domingo, 28 de fevereiro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (9)




Fui a casa da doutora. Está aparecer-me que o melhor é não chamar nome nenhum à doutora, nem maria nem gervásia nem olga nem rosário. Fica assim: doutora.
E eu fui a casa da doutora. É complicada a casa da doutora. Bolas! Muito complicada... Mais ou menos assim como ela, que não tem muita saúde mental. Como é que a mulher não há-de ser complicadinha?! Com uma casa daquelas, que em cada divisão dá para entrar em todas as outras. Que labirinto!
A empregada da doutora passava uma colcha de linho, o Luís montava um tubo na máquina da roupa e eu tirava fotografias a tudo, esperançada que a empregada da doutora não ouvisse os cliques e assim.
Também me está parecer que é melhor parar o post por aqui.


Nota


Todas as fotografias que publiquei hoje com excepção da seguinte fazem parte de um conjunto de fotografias que estavam atrasadas e que quando as tirei a ideia era colocá-las na etiqueta: 'Uma fotografia por dia que bem iria...'
Por razões que não vale a pena explanar, quero que ainda assim - atrasadas - sejam publicadas e que sejam publicadas fora da etiqueta.


Porta-chaves


Descobri que existem porta-chaves digitais com ecrã de 1.1" e capacidade para aproximadamente oitenta fotografias.
Fiquei encantada com o facto de existir semelhante objecto e com o facto de ser comercializado. Ou seja: alguém compra aquilo? E se compra: consegue ver-se alguma coisa nm ecrã tão pequeno? Não creio...


Negrito (2)


Ando aqui a contorcer-me toda para não pôr o negrito nos posts! É que são já muitos anos nisso...


Futebol




Hoje o jogo foi no Clube Futebol Benfica, o rico filho perdeu: 3-0.
Chuva, muita chuva. E frases:

- Ó pá e a bola não vem para aqui nem nada!

- Vai embora, Pedro! Anda, Pedro!

- Toca a subir, Pinheiro!

- Tira, André! Tira, André!

Trabalho




Houve aí um dia da semana que passou que eu achei que uma caixa de cartuchos de gás ficava bem numa fotografia. Fotografei e concluí que a minha ideia inicial estava correcta, os cartuchos de gás são um objecto muito fotogénico.


Novidades





Tenho uns sapatos novos e uma máquina fotográfica nova e um vestido novo.
O vestido não aparece aqui, pois não. E a máquina fotográfica que aparece é a reformada. Para ficar no álbum de família, digamos assim. Fotografias e álbuns de fotografias tem tudo a ver.


Vinho




Esta sou eu.
(Silêncio.)
Agora era a altura em que alguém respondia:'Muito prazer!'
(Silêncio novamente.)
Mas não era disto que eu queria falar. Eu queria falar do vinho. E também do meu recente interesse acerca de vinhos. Agora, sempre que se acompanha a refeição com vinho, eu, não só provo do nectar dos deuses, como acompanho mesmo a refeição com ele. Já sei diferenciar sabores, já não acho que são todos iguais. Isto vai lá. Um dia serei uma daquelas provadoras de vinhos que se fartam de passear país fora e ainda bebem de borla coisas absolutamente espectaculares. Isto vai lá porque eu sou uma mocinha cheia de sensibilidades, sendo que a gustativa é uma delas. Assim que provo um vinho começo logo a apreciá-lo e adjectivá-lo. Isto vai lá.


Negrito


Este modelo de blogue fica feio em negrito.

Compulsividade


Bem me parecia que não devia ter cedido à tentação de publicar as fotografias do dia neste blogue. Agora o que acontece é que tenho fotografias a mais e dias a menos. Isto porque me apetece fotografar tudo e acho tudo muito engraçado e interessante e ao fim do dia nem sei que fotografia escolher... Não sei muito bem como prosseguir com isto...


sábado, 27 de fevereiro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (8)




Loures, 27 de fevereiro de 2010


Parei ali, gostei do que vi e achei que era bem capaz de ficar mesmo bem no meu blogue. Olha, e ficou! Eu cá acho.
Tenho a mania das fotografias vazias. Assim singelas, com poucos itens, a atirar para o solitário, sem grandes confusões. Um pouco parecidas comigo, vá. E ficam. Ficam mesmo parecidas comigo.


Lugar bucólico


Bucólico

adjectivo
1. Pastoril.
2. Singelo, puro.

Indo um pouco ao tema Lisboa escondida, que tem pano para mangas daquelas mesmo muito compridas, noutro dia ouvi referirem-se à Lisboa escondida com a exclamação: 'Ah, aquele lugar bucólico!'.
Tal como tenho anunciado, o meu computador avariou e teve que ser formatado, o que significa que tudo quanto estava na memória foi eliminado. Perdi alguns documentos importantes, outros muito importantes e outros banais. Felizmente tinha grande parte deles bem guardados... Eis uma fotografia do lugar bucólico à data de 25 de maio de 2009:



António Canastrinha - Poeta


É morto. Este senhor é morto há muitos anos.
Conheci-o era eu ainda muito jovem. Diz-se que não prestava para nada, pelo pouco que conheci, e no pouco que conheci, concordo: não era grande coisa, não. Mas era poeta. E, em calhando, era louco: matou-se.
Tenho cá em casa um livro de poemas do supracitado senhor - ' Meus amores' - que nos foi gentilmente oferecido pela viúva em outubro de 1998. Retirei um poema que transcrevo:

    Sou um poeta louco

    Eu sou poeta e não conheço a altura
    Sou como as flores que não conhecem ódio
    Humildes, murcham junto à sepultura
    E secam, festejando um episódio.

    Sou dentro do meu bosque o varredor
    Onde apodrecem folhas junto à vida
    Entulho acumulado pelo amor
    Manhã de outono, triste, adormecida

    Sou dia e noite - Sou tempo sem sorte
    Sou fogo e alvorada que se esfuma
    Lanterna fraca, iluminando a morte
    Penso ser tudo - e sou coisa nenhuma

    Sou corpo velho, escanzelado e feio
    Sou um poeta louco - enfrento o tino
    Besta altruista que suporta o freio
    Um forcado nos cornos do destino.


'Um jeito estúpido de te amar'

Eu sei que eu tenho um jeito
Meio estúpido de ser
E de dizer coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem seu jeito
Todo próprio de amar e de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
Eu faço, e desfaço, contrafeito
O meu defeito é te amar de mais
Palavras são palavras
E a gente não percebe o que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mas o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar

Maria Bethânia

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

...


Estou louca. Quando é assim não escrevo. Escrever em muito, quero eu dizer.
Se os poetas e escritores são todos lunáticos só posso concluir que não tenho a alma de escritora que julgava ter porque a minha loucura não impulsiona a escrita.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O dia


Há pouco a dizer sobre hoje. A não ser que às cinco e quarenta da tarde a rua Morais Soares cheirava a frango assado e que sendo assim não se sabe se a malta janta cedo ou almoça tarde.
Também posso dizer que no mesmo sítio e no mesmo instante em que eu aspirava o cheirinho do frango tão fora de horas circulava uma senhora sem sobrancelhas mas com um risco a lápis preto em vez delas.
Comprei um verniz lilás. E um tecido de ganga.
Jantei arroz de atum e almocei um rancho que em vez de couves tinha espinafres mas não necessariamente por esta ordem, ou seja, almocei primeiro e jantei depois.
O meu computador 'novo' não me deixa colocar linques como dantes e cada vez que ligo a impressora tenho que a instalar.
Sou fantástica a escrever ironias mas acho que não se percebe lá muito bem que estou a ser irónica.
E era isto.


Perda


A minha religião já não é o que era: perdi um seguidor...


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Correio


Lá vai a dona Palmira... Um monte de cartas na mão, quase ao fechar das portas dos correios. A ver se não fecham antes de lá chegar. Corra, dona Palmira! Corre, mas não veloz, aqueles saltos agulha não deixam lugar à velocidade, as calças justas também não.
Na verdade a dona Palmira corre sem graça. Faz-me lembrar do tempo das aulas de aeróbica, em que eu tinha que levantar os joelhos acima, mais acima do que podia. A dona Palmira corre assim, parece que está na aula de aeróbica e levanta os joelhos ao invés de bater com os calcanhares nos glúteos*. Oh, dona Palmira...


*Escrevi glúteos porque o asunto envolvia exercício físico e num ginásio a gente não tem cu, tem glúteos...


Leitura


A rica filha leu o blogue...
Uma das minhas grandes questões enquanto escrevente, ou, neste caso, blogger, é saber se serei reconhecida no que escrevo.
Esta minha questão é talvez grande porque acho que não, não me reconhecem. Dá-me a impressão disso, pronto. Mas contrariamente, a rica filha diz que sim, que quando leu aquela cena da senhora azul reviu-me imediatamente ali. Quando lhe perguntei acerca do resto, foi vaga e inconclusiva o que me levou a pensar que estou certa: aqui, o que sou não se parece assim muito comigo.


Extraordinário


Ora bem, este é um post especial porque eu sou uma pessoa especial. E eu sou uma pessoa especial a quem acontecem coisas extraordinárias. Logo, sou duplamente especial, sou fora de série. Isto porque não creio que haja muitas pessoas a quem um sem-abrigo ofereça uma dúzia de ovos. Não há, pois não?


A posição


Dá-me ideia que os sôs polícias que andam na aula de streching comigo não acham lá muita piada quando a professora nos manda pôr de gatas... Não sei porquê, é uma ideia que me dá.


Conversa de parvos


- O senhor já atingiu a idade de saber que existem pessoas parvas.

- Eu não a acho parva!

- Mas eu não estou a dizer que você é parvo...

- Não, eu estou a dizer que não a acho parva.

- Mas eu não disse que você é parvo!

- Não! O que eu estou a dizer é que você não é parva!

- Ah...


Uma fotografia por dia que bem iria... (7)


A dona Islena deu-me isto:



São lá da terra. E frisou que não são tangerinas, são ancoras!
Não, não são âncoras, são ancoras. Lê-se como se tivesse um acento no 'o'.

Lisboa, 24 de fevereiro de 2010


O corte


Então, ninguém te elogiou o penteado? Ninguém te disse que estás muito gira?

Não.

Pois, é o que faz não ter amigas gajas. Sabes que os gajos não reparam nessas coisas...

Sei.

Até somos capazes de ver qualquer coisa de diferente e tal mas não sabemos identificar o quê.

Hum-hum.


Cores


Hoje pareces uma árvore: castanho em baixo, verde em cima.

Sim, e amarelo no meio...

...

...Que é a seiva!

...?!


Gordo


O homem queria anilhas grandes e eu disse que tinha lá das gordas.
'Gordas assim como eu?'
Hum, ups! Nem tinha reparado que o homem é gordo. É gordo, é. É mesmo gordo. Paciência...
Desculpei-me dizendo que costumo dizer estas coisas na brincadeira. Ele respondeu que também estava a brincar e...
'Eu brinquei primeiro!' Exclamei muito depressa.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pergunta e respostas


'O chapéu fica-me bem?' Perguntei eu aos ricos filhos.

Rica filha - É giro mas não gosto.

Rico filho - Pareces um taxista gay.


Hum... OK.
Depois esmiucei a coisa, claro.
'É giro mas não gosto.' significa que é um objecto bonito mas que a rica filha não usaria.
'Pareces um taxista gay.' foi a primeira coisa que o rico filho se lembrou assim que me viu com o chapéu pranchado na cabeça.


Uma fotografia por dia que bem iria... (6)


Diz:

Que não há mais ninguém que tenha disto em Portugal. Que é muito bonito. Que veio do México. Que é muito bom. Que é de alpaca.

(O post continua abaixo da fotografia.)



Foi o senhor Rodrigues que me vendeu. Esta peça é uma fivela de cinto que se usava para aí quando eu nasci e fazia parte do espólio dele. O espólio que ele anda a vender ao desbarato para se livrar dos restos de coleções. É que o senhor Rodrigues, dentre outras coisas, era vendedor. Hoje tem a casa apinhada de toda a classe de bugigangas inúteis mas rentáveis em tempos que já lá vão.
Achei a fivela tão bonita que quis comprá-la. Por ser bonita e não só, também para guardar uma recordação do senhor Rodrigues. Ele podia oferecer-me a fivela mas não quis para eu não lhe ficar a dever favores, disse ele, e levou-me metade do preço.
Isto de dever, ou não, favores tem muito que se lhe diga mas fica para um próximo post, assim haja lembrança e vontade de o escrever.
Hoje foi dia para comprar uma fivela da minha idade e agora fico-me por aqui.

Lisboa, 23 de fevereiro de 2010

Nota:
Quero deixar um pedido de desculpas pela falta de qualidade da fotografia de hoje. É que o material a fotografar sendo brilhoso fica difícil fazer uma coisa... assim mais ou menos, vá.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Post nas horas com fotografia e tudo


10:11

Vim de transporte público, o que até pode ser fantástico. E foi. Pior é ter-se acabado o caminho...

10:43

Estou desejando que chegue alguém para eu assumir a seguinte forma de egoísmo: focar a atenção nas questões doutra pessoa de modo a esquecer o que me atormenta.

11:04

O homem do gás pregou com todo o meu stock de alguidares e floreiras no chão. Ele chateou-se mas eu cá não, eu cá consegui sentir atempadamente que não valia a pena chatear-me.

11:38

Uma senhora queixou-se de falta de ar que a asma lhe provoca e do ar a mais que tem na carteira devido à escassez de numerário.

11:56

O cesto e o mini-tanque por obra do acaso, ou assim, cairam ao lado do Sô Ventura. 'Fui eu?' perguntou ele preocupado.
Não, Sô Ventura. É isto que é mesmo assim... Deixe estar, eu arrumo. Ele não fez caso e arrumou.

12:23

Devia distrair-me. Tenho de distrair-me, aliás.
Ontem, o passeio prolongou-se um pouco mais do descrito ontem.
A meio da rua começa o descampado. Ali não há casas, há hortas e uma fábrica que em tempos foi próspera. Digo foi porque não sei se continua a sê-lo.
Dentro do recinto que pertence à fábrica estava um cão preso, suponho que de guarda. Viu-me e permaneceu calado. Não ladrou como os outros. Não atentei nele, a não ser quando lhe vi uma tristeza no olhar de dar dó. Desisti das minhas fotografias e chamei-o, incentivei-o a vir ter comigo. Tudo em vão, não consegui mais que um rodar de pescoço que captei com um clique.
Pobrezinho, queria sair dali. Queria a liberdade, justamente. Depressa percebeu que eu não estava ali para o libertar. Aquele olhar transmitia um desengano e uma tristeza tal que, pareceu-me, desistira da vida.
Poucas coisas serão tão boas e tão belas como a liberdade.



12:41

Estou aqui estou ali mas conto voltar assim que se me acabe o tempo.

14:40

Custo a suster os pés fincados no chão, tal a força do vento. Não chove nem o raio a ver se isto pára!

16:26

Entrou um senhor. De notar serão talvez os óculos escuros. Notou-se porque não está sol.
Queria cola-vedante. Tenho cola, não tenho vedante e depois de inspecionar descobri que tenho cola-vedante.

16:31

Coitadas das pessoas na e da Madeira. As vivas, claro. As mortas não são coitadas porque já não são nada para além disso.

16:32

O Pedro Abrunhosa tem um novo disco.
Sim, é verdade, e também caiu noutro dia em directo nos Ídolos e deixou escapar um 'foda-se!' e o João Manzarra saltou graciosamente direito a ele e já agora acrescento que acho que se safaram ambos muito bem, dada a circunstância. Eu não teria feito melhor figura, a cair e a praguejar ou a saltar graciosamente. Não teria, não.
Mas dizia eu, o Pedro Abrunhosa tem um novo disco. Está a dar na radio. Acho que não é grande coisa, o disco. Não sei, digo eu. Continue a cair, senhor Pedro Abrunhosa. É muito mais criativo assim e impulsiona outros a sê-lo também.

17:12

Agora entrou um galifão de t-shirt justinha evidenciando o peito inchado.
Esta gente anda toda doida! Mas está algum calor?!

17:28

Tirar os restos de verniz das unhas devia fazer bem a qualquer coisa mas não faz.

17:41

Eu tenho tiques. Muitos. Mas aquele de assoprar pelo nariz como tem o senhor que acabou de sair daqui, esse tique não tenho eu. É assim como se estivesse a assoar-se mas sem mãos e sem lenço, ou o dos mocados da cocaína, esse mesmo. Esse não tenho.

18:42

As pessoas irritam-me e fascinam-me. É uma coisa incrível, esta.
A escrita é um processo solitário. Pergunto-me se não devia acabar com isto de escrever. Escrever transforma-me em algo não necessariamente bom e coloca-me num mundo à parte, estou sempre sozinha. A ideia é partilhar mas estou sempre sozinha.
As pessoas irritam-me, vivo num mundo à parte delas e possuo um interesse desmesurado por tudo isso.

19:01

Será que o motorista consegue ouvir as notícias? Com este burburinho parece-me que não. Porque raio terá ele o radio ligado se não se ouve?
Há crianças aqui aos montes. Que me lembre nunca tinha viajado numa camioneta que tivesse tanto miúdo. Vinham ao despique a ver quem sabia mais de contas de somar números redondos ao milhar.
Cheira a pó de talco. Hum...

19:32

O senhor doutor ficou chocado com a minha nódoa negra. Quando soube que quem a provocou, de certo modo, foi o meu marido, o senhor doutor ficou doente. Foi o que ele disse...

...

Daqui para a frente, é por pouco que o meu dia não merece ser revelado. Tenho uma vida cheia de coisas tão diferentes que me sinto um bocado embaraçada. Chego sempre muito tarde, janto a altas horas da noite e depois venho aqui escrever umas coisas. A ideia é partilhar mas eu estou sempre sozinha porque as pessoas me irritam. É capaz de ser isso.



Uma fotografia por dia que bem iria.. (5)




Há uns dias reparei num banco gasto que está na loja do senhor Salvador. Comentei com ele a aparência do banco e disse-me que já lá estava quando ele foi trabalhar para ali, há quase 42 anos. Conversa daqui, conversa dali, fiquei a saber que o senhor Salvador iniciou a sua doce actividade em Julho de 1968, ou seja, quando eu nasci.
Depois deste facto descoberto, bem como a minha idade desvendada, o senhor Salvador deixou-se-me dizer:
'A menina ainda é uma jovem!'
Pensei que comparada com ele é facílimo parecer jovem.
Voltei a centrar a minha atenção no banco tosco e lascado. Anunciei à laia de pedido que qualquer dia levava a máquina fotográfica para lhe tirar uma fotografia... Respondeu prontamente que sim, que há dias até estiveram lá duas senhoras dizendo que ali era mesmo giro para fazer um filme e assim. Achei que era bem possível isso do filme, afinal o lugar possui um conjunto de cores e formas gulosas e tão variadas que dá gosto ver. Para mais, o que se vê é para comer e cheira bem. O cheiro é bom mas isso o filme já não consegue transmitir, tem que se ir lá e inspirar.
Uns dias depois, quando precisei de chocolate em pó, pensei:
'Não é tarde nem é cedo, é mesmo a boa hora.'
E levei a máquina. E não estava lá ninguém. E pedi ao senhor Salvador para clicar. E clique!

Lisboa, 19 de fevereiro de 2010


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ora bem, o que se passa é o seguinte:




Já tenho o meu velho computador arranjado. É dele que agora escrevo. Porém, o pobre não tem nada na memória - imagens, músicas, sítios favoritos. Nada.

A imagem? É do Windows, portanto não faço ideia em que dia ou onde foi tirada. Amanhã já devo ter imagens da Gina para pôr aqui.


Uma fotografia por dia que bem iria... (4)




Hoje fui à minha rua. À minha terra e à minha rua. Está diferente aquela rua: há casa novas, há pessoas novas e há cães que dantes não existiam. Ladravam à farta enquanto eu caminhava. Pareciam anunciar uns aos outros a minha presença fazendo grande banzé.
Por causa do barulho o vizinho Artur, que me conhece desde os meus seis anos, assomou à janela do quarto. Reconhecendo-me brincou:
'Que é que andas aqui a fazer?'
Entretanto chovia. Uma chuva pesada, grossa. Tive de gritar:
'Vim ver os primórdios!'
'Hã?'
Apercebi-me que usara uma palavra desusual na linguagem corrente da maioria das pessoas. Entretanto também pensei que tinha mas era dito uma grande asneira. ... Não tinha dito asneira nenhuma. Repeti:
'Vim ver os primórdios!'
'Ah...'
O vizinho Artur não me entendeu. Paciência, se tiver muita vontade de entender consulte um dicionário.

Pinheiro de Loures, 21 de fevereiro de 2010


Anúncio às 20:53


Estou a ver o Telejornal. A ouvir, quero eu dizer. Isto é algo fora do comum. Tão fora do comum que quis anunciar.
É para ficar para a posteridade. Daqui a muitos anos, quando este blogue já tiver barbas, ou até quando já nem eu tenha a paciência que hoje tenho para mantê-lo, vou chegar aqui e vou ler que no dia 21 de fevereiro de 2010 estava a ver o Telejornal, a ouvir, queria eu dizer, e que isso era algo fora do comum.


Ricos filhos




O rico filho a jogar...



A rica filha a conduzir...


sábado, 20 de fevereiro de 2010

De braço dado


Ontem andei uns dois ou três quarteiões de braço dado com a minha sogra. É por causa da idade que ela se apoia em mim, mas não é só. É porque me aprecia, é porque se sente à vontade para este tipo de contacto.
Não sou muito dada a grandes demonstrações de carinho. Ela também não. Vai daí... só pode ser porque gosta de mim. Este apoio, este gostar da companhia, só pode ser porque gosta de mim.
Não tenho aquele sentimento que a maioria das pessoas tem pelas sogras. Eu gosto da minha sogra, é uma pessoa muito especial. Não é a primeira vez que escrevo sobre ela, aliás.
E pronto, por agora era isto: ontem andei uns três ou quatro quarteirões de braço dado com a minha sogra. Entrámos em lojas, mexemos e remexemos, falámos e comentámos das coisas e das pessoas. E foram uns minutos muito agradáveis.


19:23


Os chapéus de chuva voam com o vento, isso já eu sei desde os tempos de meninice. Hoje, pelas 19:23, descobri que os chapéus da cabeça também voam.
O vento é um gajo malfazejo e indesejado...


De volta


Fui e vim. Não fora o susto que não me larga e teria sido um perfeito deambule.


Muito


Pior que sentir-me velha, cansada e solitária, será sentir-me muito velha, muito cansada e muito solitária.
Acho que está na hora de ir ali distrair-me. Sozinha, pois.


Anúncio


Tenho muitas frieiras.

Tecidos e cores deles


Comprei um tecido para fazer um vestido e um para fazer uma saia.
Ontem, estando eu um bocado mais conversadora que o habitual, quando a vendedora pegou no tecido que há-de ser uma saia daqui a uns tempos, assim chegue o calor, comentei com a vendedora que aquela é a cor da moda deste verão. Ela torceu o nariz e depois disse que a cor era 'gritante'.
Pois que seja! Tomara eu que a cor da minha futura saia grite por mim: ‘Gina! Gina! Gina!’
É azul… É tudo azul…


A prenda




Gina Maria:

Tu nunca, por nunca, mais digas que não sabes fazer embrulhos, ouviste?!

(Sim...)


Dobra




O Clóvis agarrou na minha nota e mostrou-me como antigamente os japoneses dobravam o dinheiro e depois o colocavam preso no cabelo que usavam habitualmente comprido e apanhado. Era assim, como se vê na foto.
O Clóvis gosta dos japoneses e gosta de me distrair. Eu gosto do Clóvis, de pormenores, de tirar fotografias, de escrever...


Olhar


O olhar do escrevente tem de ser isento de influências. Não tendo que ser, e isto porque não sei se tem de ser ou não, eu é que sou assim, livre de influências, não tenho grande dificuldade neste campo.
Uma vez ouvi uma entrevista de António Lobo Antunes em que ele referia a esperança de nunca vir a perder a virgindade do olhar. Acho que era a isto que ele se referia: um olhar totalmente livre e desobrigado. Acho…
Agora que acabei de escrever estas linhas já tenho como certo o facto de não haver outra maneira de escrever. Ou é assim, ou ninguém escreveria nunca.


O saquinho


A dona Raqueline é uma mulher que pensa na causa das coisas. Trouxe-me o saco onde levara o que lhe vendi espalmado e bem dobrado para ser reutilizado. Não se pense que é para ajudar o planeta, não, é antes porque a dona Raqueline se preocupa em poupar tostões!


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A padeira


A padeira avia-me o pão que peço, põe-no dentro de um saco e depois puxa-lhe as pontas para cima para ficar sem ar. E puxa e puxa e puxa. Até ficar todo o ar fora do saco. Depois pega-lhe nas pontas e dá dois nós muito bem feitos. Bonitos, até, de tão perfeitos.
É também cuidadosa a colocar o saco do pão em cima do balcão. Parece ela que me estende um jogo de lençois imaculadamente limpos e engomados.
Quando vou àquela padeira já sei como é: vou munida de grande paciência para esperar que todo o ritual se cumpra...


Uma fotografia por dia que bem iria... (3)





Ganda viga!

'Ganda viga!' era a expressão que o meu irmão usava pra se referir a uma pessoa muito alta. Assim que vi esta viga no chão lembrei-me dele. Dele e deste post:
Agora a minha Lisboa escondida está nisto: cheia de movimento. Há pessoas e e reboliço porque há obras de recuperação num dos recintos. Tudo aquilo está muito diferente em vista e em pulsar.
Agora quando lá vou digo e ouço 'bons-dias' ou 'boas-tardes'. Também ouço 'alhos' e 'bogalhos' mas aí a conversa não é comigo, são os gajos das obras que são mesmo assim, numa frase de cinco palavras duas ou três dão 'alhos' ou 'bogalhos'. Os mais contidos até fazem para os mais destemidos: 'Chiu!' quando eu me aproximo, acho-lhes graça.
Tirei uma fotografia à viga no meio do chão, também lhe achei graça, a graça suficiente. Por causa da dúvida que me controlou a escolha hoje são duas fotografias, clique e clique!



Lisboa, 17 de fevereiro de 2010


Nomes e assim


A dona Raqueline não se chama exactamente assim. Escrevo sob um manto algo protector, protejo os ocupantes das histórias que conto e protejo-me a mim, claro. Mas a dona Raqueline tem mesmo cara de dona Raqueline. De modo que hoje, quando ela me telefonou para perguntar quanto era a continha e blá blá blá, fez-me impressão ouvi-la identificar-se com o verdadeiro nome...
A dona Raqueline, tal como já escrevi há uns tempos atrás, vai ao cabeleireiro às quartas. Hoje é quinta... Ao telefone queixou-se-me de que 'precisava lavar a cabeça mas hoje está tanto frio para sair de casa...'


O meu chapéu




Eu bem disse...

Despedida



Adeus!
Querida máquina...
Do coração!
Enquanto durou...
Não foi bom, não!

Bolo Pudim




Ingredientes do Pudim:

1 lata de leite condensado
a mesma medida de leite
3 ovos
caramelo líquido q.b.

Ingredientes do Bolo:

4 ovos
2 chávenas de chá de açúcar
1 chávena de chá de farinha

Confecção:

Bata todos os ingredientes do pudim muito bem, deite numa forma barrada com o caramelo e reserve.
De seguida o bolo: bata as gemas com o açúcar até ficar um creme esbranquiçado, junte as claras em castelo alternando com a farinha. Disponha cuidadosamente em colheradas sobre o pudim que está na forma. Leve ao forno em banho-maria.

Este bolo é soberbo, posso afiançar. Um muito bom apetite!


Afinal...


Tanta coisa, tanta coisa e este PC portátil afinal é tão bom, tão bom que tem um orifício de origem já com destino a ler cartões semelhantes ao que usa a minha máquina fotográfica. De maneiras que olha: tenho fotografias, tenho posts, tenho bolo, tenho um chapéu, tenho uma máquina de lavar roupa nova e tenho tempo para dar conta disto tudo!
O blogue segue dentro de momentos mas não necessariamente pela ordem de assuntos apresentados acima...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Avaria


Ora bem, caros leitores, não tenho computador. O meu computador velhinho pifou. A sorte é que esta casa é já há algum tempo uma casa normal, de maneiras que temos dois PCs portáteis e assim sempre dá para dar notícias.
Tirei fotografias e tenho algumas ideias para publicar mas neste PC de onde escrevo não vai dar para fazer nada do que queria.
Mas eu estou aqui e estou bem...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria...(2)




Se eu fizesse um post acerca de aspectos positivos de um chuvoso dia de inverno escreveria este:
Quando sacudir uma toalha de mesa cheia de migalhas à janela num chuvoso dia de inverno não será preciso olhar lá para baixo a ver se vai alguém a passar. Primeiro porque há muito menos gente na rua, a chuva afasta as pessoas do passeio. Segundo porque as que ainda assim andarem na rua, não andarão sem ser debaixo de um chapéu de chuva. Logo... Não levarão com as migalhas da minha casa em cima da pinha.
Hoje é esta a minha fotografia: a visão que tenho quando sacudo toalhas à janela, com chuva ou sem ela.
Era já noite, era...

Loures, 16 de fevereiro de 2010


Lembrete


Os dois últimos posts vão servir de lembrete para eu saber quando comprei a minha máquina de lavar roupa. Mais ou menos assim como faço para saber quando cortei o cabelo. Porque quando eu corto o cabelo faço um post! Quando pinto também... Quando pinto as unhas de azul ou outras cores estranhas como por exemplo 'Marrocos'... Quando vou ao Continente... Quando estou doente... Quando estou triste... Quando leio um livro...
Tenho a sensação que escrevo sempre o mesmo.


Dia


E acerca do dia? Que dizer acerca do dia? Basicamente foi assim: comprei uma máquina de lavar roupa.


Compras


Fui às compras, aproveitando o feriado. Lá, vi uma menina vestida de bruxa. O vestido era cor de abóbora com desenhos de bruxinhas voando em vassouras. A própria menina parecia uma figurinha igual às que trazia no vestido. Fez-me um bocadinho de impressão: uma menina de uns três ou quatro anos e já tão bruxa, pá!

Comprei uma máquina de lavar roupa. Foi um momento especial, devo dizer, há cinco anos que não comprava um artigo desta natureza. Não que tivesse saudades, muito antes pelo contrário. A especialidade do momento reside exactamente na questão da ausência de saudades...

Na caixa fui atendida pela Julia Roberts. Ao sério, foi também um momento especial. Não é toda a gente que se vê a braços com uma situação assim tão gloriosa. A Julia Roberts a passar as minha compras no leitor, eu a dar o meu cartão multibanco à Julia Roberts, a Julia Robrtes a dar-me o talão... Tudo assim, muito emocionante.

E era isto. Acerca de compras, era isto.


Passado


Andei por aqui a ler coisas antigas. Relembrei frases e pensamentos que já não tinha a ideia de ter escrito.
Sabe bem este regresso ao passado, gosto de me ler, mas sinto-me algo estranha por fazê-lo. É legítimo sentir-me estranha, suponho. O passado é algo para não ser desenterrado, ou repescado, ou repensado. Mas eu gosto de reviver. E é estranho...


Feriado


Um feriado é umas mini-mini-mini-mini-férias. As férias passam num instante, um feriado passa num instantinho.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria...(1)


Criei uma nova etiqueta: 'Uma fotografia por dia que bem iria...'
Existem dois poréns, e isto é uma espécie de desculpa, um é a incerteza de todos os dias haver fotografia, o outro é a quase certeza de nem todos os dias eu ter uma fotografia gira e interessante tirada no dia corrente. É, portanto, bem possível que por aqui apareçam fotografias de dias já passados. Mesmo assim, com estes poréns, continuarei.
Mas há mais, estou dividida: tenho dois blogues, uma ideia nova em termos de fotografias para explorar e não sei em qual dos dois blogues publicar a nova ideia.
Se por um lado o outro blogue foi criado pensando em exclusivo nas minhas fotografias, por outro este Verde Água, sendo mais visto e sendo o meu primeiro amor, tenho mais vontade de escarrapachar aqui e não ali o que inventei hoje mesmo...
E é assim: ganha este blogue! A fotografia de hoje segue já e depois o comentário relativo à mesma.





Dantes ali era uma mercearia, agora é um café. Um café com prateleiras recheadas de guloseimas refinadas: bombons, frutos secos, chás, cafés, bolos e bolachas. Aquelas guloseimas requintadas, que há quem chame gourmet.
O espaço é engraçado, está-se ali bem e o café é bom. A bolachinha que o acompanha, não lhe ficando atrás, ainda vem com a benesse de ser incluída no preço do café. Aquela frase, ou ideia: 'não paga mais por isso' é música para os ouvidos de qualquer cliente.
Há muito anos, no tempo da mercearia, carregava eu o rico filho na barriga, deu-me fome (vá-se lá saber porquê, isto da fome!) e fui lá comprar fruta. Assim que entrei senti-me num mundo à parte, olhei os armários de cor creme, o balcão em pedra gasta pelos anos. As mercearias, as frutas e os legumes, tudo limpinho e arrumadinho no sítio, devido à escassa clientela, talvez. Numa primeira instância o lugar aparentava duas coisas: desgaste e inércia. O senhor que estava a atender, o dono do negócio, era já muito velhinho. Combinava na perfeição com toda aquela visão que estava diante dos meus olhos.
Em 1994 eu já era perspicaz, tinha a mania do pormenor e isso, de olhar perifericamente com muita atenção, bem como de abordar as pessoas debaixo de alguma ingenuidade.
- Ah! - Exclamei. - Isto é tão antigo!
O homem riu-se para uma jovem senhora de barriguinha cheia de vida. Nunca mais esqueci o que ele disse:
- É assim como eu! Também sou antigo!
Um tempo depois o senhor morreu. Durante largos anos as portas mantiveram-se seladas. Depois voltou a haver vida. É sempre bom os locais reviverem...
E hoje, olha... clique!

Lisboa, 15 de fevereiro de 2010



domingo, 14 de fevereiro de 2010

O espaço




Prefácio

'Não sabes que não podes tirar fotografias em espaços públicos?'
'Sei.'

)..........(


Não havendo muito a escrever, esta fotografia livra-me de emudecer por hoje.
Eram sete e meia da noite e o espaço público encontrava-se compeltamente vazio e, não crendo que o manda chuva do espaço público em questão tenha qualquer tipo de problema em o ver retratado, aí está.
Tirei dezenas de fotografias, esta é especial... Pelo naperon, não tando pelo vaso ou pela planta. Acho que é pelo naperon. A decoração fora de moda aliada ao cuidado de alguém em alindar um cantinho.


)..........(


Posfácio

Lisboa, 12 de fevereiro de 2010


sábado, 13 de fevereiro de 2010

Perfil


Hoje decidi mudar algumas coisas na apresentação do meu blogue: mudar cores e tipos de letra, colocar na minha lista de leitura os blogues que leio há algum tempo e que acho serem para continuar a ler e passar cá para baixo a descrição do meu perfil.
Ao longo dos tempos a descrição que consta no meu perfil tem sido alvo de comentários, alguns maldosos mas outros nem tanto, revelam apenas pena em que eu 'seja' assim. Descrevo-me negativamente, concordo. Mas não me descrevo falsamente, eu sou realmente assim.
Há cerca de um ano, quando o meu perfil ainda só continha a primeira parte, andei com grande vontade de o apagar, por causa da negatividade que cai sobre mim sempre que alguém o lê. Entretanto apareceu aqui um leitor que disse o seguinte
neste post:

Para quem não gosta de poesia, o teu perfil («Eu sou isto») é um belíssimo poema.

Fiquei tão espantada quanto feliz, obviamente. Decidi não retirar nem uma palavra ao perfil e entretanto até lhe tenho acrescentado algumas coisas e voltado a receber comentários e emails por parte de visitantes e/ou leitores chocados com a maldade que possuo.
Ainda que obter resposta ao que escrevo seja benéfico, independentemente de ser uma resposta negativa ou positiva e que o importante é alguém reparar, se diz bem ou mal é o de menos, ainda assim e apesar disso, mudei a apresentação e a disposição das coisas por aqui.
Não me importo com o facto de chocar, não me importo mesmo, mas isso não edifica coisa nenhuma, não constrói. Construtivo será tornar este espaço agradável e proporcionar prazer a quem lê e vê este blogue. Em primeira mão era isso o que eu queria…


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Muito importante


A importância que dou ao blogue, ao meu escrever, é muita. O blogue é uma criação unicamente minha, não sou capaz de o eliminar ou deixar ao abandono. É um pouco como se fosse meu filho, em espírito.
O que se lê aqui sou eu, é a minha personalidade. Não sei se não serei só como me apresento aqui, só assim como me mostro. Não sei. Às vezes penso que sou só isto, que não escondo nada. Outras vezes acho que escondo tudo o que sou, que me transformo para dizer o quero, porque aqui é o único sítio onde posso dizer todas as coisas.
Uns dias penso em como escrever é libertador, em como permite conhecer-me e aceitar-me. Outros dias acho que a minha escrita, o meu blogue, são completamente inúteis.
Não sei o que sou, não sei porque escrevo. As dúvidas continuam a ser a minha única certeza.


Festas


Há pessoas que não gostam do Dia dos Namorados e do Carnaval. São as eternas queixas, que não deviam haver dias especiais para ofertas nem brincadeiras parvas com substâncias perigosas. Faz-lhes impressão, pronto. Essas pessoas despacham grande parte do incómodo este fim-de-semana. Um fim-de-semana só e vão logo duas chatices com os porcos. Pensem nisso que alivia. Em ele acabando depois já só falta a terça-feira que até é feriado e tudo, de maneiras que é muito mais fácil de levar. Chegados a quarta-feira, a semana vai a meio e a sexta-feira chega num pulinho e lá vem mais um fim-de-semana desta feita muito mais próxima da primavera, do sol e do calor que tanto desejam.
Vá, tenham paciência que isto está aqui está passado. Voltaremos a falar disto para o ano. Até lá.

Imagens retiradas da internet.

À parte


- Juntaram-se uma data de gajos, éramos alguns 6! - Disse ele. Depois contou-me quem eram, conheço-os um a um.
- Conversavam todos uns com os outros? - Quis eu saber.
- Não... Formaram-se dois grupos.
- Hum... O Clóvis e o Porfírio em grupos diferentes, certo?
- Sim... - Respondeu ele pensativo.
- Bem me parecia.
- Porquê?
- Dois machos dominantes nunca podem estar dentro do mesmo grupo senão está tudo estragado!


Azul


Tenho que comprar um tecido azul para fazer um vestido a ver se combina com os meus óculos novos. E também, já agora, um tecido para fazer uma saia, uma blusa, um casaco, umas calças, uma túnica. Tudo em azul a ver se combina com os meus óculos novos. E uns sapatos e umas sandálias em azul iam bem, iam.
Pois senão das duas, uma: ou vou andar sem óculos escuros no verão, ou vou andar descombinada em cores.
Ainda há uma terceira opção...


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Fotografia



- Ai que boneco tão giro para eu pôr na etiqueta dos esquecidos!
- Eia mãe, vais tirar uma fotografia ao boneco?! - Pergunta o meu incrédulo e rico filho enquanto a mana acompanha com exclamações de lamento. Respondo no gozo:
- Vá lá meninos, pensem que ao menos não conhecem mais ninguém assim como eu, que tiro fotografias a tudo!
- Não conheço? - diz a rica filha - Conheço a Patrícia! A Patrícia tira fotos a tudo, mãe!
- O quê?! - continua o rico filho cheio de espanto - A mãe pára o carro só para tirar fotos a um monte de pedras, ya?!
Bem... É assim a minha vida. Querendo ver, o monte de pedras está
neste post.


O balcão tem coisas...


1)
No chuvoso dia do derby, um senhor entrou para pedir que lhe guardasse o chapéu, que ia para o jogo e saiu de chapéu porque viu a chuva e não sei quê mas no caminho se lembrou que não iriam deixá-lo entrar com ele. Se não se importa e tal guarde-mo aqui que amanhã venho buscá-lo.
Ainda não veio, acho que já ganhei um chapéu.

2)
Uma senhora queixosa de uma mãe muito doente deixou-se-me dizer que as pessoas em chegando a uma certa idade deviam ganhar asas e voar. A mulher está deserta que a mãe morra! Ainda eu digo que não presto para nada...
Depois, descaradamente, ainda pergunta: 'Não acha?' Não respondi a ver se passava despercebida, porque se não passasse despercebida dir-lhe-ia de caras que não acho, não senhora.

3)
Ofereci uma rolha enorme que tinha lá a um jovem senhor. A rolha era tão velha, tão velha que estava toda enegrecida e cheia de rachas. Há antiguidades que não têm preço. Brincando disse ao senhor que não dissesse a ninguém que ia dali, não viesse todo o mundo ter comigo pedindo-me borlas de rolhas, por velhas que fossem.
Conversa daqui, conversa dali, o homem descai-se com 'o meu namorado isto' e 'o meu namorado aquilo'...
Atenção, nada contra tais tendências, cada um faz o que quer com aquilo que lhe pertence e com quem entende fazer. Mas lá que choca, choca!
Nota muito importante: o moço é giro que se farta... Oh mon dieu de la France!...


Contar


Pequena curiosidade: nestes anos de balcão que quantia de dinheiro já me terá passado pelas mãos?


14 e 50 - 13 e 35


Às 14 e 50 a avenida, não estando vazia, está menos cheia. São diferentes as pessoas que lá andam às 14 e 50 das que andam às 13 e 35.
Às 13 e 35 é o pessoal de escritório, do ministério, do banco. Às 14 e 50 são velhinhas e velhinhos, grávidas em fim de tempo, bandidos, vagabundos e balconistas daquelas que entram às 15. É que os das 13 e 35, às 14 e 50 não se lhes vê o rasto porque já tudo labora afincadamente.
Perto das 15 a avenida pulsa lentamente.


Vazio quente


A minha rua preferida estava deserta. Sentei-me a vê-la. Gosto tanto de espaços vazios. Tanto, mesmo.
Estava calor. Estranho, estava.
Aqui e agora não está. Vazio ou quente, não está.


Se


Se hoje fizesse um post ao minuto, diria que às 11 e 58 estava muito irritada e às 12 e 4 esfregava as mãos com frio já quase esquecida do que me irritou.
E que às 14 e 5 um cavalheiro pagou um almoço de 14 euros ponto 5 cêntimos.
A vida é coincidências e matemática, creio eu.


Tinha, tinha...


Não, não tenho tinha. Tinha era saudades disto aqui.

Palavras


Os dias de hoje estão tão povoados de internetes, é tão corriqueira a sua existência, que dificilmente passamos sem ela. Por isso adoptaram-se palavras vindas do inglês e não só: o blogar, o postar (desta não gosto nem um bocadinho, tanto que é esta a primeira vez que a escrevo), o clicar, o tuitar, o teclar, o linque, e há-de haver mais que agora não me ocorre.
Hoje rendi-me ao linque (ver post anterior). Vou deixar-me de coisas e escrever o mais à portuguesa que possa. Linque, linque, linque.
Há tempos vi uma pequena reportagem na TV onde se explorava esta modernice de arranjar palavras para tudo fazendo-as derivar do original que normalmente são da língua inglesa. No fim dizia-se que isto de adaptar palavras ao português é uma evolução natural da língua e de costumes, afinal de contas o cacarejar do galo parece que deriva do co-co-ro-co-có.
Por isso... linque, linque, linque.


'O Segredo' de Rhonda Byrne


No Natal de 2008 recebi este livro (ver título do post) e depois escrevi este post aqui, oh. Era mesmo bom que o leitor clicasse no linque...
Ler, li. Mas li na diagonal, li por alto. O livro é aquilo que eu já pensava: uma série de normas sobejamente conhecidas, que já toda a gente sabe que é bom e muito bonito segui-las. Tão bom e tão bonito que o mundo seria idealmente perfeito. Seria um mundo com tudo de bom e de bonito mas sem a piada que há em viver no mundo assim como ele realmente é: imperfeito.


O segredo da rica filha


'Mãe, vou contar-te um segredo: quando eu era pequena estava desejosa de ser grande para lavar os dentes e fazer muita espuma. Porque eu tentava, tentava e não conseguia fazer espuma assim como vocês.'


Fotografias


E afinal ontem até tinha uma fotografia gira...



E hoje também tenho...



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Coisa pouca


Hoje há pouco a dizer. Tivesse eu feito um post semelhante aos dois últimos e lá tinha safado a minha reputação de boa (leia-se produtiva) blogger.
Tenho saudades de escrever mas não lhe tenho a vontade.
Tenho quase nada a dizer e não tenho uma fotografia que diga alguma coisa por mim. Assim, por aqui me fico.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Post 2000, 300 e 60 e 9


10 e 19
Acho que podia safar a minha reputação de boa blogger com um post igual ao de ontem mas só iria concluir que afinal os meus dias são todos iguais.

10 e 20
Vou ali dar uma volta muito grande. É o que eu acho…

11 e 5
A dona Genoveva lança-me do fundo da rua um: 'Olá, Gina!' A dona Genoveva adora-me só porque a ouço.

12 e 17
Uma condessa com ar de ter a bolsa pobre mas, e ainda assim, pobre, impecavelmente maquilhada… , não vale a pena.

13 e 12
O cherne, ou que raio era aquilo, deixou-se comer.

16 e 56
Descobri uma vala na Lisboa escondida. Uma vala e uma passagem improvisada sobre ela. A ver se não me espalho ao comprido.

17 e 12
Tenho uma sogra que é uma maravilha – telefonou-me para ir lanchar com ela, que estava à minha espera e assim. E eu fui.

18 e 24
Um drogado despeja um saco cheio de tralhas que apanha no chão a ver se vende para a dose que já lhe está a fazer falta. Nota-se bem. Dá pena mas não ‘compro’ nada.
Das tralhas recordo uma panelinha em alumínio com desenhos, tem tampinha e tudo. É uma peça velha e usada mas castiça. Deu-me pena do homem porque tenho assistido à sua decadência mas não lhe ‘comprei’ nada.

19 e 7
Vou com o Luís montar uma fechadura. Como acho a senhora estranha abstenho-me de o acompanhar ao recesso do seu lar e vagueio por ali. Subo a avenida, desço a avenida, subo a avenida, desço a avenida. Vejo montras de que não decoro pormenores e penso neste post. Volto a subir a avenida… Toca o telemóvel, é sinal de que o Luís já está despachado. A cliente desce com ele e como está de saída quer dar-nos boleia…

20 e 42
Hipermercado Continente. Compras, compras, compras.

21 e 51
Arrumar as compras, compras, compras. Jantar arranjado à pressão. Roupa e roupa e roupa. Louça e louça e louça. Fazer e fazer e fazer. Então tudo bem miúdos? A escola, o treino, tudo bem?

22 e… Ou então 23 e…
Não sei que horas eram quando me sentei a escrever.

23 e 29
Acabei. Afinal este dia foi pouco igual ao de ontem.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Posts nas horas


11:14
Ontem já deitada passei em revista o conteúdo do dia corrente em termos de posts e achei que hoje podia fazer o mesmo.
Os posts não vão ser publicados em directo mas isso não é importante. A importância está no escrever.
Para já estou aqui que não posso.

12:04
- Fui onde já não ia ao tempo! - Diz o senhor Rodrigues entrando de rompante. Olhei para ele.
- ...?
- Eh pá, fui à Baixa a pé!
- Muito bom...
- Que é que disseste?
- Muito bom!
- Very nice!
- Très bien!

12:31
Um senhor pediu dois tampões e eu nem achei estranho. Foi servido, pagou e bazou. Isto é que é saber ludibriar o freguês!

12:46
Vou agarrar no casaco e no chapéu de chuva e vou fugir.

15:15
Um dia compro um panamá daqueles impermeáveis.

15:16
Chove que Deus a dá!

15:18
Sim, tenho mais que fazer. Mas não, não tenho nada mais interessante para fazer além disto.

16:07
Isto de se ter muita ou pouca personalidade é uma grande treta.
Toda a gente tem personalidade, ela tem de existir e é sempre forte, ponto final.

16:08
Vender uma bolsa de cera amarela é bom para esquecer coisas más.

16:11
Diz-se que as mulheres são boas como o milho quando se abrem em pipocas.

18:02
Esteve aqui o senhor que diz: 'a minha menher isto' e 'a minha menher aquilo'.
Eu sabia que havia algo de errado com a menher deste senhor, hoje foi dia para finalmente perceber.

18:27
Ai ai ai que nunca mais isto se acaba…

19:23
Fui com o Luís montar umas torneiras. Tive vontade de tirar uma fotografia às mãos muito envelhecidas do senhor. Às mãos, ao xaile em cima das pernas, ao aquecedor bem juntinho a elas, ao frasco do detergente da louça deixado aberto, à caixa do pão tão velhinha, ao pratinho onde estão colocadas as chaves de casa…
Tenho sempre vontade de fotografar e de escrever.

20:19
Pedalo numa bicicleta estática e distraio-me com os movimentos de dois atletas de boxe.

21:23
Passeio na passadeira e vejo que o ginásio está quase vazio. Pudera! Há pouca gente tão maluca como eu…

22:45
O jantar devia ser sopa…

23:22
O dia termina e o post que levou horas a ser contruído também está terminado. Amanhã outro dia será. Até lá, então.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Post das 22:48





Comprei casacos e camisolas. O dia cinzento, pois. E eu comprei casacos e camisolas. É porreiro comprar casacos e camisolas em dias cinzentos.


Post das 22:42


Amanhã vou almoçar com um marmanjo faixa castanha 4º grau de Jiu Jitsu...


Post das 22:11


Ando a ver se aprendo a gostar de vinho. Diz que o paladar se educa e eu até sei que sim. Ao presente estou na parte: 'Não sei se goste disto ou não...'.


Post das 22:04


O post anterior fez-me lembrar de uma vendedora que pergunta frequetemente se isto ou aquilo 'não terá interesse?'. Por exemplo:

'Estas vassourinhas... não terá interesse?'

'Os panos de malha... não terá interesse?'

'Repelente de insectos... não terá interesse?'

Fez-me lembrar por causa do interesse. Mas agora já não sei porquê...


Loures, 7 de fevereiro de 2010


São 19:56. Há quase 48 horas que não escrevo. Isso é invulgar, tão invulgar que merece destaque.
De momento a imaginação não abunda, independentemente da qualidade da mesma.
Acrescento a este post que umas calças compradas no chinês podem ser da marca Tout Partout, que é qualquer coisa ali entre o hilariante e o foleiro.
A ver vamos se me chegará mais imaginação.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Opulências






Estou a precisar de mudar de penteado...




Se em 1986 eu tivesse um blogue escrevia acerca...


Do preço da carcaça que comprava todos os dias da semana. Da senhora da mercearia que era mais feia que uma noite escura. De fazer 18 anos e não notar qualquer diferença. Do namorado espectacular que arranjei. Do motorista da camioneta que parava antes da paragem se acaso eu viesse atrasada. Dos lindos sapatos vermelhos que comprei. Das frieiras da dona Vitória.
Da fila de electrodomésticos Moulinex na cozinha da dona Eugénia.
Tudo coisas que certamente partilharia com o mundo. Assim tivesse eu um blogue em 1986.


Maritalmente


Os maridos sempre estão muito presentes na vida das esposas. Veja-se:

Vou matar o meu marido...

Foi o que disse uma senhora muito aborrecida pela má informação que ele lhe dera acerca de algo. Quando nos apetece matar alguém é porque essa pessoa é importante para nós, é o que eu acho.


O meu ex-marido noutro dia ligou-me para me avisar que o meu bilhete de identidade tinha caducado! Já não estamos juntos há que tempos e veja lá como ele se lembrou!

Há mulheres com uma sorte fantástica. É que um homem lembrar-se de datas...
Não sei se ela sabe ou se quer saber mas eu acho que este marido está mesmo pelo beicinho.

Precisava de silicone para tapar um buraco no lava-louça. Agora já não tenho marido para me tapar o buraco!

Pobre viúva! Duplamente infeliz...


Posto tudo isto, assim se vê a importância que um marido tem na vida das mulheres, quer estejam vivos, ausentes ou mortos.


Quem é?


Toquei à campainha e segundos depois obtive resposta:

- Quem é? Quem é?

- Boa tarde, eu ve...

- Quem é? Quem é?

- Olá, eu venho para entreg...

- Quem é? Quem é?

- É da drogaria, pa...

- Quem é? Quem é?

- ... ra entregar u...

- Quem é? Quem é?

- ... ma factura!


Pelo óbvio notei que a senhora 'quem é' não me ouvia mas lá me abriu a porta, mesmo sem saber quem era.
Depois da maratona de 'quem és' ainda tive que viajar no
Fortis. Oh vida!

Morangos! Morangos! Morangos!




Começou a época, já aí andam a fazer-me desejá-los. A época começou precocemente mas começou.

Imagem retirada da internet.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Stress


O stress é um mal da actualidade. As pessoas movem-se ao clique, desde o telemóvel ao computador, basta clicar à distância e tudo fica ao pé. Depois acontece as pessoas andarem apressadas, impacientes, exaustas. A preocupação com coisas mínimas deixa de existir. É por isso, creio, que agora se vê tantas mulheres de collants na rua. Esquecem a saia ou as calças e saem assim, meio vestidas.


Idade


Acho que a idade não me trouxe sabedoria útil. Acho que apenas trouxe saberes estéreis e desinteressantes.
É inútil saber que as batas de andar por casa são sempre às florinhas azuis, tipo as batas da minha mãe, e que a senhora do quiosque sempre tem uma dessas vestida.
E isto é só um exemplo...
Posso continuar dizendo que o rodar dos tempos me ensinou que as louras são sempre angelicais independentemente dos traços feios que os seus rostos possuam, eventualmente.
E também aprendi a não desviar a mala e o chapéu de chuva das pessoas. Se as pessoas não se desviam de mim porque é que eu me vou desviar delas?! Afinal de contas somos todos uns macaquinhos de imitação...
Tudo inutilidades. Chego a este tempo e é assim.
Mas sei fazer arroz-doce. E engraxar sapatos. E comprar iogurtes. Tudo utilidades, estas. Perecíveis… mas utilidades.



Uma fé abalável pode ser a do crente que leva o gel desinfectante para a igreja, esfregando-se a cada passou-bem, por recear o contágio da doença mais mediática dos últimos meses - a gripe A.


Os olhos


Não raras vezes falo olhos nos olhos com as mais diversas pessoas. Às vezes lá me calha ter de lidar com um olhar vesgo. Normalmente, face a olhares desta natureza, concentro-me no olho bom. É um problema, o meu olhar sempre quer fugir para o olho mau mas são tantos os anos de prática que já quase aprendi e lá me vou safando.
Noutro dia, e há sempre um dia, calhou-me um olhar vesgo como nunca antes. O pobre homem tinha ambos os olhos vesgos e bons simultaneamente. Porém, iam alternando um e outro, ora estavam direitinhos ora se desviavam para um ou para outro lado, criando uma expressão grotesca na cara do coitado. E eu queria tanto concentrar-me no olho bom... Mas assim com tanto mudar de posição tinha a tarefa muito dificultada.
Para além de o senhor possuir o olhar vesgo mais incrível que vi até hoje, parecia não ter os cinco sentidos bem medidos, era maluquinho, vá. Deixei-o falar, é comum estas pessoas serem muito fáceis de lidar pela sua ingenuidade. Bastou-me ter uma postura semelhante à que tenho quando converso com uma criança e ele ficou feliz e satisfeito, conversando animadamente.
Contava-me que esteve nas termas e quando quis demonstrar-me o que lhe faziam para tratar a sinusite esticou o dedo direito à minha cara. O dedo a meio caminho, perguntou:
- Posso tocar-lhe? A menina não se importa?
Balbuciei um 'não' respondendo à segunda pergunta, um 'não' surpreendido. A surpresa deveu-se à ideia de que não é preciso ter os cinco bem medidos para se ser educado e que há muita gente que diz ter juízo mas lhes falta a educação que este homem infantil e ingénuo tinha.
Talvez as crianças sejam mesmo o melhor que o mundo tem.


Cantar


A rica filha está doente. Engraçado é que ela está com uma disposição bem melhor que em alguns dias de saúde. Canta que se farta, diz que gosta de se ouvir quando está roufenha.


Encontro


Um bonacheirão encontrou-se em plena avenida de Roma com duas... mulheres, vá.
- O que é que as princesas andam aqui a fazer? - Perguntou ele curioso.
- Ela veio fazer o exame da sida. - Respondeu prontamente uma delas.
A mulher podia estar brincando mas o meu primeiro impulso foi acreditar. Se calhar por causa do choque... O choque sempre credita qualquer coisita e vezes há que muito credível é.


Email


Recebi um email contendo os calendários até 2078. Fiz rapidamente as contas e concluí que em 2078 faz 110 anos que nasci. Por curiosidade fui ver a que dia da semana calha e vi que será a uma segunda-feira.
Foi arrepiante, senti uma tristeza esquisita. Eu não vou viver o ano 2078.
Tenho vontade de morrer e senti um arrepio por ver uma data que não viverei. O arrepio contradiz a vontade.


Uma maçada


A maçada faz parte das funções dos trabalhadores. Dos competentes e até dos competentes assim-assim. Já os incompetentes... não se maçam.


O cão


Afinal o cão também não gosta da neta do próprio dono. Eu a achar-me sozinha nesta questão e afinal há mais...
Pois é, se a porra do cão não gosta dos da casa, fará de mim?


Continuação


E assim vou continuando – impura.

Aqui e agora


Estou aqui a pensar que não consigo escrever sob o estigma da pureza casta, do perfeito, do composto. Para mim não dá. O mundo é ruim, as pessoas são más. No apuramento que faço, porque sempre apuro antes de escrever, apuro que a vida é assim: a maldade reina. Não só porque dou pela sua existência mas também porque é muito mais apetecível e empolgante escrever sobre impuridades.
Escrever sobre outras coisas: o bem, o bom e o bonito não é para mim, é o que apuro.


Ser


As pessoas não se deixam ser umas às outras.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

É isso!


O que vale a mim é que ninguém me liga. Sofro daquele mal - às vezes é um bem - que diz 'ninguém presta atenção aos tolos'.
Costumo esperar que alguém colha o que aqui semeio. Costumo também esperar que não se macem a responder.
Costumo esperar que entendam as minhas razões. Costumo também esperar que não as questionem.
Costumo esperar que reajam ao que escrevo. Costumo também esperar que me deixem sossegada.
O que vale a mim é que ninguém me liga. Isso é bem melhor do que parece.


Melhor


É bem melhor ter uma mulher boa que uma boa mulher. Isto porque a boa mulher não existe. Só por isso, claro. Porque é que havia de ser?!
Esta é uma ideia que encaixa perfeitamente (também) no masculino. Olaré!


Zona


Hoje é o 'Dia Mundial das Zonas Húmidas'. À semelhança do post anterior isto é também algo donde tiro umas conclusões do caraças.


Cheiro


Uma senhora contou-me de uma médica a ter avisado para ela ter muito cuidado, que engravidava só com o cheiro.
Gostava que os leitores meditassem neste aviso e depois me notificassem com as conclusões tiradas a ver se são iguais às minhas. Só para eu deixar de ter a mania que tenho ideias diferentes da outra gente.


Força


O ser da força tem que ou tem de?

Riso


Rir-me desalmadamente contagiando o senhor doutor foi um grande momento de diversão da gente os dois. Principalmente para mim, creio, quando descobri que lhe falta um dente lá atrás.


Refeição


Comi um preguinho na Portugália. Ele diz que não mas eu acho que aquilo é a comida das putas. Ele diz que não mas eu acho que sim. Bife, batatas fritas, molho, pão, imperial, tremoços, come-se em pé e rapidamente, é barato, está a escassas centenas de metros do Intendente... A queca e a nota que a paga não se vêem mas é verdade que nunca se veriam. Tem tudo a ver, tudo está conectado. Ele diz que não mas eu acho que sim.


Natureza morta


Vi os restos mortais de uma ratazana esventrada ao pé de um caixote do lixo aqui na saloiada. Estive vai-não-vai para tirar uma fotografia e escanchá-la no blogue mas percebi atempadamente que não ia nada bem com a cor verde água daqui.
Umas horas depois vi o cadáver de uma barata. A pobrezinha tinha morrido de barriga para cima e patas ao ar na Lisboa escondida. Mas aí como já tinha a experiência anterior...
Se calhar perdi duas maravilhosas fotos e dois maravilhosos posts. Mas sempre fiz um post...


Temperaturas




A minha vida é uma controvérsia: dou-me mal com o calor e não posso com o frio.


Fevereiro


O janeiro foi-se mesmo embora e o dia tem mesmo mais uma hora.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Segunda-feira





Isto melhorar ou piorar depende da circunstância que leva a um ou outro ser e estar. Não que eu queira ser ou me deixe estar ou ainda me deixe ir. Não. Antes é a circunstância. Conforme ela dita assim sou e estou.
As segundas-feiras são particularmente difíceis por conterem um retorno à temida, desestabilizadora e incontornável circunstância.