sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano Novo - 2012


Vem aí este bicho: 2012. Um bicho que espero seja fofinho e queriducho. Eu farei por isso, farei a minha parte. Acredito que a felicidade e/ou satisfação cabe a mim buscá-las e acreditar que existem, para que fiquem intrinsecamente guardadas no meu ser e eu deixe de duvidar da sua existência. É assim: passamos a vida a fingir. Eu cá não encontro outro modo de viver feliz.

Em muito, é devido a esta questão do tipo 'mais do mesmo' que me chateia de sobremaneira as resoluções do ano novo ou os balanços do ano velho. A mudança sempre está em cada um de nós, agora e sempre. Sou eu quem tem de mudar para melhor, não o mundo. Se eu melhorar, se eu mudar para um lugar de onde a perspetiva favoreça algo ou alguém... o mundo resplandecerá.

Tende um muito bom ano de 2012, caríssimos leitores, cheio de tudo o que desejarem, incluindo a companhia. A companhia que desejam, quero eu dizer.
Um grande 'bem haja!' para vós, pela paciência que têm em vir ler os insignificantes textos que pairam neste blogue...

E agora, a humilde hospedeira deste espaço despede-se:

Até para o ano!

Ano Novo

Vêm amigos cá a casa, passar de ano connosco. Fiquei de fazer os doces, que a fêmea do casalinho não tem 'paciência para fazer essas merdas'. Foi ela que disse. E eu fiz, claro, que gosto bastante de as fazer.

A derradeira

Lisboa, 31 de Dezembro de 2011

Pode dizer-se que esta é uma fotografia apressada. De repente lembrei-me: o ano terminando hoje significa que acabaram as 'Piscadelas Fotográficas / 2011'. Então 'bora lá tirar uma foto e coiso.

É uma perspetiva de quem está no KFC da 2ª Circular, de onde se avista parte do aeroporto e um apetrecho com ares de radar.

Ah! E tem azedas também, que já se vão vendo por aí, sarapintando os verdes lustrosos do Inverno. Com este sol fantástico elas arrebitam...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Personificar

É uma senhora alta e feia, lembra vagamente o corcunda de Notre Dame em versão feminina. Tem um sinal no lábio, peludo e grande. Os olhos são esbugalhados e por qualquer motivo mantém um deles meio fechado. É grotesca, mesmo. Rente ao horror. Porém, quando fala, tudo desmorona. Fá-lo tão docemente que apetece ouvi-la contar histórias de embalar. Parece uma fada. Das boas, claro.

Não tenho prazer em inventar personagens. Pode ser falta de imaginação, admito. Gosto de pensar que esta 'falta' existe porque sou demasiado aberta à realidade, dá-me jeito pensar antes assim, é uma maneira de não me sentir minúscula na personalidade e insignificante na escrita.
Personagens para quê se eu observo pessoas absolutamente caricatas todos os dias da minha vida? Se não for para escrever dentro do estilo fantástico – harry potter, senhor dos anéis e companhia –, o qual decididamente não é o meu, não tenho motivo nenhum para inventar personagens, o mundo fornece essas pessoas especiais, lindas, disformes, extremamente arrogantes, particularmente simpáticas, graciosamente fantásticas, carismáticas, geniais, desenxabidas... E todas interessantes, sem exceção.

Personagens e histórias inventadas para quê?!

Cenário

Lisboa, 30 de Dezembro de 2011

O leitor está mortinho (?!) por saber se deu muito trabalho arranjar este cenário.
Não, não deu trabalho nenhum, foi um prazer. Trabalho e prazer não se misturam, quanto a mim.

Ano Novo

O senhor arquiteto pediu-me desculpa no final, dizendo que eu tinha estado a fazer de padre, ouvindo a história comprida duma das dívidas dele e o quanto não gosta de passar o ano a dever. Depois desejou-me um bom ano e eu retribui.
Gosto de ouvir as pessoas porque aprendo. Normalmente é assim. Neste caso ouvi falar na primeira pessoa dum caso jurídico de heranças, sempre tão contendiosas, o que dista em muito das minhas vivências mais esquisitas. O dinheiro é um reles bem e um mal necessário.
Gostei da história. Quando acabou, e ele fez uma despedida como que em jeito de desculpa pelo tempo que me tomou. Quando acabou, eu escrevi.

'Ora essa, senhor arquiteto! Eu agora vou daqui escrever um texto. Logo à noite o senhor e a sua dívida figurarão no meu blogue. Longe de olhares reprovadores, pode crer. Ninguém nos (re)conhece, não tema.'

Ano Novo

O ano está no fim mas as minhas tiradas do caraças nem por isso.

O homem decidido entra e eu...

– Ena, o senhor já vem com o dinheiro na mão!

O homem diz que quer 'uma coisa destas' e eu...

- Uma só?! Consigo vender-lhe seis, caso queira!


(Pode porventura pensar-se que conheço os dois cavalheiros - sim, são duas cenas distintas - em questão e portanto estou a brincar porque tenho confiança... Mas tal não é verdade. De todo.)

Leveza no elogio

Alguém dizer que estou vaporosa é um elogio do caraças. Dentre outras coisas menos gráceis, vapor pressupõe leveza, logo... Blás.

O desejo

Uma cliente despediu-se de mim dizendo:
«Bom trabalho!»
Que gira...
Depois, quando saiu lá fora puxou o capuz e cobriu a cabeça, parecia uma monja ou assim.
Que gira...
Eu diria que o capuz na tola é por causa da porra do frio. Mas ela, a julgar pelos modos lânguidos, o risco escuro e certinho nos olhos e a boca bem delineada num vermelho escaldante (viste só o trocadilho?!), deve tapar a mona porque:
«Ai credo tá um frio que não se pode e mai não sei quê!»
Gira, gira...

Porrada nos gaijos!

Eu estava a dizer ao senhor Tomé que dar pancada na massa alivia os nervos. Logo se mete a esotérica na conversa:

– Ah, mas depois ficam lá as energias negativas e quem vai comer o pão fica mal disposto! Não se deve fazer isso!

Ó 'miga... Então? Qual não se deve, qual quê! É pouco bom fingir que damos porrada nos gaijos, é!

Carta à ênquél, à dejónesônes ou isso

Não interessa para nada se fizeram negócio ou fusão ou lá que é. O que interessa é que os meus clientes querem ver escrito na embalagem do líquido para lavar o chão chamado 'completo' o nome dejónesônes, pois quando não... Eu não venderei um chavo deste produto. Vós, homens de negócios ao nível mais alto que existe, estão a ver o problema da pecanininha aqui, né?! Voltem a escrever dejónesônes na embalagem e deixem-se merdas, vá.

Pessoal mas transmissível

Faltou qualquer coisa na elaboração dum post - Lisboa – Galerias Acqua Roma, 23 de Dezembro de 2011 - que escrevi há dias. Esqueci-me de dizer porque é que escolhi o livro - 'Diário de um fescenino', Rubem Fonseca - quando escrevi o post.
Escolhi este livro porque está escrito num tom intimista, com o qual me identifico mais que muito, uma vez que é o tom com que geralmente escrevo. Mas não só, também o escolhi porque foi escrito por um homem. Ultimamente todos os livros que leio são de autoras. Está na hora de mudar, eles - também - devem saber escrever...

E era isto.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A avenida

Já escrevi algures que a avenida Manuel da Maia (Lisboa) é particularmente agradável se estiver um dia frio mas soalheiro e forem duas e meia da tarde. Duplico hoje a referência. Foi tão bom passar por lá que tem de ser.
Há no entanto uma diferença, observei mais de perto as flores garridas que um dos prédios tem nas paredes muito claras. Ao passar de carro e rapidamente sempre me pareceram feitas de plástico mas afinal são de material cerâmico ou algo assim. Algumas apresentam fissuras, outras gastas pelo tempo, outras ainda... perfeitas. Se calhar são mais recentes ou foram recuperadas. 
Não tirei foto. Lamento bastante, agora.

Em saldo

Os saldos começaram, o que não quer dizer que vá a correr fazer compras. Sou pobre e evito comprar futilidades o ano inteiro. Já andei para aí a vasculhar prateleiras e bancadas apinhadas de roupa e acessórios giríssimos... ou então não.
Estávamos a almoçar. Numa brincadeira eu dizia ao meu colega que assim que acabasse de comer levantar-me-ia muito rapidamente para ir comprar dois pares de brincos ali assim onde os têm a um preço do caraças. Logo me olha o senhor Antiquário, com atenção redobrada e uma expressão de espanto que só visto:
'Estas cabras só sabem gastar, gastar, gastar!'
Eu acho muita piada a este tipo de expressões. Estes cabrões não costumam 'saber' que têm uma cabra destas lá em casa. A deles? Nunca! Coitadinhos.

Cheira a laranjas

Entra-me aqui e a certa altura diz, como que desolado:

– Ó pá, estive a comer laranjas, já lavei as mãos duas vezes e não sai o cheiro!

Achei melhor dizer ao senhor que não se apoquentasse, o cheiro era meu, eu tinha estado minutos antes a comer tangerinas. Não me apeteceu lavar as mãos por causa da porra do frio. Omiti a parte em que me faltou o asseio, claro. E ele diz, com grande alívio:

– Ah, então ainda bem. Desde que cheire a laranjas...

O chinês

Mostrei um cadeado a um cliente chinês que mal falava português. Assim que o homem viu a origem do artigo logo fez um esgar de desagrado:

– Oh... Made in China...

Não aguentei, desatei a rir. Até bati palmas... Isto é que é! Muito bom, sim senhores!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O nome

Lisboa, 27 de Dezembro de 2011

Joaquina de Deus. Mas sempre lhe chamaram Céu. Ó Céu isto, ó Céu aquilo. Aos doze anos descobriu o nome, já trabalhava na padaria, foi precisa uma certidão de nascimento para o Bilhete de Identidade, o irmão vem de lá com a nova: tu não és Céu, és Joaquina de Deus.

Tem um telefone novo mas gostava muito do outro que tinha, estava muito habituada.
– Era daqueles assim de rodar, sabe?
Sei, dona Maria do Céu.
– É muito antigo... É assim daqueles de rodar, sabe como é?
Sei, dona Maria do Céu.
– Ainda veio da casa dos meus sogros! Casei há 56 anos, por isso veja lá, antigo que é! Estava muito habituada ao outro. Eu deste não percebo nada!

Não é a primeira vez que a dona Maria do Céu aparece neste blogue e já por aí deixei escrito que não lhe inventei nome, não acho motivo para isso. Torna-se deveras engraçado que não seja esse o seu verdadeiro nome.

Pedidos&Achados

Deixaram cá esquecido a senha dum serviço público e a senhora de fátima.

Não são precisos, caríssimos clientes. Obrigadinha. 
A senha já deve ter passado os três números de tolerância e a senhora de fátima... Bem, eu e catolicismo não nos damos lá muito bem.

Venham buscar as vossas coisinhas, sim?

Ósculo

Uma senhora deixou um beijinho muito sentido para o meu patrão, recomendou vivamente que não me esquecesse de o entregar, eu que dissesse:
«A senhora do 54 - 5º esquerdo, deixou-lhe um (grande!) beijinho, muito sentido, e (reforçados) votos de bom ano e muita saúde.»

Não fica lá muito bem eu vir para aqui dizer que a senhora do 54 – 5º esquerdo deixou um beijinho repenicado... E se ela descobre que eu divulgo partes de moradas no meu blogue?!

O que vale é que ninguém me liga.

Como se chama?

– Olhe, eu queria aquilo que tem na montra... o Agirol ou lá que é...


(É o lá que é, 'migo, que Agirol não temos cá.)

À la prochaine fois!

Ter no campo de visão uma pilha de pratos para vasos, num primeiro plano, e noutro a seguir o chapéu do Matias, é o suficiente para criar um texto. Mas fica para uma próxima vez.

A avenida

Quando espero um sinal verde para peões gosto de olhar no sentido inverso ao que os carros circulam. Manias...
Gosto de ter a cara contrária à vida, numa tentativa vã de deixar de viver. Gosto e tentativa inconscientes na hora, mas presentes, agora que escrevo. Coisas minhas, pode dizer-se. Ou então manias. Manias, pois. É melhor, assim sempre dou a ideia de ser uma pessoa com auto-estima... moderada, vá.

2001102

Tenho uma pastinha, tipo lembrete, que diz o seguinte:

'Aguarda multibancos ou assim...'

Pode não parecer mas sou uma funcionária organizadíssima. E fofinha, já agora.

O sofá ocupadíssimo

Hoje fui eu que fiquei com o sofá, destronando por completo aqueles dois jovens cavalheiros que ficam horas refastelados no dito, ora preguiçando e cavaqueando, ora cavaqueando e preguiçando. Hoje foi a minha vez! Calha a todos...

Resquícios de Natal (que ainda os há...)

Que o Natal tenha sido 'bom, graças a Deus'... Parece-me muito bem.

Fim de ano

O ano está no fim. Não fiz grande balanço, que até nem sou muito dada a esse tipo de coisas, mas queria registar que este ano foi melhor que o ano passado.

Como resolver?

Primeiro ligo o telefone, algo estarrecida com os valores que constam na fatura... Atende-me a máquina, esse objeto adorável...

«Dona Arlete, é a Gina. Por favor, diga-me: não se terá enganado naquele artigo assim-assim? Veja lá, é que aumentou substancialmente! Depois diga-me qualquer coisinha...»

Volto-me para o papelinho, observo-o novamente, desta feita uso de mais minúcia. Oh céus! Onde é que eu tinha os miolos, pá?! Enganei-me redondamente... Remarco o número da dona Arlete...

«Dona Arlete, esqueça a gravação anterior, sim? Eu fiz confusão com aquele outro artigo. Desculpe lá isto... Tenha um Bom Ano!»

A falar é que a gente se entende. Se sozinha, tanto melhor.

Atender ao balcão

Algumas pessoas confessam-me que não teriam paciência para o balcão. Acontece depois de observarem um ou outro atendimento em que os clientes são uns cromos do caraças, mas não necessariamente chatos, pelo menos no meu ponto de vista. Não estranho estes comentários, sei que é preciso algum traquejo para desempenhar esta profissão. Não obstante, não sou talhada para a vida de balcão:
não gosto do contacto esporádico tão característico,
não tenho resmas de simpatia,
não tenho paciência aos montes,
não morro de amores pelo processo compra / venda,
não tenho um elevado poder de persuasão.
Estou bem próxima ao fracasso, portanto, mas deslindei o traquejo algures, foi surgindo espontaneamente, com o rodar incessante da vida. Não é que seja um grande traquejo, é um traquejozito, vá. A gente habitua-se a tudo, indubitavelmente.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Resquícios de Natal

Lisboa, 27 de Dezembro de 2011

Hoje é dia de ouvir perguntar se o Natal foi bom. É dia de ver as pessoas ostentando os casacos/sapatos/botas/malas novos que compraram com o subsídio ou receberam de presente. Dia de perguntar das prendas no sapatinho. Dia de perguntar se gostei, se não gostei, se tive muitas, se tive poucas. Dia de falar acerca do almejo de saúde para todos. Dia de dizer que isso é o mais importante. Dia de responder repetidamente.

Dia de novidades, também. Novidades diferentes doutros dias. O senhor Tomé disse-me que este Natal já passou e que agora espera o próximo. Achei um dito invulgar.

Limpezas com alguma profundidade

Lisboa, 27 de Dezembro de 2011

Não pense o leitor que se livrou deste assunto.
Continuo de volta das limpezas com alguma profundidade, pois. Os frascos da foto, não é que os tenha descoberto, antes dei com eles, há algum tempo que não os via. São giros. Giros e vintage. Estou habituada a que as pessoas achem a drogaria interessante pelo antiquário que ainda cá perdura. E é-o, de facto. Uma drogaria é um espaço interessante. Cabe às pessoas, as mesmas que acham este espaço interessante, comprarem aqui para que a gente não morra...

Diferença

Um cliente pensou que não era comigo que tinha falado noutro dia. Estava, inclusivamente, convencidíssimo disso. Ripostei que só poderia ter sido atendido por mim, uma vez que sou única no pedaço (às vezes brinco dizendo que sou a empregada mais exemplar deste balcão mas achei melhor deixar as matracas fechadas e não dizer baboseiras, que o homem era um bocado sério).
Já me esqueci onde ia...
Adiante, que já me lembrei.
Pus-me a imaginar que diferença terei hoje em comparação com o outro dia...
Terei engordado com as iguarias natalícias?!
O meu penteado estará ainda mais informe?!
Terei mais rugas, cãs ou outras coisinhas do género?!
Oh céus!

Pedido

Vá lá, pessoas... Apareçam aqui, não me desamparem, eu preciso escrever. Olhem lá a solidão...

Resquícios de Natal

Este ano apenas recebi um email a desejar as boas festas. Eu própria não enviei nenhum email do género, a não ser a retribuição àquele, que ainda por cima veio pelo via profissional. Se bem me lembro, costumo mandar uma 'coisinha' mais ou menos personalizada a alguns dos meus contactos. Mas este ano não, limitei-me a desejar as boas festas aos leitores nos próprios blogues e quer à família quer aos (supostos) amigos... nada. Não sei que raio se passou comigo. - E também não sei que raio se passou com a família e os (supostos) amigos -. Não quero desculpar-me com a falta de tempo, a gente sempre o arranja em querendo. Não quero pensar que foi a demência que me apagou o ato de boa vontade da memória. Mas se calhar foi. Não chegarei a tanto, presumo, isto de ser demente tem muito que se lhe diga. Também não quero nada parecer (ou pensar que sou) alguém buscando a solidão inconscientemente.

Pausa

É tão agradável quando os clientes me pedem desculpa por interromperem a degustação da maçãzinha...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Folguedo

Hoje estive de folga. Foi fixe.
Amanhã irei trabalhar. Espero que seja fixe. Naturalmente, sem que eu tenha de fazer por isso.
Tenho umas saudades do caraças de escrever, estando em casa já se sabe... Ou escrevo os ditos dos ricos filhos, às quais só a minha veia materna acha graça, ou então escrevo das comidas e das limpezas que faço/fiz, dos vizinhos chatos, ou então interessantes ou ainda assim-assim.
Talvez não fosse um tormento para o leitor (creio eu, e já estou para aqui armada aos cucos, com a mania que sei tornar qualquer episódiozinho da treta num verdadeiro carrocel de emoções) ler estas coisinhas hoje, mas para mim é-o. Pelo menos, hoje é.
O melhor disto tudo, e deixando-me de parvoíces que não lembram a ninguém, o melhor, mesmo, mesmo o melhor... é que a semana começará à terça-feira.
Até amanhã, pacientes leitores.

domingo, 25 de dezembro de 2011

A excelência do Natal

Loures, 25 de Dezembro de 2011

O símbolo, a luz e as goluseimas no aconchego do lar.

Oferta de Natal

Não é meu costume vir para aqui listar as ofertas de Natal (ou mesmo de aniversário) que recebo. Mas desta vez vou registar uma prenda que recebi porque é verdadeiramente fantástica: um livro - 'O Dicionário dos Sabores', Niki Segnit.
Trata-se de uma prenda recebida das mãos dos meus ricos filhos. A ideia de comprar esta prenda para os pais partiu da rica filha, se bem que o rico filho tenha aprovado e participado na aquisição da mesma.
Adoro este livro, pelo que já li até agora. Foca-se sobretudo na junção de sabores, possui um apelo ao paladar muito forte, em todos os parágrafos. E tem receitas, inclusive. Em suma, ensina a cozinhar, instrui o leitor no sentido de entender os alimentos, fazendo-o conhecer as suas origens.
Passo a transcrever um pedaço da introdução:

Só me apercebi da profunda dependência dos livros de culinária quando reparei que o meu exemplar do 'French Provincial Cooking', de Elizabeth David, tinha marcas das minhas unhas a sublinhar as palavras.
Esta insistência em agarrar-me a um conjunto de instruções, tal como a um corrimão no escuro, era a prova conclusiva da minha timidez quando, na verdade, depois de 20 anos a cozinhar eu deveria ser suficientemente experiente nas receitas básicas para relaxar e confiar no meu instinto. Será que alguma vez aprendera mesmo a cozinhar? Ou era apenas razoavelmente competente no que toca a seguir instruções? (...)
Sendo uma simples cozinheira de família, embora ligeiramente obcessiva, não tinha o equipamento ou os meios para pesquisar essas ligações. Precisava de um manual, uma cartilha para me ajudar a compreender como e porquê um sabor fica bem com outro, as suas semelhanças e diferenças. Qualquer coisa como um dicionário de sabores. Mas um tal livro não existia e por isso, com aquilo que olhando em retrospetiva acabou por ser um ingenuidade quase comovente, pensei que podia tentar escrevê-lo eu própria. (...)
Escrever o 'Dicionário dos Sabores' ensinou-me muitas coisas. Uma das mais importantes foi a ter uma mente mais aberta às combinações que outros cozinheiros, de outras culturas, consideram evidentes. Mas sendo uma pessoas desorganizada, estou sempre à procura de padrões, uma forma de impor ordem a uma realidade sem regras. Em parte, esperava que este livro servisse essa função e se revelasse como uma Grande Teoria Unificadora dos Sabores, capaz de reconciliar a ciência com a poesia e com as opiniões da minha mãe sobre compotas.
Não fui bem-sucedida. Ou pelo menos não completamente. Aprendi alguns princípios genericamente aplicáveis. Por exemplo, como usar um sabor para disfarçar, reforçar, temperar ou alegrar outro. E também estou muito mais alerta para a importância de equilibrar o sabor - salgado, doce, azedo, amargo e
umami - e para tirar o maior partido de texturas e temperaturas contrastantes. No final o 'Dicionário de Sabores' acaba por ser um conjunto de factos, ligações, impressões e lembranças, que não pretende dar-lhe instruções exatas, mas sim fornecer-lhe a inspiração para fazer a sua própria receita ou adaptação. Em resumo, existe para dar asas à sua imaginação.

Amor

Loures, 25 de Dezembro de 2011

Ai, o que eu gosto de ti!

Nem sonhas...

A crise e as oferendas de Natal

Milena espreita à janela do quarto de longe a longe. O lixo é menos volumoso este ano, conclui.

Neste dia de Natal...

Loures, 25 de Dezembro de 2011

... Poema de Pablo Neruda, 'Livro das Perguntas'*

XVII

Já reparaste que o Outono
é como uma vaca amarela?

E como a besta outonal
é logo um escuro esqueleto?

E como o Inverno acumula
tantos azuis lineares?

E quem pediu À Primavera
a sua monarquia transparente?


* Página 23

Domingo, 25 de Dezembro de 2011; Dia de Natal

Um Domingo como os outros, este de Natal?!
Não.
Há mais bolos e doces na minha mesa.
Não há nada à espera de ser feito.
Tenho mais tempo livre.
Teclo num computador mudo bem mais cedo que o habitual:
cinco e tal da tarde.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal!



E pronto! Vou-me 'calar', por agora. Existem milhentas coisas para preparar e às quais é preciso dar toda a atenção. Coisas essas que são – quase, quase, quase... - tão prazeirosas quanto escrever. Trata-se da espécie de boda que vou preparar para os comensais mais fantásticos do universo: marido estremoso e ricos filhos. Ajudada p'los mesmos, claro está.

Eu e os ditos comensais, desejamos a todos os leitores, visitantes e/ou passeantes deste blogue um Felicíssimo Natal! Felicíssimo, pois, que eu cá é tudo em grande...

Não sou poeta


Disse a uma senhora que o nosso cartão de vista é tosco mas serviçal.
Disse a um senhor que o alicate é um apetrecho cortante.

Nenhum manifestou alegria ou reverenciou as minhas palavras, em nenhum notei um pouquinho só de cumplicidade, em nenhum olhar vi uma réstia de luz. Nada. Oh, céus, como sou uma alma solitária...

Rasgão

Há pessoínhas que escolhem o talão TPA mais bonito (a máquina cospe dois), não o querem rasgado, tem de estar o picotado muito bem desenhado, diz que é para guardar na carteira, que assim fica mais bonita, cheia de belos talões, todos bem compostos e assim...

Há pessoas absurdamente estonteantes... Fico-me por aqui. É Natal, não posso escrever asneiras, olha lá a boa vontade e essas coisas. Quando não... Ah, caraças!

Notícias

Em todas as horas a Radio tem noticiado que o Eusébio (o locutor refere o nome completo do antigo jogador, inclusive) esta noite dormiu bem.


Ora bem, eu quero que o mundo saiba que eu não, eu não dormi bem esta noite. Nem esta nem as antecedentes, antecedendo umas duas semanas, para aí. Às seis e picos da manhã chega-me uma insónia que dura até bem perto da hora de levantar. Um tormento.

Já todos tomaram conhecimento do meu lamento, certo? Ótimo, é sinal que sabem ler.

Lisboa – Galerias Acqua Roma, 23 de Dezembro de 2011

Comprei um livro: 'Diário de um fescenino', Rubem Fonseca.
Não que seja uma prenda de Natal para mim própria, comprei o livro longe disso. Andei por ali assim vendo capas, prescrutando títulos, revirando páginas, quando um parágrafo me chamou a atenção:

”O bom diarista”, disse Virginia Woolf, “é aquele que escreve para si apenas ou para a posteridade tão distante que pode sem risco ouvir qualquer segredo e correctamente avaliar cada motivo. Para esse público não há necessidade de afectação ou restrição.”
Não me imporei restrições, porém sei que estarei sendo influenciado de várias maneiras, ao considerar a hipótese de ser lido pelos meus contemporâneos. Os autores de diários, qualquer que seja a sua natureza, íntima ou anedótica, sempre escrevem para ser lidos, mesmo quando fingem que ele é secreto. (…) Nesse género literário, o autor fala sozinho, numa espécie de solilóquio.

Donativo

E pronto, 
lá vai mais um... 
Depois de lhe dar a moedinha 
o homem diz-me 
que eu podia 
escolher um prospeto. 
E eu escolhi este... 

É fofinho, pois é?

Todos os anos

Lisboa, 23 de Dezembro de 2011

Este é o terceiro ano consecutivo que apresento a iluminação deste lisboeta. Acho a decoração algo sui generis, posta ali ao acaso, ah é Natal e eu vou enrolar umas mangueiras luminosas na varanda e está feito!
Este ano, porém, o homem fez um upgrade, colocou uma estrela. Calhando é para contrariar a crise...

Bom Natal!

O impressionante, nisto do Natal, é que mesmo as pessoas que vêm aqui perguntar se eu vendo guizos ou coleiras para gato (não, não vendo), ou pessoas que nunca vi, ou mesmo aquelas pessoas que são de natureza esporádica na minha vida, me desejam o tal do Bom Natal. Se contágio, se a própria boa vontade da época é que não sei...

Bom Natal!

Indo na enga do primeiro post de hoje, devo dizer que as pessoas me perguntam vezes sem conta se estou aberta amanhã mas não é que venham cá comprar alguma coisa, é porque assim dizem já o Feliz/Bom Natal e Boas Festas.

Parvoíces e assim

Os dois últimos posts são para fazer jus ao 'site parvo' que é este aqui, onde o querido leitor se encontra ao momento...

Saudades

Se eu tenho saudades do meu patrão? Eh pá... Conclusão difícil de encontrar... Para já tenho umas saudades do caraças de fazer chichi descansada. Hoje fui apanhada:
'Um momento, por favor!'
Exclamo eu, muito aflita. O homem percebeu tudo, oh céus!

Pintados

A Henriqueta pôs-me os dedos dos pés a sangrar, pareciam uns cristos, palavras dela.
Escarafunchou os meus ricos dedos, que me doeu tanto, credo. Espero com fervor que me tenham sido retirados todos os espigões, bem como todos e quaisquer vestígios dos mesmos. Agora tenho uma linda cor acastanhada nas unhas grandes, só nessas. É Betadine. Mas antes estiveram vermelho-sangue. Literalmente.

Visitação

Uns enceram o chão, outros limpam as pratas. Estes clientes terão visitas no Natal, é notório.
Não que se me tenha esgotado o stock, o que lamento, mas tenho vendido ceras e limpa pratas p'ra caraças!

É uma chatice!

O homem do café hoje teve uma cliente implicante por demais. Pediu uma colher mais funda para comer a sopa, que estava cheia de pressa. E perguntou ao pobre se tinha microondas, que a sopa estava gelada.

12:30

É meio-dia e meia. Hoje é o dia de desejar as Boas Festas. Para quem abala hoje para a terra ou os que já não me vêm amanhã.
Ao momento o número de pessoas que por aqui passaram e manifestaram esses desejos deve estar arrimado à dezena.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

E o dia finda...

Lisboa, 22 de Dezembro de 2011

Tirei uma foto às caixas de que falei ontem neste post. Acontece porém que a imagem revela um pouco da minha parca e tosca secretária. Dizer que acho giro apresentar uma imagem dum calibre interessantíssimo como é o caso desta é puramente dispensável, presumo.
Fica a fotografia, então. Sou bloguista (e alma vivente!) há tempo suficiente para já ter aprendido que as pessoas retiram do que observam ilações não forçosamente iguais às minhas.

Conversar

Eu, para o meu colega:
– Olha, sabes aquele senhor que me comprou duas fechaduras para caixa de correio?
O meu colega, para mim:
– Não.
Eu, para o meu colega:
– Aquele senhor que depois veio trocar as fechaduras porque eram curtas...
O meu colega, para mim
– Não me lembro.
Eu, para o meu colega:
– Aquele senhor que até te foi lá moer para lhe dares uma porca...
O meu colega, para mim:
– Ah, já sei.
Eu, para o meu colega:
– É médico.
O meu colega, para mim:
– Hum...
Eu, para o meu colega
– É médico, ouvi-o ao telefone a receitar antibióticos.
O meu colega, para mim:
– Ah...

Este post existe para se perceber que nem sempre são os outros a prestar vassalagem à parvoíce. Eu cá também tenho cada conversa mais interessante...

(Escandalosamente?)

Os últimos posts são um tanto ou quanto... indecorosos, vá. Estamos no Natal, é altura de as pessoas fingirem ainda mais que é bem e é tudo bom e da paz e do amor.
Eu também abraço a hipocrisia nesta altura, dou umas esmolazitas, desejo uns 'bom-natal!' e 'tudo de bom!' querendo antes mandar à merda. Só que às vezes já não consigo fingir porra nenhuma... E salta de lá a minha veia (ou que raio é) escrevedora de textos... que não sei classificar, o leitor que classifique, em querendo.

A dívida

O bombeiro queria levar um certo artigo e perguntou se podia ficar a dever.
«Pode, sim senhor, leve lá que depois paga.»
«Se eu não pagar, e você me veja aí na rua dê-me nos cornos!»

(Hum, ok, senhor bombeiro. Mas agora estamos no Natal, cornos só nas renas, que a gente tem de se portar bem para receber os presentes...)

Bolsos cheios

A cliente era tudo menos feminina. Amandou charme másculo para cima de mim e tudo. Achei um piadão àquilo.

(Não, não estou a exagerar em nada, nem é o meu alter-ego a escrever.)

Quando chegou a altura de pagar vasculhou os bolsos das calças à procura de moedas. Achando dificuldade em concluir os intentos desculpou-se:
– A gente vai metendo aqui as coisas...
Eu ia falar das malas apinhadas com toda a classe de apetrechos, característica bem feminina, mas a postura dela era tão marcadamente viril que me contive. Seria uma comparação algo ofensiva... Ou catastrófica, quiçá?

Extra! Extra! Extra!

O meu blogue foi repescado 

com a frase 'sites parvos'. 
 
Maravilha!

Post sem título


Ora bem, vou ser curta e grossa, o que se passa é o seguinte:

A minha boca anda num site de sexo. Literalmente. Uma das minhas imagens (ver acima) foi larapiada por um gajo qualquer – que só pode ser pouco criativo, use as imagens dele, ora caraças! - que criou um site daqueles onde aparecem umas caramelas acariciando o clítoris ao mesmo tempo que fingem um prazer desmesurado.

O post original da imagem está aqui, oh.

Há montes de tempo que não escrevia dos meus óculos, é ou não é?!

A dona Genoveva esteve aqui comprando umas coisitas. Ficou a dever os vasos e o saquinho de terra, que tinha ido aos Correios e gasto todo o dinheiro no envio do bolo-rei para os sobrinhos que moram não sei onde. De repente repara nos meus óculos e diz que são assim como que 'saídos da casca'.
Gostei da definição, acho justa e isso.

Stuck On You

A rica filha estava a ouvir o Lionel Richie cantando 'Stuck on you'. Recordei os meus verdes anos teatralizando uma cena cheia de drama e nostalgia:

– Ai, quando eu tinha 16 anos, ouvia esta canção e ficava a matutar no amor não correspondido! Oh, porque é que ele não me curte?!

Depois, enfatizei o teatro colocando as mãos na cabeça e exclamando:

– E agora é a minha filha que ouve o Lionel Richie... Oh céus, como a vida é cíclica!

A rapariga riu-se da minha tosca prestação. Que mais fazer?, pois é.


Stuck On You, Lionel Richie

Stuck on you
(I've) Got this feeling down deep in my soul that I just can't lose
Guess I'm on my way
Needed a friend
And the way I feel now I guess I'll be with you 'till the end
Guess I'm on my way
Mighty glad you stayed

Stuck on you
Been a fool to long I guess it's time for me to come on home
Guess I'm on my way
So hard to see
That a woman like you could wait around for a man like me
Guess I'm on my way
Mighty glad you stayed

Oh, I'm leaving on that midnight train tomorrow
And I know just where I'm going
Packed up my troubles and I thrown them all away
Cause this time little darling
I'm coming home to stay


Fonte: http://www.vagalume.com.br

É canja!

Ouvi bater no vidro, o homem aqui do lado queria saber como se escreve 'canja', era para pôr na ementa do dia 'Canja de Galinha' e ele não sabia se era com jota ou com guê.

Não é o máximo a gente ter ares de quem escreve bem?!

Limpezas com alguma profundidade

Lisboa, 22 de Dezembro de 2011
O meu blogue é diarista, eu escrevo sobretudo acerca do dia e do que nele me acontece, ao sabor da emoção que me comanda, no momento... ou então não.
Hoje tenho de escrever das limpezas, claro, é o que mais tem tomado o meu tempo e ocupado a minha cabeça nos últimos dias.
Se bem que as limpezas com alguma profundidade hoje tenham diminuído, se comparar aos dias anteriores.
Mas vamos ao que interessa.
Encontrei um objeto estranho. Não sei o que é, não sei para que serve.
Na fotografia, objeto à parte, gosto do cenário.
Fica registado.

O homem gordo

Noutro dia, quando escrevi este post*, o que eu queria dizer era isto...

Encontro muitas vezes – praticamente todos os dias - o homem gordo. A pança é enorme, semelhante a um boneco sempre-em-pé. Move-se devagar devido ao perímetro da sua cintura, colocando um pé diante do outro lentamente.
Encontro-me com ele em pisos variados. Na cadeira do restaurante fast-food (aí não move os pézinhos, claro está, encontra-se refastelado). No corredor da galeria comercial, nos degraus ou na escada rolante das mesmas. Na rua, andando daquela forma redonda. Ou então... E ainda... De bata branca, atrás dum balcão, entalado entre prateleiras envidraçadas cheias de óculos. O homem é oculista.
O facto de encontrar este homem em momentos diferentes significa que a hora do encontro é diferente, depende do tempo que eu levo a beber o cafezinho do costume, no local de sempre.

*Se venho tarde encontro-o atrás da montra de óculos.
Se venho menos tarde encontro-o a caminho da loja dos óculos.
Se venho mais cedo encontro-o a sair das galerias.
Se venho muito cedo encontro-o sentado no restaurante de fast food.
Em qualquer horário o encontrarei redondo e inchado que nem uma pipa de vinho...

A prenda

«Ó menina, não se importa de guardar aí este saquinho? 
Tem livros, são para a filha da rapariga do café. 
É que se eu levo isto para casa, 
o meu filho e a minha nora vão pensar que estou a nadar em dinheiro...»

«Está bem, 
dona Marília, 
deixe cá ver que eu guardo aqui.»

O negócio

'Vamos falar como se não fôssemos compradora / vendedora.'

Foi o que uma cliente me pediu, queria um conselho de amiga.
Ai que eu não curto nada estas cenas...

Não dá para ser assim, minha senhora. Existe uma linha separadora fortíssima entre estas duas posições. Não é à toa aquele ditado que diz: 'Amigos, amigos sim, mas negócios à parte'. E um outro, ainda: 'Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque!'

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Feliz Natal!

Lisboa, 20 de Dezembro de 2011

Não é que não venha cá antes do Natal mas assim ficam já os votos para alguém... Que já não venha cá antes do Natal, é isso. Então Bom Natal!

Coisas boas de ouvir

Lisboa, 20 de Dezembro de 2011

'Já estive a dizer ao seu colega e agora digo-lhe a si: mantenha-se sempre assim jovem, que a velhice é um osso duro de roer...'

'Ó menina como é que mantém esse corpinho?'

Não interessa para nada estar a desmentir estas pessoas, a bem da verdade acho que me é favorável acreditar que sim, vou ser sempre jovem e tenho um corpinho fantástico. Para eles serei sempre assim, a sua memória não se estenderá a anos tão vindouros como a década 30 ou 40 deste século, os anos em que eu, caso não morra antes, serei uma velhinha tão simpática, bem-disposta e encarquilhada pelos anos como eles são neste dia.

Limpezas com alguma profundidade

Tenho andado atarefada. Mas acho que disse isso algures neste blogue...
Pois é, tenho andado atarefada limpando o que não lembra aos demais, passando um pano impregnado de lixívia em objetos como telefone, fax, calculadora. 'Inda me dá um choque elétrico ou o caraças...

Não é que a semelhança com o post anterior seja propositada. Não estou a tentar o suicídio, não senhores.

Envenenada(?)

Eram 11 e tal, para aí. Interrompi a pausa largando a maçã meio comida para vender soda cáustica. Negócio feito. Voltei à pausa e agarrei na maçã disposta a concluir a sua extreminação... esquecendo lavar as mãos.
São 16 e não sei quê. Ainda não morri. Sequer estou tonta ou mal-diposta. Urras p' ra mim.

A idade


O Outono 2011 acaba-se hoje, amanhã chegará o temido Inverno. Para contrariar mostro uma imagem primaveril bem marcada.

Há quem diga que tem dabliú Primaveras. Há ainda quem diga - querendo ser diferente, quiçá – que tem agá Outonos.
Este pensamento sempre me fez alguma confusão devido ao seguinte: hoje tenho 43 anos, 43 Primaveras e... 44 Outonos. E há mais: a 21 de Junho próximo terei completado 44 Primaveras tendo ainda os mesmos 43 anos.

Já agora, o solstício é hoje ou amanhã?

Post francês

Ontem fui a casa da minha sogra verificar o correio e ver se está tudo bem lá em casa, uma vez que se encontra ausente em França, junto aos Alpes. (Calhando ainda se encontra com o meu patrão por lá... Era giro.)
Há pouco falei com ela via telefone. Diz que já tinha ido ver a neve, que é muito fria porque um floquinho lhe entrou para dentro de uma das narinas. Perguntei se tinha feito secú...

- Ah, não, aqui não dá para fazer secú, mulher!

Telefonema

Sou duma simpatia tão desmedida que quando o meu colega me telefona, reconhecendo o número no visor do fax, deixo de lado o 'Tá lá?' ou o 'Tou sim!' e respondo simplesmente:

'Que é que isto quer?!'

Votos

Um cliente votou da seguinte maneira:

'Tenha um bom dia de Natal e não coma muito.'

OK, senhor cliente, assim farei. A menos que me chegue apetite voraz... comerei poucochinho, pode crer.

Limpezas com alguma profundidade

(Agora não vou escrever de limpezas, o título é só porque sim)

Tenho um patrão que me telefona de França a perguntar se estou bem e assim. C' est fantastique!.

Limpezas com alguma profundidade

Já provoquei uma espécie de inundação aqui no estamine. Ainda não parti nada, logo, alguma asneirada havia de acontecer... Mas não há problema, as caixas das fechaduras já estão ali assim a escorrer o excesso de água, logo mais restará apenas alguma humidade, amanhã de manhã estarão completamente secas. Menos mal.

A tolice de ser infeliz

Como já há semanas e semanas que Rezia se sentia infeliz, ela começara a dar significados a coisas que aconteciam, por vezes quase sentia que devia parar as pessoas na rua, se lhe parecessem pessoas bondosas, pessoas amáveis, só para lhes dizer, «Eu sou infeliz»; e aquela velha a cantar no passeio «E que importância tem, se alguém nos observar?» fê-la ter de repente a certeza de que tudo se iria resolver. Iam encontrar-se com Sir William Bradshaw; como o seu nome soava bem, pensou; ele iria curar Septimus. E naquele momento passou a carroça de uma cervejaria, e os cavalos cinzentos tinham palha entrançada nas caudas; e ali estavam os cartazes que anunciavam os jornais. Era um sonho tolo, tonto, ser-se infeliz.

In
'Mrs. Dalloway, Virgina Woolf

(página 93)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Saco de boxe

(Não, não é um post do ginásio...)

Um jovem cheio de ginete esteve ali assim a fingir que esmurrava os sacos de espuma que estão pendurados à porta. Olhou-me de soslaio, numa provocação meio escondida.
E eu... Eu queria arranjar algures um olhar sensual, para ser exatamente contrária ao que se espera de uma senhora quarentona com ares maternais. Mas logo desisti da ideia, o cenário era o das limpezas com alguma profundidade... Não conseguiria aldrabá-lo, tinha umas luvas brancas postas nas mãos, segurava um pano sujo de lama e tinha um balde cheio de um líquido acastanhado bem juntinho a mim.

Ai que saudades do (s dias de um) ginásio...

Este mês estou em hiatos. Dói-me o corpinho todo, credo. Hiatos do caraças, pá...

Explicação...

… Ao senhor que me viu no átrio do prédio onde é o escritório do senhor doutor e fez um esgar surpreendido e confuso.
Não, não sou maluca por estar sentada no pilar gelado. Fui lá acima entregar a faturinha à secretária (de carne e osso) do senhor doutor. Agora estou só a arrumar a sacada que trago comigo, fazendo vários transbordos, de saco em saco. Daqui a nada, tendo tudo nos conformes, levantar-me-ei e empreenderei a longa travessia que falta. Vai daí, logo a seguir, farei por parecer a pessoa de sempre.

Fotografia sem imagem

20 de Dezembro de 2011. 14 horas. 13 graus centígrados. Lisboa, avenida João XXI. Sol aberto em parte da avenida. Árvores com folhas muito amarelas. Forte luminosidade onde se juntam sol e folhas. Etérea beleza. Ausência de piscadelas fotográficas.

Limpezas com alguma profundidade

Há dias, num flash de (enormíssima) criatividade, criei esta frase das limpezas. Ao que parece, agora não quero outra coisa... Lá vem mais um:

Ah, pois! Você apanha o patrão fora e faz limpezas!

Ah, pois é, pois é, caríssima!

Limpezas com alguma profundidade

Encontrei uma velha garrafa de petróleo. Descobri que o petróleo envelhecido adquire uma cor aproximada ao mijo de velho.

Ou então, se quiser apresentar um post menos nauseante, pode-se comparar a cor do (jurássico) petróleo a um azeite fino. Fino e bom, claro.

A saudação é para ser ouvida

É da parte da tarde mas ele diz bom dia. Depois eu retribuo com a boa tarde e ele fica à espera. Quando chega a sua vez repete o bom dia com o mesmo tom e o mesmo entusiasmo e eu não respondo nada porque já disse o que tinha a dizer até ali.

Isto é giro. Quero dizer, eu cá acho. O bom dia deste senhor é sonante por demais, de maneiras que fica giro.

Eu e ele

O homem está no sofá preto.

Eu estou no sofá preto.

O homem limpa os dentes com as unhas.

Eu escrevo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Limpezas com alguma profundidade

Deixei cair uma caixa de pionaises para dentro do balde da esfregona.

... Não deixei nada...

Eureka(s)...

Sou uma mulher – pouco – interessante porque estou – sobretudo e principalmente – muitíssimo interessada.

Falo - imenso - sozinha porque ninguém – quer - conversa comigo.

A dor

O que uma mulher - com uma tremenda dor de cabeça – quer é um farmacêutico - extremamente - simpático que lhe venda um analgésico.

A crise e a poupança e o caraças

Uma associação da qual esta loja faz parte mandou os votos de Boas Festas. Mas acrescentando de seguida que este será o último ano em suporte de papel, por causa do ambiente e da racionalização de custos, a partir do ano que vem... É assim, e passo a citar por palavras minhas:
'Ou arranjas a porra dum email p'ra a gente se lembrar de mandar o feliz natal p'ra ti ou então nada feito, pá! Diz lá ao boss que se deixe de merdas e se modernize, vá!'

Hum, ok, até sempre amiguxos associados e assim, a gente vê-se por aí.

Limpezas com alguma profundidade

Estive a limpar o pó às bilhas de gás com um pano encharcado. Dentre outros afazeres igualmente interessantes, claro.

Fui à Baixa de Lisboa

É mesmo verdade, nem a Baixa tem luzinhas de Natal. Sequer tem o movimento de outrora. Ainda assim, no Rossio estavam uma espécie de pilares com muitas ramificações. Logo à noite hão-se acender-se, espero eu. Gostava que fosse em vermelho, a cor excelsa do Natal.

Ouvido na rua:
– Olha, 'bora ali, tipo, ao Santa Justa.
– Não! 'Bora antes, tipo, sentar-nos num banco!

No Metropolitano estavam papelinhos presos nas molas daqueles manípulos onde a gente se agarra para não cair (a gente não, que eu cá não chego lá...), dizia assim:
'O Natal não tem preço.'
Pois não. Não tem, não...

Fui à Baixa mas em trabalho. Quando ia chegando ao destino ouvi o sino (elétrico e programado, presumo) da Sé dar duas badaladas. Podeis adivinhar que horas eram, caso desejes e tenhais paciência.

Escreve aí!

Não sei escrever sob ordens. A maior prova disso foi o meu último texto para o desafio do blogue 'Fábrica de Letras' deste mês. Um comentário, o primeiro, foi o de alguém que ficou confuso.

(O outro comentário... Não tem jeito nenhum. Teria um rol de coisinhas das minhas a dizer acerca do mesmo mas vou manter-me calada...)

Isto tudo é só para dizer que não gosto de escrever assim, a mando, debaixo de fogo, à pressa. Eu tentei - julgo que voltarei a tentar, quanto mais não seja para escrever sob condições diferentes – mas não retiro prazer deste modo de escrever.

Limpezas com alguma profundidade

Espero ansiosamente que o elemento água e o objeto extintor não sejam inimigos, pois se assim for... já fiz merda.

Hipequétado

Sim, é engano, é.
Hipotecado, amiguxa. É h i p o t e c a d o que a gente deve dizer.

O plim! do meu carro*

Diz ele:
Este ano ainda não ouvi o plim do carro, o ano passado por esta altura já se tinha ouvido...
Respondo eu:
Se quiseres eu confirmo através do blogue, introduzo na pesquisa a palavra plim e ficamos a saber...


*O meu carro faz plim quando chega aos quatro graus centígrados.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Passeio pedestre por aí

Loures, 18 de Dezembro de 2011

O mar

XLIX


Quando vejo o mar de novo,
o mar viu-me ou não me viu?


Porque é que as ondas me perguntam
o mesmo que eu lhes pergunto?


E porque batem nas rochas
com tanto entusiasmo vão?

Não se cansam de repetir
à areia a sua declaração?


In 'Livro das Perguntas', Pablo Neruda

sábado, 17 de dezembro de 2011

The english costumer

Ele perguntou 'do you speak english?'
Eu disse ' a little...'
Ele quis saber 'do you have hair wax?'
Eu respondi 'not yet, next monday, I think, but I'm not sure...'
Ele perguntou 'do you have tooth paste?'

Fui buscar o que havia e pus em cima do balcão. Queria tanto, mas tanto, mas tanto, dizer que a pasta Couto (a que ele escolheu) era uma marca típica de Portugal e um dos nossos produtos vintage. Mas não soube como dizer, o meu inglês é tosco, aprendi-o a ouvir séries de TV e filmes.

(Outro post de trabalho ao Sábado...)

Sábado

Lisboa - Avenida Almirante Reis, 17 de Dezembro de 2011*

Eu bem disse que a minha vida piorara fortemente, tenho de trabalhar ao Sábado e tudo, o que, já se está a ver, é coisa rara.
E por trabalhar ao Sábado, existem posts de trabalho ao Sábado. Este é um deles.

Uma cliente ligou para o meu colega, precisava dumas coisitas arranjadas lá em casa com uma urgência que urgia urgentemente. Quando ele lhe perguntou:
'Olá, está boa, dona Não Sei Quantas?'
Ela respondeu muito simplesmente:
'Isso só depende de si, senhor Colega da Gina!'

*Hoje apeteceu-me pintar a fotografia de modo a que pareça irreal. Às vezes dá-me para isto...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Luzes de Natal desta Lisboa

Passei no Lumiar e cuidei de estar noutra cidade qualquer, está tudo iluminado, há inclusive uma extensão enorme de luzinhas dando as boas-vindas à freguesia. Um primor.
Aqui por estas bandas a luz natalícia anda muito pobrezinha, em comparação com anos anteriores. Na Praça de Londres há apenas uma árvore iluminada com a cor excelsa do Natal: vermelho. Está linda, toda preenchida por pontinhos luminosos, desde tronco a ramos. À hora do almoço já se encontra luzindo tenuemente e à noitinha chega o esplendor vermelho. Na Praça do Chile alguém se lembrou de enfeitar o Fernão de Magalhães com chapéus de chuva abertos. Quero dizer... uns abertos, outros meio abertos e ainda outros totalmente fechados. À noitinha acende-se a luz e a obra de arte, que nada tem a ver com Natal, pisca-pisca formando uma visão sui generis.
É assim o Natal. Tempos de crise, é o que dizem...

O elemento

Elementar forma de escrita, a que reside neste blogue.

Soberania

Dei uma folha contendo a receita dum bolo a alguém para fazer o favor de entregar a outro alguém. O primeiro alguém agarra na folha e põe-se a ler. Deturpou tudo quanto lia. O leitor é indubitavelmente soberano, interpreta e divulga o que lê como quer. E não é por isso que está errado, é a sua conclusão, ponto final.
Fiz esta referência aos presentes. Ninguém me entendeu.
Já me têm dito:
'Olha, ninguém te entende porque não estás no teu meio, as pessoas não têm os mesmos gostos que tu.'

Hum, pois é. Então vou para onde?

Relação numérica

43.68€, foi o valor das minhas compras no supermercado. Aludi imediatamente os dígitos à minha idade e ano de nascença. Esta é a minha relação com os números. A mais estreita que tenho.

Olha para mim

O homem do olhar espantado... 
Tem um olhar muito espantado. 
Olha-me sempre muito espantado. 
Como quem não está habituado à minha presença e em cada olhadela fugaz (mas intensa) que me dirige haja uma surpresa enorme.
É claro que isto tem a sua piada, é porreiro ver reação na outra gente, posso pensar (e escrever!) que ele olha para mim cativado pela espantosa beleza do meu ser. Porventura alguém vem desmentir tal afirmação?!

Ele...

... Diz que mudei – para melhor -, que sim senhor assim é que é, que gostou muito de ver e de me saber assim tão desenvolta.

Hã?! Quê?! A entrevista?! Ah, pois, o video com a entrevista que coloquei no Fuçasbuque... Mas lá não está um convite simpatiquíssimo e bem explícito para que venhas visitar este blogue? Que esperas, então?

Frases

Se uma cliente me explica ao que vem e usa a frase 'tá a ver a cena?', eu posso muito bem responder o 'é bué da fixe!

Só por dizer que foi em 'negócios' diferentes...

500 escudos

Ando em arrumações ligeiras e limpezas com alguma profundidade. Descobri o frasco onde se fazia a brilhantina que seria depois vendida avulso a quinhentos paus cada oitenta gramas. Despejava-se num frasquinho que o cliente trouxesse e media-se a peso, muito embora o produto seja líquido. Era assim.
Ainda me lembro duma cliente regular desta brilhantina. Lá de quando em quando comprava os oitenta gramas que lhe duravam uma série de meses.
Essa senhora morreu há algum tempo. Uma vez escrevi acerca dela, está neste post...

Árvore de Natal

Lisboa, 16 de Dezembro de 2011

«Tem ésses para pendurar as bolas de Natal?»

«Tem figuras de Presépio?»

Não e não, minhas senhoras. O mais chegado a decorações de Natal que há por aqui é a árvore que se vê na imagem acima. Por sinal, bem gira e original.

Cintura fina (?)

Ajudei a dona Genoveva a compor-se. Coloquei-lhe o cinto ao redor da cintura, a seu pedido. Nem sei porque o fiz. Calhando, foi porque sim.
Escreverei de modo a que pareça uma senhora amável e serviçal ou escreverei da falta de vontade em ajudar?
Não sei que faça, não sei que escreva.
Posso exagerar. Posso transformar o episódio. Esta cena pode ser enternecedora, hipócrita, atípica ou simplesmente inclassificável. Não sei definir. Às vezes não sei definir os momentos, isso constrange-me, estou habituada a esmiuçar, esquematizar, encontrar cernes que advêm somente da minha cabeça.
Eu descrevo, sobretudo descrevo. E não sei descrever esta cena, é o que é. Há-de ser alguém a mandar-me calar, a mostrar-me que não mando porra nenhuma, certamente.

Atenção!

Tubo de creme das mãos – amarelo.
Tubo de cola – amarelo.

Tomar atenção sempre que necessário qualquer um destes dois. Confundi-los não será aprazível.

Recadinho

O rico filho escreveu:

Tirei 5 € ao pai pa pitá-las

A rica filha corrigiu, acrescentando o 'ra' ao 'pa'. Em baixo adverte:

A linguagem escrita tem regras!

Nota: pitar = comer

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vinhos de Natal

Detive-me longamente. Olhei atentamente. O objeto era a montra de vinhos duma loja de bairro. A pausa foi tão extensa que deu tempo ao vendedor de se chegar à porta e interpelar-me, que se eu quisesse fosse ver lá dentro, tinha muitos vinhos dentro do 'bom e barato', agora para o Natal.
E ele foi falando. Era um homem de muitas falas, deu para perceber. Blás e mais blás. Os blás foram ter ao facto de o português geralmente deixar tudo para o último momento mas que era bom que assim acontecesse, isto falando dos presentes de Natal.
– Sim, é mais emotivo! - Concordei eu.
– Não! - Exclama ele, cheio de saber. - É que assim a pessoa vibra mais!

Hum, ok.

É mesmo verdade...

… Ninguém entende a minha poesia.

Temor

Temo as pessoas. Presumo que este seja um facto notório. Deveras notório.

Por favor...

… Não usar os vocábulos 'poroso' e 'numerário' caso se comunique com as camadas jovens.

O Amigo

À semelhança do que ouvi por aí, lembrei-me de fazer 'o amigo secreto' com o meu colega, este Natal. É giro, a gente faz o sorteio e tudo. Temos é de deixar o secretismo de lado...

A magra

Noutro dia vi uma apresentadora de TV ao vivo num armazém onde me abasteço. Achei-a tão magra, tão magra, tão magra...
Quando for famosa não vou à TV dar entrevistas. Lá, a gente fica gordas e assim. Um horror.

Solitude

É hoje. O dia francês, é hoje. 15 de Dezembro de 2011.
Vou chamar-lhe assim – o dia francês - , é provável que o leitor não perceba nada mas descodificar este item daria imenso trabalho e não é tão interessante assim. Apenas acrescento que está relacionado com o que escrevi aqui.
A partir de hoje estou sozinha, gerindo o estamine, até um dia desses, algures em Janeiro próximo. Diz que 'patrão fora, dia santo na loja' mas comigo não funciona dessa maneira. Tanto não funciona que este é o meu primeiro texto de hoje. Incrivelmente, hoje ainda não tinha tido tempo para escrever (são 16:22), tenho estado ocupadíssima... Oh, céus! Até já...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Derradeiro

Saí para a rua disposta a dar o meu último passeio.
Vagem de feijão verde na passadeira.
Senhora de cabelo lilás pisando a mesma.
Quatro pombos pousados no fio que liga dois prédios na rua Francisco Sanches (Lisboa).
Estão sempre lá, descansam, talvez, que esta vida é uma correria. Ou uma voadela... voadia... voadice... voadeira... Os pombos voam muito, pronto!

A bola

Lisboa, 14 de Dezembro de 2011

Se a memória está certa comecei a fotografar este lugar na Primavera de 2009. Passaram dois anos e meio, para aí.
A bola sempre tem andado dum lado para outro, como se alguma criança a pontapeasse, levando-a a mover-se mais do que queria. Também podem ser as intempéries, a causa de tanto movimento...

Mediocridade

Não és.

Não sabes.

Em calhando, nem fazes.

Acalma-te

(O céu sobre) Lisboa, 14 de Dezembro de 2011

Tenho vida para tomar uns calmantes. Devia ter tomado um ontem à noite depois do jantar para dormir bem. Outro ao almoço para ficar dormente. E mais um ao lanche para nem sequer sentir a cabeça.

Eu não tenho problemas graves, não senhores. O meu problema é poucochinho e um só: eu não posso ter problema nenhum.

A relação...

… Mais estreita que tive com polícias foi atrás do balcão. Pelo menos até hoje. Eis outra relação com um polícia:

Queria um mosquetão. Remexeu e escolheu. Experimentou no cinto, depois de eu muito insistir que podia e tal e tal. Tive de me controlar p'ra caraças para não estar a olhar para aquela zona do corpo do sô polícia, porque ia parecer que estava a medi-lo ou assim. Os homens, mesmo os polícias, esses seres puramente viris, não suportam medições. Desviei o olhar e encalhei na pistola. Preta, enorme, mas a parecer um frágil brinquedo de plástico. Foi a (muito!) custo que reprimi a seguinte intervenção:
– Ena! Que grande pistola! Isso mata a sério?!

Acreditar

Não acredito piamente noutra forma de vida, escrevi eu há bocadinho. (Ver post anterior)
Não acredito que acredite piamente em coisa nenhuma. Eu própria não acredito na maneira como conduzo a minha vida.

Obituário

Lisboa, 14 de Dezembro de 2011

Morreu o sô João. O homem que me dizia lá do táxi:
«Olá, menina! Está melhor?!»
Este 'está melhor?' não é que eu estivesse doente, era só porque sim, era uma das piadas do sô João.
«Olhe que já são horas!»
Esta era outra das frases costumeiras do sô João. Aconteciam quando ele dava a voltinha vespertina em dias claros e amenos. Parava à porta e largava a exclamação, como se estivesse zangado. Só que não estava...
Morreu o sô João, um dos homens que sempre apareceu neste blogue com o verdadeiro nome, pois nunca encontrei motivo para assim não ser.

Não sou o género de pessoa que acredita piamente noutra forma de vida depois da morte. De maneiras que é assim: 'Adeus, sô João.'