Vá, escreve mais. Então?!
...
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Débito...
… É o que faço. Debitar. Debito ideias na esperança de me ajustar com o mundo. Uso a forma normal, ao menos isso. Ao menos nisso sou uma pessoa normal.
Saudade
Tenho umas saudades do caraças dum tempo que nunca existiu e de alguém que nunca esteve aqui.
Letras
Neste momento estou em crer que os meus rascunhos manuscritos são uma autêntica vergonha.
O momento anterior extinguiu-se e deu lugar a um outro momento, desta feita desinibido. Tanto que mostro os meus rascunhos manuscritos destemidamente.
‘Ele’
Tem de ser um ‘ele’. ‘Ele’ faz uma pergunta e eu respondo. ‘Ele’ diz e eu ouço.
Tem de ser um ‘ele’ porque os homens são infinitamente mais interessantes que as mulheres.
Recomendação
Tens de preparar as coisas de maneira a parecerem-te bem.
Se não deixa-te estar quieto e sossegado antes que afastes as pobres criaturas. As pobres e sensíveis pessoinhas.
…
É agora
Vive
Vive o momento
Não te esqueças
Olha que está a acontecer
Agora mesmo
Sentes?!
Vive-o
Mas...
Não o mostres
Hallowen
Anda-se a lutar pela globalização e está a conseguir-se.
Agora comemoramos a Noite da Bruxas como se toda a vida o tivéssemos feito.
Posto isto fiz a minha máscara.
É o que se arranja...Eu, como não me acho diferente de ninguém, comemoro assim o Dia das Bruxas.
Ou Noite, ou lá que é...
A Oriente
Quando te sentires desorientado não te apoquentes que a coisa há-de passar. Arranja uma frase e repete-a para ti, martela-a incessantemente nos miolos, vais ver que ficas fino num instante, a lucidez há-de chegar. Comigo deu resultado...
eu estou aqui em cima do escadote e neste lugar obscuro para vir buscar um jogo de gorges potent esquerdas; eu estou aqui em cima do escadote e neste lugar obscuro para vir buscar um jogo de gorges potent esquerdas; eu estou aqui em cima do escadote e neste lugar obscuro para vir buscar um jogo de gorges potent esquerdas; eu estou aqui em cima do escadote e neste lugar obscuro para vir buscar um jogo de gorges potent esquerdas; eu estou aqui em cima do escadote e neste lugar obscuro para vir buscar um jogo de gorges potent esquerdas; eu estou aqui em cima do escadote e neste lugar obscuro para vir buscar um jogo de gorges potent esquerdas...
Piropo
Esteve aqui o senhor Raúl, o homem do gás. Primeira frase do dito, ao invés dos bons-dias:
Que alegria sinto nas minhas pálpebras cada vez que a vejo!
E pronto, não é que seja para aí um piropo do outro mundo mas nesta altura da minha vida não posso estar com grandes exigências, qualquer coisinha que se arranje é bem bom.
Velocidade
Eu seria tão mais célere no dedilhar se não trocasse para aí uns quarenta por cento das sílabas que digito...
Panos do pó
Estive a fazer montras cheias de detergentes, vassouras, pás de lixo, panos de limpeza e afins. Podia ter sido muito criativa e pendurar no teto uma espécie de corda feita com uma dúzia de panos laranja, todos presos uns aos outros com nozinhos bem atados, pendurar-me nessa corda, cheia de vigor, e, como se fosse o Tarzan, voar e voar e voar dentro da montra. Em sonhos, claro, só assim conseguiria voar em tão pouco espaço. Ou então fazer de conta, em sonhos também, pois claro, que deitava a tal corda duma varanda lá muito alta para que o meu amado me pudesse visitar furtivamente, qual Rapunzel das belas tranças... cor-de-laranja.
O senhor engenheiro e a esposa...
… Assomaram à porta na disposição de dar a sua voltinha pelo bairro. Acenaram-me os dois e eu fiquei especialmente atenta à parte fêmea do casal.
Nada.
Esta ausência de gestos por parte da senhora significa que os níveis de lixívia lá em casa ainda estão no ponto. Hoje não quer nenhum garrafão, portanto. Quando não, toda ela seria alegria em me ver, sorriria muito e cabeça bandearia ainda mais por causa daquela doença do Parkinson.
Acordo ortográfico
Não escrevo as estações do ano com letra minúscula por causa do Verão. O Verão não fica nada bem como verão. Desisto. Por acréscimo dou o mesmo tratamento aos meses. Podia dizer que é porque sinto que lhes retiraria importância mas não é, é por acréscimo mesmo. Olha o meu mês – Julho – escrito como julho. Credo, que feio...
Não escrevo, não escrevo, não escrevo!
Segunda-feira (no plural)
Porque é que são difíceis?!
Respondo por mim, apenas:
Não gosto de trabalhar.
Respondo por mim, apenas:
Não gosto de trabalhar.
domingo, 30 de outubro de 2011
sábado, 29 de outubro de 2011
Baú
Outra coisa
Quando meto uma coisa na cabeça...
é não olhar à volta,
é destratar o real.
Quando meto a cabeça numa coisa...
é leviandade,
é arrojo,
é poderio.
Sonho
Em matéria de sonhos, os meus têm sido do género alimentício. Esta noite andei às voltas com figos e manteiga.
Durante o dia a coisa continuou, só que acordada.
Bolo de Marmelada
Rolo de Carne Picada com Queijo e Fiambre
Salada de Tomate e Alface
Bifanas, Salsichas, Barriga de Porco Fumada e Frita
Puré de Batata com Alho e Especiarias
Café Expresso
Chá de Caramelo
Rolo de Carne Picada com Queijo e Fiambre
Salada de Tomate e Alface
Bifanas, Salsichas, Barriga de Porco Fumada e Frita
Puré de Batata com Alho e Especiarias
Café Expresso
Chá de Caramelo
Em azul
A menina que está a servir cafés tem os olhos azuis. Enormes e brilhantes. Lindos. Quando eu cheguei, ela tratava dos níveis de cafeína de dois senhores. Um deles, à laia de piropo, dizia-lhe:
– Quem me dera ter uns olhos azuis...
Fiquei atenta à reação da moça, ver o desfecho da cena era importante para mim. Às vezes as jovens desprezam os piropos e eu queria ver se ela se inseria nesse grupo. Mas não, limitou-se a sorrir sem grande timidez. Presumo que sendo dona de uns olhos tão vistosos esteja habituada a elogios e afins.
Se ela tivesse reagido doutra forma tê-la-ia aconselhado a não desprezar estas atenções, que um dia elas abalam de vez das nossas vidas...
Passeio solitário
O título deste post até pode dar a entender que não estou habituada a andar sozinha, estou pois. Só que hoje foi diferente. Normalmente eu ando sozinha porque quero, hoje andei sozinha porque calhou.
Estive no Centro Comercial Vasco da Gama. Credo... Tanta gente. Não conheço ninguém que aprecie multidões, no entanto ali andava meia Lisboa e mais uns quantos zanzando pelo espaço cheio de luzes intensas e burburinho que quase ensurdece. Concluo, então, que conheço um número muito reduzido de pessoas...
Refugiei-me nas livrarias. Folheei livros vários. Teria comprado esses todos. Não comprei nenhum.
Antes dos livros e dos magotes, ao passar numa ponte sobre carris vejo vir de lá o comboio. Fiquei a vê-lo e só depois tirei a foto. Quando posicionava a máquina notei muitos insetos no ar voando freneticamente. Eram libelinhas. Uma pena não pousarem apra mim...
Depois das libelinhas - mas antes dos livros e dos magotes - observei a luminosidade da mais bela cidade do mundo. Bem que dizem maravilhas da luz lisboeta, é um primor, de facto.
Depois da luminosidade - e antes dos livros e dos magotes - a luz extinguia-se lentamente para que eu pudesse admirar o ocaso.
Só depois é que me fui aos livros e aos magotes. E ao barulho, à confusão. Pessoas. É o mundo. E o mundo são as pessoas.
Lisboa - Sacavém e Parque das Nações, 29 de Outubro de 2011
A caixa a amarela
Lisboa, 28 de Outubro de 2011 |
Há que tempos não tiro fotografias!
Quero dizer, ontem tirei uma.
Tinha ficado de entregar uma caixa de batatas - vazia, claro está - aos seus donos, dizendo que a colocaria no pátio da minha vida assim que a esvaziasse.
Gostei tanto da imagem que vi ali assim, uma caixa colorida num recanto escondido contrastando com o lugar sombrio, que fiz clique e aqui está o resultado.
Deixei recadinho e tudo, que eu cá sou muito comunicativa:
«Obrigadinha e desculpem lá a demora...
Gina»
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Vou escrever...
… Da minha cabeça outra vez, porque as coisas boas são sempre aos pares.
A minha cabeça às vezes quer sair do juízo e da razão.
Não há nada mais natural que isso, apenas uma ou outra semelhança, como por exemplo o contrário: às vezes a minha cabeça quer entrar no juízo e na razão.
Speed
Não consigo ler, ando outra vez nisto. Escrevo que me desunho, a minha cabeça parece que vai explodir com tanta informação e quando é assim não deixa entrar a leitura, é uma aflição.
Muitos posts
Noutro dia comentei com alguém que não conheço nenhum blogue como o meu em termos de posts, uma vez que os publico uns atrás dos outros, como se estivesse a ser desafiada por alguém. Não estou. A não ser que esteja a ser desfiada por mim mesma, o que creio ser um tudo-nada verdade. É sabido que a pessoa tímida (reservada, introspetiva, ostracizada, ou outra coisa tipo 'metida para dentro'), achando um lugar onde pode 'falar', (sem ser vista e ainda anonimamente) vai fazer dum blogue o seu poleiro. O desafio talvez seja manter o que construí.
À partida, a catrefa de posts que todos os dias publico desmotivará os leitores, sei que sim, mas esta é a minha essência.
Os leitores... Sei que sim, sei que os há. Se as pessoas vêm até aqui é porque apreciam e não se importam de ler uma data de textos, porque, lá está, essa é a minha essência.
O desejo
Passar o dia desejando que o mesmo acabe para ser noite e estar ferrada a dormir ou então a sonhar com macacadas... Não é um bom lema de vida.
Interrupção
Ainda há pouco escrevia de quando sou interrompida aquando da feitura de alguns posts, não é? Pois bem, há poucochinho aconteceu de novo.
Ele foi entrando tão mansinho que só dei pela sua presença quando já estava tão perto que lhe notei a sombra. Entesei o corpo e fiz um sorriso rasgado como uma criança apanhada de volta do frasco de caramelos. Ele sorriu-me de volta, a gente conhece-se há anos.
– Mas que entusiasmo! - Diz.
– Hum, eu estava a escrever...
– Estavas as escrever? Que giro… - Zomba ele, como se não fosse óbvio.
– Sim, eu escrevo.
– Sério?! – Continua o zombeteiro.
– Eu escrevo sempre com muito entusiasmo...
Dias de um Ginásio
No boxe anda uma data de hercúleos aos murros a um cilindro esponjoso e balançante por demais ao mesmo tempo que dão pulinhos repetidamente mas sem vigor. A mim dá-me graça vê-los, todos à volta daquilo, quase em cima uns dos outros, um manda porrada daqui e lá vai o cilindro, outro recebe-o e por sua vez manda outro murro antes que leve com o dito nas trombas. Parecem pequeninos fantoches, fracos e extenuados com o esforço, apesar do tamanho avantajado dos músculos.
Depois venham cá com coisas... Ponham-se com coisas, vá... Elas é que fazem figuras tristes de rolos na cabeça e máscara verde na cara na ilusão de que ao depois ficarão belas e jovens, não é? E vocês, cambada de parvalhões? Meros sacos de músculos feitos de água e proteína de saco...
Os chamados trajes menores
Como não contar ao mundo que fui a casa do senhor doutor advogado e o encontrei em pijama, meias até ao joelho e chinelos de quarto? Eu não posso deixar de escrever estas coisas, certo?
Interrupção
Se os clientes entram quando estou a meio dum post peço que me aguardem, o que regra geral é bem tolerado porque os pobres supõem que eu escrevo alguma coisa produtiva.
Depois, numa tentativa de despejar rapidamente a linha de pensamento que me ocorria digito coisas destas:
aops pulos de volta de mim, olha escrveme laá
De realçar, ainda, o facto de este mesmo post ter sido interrompido da forma já descrita. Devia tê-lo deixado em bruto...
O post pedinchão
Este post pediu-me para ser escrito. Andava aqui aos pulos de volta de mim:
- Olha escreve-me lá, eu queria tanto... Já viste, se me escreveres depois vão ler e assim... Fartam-se de rir, acham-te piada, dizem que continues, que estás no bom caminho. Pensa bem. Escreve-me lá... Vá, que é para apareceres, para seres notada, para que te elogiem.
(Hum, já está. Obrigadinha.
Ass: O post)
Sol
Hoje o meu passeio fez-me lembrar o Verão, andei a escolher as sombras para fugir ao calor.
Passei rente ao Instituto Superior Técnico, senti-me uma jovem no meio da maralha académica. Depois passei ao largo do Colégio Sagrado Coração de Maria, aí a maralha fez-me rejuvenescer até aos primórdios da minha existência estudantil. Continuei andando e rejuvenescendo. Tanto qu quando entrei no Largo do Leão ia quase a gatinhar. Mas agora já passou, quando não, não saberia escrever.
Cacos
Ora bem, acabei de me lembrar do seguinte: comecei o dia a trocar os 'olhos', o que não é asneira nenhuma, pois com certeza, disso já eu sei. Pouco depois fui arrumar lâmpadas, vai daí... Pumba! Duas ao chão. Cacos. Há que tempos não fazia uma destas...
É bem, eu tenho de ser uma funcionária 'normal', e é legítimo que alguém assim - 'normal' - faça asneiradas, dê prejuízo, seja trapalhona.
Mudança de vestuário
Vesti um casaquinho de Outono e vasculhei os bolsos não fosse ter havido algum esquecimento monetário a época passada. Mas não, nada que se assemelhasse a valores desse género. Apenas encontrei um lenço ranhoso e um bilhete de transporte duma empresa de camionagem do mais saloio que há, datado de 4 de Abril último. Nesse dia estava muito nervosa porque ia à senhora doutora, é por isso que o bilhete está todo amachucado.
Crença
Tenho um fornecedor que é crente. Tem muita fé em Deus, ao que parece. De maneiras que é assim:
Vamos embora, não há crise que nos atormente pois nós temos lá em cima Um que nos alimenta.
Há pessoas felizes...
Gostava de esclarecer que não estou troçando do assunto. Estou simplesmente a escrever, de momento é o que de mais agradável tenho para fazer.
A fome
Queixou-se de fome, explicou que tinha comido há não sei quantas horas, portanto o aperto era normal. Reforcei a ideia, e dei por mim usando uma das expressões da minha mãe:
– Ah pois, há uma altura em que ela dá de vaia!
Ensinar
Ensinei uma palavra nova a um tailandês:
Pirilau
Descansai, benévolos leitores, poupar-vos-ei a descrição da cena.
Pirilau
Descansai, benévolos leitores, poupar-vos-ei a descrição da cena.
Ao telefone (mas este é outro)
Odeio máquinas de atendimento automático, digamos que é instrumento para me enervar um bocado, tanto que nunca digo nada de jeito. Se não vejamos:
Boa tarde, daqui fala da empresa tal, o meu nome é Gina e eu queria fazer-lhe uma encomenda mas gostava mais de falar consigo pessoalmente. Obrigada.
Bem... Ao menos os meus progenitores souberam colocar ao dispor dessas duas máquinas que movem o mundo - o trabalho e a sociedade - uma senhora educadinha.
Ao telefone
Estive a observar a Henriqueta atendendo uma cliente via telefone. Conforme vai ouvindo as instruções assim se vai franzindo. Pouco mais diz que 'hum-hum' e os monossílabos 'pois' e 'sim'.
Revi-me nela. Não que tenhamos a mesma profissão mas temos a mesma tarefa: agendar serviços ao telefone. Eu sou assim, não tenho grande palavreado telefónico, nunca tive.
O muro
A senhora que se senta no muro já lá não está, nunca mais a vi. Vá, volte lá minha senhora, então não viu logo que eu estava a brincar quando escrevi aquilo...
A troca
Já alguém pôs os óculos na cara para ver bem as letras no ecrã para depois se aperceber que as lentes eram um bocado escuras?!
Não, né?
Acerca duma menina passeando ao vento outonal, em forma de título
Francisca observa as folhas amarelas do Outono
Francisca sente o vento forte
Francisca sorri com as cócegas
Francisca é feliz
Francisca sente o vento forte
Francisca sorri com as cócegas
Francisca é feliz
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Interregno
Fiz um intervalo, não publiquei os meus escritos, as minhas coisinhas inclassificáveis. Às vezes tenho de parar. Às vezes escrever não tem sabor nenhum.
Quando digo 'escrever' leia-se publicar, às vezes tenho de parar de publicar, estou cansada da exposição e sinto uma necessidade premente dum 'basta'. É como se as luzes do meu palco estivessem fundidas, o chão tivesse as tábuas soltas ou eu própria não tivesse forças para subir ao meu pedestal e fazer as minhas divulgações inúteis.
Na verdade sou incapaz de passar sem escrever, o mais que faço é não me mostrar em forma escrita. E depois os escritos e as coisinhas inclassificáveis ficam nos meus rascunhos à espera que me passe a birra. Já passou, hoje publiquei a catrefa de coisas que me passaram pela cabeça nos últimos dias.
Sinónimo
Curiosidade é...
Estado que atinjo várias vezes ao dia, chegando a picos muito elevados em certos momentos.
Estórias
Sempre tive dificuldade em escrever histórias que não vi, ouvi ou vivi. Sei lá, não me ajeito.
Presentemente ando na onda de inventar um bocado. Presentemente não, na verdade sempre inventei qualquer coisita quando escrevo, só por dizer que nunca me tinha apercebido disso. Sei que melhoro substancialmente uma simples cena mas nunca tinha pensado que isso passa invariavelmente pela minha imaginação.
Personalidade sombria
Quando ela me disse que gosta do tempo sobrecarregado de nuvens escuras e que o sol aberto a incomoda mais que muito olhei-a com vivo interesse para logo de seguida ela acrescentar que não lhe pergunte porquê.
Hum, fui castrada. Se nem ela sabia dali não passaríamos. Esquece e procura outra.
Sonho
Sete e vinte da manhã.
Então e o sonho d' hoje?
Não me lembro lá muito bem...
Mas metia laranjas.
Então e o sonho d' hoje?
Não me lembro lá muito bem...
Mas metia laranjas.
O arrastão
Apareceu ali um senhor arrastando os pés. Olhei para ele, ele olhou para mim. Eu olhei desperta pelo barulho, ele olhou porque lhe dirigi um olhar demasiado atento. Pareceu-me incomodado. Desviei o olhar. Não me sinto nada bem no 'papel incomodativo' da vida.
Poucochinho
Adverti a rica filha, que se fosse deitar, que era tarde. E ela salta de lá com uma resposta e pêras:
- Mãe, estes são os anos da faculdade. Deitar tarde, acordar cedo. Dormir pouco.
Longevidade
Atendi um senhor de 100 anos, quase 101, segundo ele. Senti-me muito jovem mas não sei se pela enorme diferença de idades entre nós se contagiada pela sua jovialidade.
Contei ao meu colega o sucedido e fiz-lhe saber o meu espanto. Ele diz que o senhor em questão lhe disse que tem 91 anos. Seja lá como for, 100 ou 91, não deixa de ter mais do dobro da minha idade bem como uma vitalidade do caraças.
Já aqui deixei escrito e repito a ver se se concretiza: eu vou viver até aos 100 anos. Uma noite destas até sonhei que podia realizar um desejo e eu quis ver como seria o ano 2068... O resto do sonho é que não existe, ou ficou no subconsciente e um dia – ou uma noite – (re)aparecerá
A garrida
Pintar as unhas dum rosa chocante pode servir para embustear o tempo de chuva destes dias.
Eufemismo
Eu gosto das coisas simples da vida, é um facto. Mas anseio pelas grandezas que desconheço.
(Ficou bonito, não ficou? Encontrei uma maneira de embelezar o que tenho de mais elementar: a insatisfação pessoal.)
Som e modas
Dantes havia um movimento punk entre os jovens, moda que nunca segui principalmente por não me identificar com os trajes, a postura ou as músicas. Tinha uma colega que aderiu a essa onda punk, rabicho no cabelo, sempre vestida de preto, montes de correntes e pulseiras a brilhar, era toda p'ra frentex, ia às discotecas e adorava os U2. Naquela altura para mim ser punk era isso, eu que era uma saloia recém chegada à capital em termos de quotidiano.
O grupo U2 tinha uma sonoridade muito compreendida entre essa malta das tonalidades escuras e das irreverências. Não sei porquê, se calhar não tem a ver com os sons e sim com as roupas, o cabelo, os acessórios e toda aquela parafernália.
Comecei este post com a ideia de que a música tem de ser compreendida, não basta ser aceite. É assim com toda a arte.
Haver público a compreender o que a gente mostra é primordial, quando não... é melhor ficar só a ver.
A trave
Se o leitor conhece o antigo hospital de Arroios (Lisboa) sabe com certeza que ali agora é um parque de estacionamento. Logo, saem e entram carros a toda a hora.
Pois bem, agora só quero dizer que já levei com a trave duma das entradas mesmo em cima da pinha. Quem manda passar atrás do carro que esperava oportunidade para entrar na avenida? Pumba, toma lá e não chores! Que cena...
O jantar
O rico filho contou que dentro de dias irá jantar a casa da namorada. Será a primeira vez que vai ter um confronto direto com os pais da rapariga. Brinquei um cadito com o jovem macho cá de casa e ele respondeu sem demoras, como é habitual.
Mãe – Estás nervoso, filho?
Filho – Ainda não.
Mãe – E depois, vais estar?
Filho – Acho que sim.
Pedido de desculpa à autoridade
O patrão desculpe a incongruência mas eu não sou capaz de vender cola para ratos. Quando dou por mim estou demovendo as pessoas da ideia de comprar esse produto e a confessar que se a loja fosse minha não o negociaria com toda a certeza.
Mesmo tendo noção que se fosse em minha casa faria de tudo para matar um rato, quando chega a hora de vender Pára-ratos não consigo. Imagino um bicharoco – feio, é certo – lutando debalde até à exaustão por se encontrar sobre uma poderosa cola que dali não o deixa sair. Tal cena aflige-me, acho bem mais 'humano' o bicho morrer com uma forte dor de estômago e pronto, morreu. Ou então com um estalo certeiro duma ratoeira e zás, está morto.
Pi-ri-ri-ri-riiii
O telefone tocou e eu atendi com o meu vulgar 'tou' (nos últimos posts toda a gente ficou a saber que eu sou uma simpatia desmesurada, não é verdade?). E vem de lá uma voz melosa, aliás, uma voz muitíssimo melosa e cheia de salamaleques. Uma mulher falava comigo como se eu fosse um bebé de colo, chamando-me um nome que não tenho, sem dar espaço nenhum por entre os miminhos para me identificar.
– 'Tou sim, dona Adelaide, está boazinha? Daqui fala a Gabriela, sabe quem é? É a senhora da loja dos óculos. É para dizer que já estão prontos. Já pode vir buscar.
E é assim a vida duma balconista que não se chama Adelaide nem espera óculos vindos de alguém com voz de mimo e que se chame Gabriela.
A culpa não é do tempo
Estava a dar uma canção no rádio que me dá vontade de ficar parada a escutar, porque é muito intensa. Logo tinha que vir o filho dum cabrão moer-me os cornos com uma merda sem jeito nenhum e que não lembra a ninguém. O pior de tudo é que não comprou porra nenhuma…
O leitor atente no seguinte: é mesmo verdade, aquela pessoa, simpática e tal, que vos atende ao balcão, está muitas vezes pensando semelhantemente ao que se lê aqui por cima.
Os pensamentos são perversos mas as atitudes sempre são mais brandas. Mostrava um cofre a uma cliente e o dito não se queria abrir. Soltei um descontraído 'ai o caraças...'
Disfarce
Se fores gorda... Paciência. Na boca das pessoas as mulheres são gordas porque se desleixaram, elas é que são culpadas por se encontrarem naquele estado. Mas sempre podes dizer que assim tens chicha para eles se agarrem para depois te responderem: está bem, mas há quem queira agarrar?
Se fores gordo diz que não te importas nada com isso, qual é a espiga, ora que porra! És um bom garfo e pronto. Macho que é macho tem de ter barrigão, que mesmo assim é vê-las de volta dum gajo e o caraças.
Disfarce
Se fores coxa(o) aproveita a vida o mais que possas. É certo que vão dizer 'olha lá vai a(o) coxa(o)' mas tal só seria vergonhoso se fosse alguma injúria. Não é, pois não? É a mais pura verdade, não é? Então... Já viste os subsídios e assim, a compaixão das pessoas e isso? Deve ser fantástico ter tanta atenção. Tanto pela parte do Estado como pela parte do mais comum do mortais...
Disfarce
Se fores careca (mulher) aproveita para torrar uns tostões em perucas e rejubila com a desculpa de poderes variar de penteado conforme o apetite ou, ainda, a estação do ano.
Se fores careca (homem) diz que é dos carecas que elas gostam mais. É uma ideia tão enraizada na cabeça (olha só o trocadilho...) deste povo que calará qualquer um.
Neurónios
O cigano que me queria vender um impermeável de homem (?!), ao depois da não-compra quase esquecia os pertences.
– Ai, está a ver como anda a minha cabeça? Isto são os asterónicos!
O homem
O meu colega também tem cá uns clientes mais jeitosos! Há dias um disse-lhe isto:
O sol quando se põe... vai-se.
O homem quando se põe... vem-se.
Zé Pestana
Quando a minha mãe me via a cabecear com sono dizia:
- Gina (prolongamento no i), vai-te deitar que eu estou a ver que já anda aí o Zé da Pestana...
O casal
Olá, eu sou de Chelas, sou branca, casei com um preto, dizem que os gajos são abastados e eu queria ver como é, vai daí tive um bébé. É a minha jóia preciosa, a coisinha mais linda...
Olá, eu sou da Zona M, sou preto, casei com uma branca porque cheiram bem, entusiasmei-me, vai daí veio o puto. É um chato do caraças, chora que se desunha, não me deixa dormir! Porra para isto mais o caraças!
Olá, eu sou da Zona M, sou preto, casei com uma branca porque cheiram bem, entusiasmei-me, vai daí veio o puto. É um chato do caraças, chora que se desunha, não me deixa dormir! Porra para isto mais o caraças!
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
O último
Acabei de escrever por agora. Escrevo para esquecer. É assim todos os dias.
Estou triste, de momento não tenho a ilusão de a escrita mudar alguma coisa na minha vida. Às vezes a minha vontade é desistir. Afinal escrever não serve para nada. Não elimina ou sequer amortiza as duras realidades. Ademais, a escrita revolucionou a minha personalidade, refinou umas partes mas apodreceu outras.
No caminho...
… Cruzei-me com o senhor Marquez. Arrastava os pés, como é seu costume, tinha a alça da malinha enfiada na mão que agarrava na malinha e não a alça, como é seu costume. A figura pequena e disforme, arrastando os pés por já não haver força que os levante, sempre o mesmo casaquinho de malha beje, sempre o mesmo olhar fitando a lonjura de caminho que ainda falta, sempre a mesma coragem para enfrentar esse bocado, sempre a mesma boa disposição:
- Eu fugi de lá! - Diz ele referindo-se a um lugar que eu cá sei, uma vez que a gente se encontrou longe do sítio do costume. - E a menina?
– Eu também fugi!
O mau tempo
Fui apanhada de surpresa pelo mau tempo. Uma pessoa habituada ao sol uma carrada de meses não se lembra de certas questões naturais, como é o caso da chuva.
Começaram a cair pingas grossas. Ui, a nuvem de há bocado piorou-se-lhe a constipação. E eu tenho a primeira ‘molha’ da temporada. Até foi fixe…
O pedido de informação
Ela estacou frente a um grupinho de pessoas – eu, o meu colega e o senhor reitor. Ignorou-me e dirigiu-se a um deles, queria saber onde era o centro de saúde. Não era bonita mas estava extremamente bem vestida, tinha um ar sensual sem parecer pudica ou impudica, uma postura dificílima de alcançar para a maioria das mulheres. Não era bonita mas o sorriso franco e os modos simples perdoavam essa falta.
Satisfeito o simples pedido a admirável senhora virou-se para continuar o seu percurso. Os dois homens ficaram a admirar o vestido ondulando sobre um par de pernas bestial...
Fiquei cheia de inveja, pois fiquei. Mas para fingir um saber-viver este post acaba aqui.
Mangueira cristal 3/4”
Não tenho o que escrever, e tenho vontade de o fazer, então lembrei-me do sonho. Esta noite estive enleada numa peça de mangueira de três quartos. Pronto, estava ali, a ver se me desenvencilhava, lutando debalde. E é só.
Ou talvez não.
Foi um sonho incomodativo, daqueles que a gente fica a pensar e a pensar mas não se sai dali. Mais valia ter sonhado que dançava sensualmente, contorcendo o corpo ao som duma música quente. A mangueira entrava no sonho como instrumento ondulante, para se confundir com as curvas e o bamboleio do meu corpo.
Aí sim, seria cá um sonho...
Religião
O leitor imagine alguém extremamente religioso. Voz pausada e sem grandes inflexões, gestos brandos. Depois imagine esta pessoa pelo lado cómico, como se retratado num programa humorístico, com todos os gestos exagerados para o público achar piada. Ele esteve aqui, esse personagem contracenou comigo. Mas que grande cena!
Queria vender-me um saquinho mimoso com alfazema lá dentro para pôr um pedacinho duma gaveta lá de casa a cheirar bem. Fizemos negócio, que eu gosto daquelas 'cenas'. Depois, quiçá acalentado pela venda, entregou-me um folheto da religião que ele pratica. O papel tinha impresso a foto dum casal, tinham faixas em diagonal no corpo, honras e condecorações diversas e as suas expressões demonstravam a mesma brandura deste discípulo.
Brandura, a postura imprescindível para esta causa... (?)
Ai, se eu partisse à aventura...
Enquanto escrevente, o meu desejo é penetrar em mundos que desconheço e (d)escrevê-los. Se não vier a conhecer outros mundos/vivências/pessoas completamente fora do meu percurso habitual disto não passarei.
Por vezes penso na pequena maravilha que é um balcão, a vida vem ter comigo naturalmente, nem é preciso mexer-me muito. Porém, ir à procura da vida para escrevê-la tem sabor a liberdade e aventura. Deve ser bom.
O artista em minha casa
Esteve aqui o Jim Carrey. Desarrumei as roldanas todas só para ele imaginar como fará o trabalho à posteriori. Incrível, o Jim Carrey engendrando uma tarefa destas... Ele ia desenvolvendo as ideias e eu ia-lhe cuscando as feições. Era mesmo ele, os olhinhos vivos, os dentes muito alinhados, sorriso fácil, presença forte. O Jim Carrey na minha loja!
O sotaque, porém, era tripeiro... o homem é mesmo um artista! Vejam lá que até sabe falar à moda do Porto. Faltava-lhe as asneiradas mas pronto, é um daqueles cavalheiros que se coíbe na presença de senhoras...
Um caminho agora livre
O sô João está muito doente, parece que não se vai safar. Sinto a falta dele junto ao táxi do filho, de guarda enquanto este almoça. Agora é a ausência...
– Boa tarde, sô João!
– Olá menina! Já almoçou?
Era assim, agora não falo com ninguém naquele pedacinho de calçada.
Cheirinho
Eu: - Olha, fui arranjar as sobrancelhas.
Leitor: - Hum, ok... E eu com isso?
Eu: - As mãos dela cheiravam a peixe.
Leitor: - …?!
Eu: - Agora pensa o que quiseres!
Leitor: - Hum, ok... E eu com isso?
Eu: - As mãos dela cheiravam a peixe.
Leitor: - …?!
Eu: - Agora pensa o que quiseres!
As horas
São onze e dezanove, hora fantástica para começar a escrever. Chove lá fora... Quero dizer, não é que seja chuva, são antes borrifos duma nuvem gigante que espirrou três vezes.
Hoje pensei fazer algo que já em tempos fiz: um só post construído conforme o dia cresce. Mas não, desisti. Existem grandes desvantagens quando publico posts desse género.
1) Confundo o leitor na eventualidade de o mesmo querer comentar.
2) Diminuo consideravelmente o número de posts e eu gosto de ser uma maratonista destas coisas.
3) Ninguém tem tempo e/ou paciência para ler um post muito comprido.
A grande vantagem seria porventura ser dispensada de intitular, o que – muitas vezes - é coisa para me aborrecer de sobremaneira.
E agora vou-me.
domingo, 23 de outubro de 2011
43
Para compôr o post anterior andei de volta das fotos das férias de Junho passado. Entretanto descobri algumas que estavam no esquecimento mais recôndito que pode haver.
Em Junho eu estava prestes a fazer anos e ao ver números e afins lembrei-me de tirar fotos com eles para posteriormente publicar no blogue, mais precisamente quando fizesse anos. Entretanto, como já se deve ter percebido, esqueci-me. Depois lembrei-me. E agora vou publicar as ditas fotos do 'quarenta e três', ainda vou a tempo...
(Já agora não sei para quê tanta explicação... Eu sou uma pessoa que gosta de explicar o que ninguém quer saber.)
Em Junho eu estava prestes a fazer anos e ao ver números e afins lembrei-me de tirar fotos com eles para posteriormente publicar no blogue, mais precisamente quando fizesse anos. Entretanto, como já se deve ter percebido, esqueci-me. Depois lembrei-me. E agora vou publicar as ditas fotos do 'quarenta e três', ainda vou a tempo...
(Já agora não sei para quê tanta explicação... Eu sou uma pessoa que gosta de explicar o que ninguém quer saber.)
Chegou a chuva!
Chove p'ra caraças em terras do mais saloio que há - Loures. Seguidamente, só para contrariar, apresento imagens do meu Verão 2011...
sábado, 22 de outubro de 2011
Lida da casa
Quem já andou de cano de aspirador no ar tentando sugar uma mosca ponha o dedo no ar!
...
Ena, tanta gente...
...
Ena, tanta gente...
O menino
Na churrasqueira estava um menino de uns cinco anos com o pai. Inquieto e curioso, percorria o pequeno espaço, parando aqui e ali, tomando especial atenção na bancada aberta, com caixinhas de salada já preparada e saquinhos de azeitonas pretas tão à mão de semear que eram uma tentação para o petiz. De vez em quando fazia perguntas ao pai, que atencioso lhe respondia num modo simples.
A cena lembrou-me o rico filho. Pensei o quão distante estou do tempo em que ele tinha esta idade, que já foi infantil e simples, tão inquieto e curioso como este menino, e agora tem o corpo e o rosto de um homem.
Detive o olhar nas faces lisas do menino. Virei-me para o Luís:
- Já pensaste que ele um dia vai ter barba?! Não é estranho?!
Anúncio
Senhoras e senhores, o Outono chegou! Agora é que ele chegou! Agora é que vamos vestir casaquinhos, calçar meiinhas (será assim que se escreve?) e sapatos fechados, pôr cobertorinho em cima dos joelhos, lençolinhos de flanela...
Nota: as fotos são de vários Outonos.
Post posterior ao antecedente
Para começar devo dizer que o título deste mesmo post é o melhor de toda a minha vida. É mesmo verdade, tenho uma imaginação do caraças.
Seguidamente vou escrever o que me trouxe aqui e agora: para compôr o post que irá para o ar a seguir a este, tive de abrir o blogue mais lindo do mundo - o meu, claro - para procurar fotos de outono lindas, que eu sei que as tenho. Vai daí, dei de caras com um post - o antecedente, voilá! - tão bom, tão bem escrito, tão interessante... que é agora que alguém vai clicar na porra do quadradinho onde o senhor Blogspot manda dizer que a gente - em querendo - recomende este URL no Google...
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Sexta-feira
Acerca do dia de hoje nada mais tenho a acrescentar que o seguinte:
Levei um pontapé na orelha direita. À noite, no treino, a dita latejou um bocado. Depois parou.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
A mosca
Se eu fosse mosca era um problema porque não saberia escrever. Então é melhor não desejar ser mosca para conseguir ouvir a conversa daqueles senhores ali.
A vida adulta da rica filha
Lastimou-se que estaria ocupadíssima ao longo de todo o dia. Ele era faculdade, ele era trabalho, ele era saída à noite com amigos... E rapidamente concluiu:
– É assim a vida dos adultos, não é mãe?
- É...
Aviso à navegação
Agora queria avisar as pessoas minhas conhecidas, principalmente as que não lêem o blogue, pois quando não este post perde a piada...
Esqueci completamente o que ia escrever. Peço desculpa.
Não gosto de ti
Ela já não gosta de mim, o que me deixa profundamente triste. Dantes os olhos brilhavam mal me avistava, era simpática, cordial e essas coisas boas de ver. Agora não. Está de trombas porque fui ríspida. O pior disto tudo é que eu mascaro a minha tristeza com mais rispidez.
A miúda
Perguntei-lhe como é que a tinha conhecido. Contou o acontecido em linhas gerais e usou um remate sucinto e tão certeiro que explicou tudo: 'Ó Gina, é assim: lá nos bailes ela era uma miúda que dava nas vistas...'
O depósito
Como é que consegues viver aqui?
Não consigo, na verdade. Foi por isso que enlouqueci e durante uns anos estive ausente. Internada num hospício. Davam-me choques na cabeça e uns comprimidos que me deixavam de rastos a ver se a coisa melhorava. Levou um ror de tempo mas curei-me. Depois plantaram-me a guia de marcha à frente dos olhos e mandaram-me de volta. Cá estou eu. Custou um bocadinho mas com paciência tudo se consegue. Se se juntar à paciência a ingenuidade (ou a hipocrisia?) de mentir a mim própria, fazendo-me crer que está tudo bem, tanto melhor. As pessoas ingénuas (ou as hipócritas?) são as mais felizes.
Como é que consegues viver aqui?
Hum... Sei lá, escrevo!
A mulher
Está sempre ali sentada no pequeno muro que circunda o acesso ao parque subterrâneo. Agarrada ao telemóvel. Blá blá blá e mais blá blá blá. Comunica. Vive. Imagino que esteja falando com o marido ou filho pré-adolescente. Mas isso não tem piada. Piada teria se ela estivesse falando com o amante. Em gemidos incontroláveis por entre os sussurros de paixão. Piada teria se aquela fosse a única hora disponível para dar largas à controvérsia do que sente. Que puta! Aí é que a trama seria mesmo boa, apetecível, perversamente tenaz. Uma puta faz muita falta a uma trama...
Então e se ela fosse fufa? Melhorei a ideia, aí é que era uma bomba! Mas com as modas de agora tinha de a envolver com pelos menos duas gajas daquelas que caçam cricas nas noitadas do Bairro Alto. E pô-la como traficante de drogas pesadas, já agora. E ainda tinha de arranjar um espacinho para o proxeneta. E as brasileiras. Ou nórdicas. Daquelas que fazem tudo com a língua. Estas entravam onde? Onde deixassem, claro...
Mas afinal não. É apenas uma mulher que tem um tempinho livre depois de almoço e antes de voltar ao trabalho...
Não contar...
... Que tenho um blogue a algumas pessoas que conheço por vezes prende-se ao facto de recear que leiam e venham dizer que não foi assim. Parece que perco a magia da prosa se vierem discordar do que disse, do que coloquei em destaque. E depois há aquela coisa da pouca-vergonha, o que piora um pouco.
.....................
Há tempos, por altura da publicação deste post, esteve aqui o senhor dos sabonetes pedra-pomes, aquele que sabe do blogue. Quando me cumprimentou pareceu-me hesitar um pouco, como se fosse fazer algum comentário para além do seu vulgar pedido de um par de sabonetes. O meu primeiro pensamento foi:
«Queres ver que o homem leu aquele post e agora já não me vê com os mesmos olhos?!»
Ajuda
Para construir a parte final do post anterior contei com a ajuda do meu colega.
- Olha lá, como é que se chama aquela coisa com que os calceteiros fazem assim?!
E faço um gesto com as mãos imitando um calceteiro manejando a ferramenta com que furiosamente enterra as pedras no chão, gesto esse que é dito por alguns como feio. Vai daí, ainda por cima, a ferramenta tem um nome interessantíssimo: pilão.
Z de Zorro
Passou lá fora o homem do Z, o qual em tempos apelidei de 'homem dos óculos vermelhos'. Devido à aquisição recente dos óculos vermelhos que se apoiam em cima do meu nariz e orelhas neste preciso momento este apelido deixou de ter piada...
Este caro senhor é pequeno, vaidoso e atenciosamente simpático, aquela simpatia masculina que roça o galanteio. Um miminho para os meus escritos, portanto. E tem um nome estranho, logo, nada de divulgá-lo aqui.
Um dia, este homem do Z abriu um estamine na sua área de negócio. Dias depois eu, que sou mulher para andar sempre de olhar fitando a calçada, dou com um Z desenhado na mesma em frente à porta do novo posto de vendas. Z de Zorro, a marca do Zorro, porque não? Em vez da letra escrita manejando uma espada, terá sido obra de algum calceteiro a martelo e pilão...
O senhor Gabriel Garcia Marquez
O senhor Marquez estava algo queixoso. Ele eram as dores nos joelhos, ele eram as dores nos joelhos e ele eram as dores nos joelhos. Depois condescendeu, resignou-se, que ainda assim há pessoas piores. Meti a colherada:
– Sim, o senhor sempre sai de casa...
– Oh, vou ali ter com o Marquez!
Fiquei atónita. O Marquez?! Até era giro e tal se ele soubesse que tenho um blogue e coiso e lhe chamo senhor Marquez e mais não sei quê, pensei eu.
– Então, a menina não diz que eu sou o Marquez?
– Ah... Pois digo!
Já não me lembrava que lhe tinha contado que o nome dele me faz lembrar o Gabriel Garcia Marquez, o escritor...
O nome em muito
O sô Veríssimo é o sô Veríssimo. Ponto final. O homem quer lá agora saber o nome que lhe chamo? Ademais, o homem quer lá saber se escrevo ou deixo de escrever?
E eu posso brincar com o sô Veríssimo:
- Olha o senhor Muito Vero! Está bonzinho?
Introdução aos três posts seguintes
Tenho questões algo interessantes relativamente ao nome com que batizo as pessoas que compõem este blogue, sendo que as mesmas são de carne e osso e nas cenas em que aparecem sou uma mera espetadora ou então interveniente direta.
Há pessoas que têm mais de um nome por haver situações em que lhes assenta melhor um outro, porque é giro parecer que conheço mais gente ainda, ou então por mero capricho;
Há duas senhoras dentro da mesma faixa etária a quem troquei os nomes, que ainda por cima são parecidíssimos. Acontece frequentemente trocar-lhes o nome quando me dirijo a alguma delas ou refletir bem antes de escrever, se bem que esta última não faria qualquer diferença;
Há pessoas que têm mais de um nome por haver situações em que lhes assenta melhor um outro, porque é giro parecer que conheço mais gente ainda, ou então por mero capricho;
Há duas senhoras dentro da mesma faixa etária a quem troquei os nomes, que ainda por cima são parecidíssimos. Acontece frequentemente trocar-lhes o nome quando me dirijo a alguma delas ou refletir bem antes de escrever, se bem que esta última não faria qualquer diferença;
Há nomes que para mim são a 'cara' das pessoas, como por exemplo a dona Palmira ou a dona Raqueline, vai daí confundo a minha cabeça p'ra caraças. Da dona Palmira sei muito bem o nome verdadeiro, da dona Raqueline é que não. Com medo de um dia me enganar e chamar-lhe 'nomes', perguntei-lhe como se chamava mas não consegui fixar. Não sei, estou confusa... Acho que é o mesmo de uma daquelas senhoras a quem troquei os nomes;
Há pessoas a quem não batizei porque ficariam descaracterizadas. Quando é assim tenho duas opções: omito o nome ou, quando tenho a certeza que se marimbariam para aquilo que escrevo caso soubessem desta minha atividade, chamo-lhes o verdadeiro nome, é o caso da dona Maria do Céu, a dona Adelina, o sô Veríssimo, o sô João e o senhor Joaquim;
E por último, às pessoas cá de casa não mudo ou jamais mudarei o nome, não existe motivo nenhum para tal.
Às cinco
Dantes eram cinco da tarde e fazia muito frio, encasacava-me toda e enrolava o cachecol na cara para evitar o briasco da já noite cerrada. Deixava apenas os olhinhos destapados e lá ia eu.
Três meses depois, às cinco da tarde havia um solzinho prometendo dias cálidos. Na avenida o cheiro do escape misturava-se com a clorofila e os pólenes. O prenúncio de dias melhores é motivador que se farta.
Volvidos outros três meses às cinco da tarde não se podia com tanto calor! Óculos escuros foram uma mais-valia, quando não, deambularia pela minha Lisboa, errante, e de cenho franzido, ainda por cima.
Agora, decorrido outro trimestre, às cinco da tarde as sombras vão altas. Estava tão habituada ao céu aberto que o crepúsculo me parece adiantado. É noite não tarda. Os óculos são dispensados e a brisa já lembra um casaquinho.
Não precisarei de ver decorridos outros noventa dias para que me veja inserida no primeiro item... Bastar-me-ão uns quarenta, mais ou menos.
Ícone
– Cuidado com os carros!
Diz um homem baixinho que entretanto havia chegado ao pé de mim. Eu, ele e outras pessoas esperávamos que o sinal se pusesse verde para podermos avançar. Reconheci o sujeito e reparei que ele estava com ambos os pés no alcatrão. Rebati, brincando:
– Então porque é que está na estrada?!
– Porque sou maluco! Isto são coisas de maluco! Mesmo, mesmo maluco! Eu sou maluco!
Nesta praça há vários ícones, este é um deles. É um sujeito cambaleante com histórias de vadiagem e bebedeiras no passado, a quem chamam pelo nome dum antigo ás do futebol benfiquista. Pára junto dum café e dum quiosque, ponto de encontro para muitos, uma espécie de guarida para ele. Ali passa o dia, faz recados e recadinhos, a este e àquele. Vai-se safando, em suma.
Um dia destes reparei numa tatuagem rudimentar que tem num dos braços: 'Angola por ti lutei', em letras retorcidas e algo difusas, seguido duma data que não pude ver com clareza. Hoje, enquanto dialogava com ele, bem que tentei ver a data mas o braço que estava mais perto era o que não tinha nada escrito...
BMW
Estacionou um bmw frente à porta e saiu de lá um homem todo cheio de 'nove horas'.
Cheio de 'nove horas'?
Pois. Diz-se assim porque é às nove horas que as pessoas se aperaltam todas.
É às nove horas que as pessoas se aperaltam?
Ó pá, chiça, arranja palavras tuas!
(Não) Tenho cá tudo
Somos conhecidos por ter tudo. Esta é uma loja que 'vende de tudo', onde se encontram milhentos artigos, dizem as pessoas em geral. Claro que a racionalidade nos remete para a franqueza, não há cá de tudo e desmentimos essa ideia na primeira brecha. Mas é comum a primeira abordagem do cliente basear-se nela.
-Vocês têm de tudo, diga-me lá se tem isto assim-assim.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Génesis
O dito
Agora quero dizer que os homens são o mais interessante que este mundo possui. Não o ser humano em geral, quero dizer os homens, o lado masculino da vida, a virilidade. Isso mesmo. É o melhor que há.
É só facilidades!
Acreditamos,
apenas e só,
naquilo em que queremos acreditar.
Tomamos este caminho,
somente,
se quisermos percorrê-lo.
Se o nosso desejo for um caminho diferente,
escolhamos outro sentido,
então.
O inverso,
inclusivamente,
porque não?
Se tudo nos é lícito!
A vida,
afinal,
é tão fácil...
apenas e só,
naquilo em que queremos acreditar.
Tomamos este caminho,
somente,
se quisermos percorrê-lo.
Se o nosso desejo for um caminho diferente,
escolhamos outro sentido,
então.
O inverso,
inclusivamente,
porque não?
Se tudo nos é lícito!
A vida,
afinal,
é tão fácil...
Ementa
O Clóvis cozinha bem. Diz ele, que eu cá nunca lhe provei a comida. Mas lá que se elogia muito e faz saber aos presentes quão aprimorado é nos cozinhados, isso é bem verdade.
Noutro dia contou-me duma vez em que confecionou uma lasanha para um amigo que tinha andado a fazer um curso de culinária, o que por si só, constituía inimizade gastronómica. Para o Clóvis era imperioso mostrar ao outro parreco que não sabe cozinhar, dando-lhe a provar a melhor lasanha de sempre, uma atitude muito ao jeito do presunçoso Clóvis. No fim da história, imaginei o outro de garfada na boca, degustando o divino manjar. Mas faltava o remate, o toque final do mestre da presunção, aguardei o que ele diria com alguma curiosidade.
– Eh pá, ele ficou... Estás a ver um gajo a dar um fodinha?
Usei de toda a imaginação possível, porque não tenho o hábito de observar as pessoas nesses preparos e fiquei especada a olhar, tão atenta quanto curiosa. Ele acaba-me com o sofrimento e finda a ideia:
– O prazer era tanto que se fartou de gemer!
Olá, eu tenho Facebook. E tu?!
Raramente vou ao Fuçasbuque. A última atividade foi plantar lá a minha entrevista, o que ocorreu há mais de um mês, quase dois. Ora acontece que o Fuças é tal e qual como o senhor Blogspot numa coisa: os últimos posts são os primeiros, e o vídeo ficou em evidência desde então, qual chamariz sobre o meu gosto pela escrita. E foi ficando.
Há dias recebi um comentário de uma conhecida que sabe há alguns anos da existência deste blogue. Diz que eu estava muito bem, beijinhos e mais não sei quê. Agradeci e coiso.
Ontem recebi outro comentário, o de alguém que considero minha amiga. Dizia ela que sim senhor, eu tenho o dom da palavra (?!), por isso devo escrever umas coisas fixes e quando publicar o meu livro quer um exemplar com dedicatória especial. Prometi que sim, fá-lo-ei com todo o gosto e agradeci o elogio.
Mas e ainda assim, quero dizer às(aos) caríssimas(os) amigas(os) do mundo cibernético:
Eu gosto de escrever, é um facto bem presente na minha vida, mas eu escrevo aqui, através deste blogue, no vídeo aparece o endereço, sim? Vá, venham daí.
Sonho
Sonhei que havia ido de Lisboa a Paris de metro, ou numa espécie de comboio, e que a viagem havia durado só cinco minutos. A gente via a paisagem através da janela mas não é que a velocidade fosse muita, até parecia que íamos numa velocidade normal e não supersónica.
(Para fazer Lisboa - Paris em cinco minutos, a gente devia precisar daquela máquina do filme 'Regresso ao futuro')
Depois entrei numa festa qualquer. Havia muita gente numa plateia. Agitação e burburinho constantes, os vivas e os urras eram proporcionais à importância da pessoa aparecida. Entrava uma pessoa e havia ovação, entrava outra e o povo exultava ainda mais empenhado, entrava outra e a casa ia abaixo com a manifesta alegria dos presentes. Uma autêntica loucura, ou uma muito sentida glória terrestre.
Começou o espetáculo... Apareceram vindas não sei donde várias mulheres nuas, com apenas uma toalha de banho cobrindo-lhes as frentes do corpo. Caras que bem conheço foram aparecendo... E afinal as caras eram as mulheres das frentes cobertas por toalhas.
(Espero que o leitor não deseje saber o fim do sonho, pois é algo que não existe...)
Sonhei. Sonhei ainda mais. Mas desta feita o que sonhei não descrevo para aumentar o número de segredos publicados neste blogue. Uma aura misteriosa faz maravilhas...
Na minha vida...
… Há por vezes uma alimária ou outra. Hoje acordei com rabinho de pato. No cabelo, o meu penteado hoje parece o rabinho de um pato, quero eu dizer.
Joguinho
Não é que eu seja extremamente rápida a escrever à mão mas lá que me safo bem, safo, uma vez que não é absolutamente necessária uma caligrafia bonita quando tomo apontamento da morada dos clientes que requisitam serviços no domicílio. Hoje, enquanto trabalhava nessa função, não me pareceu nada que estava a trabalhar, antes a jogar um qualquer jogo inventado. Se não, vejamos.
Diga-me a morada, por favor, peço eu.
Rua...
Fiquei a olhar esperançada que a mulher desbobinasse toda a morada, pois eu escrevê-la-ia mais ou menos à mesma velocidade. Tal não aconteceu, porém, e eu escrevi 'Rua'.
José...
De notar que as palavras eram proferidas com uma pausazinha entre cada sílaba. Voltei-me para o papel e escrevi 'José'.
Acúrcio...
Desta vez já não esperei porra nenhuma e escrevi duma vez 'Acúrcio das Neves', já que é uma rua que conheço bem. Depois só tive de arranjar paciência para o número da porta, do andar, os dígitos do contacto telefónico... e o nome.
Que jogo mais chato! Não gosto de jogar. Não gosto mesmo nada de jogar...
Jogatina
Ele raspava e raspava. Apoiava a Raspadinha no muro do Metropolitano. Pela expressão do bicho ainda não havia ganho nada...
O cheirinho
Chegou o homem das castanhas. Furei o fumo que vinha da carripana e aspirei moderadamente. Ná... O cheirinho das castanhas liga bem com frescor e alguma humidade, com uma caloraça destas à qual se junta uma seca daquelas... é que não.
Republicação
Acho esta foto muito bonita. No domingo publiquei-a mas devia ter acrescentado isto:
Se eu tivesse um blogue de comidinhas e afins em exclusivo, esta seria uma boa foto para pôr no cabeçalho.
O homem que mete tudo na boca
Lisboa - Jardim Botânico, 16 de Outubro de 2011 |
Andou felicíssimo lá no Jardim Botânico a provar as bagas e os frutos das mais variadas árvores. E eu também sou pessoa para tal...
Havia uma baga a saber a ameixa. Não que fosse um pitéu mas em vindo o tempo das vacas magras (se é que não andamos já todos montados nelas) sempre dá para enganar a fome. Havia também um fruto cítrico (é o que se vê na foto, em cima do pilar). Aspeto, textura e consistência semelhantes à tangerina mas possui um suco ácido até mais não e deixa um ligeiro amargo no fim. Esta espécie também não serve para compôr a minha fruteira, não. Mas no tempo das vacas (muito!) magras venham de lá...
Oferenda
Foi um pão-de-ló pequenino, a oferenda. O oferendado rejubilou porque é guloso. Desculpei-me sumariamente com o tamanho do dito, chamei-lhe 'caganito', o que é um bocado estranho uma vez que se falava de comida. Vai daí ele perguntou se a maneira alentejana de dizer pouquinho era assim e eu informei-o que não, os alentejanos dizem 'cadechinho' ou 'um poucachinho' ou ainda 'mal conta um bocadinho'.
Faz-de-conta
O meu amigo explicou-me que, contrariamente ao que se pensa, dois e dois não são quatro e sim vinte e dois. Dois mais dois é que são quatro.
Concordei vivamente com a ideia e contei-lhe que sei isso desde os sete anos, a dona Elisa havia feito questão de passar essa rasteira à classe inteira.
Individualidade
Todos a possuímos, não é?
Portanto,
não haveria mais nada a dizer.
Mas há.
Chateia-me ter de me organizar em equipa, é um tédio, a minha voz não é audível, logo, ninguém acata as minhas ideias.
Ademais, é bom que a equipa seja gerida pelo ser mais individualista que se possa arranjar. Se individualista de sobremaneira tanto melhor. Nós, os outros, os coitadinhos que mais não sabemos fazer do que imitar o líder, lá vamos atrás, quais cordeirinhos obedientes e dóceis. Bah! Que enjoo... É tão enjoativo que me volto para a individualidade num ápice.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Às cabeçadas
A ideia de que a cabeça manda no corpo é muito fixe.
Até me lembrar:
quem é que manda na cabeça?!
Hum, há-de existir ainda um outro elemento...
Quanto mais não seja para se completar a trindade.
Até me lembrar:
quem é que manda na cabeça?!
Hum, há-de existir ainda um outro elemento...
Quanto mais não seja para se completar a trindade.
As férias
Dona Alda: - Já se acabaram as férias?
Dona Gina: - Pois então, não duram sempre...
Dona Alda: - Ah pois é, pois é.
Dona Gina: - Um dia arranjo umas férias assim como as suas, dona Alda...
Dona Alda: - Ah! Ah! Ah! Ah!
Nota de rodapé:
Suponho que este seja o último post da saga Férias 2011...
Dona Gina: - Pois então, não duram sempre...
Dona Alda: - Ah pois é, pois é.
Dona Gina: - Um dia arranjo umas férias assim como as suas, dona Alda...
Dona Alda: - Ah! Ah! Ah! Ah!
Nota de rodapé:
Suponho que este seja o último post da saga Férias 2011...
O primeiro dia
Segundas-feiras?
Adoro-as, claro.
Só para ser diferente.
…
Costumo estar sempre bem-disposta.
E minto um bocadinho.
Assim lá de quando em quando...
Adoro-as, claro.
Só para ser diferente.
…
Costumo estar sempre bem-disposta.
E minto um bocadinho.
Assim lá de quando em quando...
A tarefa
Assim de repente lembrei-me da importante tarefa que tenho a cumprir: arrumar karpexes e elnettes.
Escrevo assim (karpexes e elnettes) porque não me apetece publicitar gratuitamente e/ou ajudar congéneres que nem sonham com a minha existência.
Post esverdeado
Nota prévia:
O título é para continuar hoje na onda colorida em que andava ontem.
O título é para continuar hoje na onda colorida em que andava ontem.
O cliente rejubilou só porque lhe dei um saco verde para colocar as suas compras. Contou-me que é fanático pelo Sporting, que sofre mesmo da bola, não brinquem com ele porque ele leva o clubismo mesmo a sério.
Mostrou-me a parte de dentro do pulso, dobrando os dedos e detém-se nessa posição. Fico à espera do que vem aí, pensando que talvez me fosse dizer que as veias são verdes... Porque eram mesmo, reparei. Mas não, queria mostrar-me que rói as unhas com os nervos que apanha a ver jogos de futebol.
Esta malta, pá...
domingo, 16 de outubro de 2011
Post azulado
Post alaranjado
O que leva uma mulher a pintar as unhas de cor-de-laranja é o secreto e recalcado desejo de dar nas vistas.
Post amarelado
Vi uma rapariga na rua com uma lancheira térmica na mão. Lancheira amarela, top amarelo. Do mesmo tom amarelo. Ficava-lhe bem, condizia em pleno com este sol que todos querem.
Lembrou-me um facto. Noutro dia eu tinha uma t-shirt da mesma cor que os óculos - vermelho. Depois alguém me perguntou como é que eu faria quando tivesse uma camisola doutra cor. Podia ter respondido: tiro uma fotografia a mim própria e mudo cores!
O sonho
Espreitando pela janela do meu quarto, eis senão quando vejo começar a cair corpos que se estatelavam lá em baixo no solo. Pumba! Toma lá disto! Logo seguido de roupas e roupas e mais roupas. Os corpos eram os dos meus vizinhos de cima, dois adultos e três crianças, as roupas é que já não sei...
Ele há situações em certos sonhos... Que dá uma pena não serem a mais pura realidade... Ao depois reinaria o silêncio nos serões desta casa.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
A coisa
Descobri o blogue duma escritora. Cusquei, cusquei e cusquei. Andei até aos primórdios, como sempre gosto de fazer cada vez que encontro blogues agradáveis, e encontrei um post onde ela se mostrava algo desapontada com a sua literacia* porque andava a escrever a palavra 'coisa' vezes a mais. O que, ao que parece, é prática comum entre os bloguistas que aspiram ter qualidade literária nos seus textos... mas não têm. É um indício de mau escritor, portanto.
Oh pá...
Fiquei tão coisa quando li aquilo...
Eu estou sempre a escrever coisa...
Sei lá, acho que a coisa assim não vai lá.
Acho que é assim só porque coiso.
Ou então é outra coisa.
Ou outra coisa qualquer, ainda.
Já agora, para que é que interessa essa coisa?!
Introduzo agora uma pequenina achega para provar que não sou a única a coisificar a vida, embora esteja longe de me achar sofredora de qualquer tipo de contágio:
Um cliente:
Olhe, tem uma torneira assim... coisa? É que a minha casa é assim... Um bocado coisa...
Olhe, tem uma torneira assim... coisa? É que a minha casa é assim... Um bocado coisa...
*Ah, caraças! Esta foi arrancada a ferros!
O meu rico filho, muito adulto
Depois da cena descrita neste post, confrontei o rico filho com o que a stôra havia dito dele. A reação dele foi exatamente igual à da mana: riu-se a bom rir. Sabe que se comporta como adulto (?) mas quanto ao resto não é bem assim, até vai nas palhaçadas dos outros.
Concluí que sim, é bem verdade que aquela senhora adora o meu rico filho...
Brincadeiras
O meu colega enervou-se muito com uma tarefa que tinha de executar no computador e enviar via internet. Exasperado, conta-me os pormenores do malfadado trabalho. No fim de todas as queixas, só lhe digo:
Caríssimo colega e amigo, a internet fez-se para brincar...
Dias de um ginásio
Dei por mim contando a uma moça magríssima que me doi os ossinhos do cú (escreveria o nome adequado mas anatomia não é comigo...) quando estou sentada. É claro que ela se volta muito espantada: 'Mas eu também estou sentada e não me dói!'
E pronto, é assim que uma gorda se exprime...
Resumo: gorda + magra + diálogo = a desentendimento.
Quando chegar a casa vou pegar na minha faca afiada e corto-te a cabeça!
Era o que dizia um menino de uns seis anos a uma mãe tranquila. Estranhei p'ra caraças a atitude pacífica da mãe mas entretanto percebi que era uma brincadeira dos dois, talvez demasiado empolgada por parte da criança e demasiado benévola por parte da mãe, mas era uma brincadeira.
Ainda assim, foi difícil não reportar a cena para a minha própria infância. Eu nunca poderia dizer uma coisa destas à minha mãe. Ou por outra, podia, mas arriscava-me a ouvir:
'Olha que tu levas uma chapada na cara, Gina Maria!'
Ou então, se o grau de paciência da minha mãe estivesse nas lonas ou o de nervos nos píncaros:
'Levas uma caqueirada nos cornos que verás!'
E se me ficasse só pelo ouvir seria uma menina cheia de sorte...
Atualmente a vida é muito diferente, sei disso. Eu própria educo os meus filhos muito afastada desta rigidez, de todos os 'nãos' com que fui castigada durante a infância e adolescência, não os amordaço nem lhes corto as asas. Não faço aos meus como me fizeram a mim e é assim que me considero no caminho, não certo, antes não errado.
A elegância
Um senhor queria pagar-me trocadinho mas não tinha que chegasse. Ficou aflitíssimo com a questão - e não estou a exagerar -, depois respirou fundo - aqui talvez esteja a exagerar um bocadinho, vá – e desculpou-se assim:
- É, no mínimo, deselegante.
Há pessoas que acham deselegante não ter trocos, pasme-se. Eu é que serei deselegante se os não tiver para dar aos clientes...
Basicamente
O 'basicamente' faz-me lembrar uma parva com quem em tempos me dei. Punha a tal palavra em cada início de frase para se dar ares de condessa saloia. E manienta, ainda por cima. Basicamente... era assim.
O sonho
Sonhei que matava um ninho de moscas calcando-lhe os pés com força. O sonho mostrou-me que existem ninhos de moscas tal e qual como os de vespa, algo que não faço ideia se efetivamente existe neste mundo real. E, basicamente, por agora era isto. Só não me lembro que horas eram porque estava a dormir.
Temo que não esteja lá muito paciente...
Um idoso senhor pediu-me agulhas para desentupir fogões, um utensílio completamente obsoleto. Cheia de uma paciência fingida expliquei-lhe que já não há disso há q' anos. Desconfiado, o homem responde-me que há sim senhora, encontra pois, se procurar. Vai daí dispara a pergunta que forçosamente me transforma em banco de informações: onde é que haverá mais lojas destas assim velhinhas? Não me contive:
- É uma questão de procurar.
Gaguez
Hoje fui a outra dependência bancária. Não que tenha traído a dona Carminda, não senhores, mas é que gosto de variar. Fui ali assim ter com um jovem senhor que também já vou conhecendo, muito embora seja um sujeito bastante reservado. Eu ia fazer dois depósitos (a malta daqui é podre de rica!). Estendo-lhe o primeiro molho.
– É para depósito? - Pergunta o bicho. Estranhei um bocadinho e respondi afirmativamnte.
Trec trec trec, martela o jovem no teclado obedecendo ao meu comando de voz quando lhe anuncio o número de conta previamente solicitado pelo mesmo. Pede-me para assinar. Assino. Dou-lhe o papel logo seguido do segundo molho de notas (grossíssimo, claro):
– É para depósito?
– Mas existe mais alguma opção, estando eu com dinheiro na mão?! - Perguntei eu. O moço hesitou, disse que eu poderia eventualmente pretender efetuar um pagamento de cartão... Hum, então está bem, há duas opções, não se fala mais nisso. Ao depois desta cavaqueira toda restavam as despedidas.
– Adeus, boa tarde. - Disse eu.
– B-Boa-tarde-de-de.
Segunda-feira volto a correr para os braços da dona Carminda, já decidi.
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