as frutas nos cestos que estão cá fora.
Há meses que não nos víamos, minha querida, é verdade. Saudades, ? Pois, imagino que sim. Caríssima, isto de a gente agora se ver tão amiúde só pode ser um bom presságio de que o dia do evento me vai correr muito bem.
Eu explico.
A parva da merceeira é a personagem principal da minha historinha... Espero sinceramente que os revisores do texto não tenho retirado nem um pouquinho só da parvoíce desta merceeira... Se assim for vou ficar muito triste.

Tenho um amigo...
(e)
A minha historinha
(à mistura)

Tenho um amigo que me perguntou se estou nervosa por causa do lançamento do livro. Levei tempo a responder.
Eh pá... Um bocadinho. Muito ansiosa, talvez. Bastante, mesmo.
Este meu amigo continuou no tema.
Vais discursar?
Não, ou pelo menos penso que não.
Então, se tivesses de discursar é que tinhas de estar nervosa!
Diz este meu amigo, como se eu não tivesse nada que estar preocupada com o evento, que aquilo não tem segredo nenhum, que é isso de estar nervosa, ora essa, não estejas, vai correr bem, vais ver.

Vou ver, vou. Eu ia lá deixar escapar uma oportunidade destas?

A minha historinha

Está quase... Faltam quarenta e oito horas!
Estás preparada para o grande dia?
Não.
Ó mulher, tu prepara-te!
Sim, já lá vou.

Conversação

Entra na sala, onde já estão duas pessoas e diz boa-noite. As duas pessoas respondem condignamente:
– Boa-noite, Fingi16.
Entra na sala onde já correm três cognomes na lista e diz boa-noite. Três pessoas respondem:
– Boa-noite, Munhe31.
Entra na sala, quatro pessoas, entidades, formas virtuais, para aí uma coisa dessas, e dá as boas-noites, as quatro 'coisas' respondem:
– Boa-noite, Viral69.
Está tudo calado, as pessoas ou formas virtuais apenas portajam uma sala que não tem paredes, respondendo a estímulos meramente formais.

O texto acima foi idealizado, imaginei um espaço virtual onde só acedessem pessoas extremamente tímidas, lembrei-me do jovem particularmente curioso (este moço figura em vários posts aí para baixo, não muito longe desta linha) a quem recentemente adicionei nos meus contactos do Fuçasbuque e constatei que a sua página é como ele, acanhada, curta, sem expansão. Ele é assim, é um jovem curioso mas não se mostra muito, encolhe-se, não se divulga nem se envolve em nada, apenas questiona, cheio de curiosidade. Só que ali, no Fuças, a timidez impera, não 'conhece' ninguém.
A vida real e a virtualidade das redes sociais, principalmente a blogosfera, que é a que conheço melhor, ensinaram-me que as pessoas não são nada diferentes num meio ou noutro, a essência sempre se revela.

Ora bem...

Tenho de achar o ponto. A vida é cíclica, tão cíclica como o que escrevo, os temas que abordo, os sentires. Se estou na fase do ego, é dar vazão, que faz bem, conquanto se não prejudique ninguém.
Logo virá o tempo em que centro a atenção nos outros, sei como é, ou por outra, o meu escrevinhar costuma ser assim: cíclico, como a vida.
Espero que esse tempo, o dos outros, chegue hoje, que estou cansada...

Dia de...

Ouvi na Radio que hoje é o dia de celebrarmos a existência dos óculos escuros. E lá vou eu buscar uma foto de domingo passado...

São Julião, 24 de junho de 2012

Recadinho


Que atencioso é este jovem! Combinação após a hora de deitar dos pais dá num recadinho assim. Que primor...

Notícias do Europeu de Futebol

Não é que sejam propriamente notícias do europeu. É mais um ponto de vista de alguém que não percebe nada do assunto e ademais está completamente fora dessa área mas gosta de escrever umas coisinhas que a seu ver estarão relacionadas com essa imensa temática que é o futebol.

Ontem diziam para a gente se vestir de vermelho e verde, para animar o país. Ainda me lembrei: cor-de-laranja, serve? Os meus óculos são vermelhos, será que anima o pessoal?

Pois é, perdemos. Tenho pena, não ligo ao futebol mas ligo ao patriotismo, o qual cresce imenso quando se vivem estes campeonatos, por acréscimo, indução, pouco me importa.

Perdemos. Não sei o resultado, não vou ligar ao rico filho para saber, perdemos e pronto.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Síntese

Nos últimos dias tenho-me portado como uma pessoa adulta em todas as frentes menos aqui no blogue. Este é um lugar de desabafos, o caudal de lamentações corre em grande força, ao momento é assim. Chamemos purga ou catarse ao ato de escrever estados de alma, tanto me faz, o blogue é meu, escrevo o que eu quiser. Ou quase. Este 'quase' dá-me cabo da cabeça...

Leitura

Gosta de ler?

Não sei se responda o clássico e previsível 'sim...' ou o flexível e estonteante 'pois!' Ambas são respostas afirmativas mas estou indecisa.

Eu tenho um livro aberto nas mãos, estou de cabeça inclinada, lendo...

Sou mulher para o 'pois!', é mais o meu género, mas depois lá vai a malta toda embora daqui, fugindo desesperada, com medo ou receio ou outra porra qualquer... Vivo afugentando as pessoinhas.

Distração

Alguém fungou ruidosamente. Ela olhou para mim.
Não fui eu 'miga. Eu estou só a chupar o pau de canela.
Alguém vociferou um «ah, 'tava a ver!» Ela olhou para mim.
Não fui eu 'miga, eu estou simplesmente bebericando o cafezinho bem bom.
Depois existiu na minha vida, uma vez mais, o términus da pausa. Abri a bolsinha do telemóvel para me certificar das horas (barulho de velcro, por sinal gritante), retirei os óculos de ver ao perto e coloquei-os na caixinha (barulho de clique, pequenino e inocente mas audível), abri a caixa dos óculos escuros, esta sim, enorme, quando foi fechada fez um barulho imenso porque a mola é nova e tem muita força... Ela não olhou mais para mim, estava distraída...

Boas ondas, quem dera que fossem...

Tenho uma t-shirt com folharecos retorcidos que me fazem cócegas nos braços...
Hum, não sei se escreva antes 'produzem cócegas'... Ficará melhor? Ficará simplesmente bem? Bem melhor?
Isto de escrever cansa-me a cabeça por demais, oh céus! Mas porque raio é que eu como hobby não me dedico antes ao surf?! Agora até está bom tempo!

Oferenda

Oferecer os escritos de raspão é porreiro. Vê lá se consegues dizer alguma coisa. Não consegues, pois não?

Passeio

Agora vou passear ao sol. Se estivesse a chover ia passear à chuva. Posto isto, passeio conforme. Mas o passeio é sempre o mesmo.

Tópico

Não tenho uma só leve sombra de medo de dizer que tenho medo.

Tópico

Tenho medo de publicar os meus escritos.

Olha lá!

Quando te perguntarem se está tudo bem, diz que sim, mesmo sabendo que não passa de uma reles farsa. Não cries ondas nem sopres brisas, por mais leves que sejam. Deixa-te estar, não contes das aflições e tristezas. Sequer das alegrias e prazeres. Mantém-te sossegadinha que é o melhor. Dizes só que está tudo bem e pronto. Ninguém realmente gosta ou admira alguém diferente. Primariamente pode haver uma atração manifestamente agradável, culpa dos opostos, eles acham-te um piadão, o que te reconforta, mas olha que é uma paixão balofa, estéril, sem forma ou consistência, dissipa-se num instante. Não tardará que passes a... diferente, aí não servirás para mais nada.

Não sou a única

Toda a gente observa e conclui.
Como eu.
A diferença é esta,
quiçá:
registo as minhas observações e conclusões,
o que as faz perdurar.

Aquela pessoa

Há aquela pessoa que invejas. Sabe o que diz, diz o que sabe. Ouve-se, olha-se, atenta-se. Que inveja.
Mas não lhe queres mal, não consegues, aquela pessoa é uma boa pessoa...

Apetites

Isso de as pessoas tão depressa se mostrarem ríspidas como comunicativas chateia-me e entristece-me.
Para me aliviar posso pensar que é uma questão de extremos, desigualdades, contrabalanços, tanto faz. E se eu gosto de pessoas surpreendentes ou desconcertantes! Se gosto!
Contraditório?! Pois é, eu sei.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Tópico

Tenho medo de escrever.

Tópico

Não escrevo essas palavras bonitas que todos gostam de ler.

Cliente de fino trato, que é como quem diz:
Cliente de sonho

Boa tarde minha senhora...
Vai ser...
Muito obrigado.
E vai ser...
Muito obrigado.
E vai ser também...
Muito obrigado.
Hum, desculpe se estou a ser inconveniente... Mas é que estou um pouco desorientado devido ao calor. Afinal não vou levar isto. Se houver problema diga que eu levo.

Ó 'migo, há agora problema! Você acha que toda a gente me trata assim com tanta honra?!

Inquérito doutros tempos e doutras vontades

Quando eu tinha uns onze ou doze anos e se findou o ano letivo, houve na escola um inquérito entre as raparigas que andou de mão em mão. Tratava-se de umas perguntinhas cujo único sentido era ficarem as respostas para a posteridade nas mãos da perguntadora, tudo em forma escrita. Apesar da pouca idade, uma das perguntas estava relacionada com sexo que eu bem me lembro (para ser sincera é a única de que me lembro), a perguntadora queria saber se eu achava o sexo bom. Respondi com todas as letras:

«Não sei, nunca fiz. Mas deve ser, pois até os bichinhos gostam!»

Portanto, caros leitores, afinal há um certo arrojo e um tudo-nada de criatividade que já vêm de longe, muito embora eu sempre tenha pensado que nem por isso...
Ah, para que conste: a frase 'até os bichinhos gostam' não é da minha autoria, tinha-a ouvido algures, captei-a e fixei-a por a achar muito engraçada.

Lidação a quanto obrigas

Não devia existir nada pejorativo em não saber lidar com os outros principalmente porque os outros também não sabem lidar comigo. Vivamos assim, 'migos. É justo.

Cores

Queria tinta da cor do ovo. Digo que
Tenho branco, cinza, azul...
Oh, azul?! Cor d'ovo não é nada disso!
Verde, vermelho, preto... Cor de ovo não há.
Ó menina, olhe que lá na minha terra o merceeiro nunca diz que não há!
Pois, por isso é que eu enumerei as cores todas. Quem sabe o senhor não se tenha apercebido que o branco não tem nada a ver com o azul...

(Eu estava era cheia de esperança que o homem percebesse que a cor de ovo é uma coisa que não existe nas minhas prateleiras.)

Caloraça

É hora de almoço. A cabeça escalda e lateja mas a fuga... Como é que se diz? Hum... Como é que é aquela palavra? Ai, este léxico, pá!

É a fuga. É imprescindível e incontornável. É mister.

Expressão consoladora

«Ah!»
Fez ela com profundo prazer quando se sentou no sofá de pele.

«Esteja no céu quem fez o descanso!»
Disse ele, complementando a exclamação dela.

Caloraça

O homem passa para cima e eu digo para mim mesma:

«Ó céus! Como é possível alguém andar de gravata com um dia destes!»

O homem passa para baixo e eu pergunto para o ar:

«Como é que alguém consegue andar de gravata com este calor?!!»

Caloraça

De manhã houve logo um parvalhão que ligou para a Radio dizendo que ia dar um saltinho à praia, que o trabalho hoje não ia apertar e o caraças... Homessa! E as pessoinhas com montes de inveja do meu emprego...

Chá

Pois é, tenho de encher o frasco de chá de tília para os nervos que se me está a esvaziar rapidamente. Fui comprar. Na loja do senhor Adeodato, claro, que sou lá freguesa habitual.
Quando entrei ele aviava uma velhinha surda e chatinha. Notei-lhe uma ligeira expressão de aborrecimento e impaciência, que a velha perguntava tudo umas três ou quatro vezes. Eu sei como é, senhor Adeodato...
Quando o avio da velha senhora foi concluído e ela se foi embora, pedi o chá para os nervos e deu-me vontade de lho receitar, que acalma, traz o sono e manda embora as perturbações mais ligeiras. Mas mantive-me caladinha. Às vezes consigo.

Hum-hum

O senhor Adeodato tem uma expressão talvez pouco entendível na escrita que é: hum-hum. Não é uma concordância com o que ouve nem é um suspiro de prazer ou cansaço atirado para o ar. Não. É uma espécie de risinho nervoso, de quando está como que atrapalhado, não sabe o que dizer-me, ou assim. Solta o 'hum-hum' e está tudo dito.

Dias de um ginásio

Vou falar de gaijas. Boas, que as gaijas são todas boas, primordialmente falando – e eu estou a falar.
Vou falar do balneário feminino, um assunto deveras interessante.
Vou falar da vergonha, do embaraço, do desnorteio.

Uma rapariga vestia as cuecas meio escondida, de toalha enrolada no corpo, como se tivesse muita vergonha de se mostrar. E tinha. Precisava abrir o meu cacifo e a bicha estava junto ao mesmo. Fiz-me ao piso, pedi licença. Ela deixou-me passar, relutante, atarantada, o rosto afogueado. Moveu-se rapidamente e foi esconder-se numa ombreira, atrapalhada com a questão da toalha poder escorregar e o caraças, e lá continuou os intentos: vestir as cuecas sem retirar a toalha que que lhe envolvia metade do corpo.
Fiquei atónita com tamanho embaraço, principalmente por vir de uma jovem mulher. À partida pensa-se que o pudor não reside nas camadas mais jovens mas isso é um engano, as que caminham todas nuas em direção ao chuveiro são sempre as mais velhas.

Notícias do Europeu de Futebol

Não é que sejam propriamente notícias do europeu. É mais um ponto de vista de alguém que não percebe nada do assunto e ademais está completamente fora dessa área mas gosta de escrever umas coisinhas que a seu ver estarão relacionadas com essa imensa temática que é o futebol.

• Portugal - Espanha, quem sairá vencedor? Amanhã saber-se-á.

• Em pesquisa pelo meu blogue descobri que foi a Espanha quem eliminou Portugal no último Mundial, se bem que me parece que não nesta fase (meias-finais) e sim lá mais atrás.

• Lembrei-me duma espécie de hino que pode muito bem servir para este jogo decisivo, ou ilustrá-lo, por assim dizer, 'Perdoname' do espanhol Pablo Alborán e a portuguesa Carminho, sendo que se ouvem vezes sem conta o 'perdoname' e uma outra frase que tem tudo a ver. Aliás, pensando bem, o poema inteiro tem a ver…


Vídeo 'Perdoname', Pablo Alborán e Carminho aqui.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Perguntinhas da treta e questiúnculas do meu coração

Tenho uma perguntinha (não concernente a algo nobre, antes ao ego, essa essência tão benfazeja quanto destruidora) que gostaria de deixar aos leitores. Trata-se da indumentária que hei-de levar no dia da grande festa que vai haver. (ver aqui)

Hipótese 1
Vestido azul e preto, todo justinho e o caraças mas bastante clássico e formal, bastante apropriado para um evento desta natureza.

Hipótese 2
Vestido dum modelo maravilhoso e esvoaçante em cor vermelho paixão arrebatadora, realça as formas com a subtileza que me caracteriza.

Ninguém vai ouvir, já sei como é, não me dou com perguntinhas aqui no blogue. O que até é fixe, o desinteresse dos outros tem o seu quê de agradável e a solidão tem um lado soturno que me apraz e não é pouco. Assim posso escrever qualquer coisinha que me lembre - frivolidades, inutilidades, disparates - pois as minhas afirmações e conclusões não serão desmentidas ou contestadas. A bem da verdade este post tem lugar no blogue exatamente por esse motivo, nunca poria um assunto como este ao alcance de multidões. Ademais, no dia do evento envergarei o vestido que eu quiser.

A propósito

Fui marcar os cabelos com o Mimi. Quando me digno a explanar o motivo da minha visita inesperada e passageira faço-o com uma frase espetacular:

'Venho marcar a recauchutagem.'

Teria sido bastante oportuno deixar-me estar calada e cingir-me à linguagem gestual, por exemplo... Ó mê guê! Às vezes acho que tenho um certo ar de Bridjet Jones, só falta tropeçar no fio do secador ou engasgar-me por aspirar um cabelo que ande no ar...

Cabeça

Laurinda vai ao cabeleireiro do costume. Tem champô cativo.
Ele pergunta-lhe como que para se certificar
'Tem cá champô, dona Laurinda?'
Ela responde muito indignada
'Tenho! E o frasco está cheio!'
Depois ele procede à lavagem. A água escorre, a espuma faz-se e desfaz-se. Duas vezes. Em cada processo o frasco é invertido e despejado uma quantidade enorme de champô. Ele tem nova questão
'É três vezes, dona Laurinda?'
Ela
'Claro que é três vezes! Eu gosto assim, comigo tem de ser três!'
Ele sorri, malicioso... (Esta dona Laurinda devia ser fresca!) Ela gargalha feliz... (Ai, quando eu era nova...)

Observo melhor esta derradeira vez. De novo o frasco é invertido e um líquido viscoso escorrega para uma mão ágil. Pela terceira vez. Champô em abundância, massagem, espuma, água em torrente. Três vezes. Não admira que se gaste um frasco num ápice. O que será porventura aborrecido ou despropositado, é a certeza da dona Laurinda de que terá aquele frasco cheio para sempre.

A minha historinha

Fui arranjar as mãos, agora tenho as unhas coloridas num lindo tom coral. Ainda me falta toda uma série de embelezamentos mas hoje quedei nas mãozinhas.
Disse à Carminho que o dia 30 vai ser especial, por isso este frenesim imenso em volta da aparência. Ela quis saber a que se devia o dia especial. Revelei-lhe tudo, tentando desenvencilhar-me da timidez mas debaixo dalgum pudor. Fez espanto, coisa pouca, e também fez perguntas. Curiosamente teve a reação que dum modo geral mais desejo nas pessoas: quer ler a minha história. Aproveitando o interesse demonstrado, convidei-a. Venha, vai ser giro, o espaço é agradável e mais não sei o quê.
Imaginei-a lá no evento, eu apresentando-a aos amigos e familiares, 'esta é a Carminho' e fazendo os possíveis por omitir aquela parte 'é a minha esteticista'.
Porque omito, ou omitiria essa parte?!
Porque estamos deslocadas do meio, é por isso.

Dias de um ginásio

Sim, vou ao ginásio, gasto dinheiro, canso-me, perco um tempo precioso. Sim, sim.
Sim, tu estás no sofá, não fazes nada, descansas, guardas o dinheiro na carteira, passas tempo com a família. (Passas?!)
Sim, adoeço, tenho dores e mal-estar.
Sim, tu ficas doente, como eu, dói-te o esqueleto, sentes-te mal.
Sim, eu sou igualzinha a ti, é isso mesmo. Mas quando me vires gira e bem-disposta não me venhas moer os cornos a perguntar como é que faço para andar assim tão contente, ouviste?!
Chatos, pá!

Calor

Os pombos arrulhavam loucamente numa janela lisboeta. Esta agitação toda dever-se-á ao súbito calor?
Deixo mais uma foto da praia de ontem, que ontem não estava nada este calor assim, não.


São Julião, 24 de junho de 2012

Perfeitamente

Perfeição é qualquer coisa que não existe. Existem os perfecionistas, isso sim. São controladíssimos e a bem da verdade querem controlar os seus arredores e as outras pessoas.
Não se desviam, odeiam surpresas, têm um propósito bem vincado e presente montado num sistema inflexível, imutável, igual que não abolem das suas vidas nem por nada. Um tédio...

Nota: texto criado para o blogue Fábrica de Letras sobre o tema 'Perfeição'

Olá, boa noite...

Hoje é dia 4 de julho de 2012, são onze e tal da noite e estou a fazer um adenda a este post.
Que me lembre nunca dei tanto nas vistas virtualmente como no textozinho acima. Devo dizer que:

Que me lembre nunca dei tanto nas vistas virtualmente como no post em questão. Devo dizer que:

  • Desconhecia haver tanta gente perfeita
  • Este texto é uma produção pouco esmerada e sem profundidade
  • Não sou perfeita, logo, não produzo textos perfeitos
  • Tento aperfeiçoar-me sabendo de antemão que jamais serei perfeita
  • Os perfecionistas são aborrecidos porque são previsíveis
  • Quis referir-me aos perfecionistas em extremo, nunca às pessoas que, como eu, buscam pegar em algo e fazê-lo perfeitamente, nunca às pessoas que, como eu, mantêm uma ordem de trabalho
  • Abomino a previsibilidade, venha ela donde vier, tome a forma que tomar, chateia-me; aborrece-me
  • No ponto anterior estou a ser extremista, também posso, não me acho diferente de ninguém
  • Se a previsibilidade não existisse sentir-lhe-ia a falta, indubitavelmente
  • Se os perfecionistas não existissem o mundo estaria mais pobre 
  • Se não existissem pessoas que buscam a perfeição, independentemente da sua não-existência, o mundo estaria muito mais desleixado
  • Sou um ser humano único e especial, como já referi: não sou diferente de ninguém
  • Gosto de escrever; preciso de escrever; enlouquecerei se não puder escrever

Eh pá... Eu gosto é de escrever, ora que porra! Não venham para aqui mostrar-se ofendidinhos(as) por serem perfeitinhos(as), ok?!


Nota de rodapé: eliminei todos os comentários deixados neste post para não se conhecerem nomes.

O papelinho

O jovem particularmente curioso achou que o cognome Fuçasbuque era engraçado. Fiz-lhe ver que fui eu que inventei e que não se escreve de qualquer maneira, não senhores, é à portuguesa: Fuçasbuque, é assim, escrevi num papelinho rudimentar. Quis saber (ai que curioso...) quando é que eu tinha inventado o vocábulo. Para aí há uns dois ou três anos, disse eu, acrescentei a data no papelinho e ainda rubriquei por baixo de tudo. Depois sugeri-lhe que digitalizasse o importante documento e o publicasse no próprio Fuças, eu não me importava. Estou certa de que vontade disso tem ele, ou ainda lembrança, mas estou convencida de que não o fará. Olhe que eu ponho, ameaçou ele.
É parecido comigo, este moço. Nalguns pontos, claro. Por um lado possui a infantilidade que lhe advém da curiosidade excessiva (como eu), por outro, é tão jovem que ainda possui uma certa candura que eu já não sustenho em mim - sou madura, conheço a vida melhor que ele, já estou desenganada, sei que não há heróis nem fadas.

Telefonema

Vi no visor do fax que o número donde ligavam iriam querer saber se havia falta duma certa e determinada coisa que não me apetece divulgar qual é. A minha vontade foi levantar o auscultador e sem deixar o recetor falar:

– Eh pá, não sei se a merda do **** faz falta ou não! Ligue a outra hora! Porque raio é que você liga sempre a esta hora?! Ora que porra! Não percebeu ainda que tem de mudar os seus hábitos?! Ligue mais tarde! Mas mais tarde mesmo! Bem mais tarde!

A senhora de saia às tiras a esvoaçar...

Pois é, a senhora de saia às tiras a esvoaçar é simplesmente a senhora que ia passando na rua de saia às tiras a esvoaçar. Está tudo dito.
Não está nada.
Era uma saia esquisita, com uma espécie de forro branco e depois tiras de tecido em bordado inglês também em branco. Formava uma visão estranha, aquelas tiras finas de tecido ondulando ao vento que soprava não muito forte.

A minha historinha

Noutro dia queria lembrar-me duma palavrinha e não conseguia, só me aparecia a 'anuência', a 'anuência', a 'anuência'. Mas era a 'referência' que eu queria achar na memória. Por fim lá consegui.
Logo o meu colega se volta mangando da minha humilde pessoa, que agora sou escritora e nem sei encontrar as palavras ou explicar-me bem.
(Sei que era a brincar)
Tenho medo de ser escritora, é duma responsabilidade enorme, além de me sentir pequenina perante os demais escritores, ou os escritores propriamente ditos, a gente nem se pode enganar nem nada, que logo tudo nos cai em cima.
Há semanas que me preparo psicologicamente para passar a dizer 'eu sou escritora', considero que um(a) escritor(a) é alguém que escreve e publica e/ou publica o que escreve através duma editora, e sendo que é isso o que vai acontecer... Mas tenho para mim que não serei capaz de assumir o epíteto.

Basquetebol

Por um motivo que não recordo lá muito bem, acho que foi ao visionar um filme qualquer, lembrei-me da grande contrariedade que sentia sempre que tinha de jogar basquetebol na escola. Mas que grande aborrecimento! A bola vinha na minha direção e eu sem saber a quem a passar! Ó mê guê! Nunca entendi regras nem fixei costumes, limitava-me a imitar os outros, de onde ainda assim se denota alguma inteligência, 'se não os podes vencer junta-te a eles'.
Nunca gostei de jogos de espécie nenhuma, nem com pés, nem com mãos, nem com cabeça. Nada. Bah!

Conselho; aviso; ou para aí uma coisa dessas... Mas gira!

Minha senhora, olhe lá, a ponta da sua saia vai presa na cinta. Está-se a ver o pernão... Sei como funciona essa coisa de a gente gostar de mostrar a pele e dar nas vistas nem que seja só um pouquinho mas olhe que vai mostrando mais acima do que a senhora quer...

(Giro, giro é a gente não poder dizer as coisas que apetece mas escrevê-las.)

Mudanças de poisos

Adquiri uma nova prateleira que foi capazmente colocada numa parede da cozinha e fiz umas mudançazitas nos armários. Ora bem, normalmente são os ricos filhos quem arruma as louças e devo dizer que durante o fim-de-semana fui dar com tudo trocado, ou seja, ao modo antigo, ou ainda encafuado onde dava mais jeito. É melhor ajudar os jovenzinhos, vá lá.

Ricos filhos, é assim:

Na prateleira nova estão os tachos e as panelas. As chávenas de leite e de café bem como os pratinhos que lhes pertencem fugiram para o lugar dos tachos e as taças de plástico para o lugar das panelas. No sítio das canecas encontramos agora as taças de vidro.
O sítio das taças de plástico e das de vidro está vazio, ao momento. Um dia a mãe terá tempo para o encher, garanto, não quero que vos falte nada.

domingo, 24 de junho de 2012

Na praia...

Agora chamam Salvador, Tomé e Afonso às criancinhas. Não tarda regressarão os Adéritos e os Teodoros.

A rica filha diz que o meu vestido lhe faz lembrar um filme qualquer (ela sabe qual é, nomeou-o inclusive, eu é que não me lembro), deve ser por causa do cor-de-laranja. A lembrança dela, quero eu dizer.

É assim a vida... Praia. Um dia vamos de férias! Daqui a dois meses, mais concretamente. Até lá temos muito verão a viver. Muita praia, muita onda, calor. Sardinhas, entremeada, pimentos. Caracóis, cerveja. Livros, leitura, escrita. É assim a vida.









São Julião, 24 de junho de 2012

Arroz-doce

Loures, 23 de junho de 2012

Estava simplesmente divinal, o que não me surpreendeu, o meu arroz-doce é o melhor do mundo.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Olha lá, tu tens vergonha ou sentes pudor?

O leitor faça-me o favor de não me devolver a ímpar questão que consta no título, pois eu perguntei primeiro.

Opções doces, docinhas e boas, para o fim-de-semana

Arroz doce. Tenho saudades de sentir aquele cremezinho doce e acre na boca e das cócegas da canela na garganta.

Bolo de Amêndoa moída do blogue 'Come chocolates, pequena'; aproveitar as claras do arroz doce. Ora bem... No aproveitar há ganho.

Cheesecake com os morangos lá dentro, à mistura. Deve ser bom. Nem anuncio a ideia aos ricos filhos, eles devem gostar na mesma. Não esquecer de deixar os morangos macerar uns bons minutos num pouco de açúcar antes de proceder à mistura.

Nota importante: Comprar morangos. Imprescindível.

Esqueci-me!

Esqueci-me da pen em casa. Que grande chatice! Tinha apontado umas coisitas para depois desenvolver e não me lembro mesmo o que escrevinhei...
Liguei para a rica filha. Ela introduziu a pen no pc, abriu a pasta, o documento e ditou-me os tópicos que eu digitara ontem à noite num acesso de memória repentina. Foi giro ouvir a rapariga vocalizando aquelas palavras com pouco nexo para os demais, fartei-me de rir. Ouvi os meus tópicos lidos por alguém que me conhece bastante bem mas não lê o que escrevo nem conhece os trâmites que uso para escrever. Posso dizer que foi mesmo muito engraçado.
Esses tópicos, não estando de modo nenhum despegados do meu pensamento, o certo é que não figurarão no blogue na sua forma original. Não me convém desvendá-los em estado puro e, a bem dizer, irreal.

Cativação

Para se cativar alguém é preciso fazer e dizer o que as pessoas esperam, não indignar ou sequer surpreender. Às vezes parece-me que é esse o meu 'mal', não cativo porque tenho a mania de dizer o que não devo e ainda acho que tenho montes de piada. Mas não tenho. Ou por outra, tenho piada mas só eu é que me rio.

São Sebastião

No metro uma senhora mirava o meu calçado com manifesta curiosidade. E eu, contente porque agora já sei como sentar-me em maneiras de viajar ao contrário - ser sugada pela velocidade, ai o que eu gosto disto! - fingi que não me apercebi do olhar atento e detive o interesse no ponto em que o comboio iria mudar de linha, a curva sendo descrita e blás.

Bambolear

Ia uma mulher jeitosa lá a frente. Tinha um vestido curtinho num estampado de flores imensas, não muito justo mas moldava-lhe o corpo. O andar era seguro e a presença imponente. Um regalo para a vista... Um homem estacou a mirá-la, o que não me surpreendeu. Logo vem uma invejosa conhecida dele e põe-se a dizer que as mulheres usam fio dental para andarem com as nalgas soltas...

Clique que não me apetece nomear ou classificar

Lisboa, 22 de junho de 2012

Uma foto assim como que para o fraquinho em termos de assunto e simplória em termos de visualização mas suficientemente gira para ocupar espaço no blogue...

Lisboa, 22 de junho de 2012

Notícias do Europeu de Futebol

Não é que sejam propriamente notícias do europeu. É mais um ponto de vista de alguém que não percebe nada do assunto e ademais está completamente fora dessa área mas gosta de escrever umas coisinhas que a seu ver estarão relacionadas com essa imensa temática que é o futebol.

Ontem...

• São quatro e tal da tarde. Não há clientes. Não há clientes, repito, para ficar percebido. É incrível como o futebol para um país.

• São seis e picos, a tarde vai longa neste dia maior do ano; solestício de verão. Não há clientes, estou petrificada com a situação.

• Fim de expediente. Não houve um único cliente em toda a tarde. Só se viam grupinhos de pessoas claramente a caminho do lugar de onde veriam o jogo e ouvia-se um burburinho ansioso pela cidade inteira.

• Portugal ganhou à República Checa: 1 - 0. Vá lá, vá lá. Ao menos isso.

• Como já referi num post anterior, o sinal por cabo chega primeiro à casa dos meus vizinhos. Quando foi aquele primeiro golo (anulado por fora de jogo) a malta lá de baixo gritou à farta. Chego-me ao pé da família e anuncio que vai ser golo, vai ser golo, vai ser golo... Foi anulado, o que deitou por terra a alegria imensa da malta. Logo a rica filha se lembrou que enquanto a gente festejava o golo os vizinhos já sabiam da anulação e que isso não tinha graça nenhuma...

Hoje...

• Depois de dois (acho que foram dois) remates aos postes da baliza adversária o Cristiano Ronaldo lá enfiou a bola, marcou. Hoje é um herói, o mundo inteiro fala deste homem. É português, viram só quanto valemos?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

De interesse

Se sou uma pessoa que considera extremamente interessante toda e qualquer coisa que componha este mundo ou que este mundo contenha, se me interesso dum modo tão desmesurado quanto desnorteado, então só posso ser imensamente interessante. Tenho o excesso (interesse desmesurado) e a piada (interesse desnorteado).
Claro que (eu sei, eu sei, eu sei) só uma pessoa como eu vai concordar comigo. Difícil encontrá-la...

Ares

Que ar tão concentrado que tu tens!
Estava a escrever.
Ah...
Era na minha cabeça, mas estava mesmo a escrever!
Hum, então está bem.

Que loucura

Tenho medo que o escrever me enlouqueça. Diz-se que é comum isso acontecer.

(Olha só a quantidade de escritores que se suicidaram ou vivem infelizes... E muitos morrem cedo!)

Se eu não escrever enlouqueço de vez.

Existirá maior loucura que esta discrepância?!

Desafiante

Gosto de desafios, anotei eu ontem num dado momento do meu escrevinhar bloguista.
Pois gosto.
Mas não gosto do desafio mandatário 'escreve sobre o tema tal, apresenta-te, manifesta o que sabes'.
Não gosto.

Sensual... Ou então não

– Quanto é que esta menina vale?, pergunta a dona Genoveva quando me vê dentro da montra.
– Uns cinco cêntimos, para aí, ó dona Genoveva., respondo, a fazer de conta que me desvalorizo.

Há qualquer coisa de atrativo no fazer das montras. Mostra-se, ou tenta-se mostrar, a alma no seu lado mais belo, puro, genuíno, mas também arrojado, tanto que arrisco dizer que fazer montras roça a sensualidade. Fazer montras é um ato sensual. Fazer montras → ato criativo → alma, despudor → criações são como carícias.

Oh céus! Desenvolver esta temática é terrivelmente difícil. Ora bem, o que eu quero dizer é que a gente pondo a alma no que faz, fica-se sensual. Note bem: sensual não é sexual. A sensualidade é uma espécie de espírito, algo impalpável, portanto, e tudo quanto for espiritual e criativo, apelando ao transeunte, ou a um dado recetor, cativando despudoradamente, é dum arrojo místico... E sensual.

Hum, não estou a ser sensual o suficiente, não tenho (mais) criatividade para escrever acerca da sensualidade que há na execução duma montra. Paro agora. Ou quase...

Mas tarde:
– Então já foi vendida?, pergunta a dona Genoveva, brincalhona.
– Ah, não, Dona Genoveva, ninguém me quer..., respondo, ainda debaixo do desvalor.

Joguinho 'Solitário'

Cheguei-me ao balcão para pagar. O moço viu-me e desculpou-se o melhor que conseguiu:
– Olhe só a senhora a querer pagar e eu a jogar às cartinhas...
– Ah, não se preocupe, eu também uso a hora do trabalho para coisas que não têm nada a ver, só por dizer que eu em vez de jogar, escrevo parvoíces...
O bicho não respondeu. Decididamente, não sei abordar este tema. Isto de anunciar a escrita, de fazer ver a outros a minha atividade criativa, o meu hobby, não vai lá com pequenos lançamentos na esperança que daí advenham perguntinhas 'A sério?! Você escreve?! Ah, que giro... Escreve o quê? Posso ler?'

Gina Maria... Ninguém te liga, muito menos ligarão se falares em 'parvoíces'. Esquece lá isso, vá.

A pintora

Esteve aqui a pintora, diz que vinha cumprir o prometido, mostrar-me as suas pinturas.
Orgulhosa, mostrou-me uma pequena parte do seu portefólio. Centra-se sobretudo na arte sacra, tema que não me diz muito. Referi o tema 'arte sacra' e ela comentou 'é isso mesmo, arte sacra!' com alegria, mas não mencionei o facto de o tema não me agradar. Saímos da arte sacra e entrámos noutros temas mais diversos: fruta, tourada, paisagem, Carnaval, flores. Gostei particularmente duma pintura de flores, eram túlipas, a cor que predominava era o verde, ao olhar o desenho no seu todo senti-me agradada. Gostava de tê-lo, levá-lo para casa, pendurá-lo numa parede... Mas não tive coragem de propor negócio à senhora. Agora arrependo-me bastante.
A pintora é uma senhora muito alegre e solta. Disse-me uma vez mais que os artistas têm de conviver, falar das suas sensibilidades ainda que não coincidam 'a senhora escreve, eu pinto!', dizia ela.
Também acho que tenho de me relacionar... Bolas, pá, eu é que não sei o que raio lhe hei-de dizer!

Ao engano

Às vezes fico aborrecida ou mesmo triste com as atitudes das pessoas. É óbvio que posso estar a entender as ditas atitudes mal, sou demasiado sensível às reações das pessoas com quem lido. Mas não é mau pensar que estou enganada, que não é bem assim, não estou a ver a coisa como ela é e tal... O pior é ser raríssimo estar a 'ver' mal...
Tenho o hábito intrínseco, enraizado, calcado e recalcado, talvez seja uma espécie de dom, sei lá, descubro com (alguma…) facilidade os desígnios das pessoas. Só não leio pensamentos, isso não. Nem quero, adoro surpresas.

Ampolas

Por causa do fígado* toda eu vou ser um jardim. Em cada ampola vou ingerir 'extratos fluídos de sumidades floridas'.
Depois de tudo ingerido conto estar mais bonita.
Sonhar não custa nada. O pensamento também não, ainda por cima pode ser arrebatador. Olha só a natureza proclamando a felicidade... Que maravilha!

A timidez

A propósito de cumprimentos e assim...

O Zé vem ali. Quando nos cruzamos vocalizo um 'olá, boa-tarde' sonante e apressado. Ele mal levanta a mão. É tão tímido, o Zé. Bem mais que eu, nem fala.

Passou bem?

Ouvi na radio que hoje é dia do passou-bem. Os locutores falavam dos vários tipos de aperto, principalmente do frouxo ou do apertado.
O passou-bem é um tipo de cumprimento que uso diariamente, por isso sei que eles têm razão, há por aí uns apertos de mão muito frouxos, provavelmente serão involuntários.
Pus-me a pensar como será o meu... Hum, acho que é intermédio em termos de força mas sobretudo tímido.

Dias de um ginásio

Mudámos de professor de Pilates. Tenho pena e não é pouca. O antigo professor era qualquer coisa de extraordinário, tinha (e tem!) no modo de lidar um misto de sensibilidade e austeridade, combinação que, como se sabe, é bastante invulgar. Tem também um dom que admiro de sobremaneira no ser humano: é cativante, toda gente o quer, ainda que se sofram horrores nas suas mãos...
Acerca do novo professor ainda não tenho muito a dizer. Anda em pé no meio de nós, como é o costume desta atividade, põe a mão na omoplata, no ossinho da anca, no pescocinho... Em cada ajuste de posição cheira-me a bananas. Hum…

Laranjas

Vêm sempre tomar o pequeno-almoço juntos. Consta-se que são amantizados mas a gente diz que são colegas, sempre é mais bonito. A puta come, o cabrão idem, só por dizer que também paga os gastos.
– Que grande laranja!- Disse ela, apontando para o balcão da cafetaria. - É isso mesmo, quero um sumo de laranja!
– Ah, não queres nada! - Diz ele com o seu jeito abrutalhado. - Isso faz-te borbulhas, pá!
O cabrão não quer pagar uma conta mais alta que o costume... Achei-lhe uma graça!

Da loja

O jovem particularmente curioso (e o nome ficou... e fica-lhe bem) gostou das t-shirts que eu havia comprado. Quis saber (cá está a curiosidade imensa) se foi na loja em frente ao café. Disse-lhe que não, tinha sido na loja mesmo ao lado daquela que tem malas e sapatos. Quis saber (eu bem digo...):
– Diga-me uma coisa, foi atendida por uma senhora alta de cabelos compridos e pretos, certo?
– Certíssimo! Também tinha a voz muito grossa mas isso não quer dizer que seja sapatão, normalmente as mulheres altas têm a voz mais grossa que as pequeninas. Já viste o que era uma mulher enorme com uma vozinha fininha?!
Eu sei que às vezes falo demais → sapatão... Quando proferi esta palavrinha estranha ele ficou quieto e calado. Achei por bem ajudar o mancebo, desvirginá-lo, por assim dizer. Era a minha vez de perguntar:
– Sabes o que é um sapatão?
– Não...
– É uma fufa, pá!
Uma fufa ele sabe o que é. O mancebo é virgem... Mas não tanto.

Patronato; 1ª vez

O meu primeiro patrão era muito estranho.
Quando me empreguei pela primeira vez fi-lo numa fábrica de costura numa localidade não muito longe de onde morava. Tinha quinze anos e fui ganhar uma miséria. Naquele tempo havia quem aprendesse de borla, de maneiras que eu ganhar alguma coisa, por pouco que fosse, não era nada mau.
O meu primeiro patrão era muito estranho. Mesmo.
A sala onde estavam dispostas as máquinas de costura era imensa, havia também uma mesa enormíssima onde se fazia o corte e as únicas pessoas que andavam em pé eram as senhoras do corte e as chefes de linha que davam apoio às costureiras ou simplesmente as mandavam calar e trabalhar. O barulho era ensurdecedor, essa é uma das recordações mais presentes que tenho da altura.
Eu trabalhava sentada num cantinho a cortar as pontas das costuras que vinham das minhas colegas costureiras. Para esse serviço tinha que ter uma boa tesoura, então, um dia ou dois depois do dia primeiro, a minha mãe deu-me dinheiro para comprar uma tesoura que ainda hoje conservo. É muito boa, já foi tantas vezes afiada que está bem menor no comprimento. Também abria as ditas costuras a ferro. Um dia houve uma empreitada tão grande de fardas azuis escuras (tenho para mim que era para a Polícia mas não estou certa disso) que várias colegas trouxeram os ferros de casa para as aprendizas darem despacho ao trabalho.
O meu primeiro patrão era mesmo muito estranho. A sério que sim.
Colocava-se na escadaria (a fábrica funcionava numa espécie de cave) a observar soturnamente as suas subalternas. Tinha um ar de mau que só visto. Ou então era eu que debaixo da minha timidez e inexperiência o via assim: ruim e inacessível. Nunca o víamos de perto, nem no dia de pagamento, quem nos estendia o envelope com as notas era a chefe mais chefe que as outras chefes. Um dia, as notas começaram a escassear. A mim ficaram-me a dever o último ordenado, alegando que havia estragado o ferro de engomar duma das colegas costureiras. Efetivamente o ferro estragou-se mas não por minha culpa, era um ferro a vapor doméstico, inadequado para trabalhar horas a fio. E eu é que o paguei. E a minha colega deve ter ficado sem um ferro de engomar, provavelmente.
O meu primeiro patrão era deficiente.
Debaixo da postura austera havia um homem sofredor, era deficiente. Segundo me lembro, a sua deficiência era sobretudo nos braços mas desconheço se era de nascença ou por acidente. Nos largos minutos em que se mantinha no cimo das escadas observando-nos, dava um balanço esquisito ao corpo e mandava os braços para trás das costas. Dois pêndulos mortos eram balanceados duas ou três vezes e tumba!, braços atrás das costas, mãos sobrepostas e agarradas uma à outra para os pêndulos sem vida não escorregarem e ficarem inertes ao longo do corpo.
O meu primeiro patrão era muito estranho, eu bem que aviso desde o início do texto...

Olissipófilo

É olissipófilo! Alguém que ama desmesuradamente a nossa capital → Lisboa, tanto que sabe tudinho acerca dela.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Abolir o pensamento(?)

«Não penses, escreve.» Disse Forrester há dias num filme que passou na TV. Escrever sem pensar, que exercício difícil... É este o princípio básico da escrita. A dele, claro. Eu sofro imenso se proceder assim. Preciso prepará-la, dar-lhe uma certa forma. Mas gosto de exercícios, desafios. Por isso, agora vou brincar aos escritores.

Olha eu a escrever sem pensar:

Desnecessário

Não preciso de ninguém para absolutamente coisa nenhuma. Nada. Tenho a internet. Tempos modernos, chamem-lhe assim, se o preferirem.
Internet → Google, Sapo. IOL. Cliques. Saber. Disciplina.
Pesquiso. Flutuo. Ou navego, caso prefiram. Aprendo. Fixo. Divulgo.
Fantástico.
Pessoas para quê? Desapareçam, vá. A solidão tem um lado obscuro que me diverte. Ou ausência de conflitos. É esta a melhor parte. Sou uma excelente pessoa sempre que ando sozinha por aí.

Olha eu a pensar e a escrever:

Lugares sentados

Ela.
Dois cafés?
Eu e ele.
(Que disparate, se nem nos conhecemos bem...)
Sorrisos.
Ela.
Tem lugares, não tem?
Ele.
Tem, sim.
(Há uma mesinha vaga com apenas uma das duas cadeiras que lhe pertence e um dos sofás negros está disponível. Sentei-me na mesinha, não ia ler por já não ter tempo.)
Afinal, ó 'migo... Afinal você ficou em pé?! Sente-se ali, vá. Eu deixei o sofázinho disponível para si, não seja assim. Você gosta de ler, vejo-o todos os dias, absorto na leitura. Ó homem, vá-se lá sentar no sofá, porra!

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Vamos brincar outra vez? 'Bora lá!

Olha eu a escrever sem pensar:

Tópicos

Parei a marcha e sentei-me num muro baixinho a escrevinhar.

O senhor doutor
Sono
Fígado
Vísceras
Ódio visceral
Tudo a ver...

Olha eu a pensar e a escrever:

O verão a chegar

Estão vinte e poucos graus. Tenho frio. Logo à noite começa o verão, daí este frio ser descomunal em relação ao dia e ao mês corrente.
Estou muito sonolenta. Demasiadamente sonolenta, a cabeça pende a cada paragem de movimentos. O senhor doutor diz que tenho o fígado sujo, por isso tenho sono, diz ele que é uma reação do corpo quando algo não está bem. Receitou-me umas ampolas para fazer a limpeza do órgão vital. Vou ficar com um fígado tão limpinho como quando tinha cinco anos, mais coisa menos coisa.
É natural que tenha as vísceras atoladas em imundície, lido com variadas coisas e variados casos tão insuportáveis que lhes tenho um ódio visceral. O fígado adoeceu. O fígado e eu, por acréscimo.

Coisinhas fofas

Esteve aqui um casal de paneleiros... Ai, perdão.
Esteve aqui um casal de homossexuais mandando duplicar chaves. Um deles, o que ia pagar, quando soube o preço manifestou-se achando o serviço caro. No entanto, logo de seguida, cheio duma graça particularmente inteligente referiu que não sabendo executar semelhante ofício limita-se a mandar fazer e pagar pelos préstimos.
Agradeci imenso tamanho discernimento, pois não é toda a gente que tem essa visão tão lúcida e pragmática, economicamente falando.

Sempre há umas pessoinhas fixes no meu balcão...

Abandono

Já retiraram a placa maior àquele consultório de análises e exames. Vão sair dali. A bem dizer já todos saíram.
Vá, retirem lá as placas menores, as letras garrafais do 'Consultório' e o imenso número da porta, a ver se o prédio fica limpinho. Já agora voltem ao tempo antigo, em que o prédio apresentava a tinta gasta e escamada em várias partes e rios de humidade desciam do algeroz, tanto que formavam margens de musgo verde. Verdinho, verdinho.

«Recordar é viver.»

É?! E se eu não puder afirmar a realidade que apresento como sendo a mais verdadeira? Eu sei lá se escorria água do algeroz... E o musgo, haveria? De  que cor era o prédio antes da reforma?
Agora dava jeito conhecer um(a) daquele(a)s senhore(a)s adoradore(a)s de tudo quanto é alusivo à cidade de Lisboa (eu sei que há uma palavra que designa este gostar tanto de Lisboa mas não a descobri...) para perguntar; 'Olhe lá, como se apresentava o número xis da rua tal em tempos idos?

Cliques

Andou aí um a clicar direito aos prédios e portas do comércio, flaches daqui e dali. Depois entreteve-se falando com a velha guarda aqui do estamine, que o conhece de pirralho.
Foi criado nesta rua. Contou ao meu colega duma paixão assolapada que teve por uma das senhoras que ainda hoje mora na área. Clicou, inclusive, com o meu colega na mira, dentro da sua loja. Ao que parece, depois ia pôr no Fuçasbuque. Publicidade, ou assim. É fixe.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Visão: ricos filhos

Um jovem particularmente curioso (do qual já escrevi duas ou três vezes mas não lembro qual o nome que lhe pus, de maneiras que fica jovem particularmente curioso e pronto) perguntou-me sem medos se as fotografias dos ricos filhos estão ali há muito tempo, pois só agora reparou nelas. Respondo no meu ar... Nem sei qual era o meu ar, para ser sincera, às vezes é uma canseira andar a definir-me, outros que vejam, abordem, refiram. Eu tinha um ar qualquer, lá isso tinha, há sempre uma expressão no rosto.
Adiante.
Disse ao moço que os ricos filhos estão aqui especados, congelados num dado segundo das suas vidas, ao alcance de muitos olhares, assim as cabeças se virem nesta direção, desde o Natal, altura em que fiz na loja umas 'limpezas com alguma profundidade'.
Nessa altura, aqui no blogue fiz um grande alarido dessa atividade solitária e inglória, criei montes de posts sobre essa temática, que poucos devem ter lido. Mas foi bom escrever essas ninharias. Necessário, quiçá. Tenho necessidade de acompanhamento, se imaginário tanto me faz, um blogue é extraordinário nesse campo.

Proximidade

Os dois sofás pretos estavam próximos um do outro, virados entre si, como se tivessem albergado duas pessoas que queriam estar frente-a-frente numa conversa salutar e íntima. Supus que aquelas duas velhinhas do costume já se tivessem encontrado de manhã. Assim sendo poderia sentar-me neste lado, de que gosto bem mais, o ar circula, há espaço, há luz suficiente para ler. Sou amável o bastante para ver uma das duas senhoras à espera da outra, e sabendo de antemão que juntam os sofás para se ouvirem mutuamente e estarem mais juntinhas, deixo-lhes o espaço onde estão os dois sofás vagos para tagarelarem à vontade e dirijo-me ao outro lado.
Se for verdade que o encontro de terceira idade já ocorreu, então resta-me uma conclusão: as ditas senhoras não arrumam o que desarrumam. Ai estas senhoras da avenida...

O regador

Diz o cliente:
- Se o regador que lhe estou a comprar me durar tanto como o último que comprei já não lhe compro mais nenhum!
Começo logo a pensar:
«Hum, este já me vai chatear a tola... E porque é caro, e porque é fraco, e porque se vai partir facilmente...»
Afinal não era nada disso, o homem sorriu e diz que a última vez que comprou um regador foi há trinta e um anos, ora tendo sessenta, só precisará doutro quando tiver noventa e um, dificilmente estará vivo. Refiro que não senhor, ora essa, o senhor pode estar vivo ainda, quem sabe, não é impossível!
Mas ele achou que não. Não, não, não. Calei-me, o homem tem razão. Ademais, quantas pessoas de noventa e um anos precisam dum regador?!

A bengala

Puseram uns aparelhos de ginástica na alameda. Agora é ver as pessoinhas a mexer os músculos. Até lá vai um senhor que anda na rua de bengala. O meu colega diz que ele não precisa da bengala para se apoiar e sim para se equilibrar. Concordo, o homem anda como se fosse um pêndulo, o andar é fixo naquele ponto exato e ele balança o corpo usando a bengala como pendor.
Estavam aqui todos malucos com o raio do velho, a fazer-se de moço forte e saudável, de roda dos aparelhos de ginástica.

O balcão saloio

Fui às lojas da saloiada, um destes dias. Duas lojas. Por causa das minhas costuras e dos meus trapos.
Na primeira loja, uma retrosaria, entrei para comprar dois fechos de vinte e cinco centímetros, um amarelo vivo, outro rosa chocante. A funcionária diz que não tinha essas cores no comprimento que eu desejava. Fiquei consternada, ora bolas e agora, como é que eu vou fazer as saias daquele modelo com cós alto... Devo ter aparentado um desalento tão grande que a senhora, não primando nada pela simpatia, devo dizer (já conheço, sei do que falo), mostra-me um sorriso forçado e explica à laia de desculpa que nessas cores pouco comuns não costuma comercializar essa medida de fechos... Hum, 'essas cores pouco comuns', é?! Ó 'miga, você modernize-se, olhe lá isso!
Na segunda loja, uma papelaria, entrei porque precisava de papel vegetal para sacar os moldes para as minhas roupinhas. Cheguei à hora exata da abertura, 9:30. Observei a funcionária levantando a grade, acendendo as luzes, pousando a mala, tirando o casaco... Conheço estes trâmites mas ao contrário. Se conheço! Enquanto ela tratava de se aprontar para iniciar a jorna, ia pousando o olhar nas flores da minha mala. As mulheres daqui são destemidamente observadoras, o que se pode confundir com inveja. A minha mala é muito gira, não é?, tive vontade de perguntar mas deixei-me disso. Depois, no atendimento, passou-lhe a onda da observação intensa, recebi uns sorrisos apagados, já sou meio conhecida de quando ia lá comprar os livros escolares dos ricos filhos, eventualmente será por isso, porque ali também não impera a simpatia.
Eu, empregada de balcão, funcionária briosa e cativante… , estou a exagerar, olha lá o ego.
Estavam a fugir-me os dedos para a verdade, não era exagero nenhum, podia ser o ego, sim senhores, mas um ego pequenino, contido, razoável. Eu ia dizer somente que o atendimento saloio é muito diferente do que se pratica na capital, na saloiada as pessoas não têm uma necessidade tão premente de se mostrarem prestáveis e simpáticas, não precisam de agarrar o cliente como na capital, digamos que os saloios, ou as pessoas que vivem em meios pequenos, não podem fugir dali, ir a outro lado, outra loja, não há muito por onde escolher. Para mim isto é notório porque sou balconista…

Levanto a grade;
acendo as luzes;
pouso a mala;
tiro o casaco.

Notícias do Europeu de Futebol

Não é que sejam propriamente notícias do europeu. É mais um ponto de vista de alguém que não percebe nada do assunto e ademais está completamente fora dessa área mas gosta de escrever umas coisinhas que a seu ver estarão relacionadas com essa imensa temática que é o futebol.

Pois é verdade, sou tão desprendida do futebol que ontem esqueci completamente de referir a nacionalidade dos adversários dos nossos jogadores no três jogos já realizados. Agora, dando voltas e mais voltas ao miolo, não me lembro, nem por sombras, devo dizer, quem foram os outros onze homens que andaram aos pontapés à bola durante uma hora e meia. Vou ligar ao rico filho, o meu informador particular de tudo quanto move o futebol.

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Já está. Eis as informações:

Alemanha – Portugal... 2-1 vitória da Alemanha

Dinamarca – Portugal... 3-2 vitória de Portugal

Holanda – Portugal... 2-1 vitória de Portugal

As equipas são apresentadas nas partidas deste género por ordem alfabética...
Não sei, a mim dá-me essa impressão. O rico filho diz que sim.
Os resultados finais ou o que o marcador apresenta a dado momento do jogo é verbalizado por ordem decrescente...
Eu acho que sim. O rico filho diz que não é necessariamente assim.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tu e tu

És tu

Não sei quem me alenta, quem me faz sorrir. Sequer conheço quem me faz escrever. Não sei quem tu és. Conta-me tu. De ti e dos outros, vá.

Tu és

Tu não és diferente, és especial. A igualdade entre os seres impera, é o que se promove, não é? Sendo assim sou igual a ti... Já se vê, sou também especial. Ah pois é!


A fotografia de sábado passado

Loures, 16 de junho de 2012

Todos os anos, em junho, este pedaço de terra apresenta este aspeto, ervas e flores como que alvoroçadas, altas e amarelas. Sempre quis fotografar este reboliço, agrada-me bastante ver que a natureza é sempre rebelde, mas infelizmente todos os anos deixo passar o tempo, pois daqui a nada alguém cortará rente toda esta vegetação selvagem. No sábado foi o dia 'D'. Já está.

Por falar em televisão e companhia...

Não vejo muita TV. A sério que não. Note bem: eu não disse que não vejo TV, e sim que vejo TV durante curtos espaços de tempo (Não vejo muita TV). Não sou de me plantar frente ao ecrã horas a fio vivendo vidas cheias de interesse, umas mais interessantes que outras, pois claro.
No entanto sei muitas coisas.
Há a história do escritor que anda com uma agente federal resolvendo casos bicudos, crimes e companhia, sendo que a sua ideia principal é observar a vida desta gente, refiro-me a polícias e ladrões, por dentro e por fora.
Há as C.S.I.'s referentes a todas as cidades norte americanas e mais alguma. Aí também se resolvem crimes e seus enigmas, com peripécias levadas da breca.
Há a Bones, grande cientista, forense, ou lá que é, que possui uma racionalidade deveras hilariante, racionalidade essa que é absolutamente invulgar numa mulher, há que dizê-lo. A esta personagem magnífica ainda vem agregada uma paixoneta muito reprimida pelo seu colega mais chegado. Se bem que me parece que eles agora já são casados mas não tenho a certeza... Nesta série televisiva também se move um jovem psicólogo que por vezes anda às aranhas com todos.
Há o mentalista, aquele que descortina tudo através da sua inteligência emocional que é qualquer coisa de espetacular.
Há mais... Eu é que não me apetece escrever...
Este post serve principalmente para dizer que não é preciso ver muita televisão para saber o que vai lá dentro. É mais ou menos como a gente ir à janela só para sacudir os tapetes ou a toalha de mesa e acabamos por saber grande parte da vida dos vizinhos. Não é que me interesse pela vida dos outros... Mas também.

Notícias do Europeu de Futebol

Não é que sejam propriamente notícias do europeu. É mais um ponto de vista de alguém que não percebe nada do assunto e ademais está completamente fora dessa área mas gosta de escrever umas coisinhas que a seu ver estarão relacionadas com essa imensa temática que é o futebol.

Há dois anos publiquei no blogue as 'Notícias do Mundial'. A dada altura estava cansada do assunto, em particular quando Portugal saiu de cena.
Acerca deste Europeu que agora decorre, publiquei um postzinho há dias e entretanto não tenho tido grande oportunidade de escrever mais e também tenho um certo receio de me cansar do tema, tal como aconteceu no Mundial. No entanto, vou esquecer tudo isso já a seguir.

  • No dia do primeiro jogo de Portugal entraram-me pela casa adentro dezasseis jovens dentro da idade do rico filho (17). Éramos um total de vinte pessoas lá em casa, todos a ver o jogo com grande entusiasmo e atenção. Excetuando a minha pessoa... Eu estive a ver umas coisas no computador, não tenho lá muita paciência para ver futebol.
  • Hoje em dia os jovens têm uma autonomia fantástica. Veja-se: na minha mesa havia pizas, salgados, batatas fritas de pacote, rebuçados, sumos, colas, uma grade de minis e... Água. Tudo organizado e comprado por eles. Quem efetuou a compra das minis foi um dos moços mais velhos, que o homem do supermercado dizia que não podia vender álcool a menores.
  • Devo dizer que o rico filho havia pedido autorização para levar lá uns colegas para verem o jogo e se podiam comer umas pizas e tal mas confesso que nunca me passou pela cabeça que fossem tantos rapazes e raparigas. Quando tocaram à campainha e se abriu a porta eu só via era miúdos bem mais altos que eu a passar por mim, dando as boas-tardes e apresentando-se a eles mesmos. Fiquei deveras impressionada.
  • A seguir fiquei impressionada com a capacidade que algumas pessoas têm para fazer contas futebolísticas. Se este perder com aquele passo o outros mas se empatarem já não vai ser assim aí vem outro tomar o seu lugar... Oh céus! Como é que alguém entende a matemática do futebol?!
  • Entretanto ocorreu outro jogo de Portugal do qual não tenho qualquer memória.
  • E ontem Portugal lá passou, hã? O jogo a decorrer e eu de roda do computador a tratar das minhas coisinhas...Ouço gritar lá fora: 'Golo!' mas cá em casa tudo calado. Ou seja, alguém recebe o sinal por cabo antes de nós, então vou direita à sala onde está reunida a família e anuncio: 'Vai ser golo.' Aconteceu assim duas vezes. Dois golos, duas antevisões. Não é que tenha feito diferença, até poque aquela malta está tão encegueirada pela TV que nem me ouve. Mas é giro, isto assim. O futebol é divertido, afinal. Eu, que não gosto de futebol, acabo por saber antecipadamente acerca dos golos e o caraças...
  • E hoje, segunda-feira, depois de passadas as horas de aflição mas ainda em fase de rescaldo, pois como se sabe isto do futebol é vivido ao rubro... Eis que: disputar taças ou títulos a nível internacional tem o condão de vivificar o patriotismo que todos possuímos. Esta introdução serve para reforçar o seguinte: uma senhora passeia na rua envergando umas calças vermelhas e um casaco verde. Verde bandeira, pois é. Só fazia falta o escudo em amarelo. Provavelmente ela não terá tido tempo de o arranjar. Em forma de cinto, já se vê.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Universo no Singular

Lisboa - Rua dos Douradores, 24 de maio de 2012


Confesso que não sei como ligar os dois textos que apresento abaixo, a ligação paira na minha cabeça mas deve estar no abstrato do meu intelecto ou algo assim, às vezes acho que as palavras não têm peso nenhum, não se mantêm quietas para eu as apanhar e lhes dar forma.
A ideia inicial era mostrar o quanto desprezo dar opiniões no geral, apreciando antes pontilhar e incidir, encontrando assim muitos motes - e/ou fórmulas - para escrever. Isto relativamente ao primeiro texto.
Em relação ao segundo texto, apenas queria fazer referência ao facto de no profundo do nosso ser sermos todos iguais, o que contraria completamente o primeiro texto, daí a minha grande confusão.
Ora bem, e agora digo: eu, bloguista exausta e absolutamente perdida, me confessei.
Ah, a foto está completamente excluída de tudo quanto escrevo neste post. Apresento-a aqui e agora só porque sim. Ou então porque estou cansada de a ver nos meus ficheiros sem saber que destino dar-lhe, cansada de esperar que um dia a concilie com frases fantásticas.
Vamos aos textos.

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Não aprecio aquela onda do generalizado: o mundo é assim, somos todos iguais, com defeitos e virtudes, temos de nos aturar, suportar-nos mutuamente e blás.
Não aprecio observar massas e opinar num todo, a bem dizer os grupinhos aborrecem-me. Sei lá, não me ajeito em conjunto, existem sempre diferenças, sou adepta ferrenha do chavão 'cada caso é um caso'.
Não aprecio mesmo nada escrever debaixo da ideia ‘nós isto ou nós aquilo’. Gosto do eu, do tu, do ele/ela. E gosto de pormenores, infimidades e até futilidades. Ou me detenho na cor do chapéu da senhora tal e na camisa amarrotada do homem da padaria e faço uma história, ou me deixo estar sossegadinha e não digo (leia-se escrevo) nada.
Poucochinho de cada vez, vá, senão distraio-me. Tem de ser.

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Buscamos o bem para nós mesmos, dizemos mal do próximo sem piedade, desprezamos a ajuda de quem nos quer bem, assim como a amizade, o carinho, o amor. Adoramos contrariar e desdizer, bem como tudo o que se aproxime da negação. Somos todos egoístas, ruins mas também uns excelentes seres humanos porque sabemos amar e respeitar e conhecemos profundamente as regras do bem-viver.
Talvez as pessoas não sejam assim tão interessantes, afinal... Se todos forem assim, iguais, então não mais buscarei interesse nas pessoas pois já de antemão sei o que vou encontar. Consequentemente abandonarei a escrita, ideia que me horroriza de sobremaneira.